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A PESQUISA

No documento Download/Open (páginas 70-73)

As questões relacionadas à inclusão tem sido pauta de muitas discussões

entre os envolvidos neste processo devido à necessidade de repensar o modo de

funcionamento institucional, as mudanças e as reformulações pedagógicas

necessárias para enfrentar o desafio da inclusão. Tanto os profissionais quanto os

pais dos alunos veem a política de inclusão como uma forma de trabalhar com

difíceis questões, como o preconceito e a segregação, constante e presente ao

longo do tempo em relação aos portadores de necessidades especiais no nosso

país. Podemos constatar no depoimento de uma das mães entrevistadas quando

interrogada sobre a política de inclusão esta preocupação:

Eu tenho duas opiniões de um lado eu acho interessante meu filho está

freqüentando uma escola normal, por causa do preconceito porque parece

assim que se você coloca numa escola especial é separá-lo do restante da

sociedade mas uma escola especial também é interessante porque oferece

mais cuidados, tem profissionais especializados para atender as dificuldades das crianças. Poderia ter nas escolas regulares mais pessoas

especializadas para ajudar o professor. Acho que é importante que as

crianças como o meu filho, estejam em contato com as outras crianças

porque como que a gente vai querer que a sociedade os aceite se não

damos oportunidade deles estarem juntos. Existem muitos pais de crianças

especiais que preferem que os filhos fiquem em casa ou em escolas especiais. Como que a gente vai querer que a sociedade não seja

preconceituosa desse jeito. Se eu não saio com o meu filho e não coloco ele

junto com os normais eu nunca vou conseguir que ele seja respeitado. (Entrevistada 11)

É clara a preocupação de alguns entrevistados em como proporcionar o

conhecimento para todas as crianças no espaço e no tempo escolar,

independentemente de suas condições e como fazer com que a política de inclusão

se efetive de forma a trazer eqüidade e qualidade a todos os envolvidos,

A escola vem então se revendo em todos os sentidos, num movimento

evidente de assumir seu papel social sem prejuízo da qualidade de ensino.

Esta revisão provoca sofrimento e desgaste em diferentes níveis e em

diferentes momentos. Penso que o fato de sermos uma equipe com compromisso de pensar e assumir juntos os encaminhamentos possíveis

nos fortalece nesse caminhar e permite ousadias necessárias para a

construção de uma nova escola.( Fonoaudióloga)

Metodologicamente, o estudo realizou-se por intermédio de entrevistas

abertas, semi-direcionadas. Propus aos entrevistados que faríamos a entrevista e

que após a transcrição, realizada por mim, procuraria resguardar ao máximo a

liberdade de expressão de cada participante sobre o tema discutido, sendo que cada

entrevistado receberia uma cópia desta para que fosse analisada e modificada se

necessário. Não aconteceram modificações quanto ao conteúdo das entrevistas,

somente pequenas modificações foram realizadas quanto à estruturação, à

gramática e à ortografia do texto com a preocupação de não intervir na

espontaneidade das entrevistas.

As entrevistas foram realizadas com 11 agentes. Dentre os escolhidos estão

profissionais da escola envolvidos diretamente na efetivação desta política pública,

sendo 4 professoras de sala regular que tem crianças com necessidades

educacionais especiais; a professora da sala de recursos que acompanha quase todos os alunos com necessidades educacionais especiais matriculados nesta unidade; duas profissionais da equipe técnica que orientam a unidade nos

procedimentos a serem tomados, a coordenadora pedagógica e a diretora da escola.

Foram entrevistadas, também, duas mães de crianças com necessidades

educacionais especiais matriculadas nesta escola. Em relação às mães a princípio

não tinha intenção de entrevistá-las, uma vez que meu foco maior era analisar

principalmente a percepção dos profissionais da educação com relação à política de

inclusão. Todavia no decorrer das entrevistas a preocupação com a inclusão de

determinadas crianças na escola foi destacado por quase todos os entrevistados o

que me levou a procurar as mães de duas destas crianças. O objetivo, então, foi

apreender suas percepções com relação à inclusão de seus filhos na rede regular.

Duas entrevistas de meu interesse para o estudo não foram realizadas. A

primeira com a professora da sala integrada, mas esta não se dispôs a dar a

entrevista alegando não estar preparada para falar do trabalho realizado nesta sala,

uma vez que tem pouca experiência com turmas de sala integrada e disse estar

muito atarefada naquele momento com a elaboração de fichas e atividades

específicas para seus alunos. A outra com a mãe de uma das crianças da sala

integrada que, por problemas de saúde, quase não freqüentou as aulas este ano. A

pessoais, sendo que apesar proposto em outro momento não houve disponibilidade

em fazê-lo.

As entrevistas com os profissionais de ensino da escola foram iniciadas com o relato da trajetória social de cada um, no qual destacaram os fatos que marcaram

sua trajetória, e o que os levou a estarem envolvidos com a política de inclusão. Nas

entrevistas foram expostas também as experiências que cada um vem tendo com a

inclusão, a percepção que estes têm de todo o processo e o que entendem por

inclusão.

As entrevistas com os profissionais da educação que trabalham na escola,

professoras, coordenadora e diretora, foram combinadas e realizadas no ambiente da escola mesmo, com descontração e disposição por parte dos entrevistados,

discutir a política de inclusão já tem sido uma constante na escola já que esta

unidade está há alguns anos recebendo matrículas de crianças com necessidades

educacionais especiais.

Com a equipe técnica que orienta os profissionais da escola foi diferente, em

conversa com elas em uma de suas visitas a escola falamos sobre a pesquisa pretendida convidando-as a participar dando seus depoimentos, além da sugestão

de uma entrevista aberta foi sugerido que poderíamos estar realizando a entrevista

via e-mails, já que o contato com estas é mais restrito, estas atendem a diferentes

unidades escolares o que dificulta disponibilizar um tempo para a realização da

entrevista aberta. A segunda sugestão agradou a equipe técnica, combinamos que

se fosse necessário, conversaríamos sobre as questões a serem abordadas na

entrevista.

Um pequeno roteiro de perguntas que abordavam as mesmas questões

oferecidas aos entrevistados durante a entrevista aberta foi entregue as duas profissionais da equipe técnica para que elas respondessem e me enviassem o que

aconteceu aproximadamente uns 15 dias após tudo combinado.

As entrevistas com as mães também se iniciaram com o relato da trajetória da

mãe e posteriormente, da relação dela com o (a) filho (a) e a sua “deficiência” bem

como o processo de inclusão. Estas entrevistas foram as mais difíceis de fazer

porque ambas as mães se emocionaram muito ao relembrar os fatos que marcaram

suas trajetórias e as dos filhos. Tais crianças apresentam graves

comprometimentos, cognitivos e motores que requerem cuidados especiais constituindo motivos de preocupação e reflexão no ambiente da unidade escolar.

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