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A Piscicultura e a criação de Tilápias em Santa Catarina

3.3 A AQÜICULTURA EM SANTA CATARINA

3.3.1 A Piscicultura e a criação de Tilápias em Santa Catarina

A piscicultura foi uma atividade iniciada em 1970 no estado de Santa Catarina, e impulsionada após a criação da Associação catarinense de Pesca de Santa Catarina (ACARPESC) em 1976. Os principais motivos para o desenvolvimento dessa cultura são colocados por Espírito Santo (2003, p. 27-28) como a mudança dos hábitos alimentares da população, predominantemente urbana atualmente, na busca de proteínas de alto valor nutritivo e baixa caloria, a qual é proveniente da carne dos peixes, a solução para o problema ambiental dos dejetos de origem animal, como rejeitos de porcos, e o complemento da renda dos produtores rurais.

As condições climáticas catarinenses, principalmente nos meses de inverno, não são muito favoráveis à produção da aqüicultura de águas mornas, no entanto a grande presença de produtores de suíno e aves é um convidativo para a produção piscícola integrada, com o aproveitamento dos dejetos dos animais, complementando a renda nas propriedades rurais. No entanto, este mesmo clima frio é bastante convidativo a produção da truta, bastante explorada na serra catarinense, onde as baixas temperaturas permanecem durante todo o ano.

A produção catarinense também é caracterizada pelo grande uso de policultivo, onde mais de uma espécie são produzidos no mesmo viveiro de engorda. Geralmente as carpas e as tilápias são as espécies que participam desse policultivo, juntamente com o consórcio a outras culturas rurais, como porcos, galinhas, e gansos.

Ainda sobre o cultivo da piscicultura em Santa Catarina, Roczanski (2000) coloca que:

Dos atuais 23.840 piscicultores (em 2000) que utilizam 10.918 hectares de área alagada (Epagri,1999), cerca de 20% estão desenvolvendo a piscicultura comercial e profissionalizada, que está sendo gradativamente adotada por outros produtores. A maior concentração da produção ocorre nas regiões do Vale do Itajaí, Litoral Norte e Oeste Catarinense. (...) Em termos de organização de classe, os piscicultores catarinenses já constituíram 54 associações municipais, 3 regionais e 1 estadual.

Das espécies produzidas em Santa Catarina no ano de 2006 segundo dados da Epagri/SC, as carpas (carpa comum, carpa capim, carpa prateada, carpa cabeça grande), foram os peixes mais cultivados no estado, representando 47,46% da produção total, em segundo lugar ficaram as tilápias com 38,62% do total, as outras

espécies obtiveram uma participação pequena em relação a produção total, o que mostra uma grande concentração entre estas duas espécies em particular. A tabela a seguir apresenta a produção da piscicultura catarinense em 2006.

Tabela 20: Produção da piscicultura catarinense por espécie em 2006.

Espécie Kg participação % Carpas 10.389.981,00 47,46% Tilápia 8.453.752,00 38,62% Pacu 873.378,00 3,99% Catfish 727.205,00 3,32% Truta 628.650,00 2,87% outros 240.721,00 1,10% Bagre africano 221.105,00 1,01% Jundiá 175.423,00 0,80% Traíra 115.195,00 0,53% Cascudo 57.640,00 0,26% Lambari 7.655,00 0,03% Curimatã 945,00 0,00% Total 21.891.650,00 Fonte: Epagri

Em uma evolução da produção no estado de Santa Catarina, a piscicultura catarinense em dois anos obteve um incremento na quantidade produzida na ordem de 16,51% entre 2004 e 2006, com destaque para o grande aumento da produção de Pacus e a queda de mais de 27% na produção de Bagres-americanos, provocada principalmente pela queda da moeda norte americana frente ao real, uma vez que a maior parte da produção desse peixe é exportada para os Estados Unidos. Das espécies mais cultivadas, as carpas e as tilápias também apresentaram um incremento na produção no período analisado, e estão apresentadas na tabela a seguir.

Tabela 21: Produção catarinense por espécie, evolução 2004 a 2006 Espécie 2004 (t) 2006 (t) variação % Carpa 9.187,50 10.389,98 13,09% Tilápia 7.121,00 8.453,75 18,72% Pacu 313 873,38 179,03% Bagre- americano 1.005,50 727,21 -27,68% Truta 432 628,65 45,52% Bagre-africano 125,5 221,11 76,18% Jundiá 149,5 175,42 17,34% Traíra 116,5 115,20 -1,12% outros 339,5 306,96 -9,58% Total 18.790,00 21.891,65 16,51%

Fonte: IBAMA (2005) e Epagri modificados pelo autor

Se for considerado um período maior de análise, desde de 1995 até 2006 o crescimento da produção de peixes em águas continentais mornas (exceto truta) foi de 137,67% nesses 11 anos, saindo de uma produção de 8,9 mil toneladas para 21,8 mil toneladas nesse período segundo dados da Epagri.

Em 2006 Santa Catarina contava com 23.386 piscicultores cadastrados pela Epagri, englobando tanto piscicultores profissionais, os quais comercializam sua produção visando o lucro, com acompanhamento constante e planejamento das colheitas, quanto produtores coloniais, que produzem seus peixes sem a pretensão de vendê-los ao mercado. Esses produtores ocupavam uma área alagada de 13.582 hectares, com mais de 39.800 viveiros, dando um tamanho médio de viveiro de 0,341 hectare, o que equivale a aproximadamente 3411,35 m² por viveiro.

Das regiões produtoras da aqüicultura catarinense (regiões abrangidas pelas regionais da Epagri/SC), segundo dados da Epagri, a região que mais produziu peixes de água doce em 2006 foi a região de Joinville, seguida por São Miguel do Oeste e Tubarão, mostrando que a produção está espalhada no estado nas regiões no norte, sul e oeste. Já na produção de tilápias, a região de Joinville também é a maior produtora do estado seguida pela região de Tubarão. No entanto, são nas regiões de Araranguá e Rio do Sul que a Tilápia é mais representativa na produção total da região.

Tabela 22: Produção da piscicultura catarinense, de tilápias e a participação da tilápia na produção das regiões abrangidas pelas regionais da Epagri em 2006

Regiões da Epagri piscicultura (Kg) Total da tilápias (Kg) Total tilápia na região Participação da Araranguá 433.483 312.750 72,15% Blumenau 1.251.600 658.000 52,57% Brusque 352.900 226.500 64,18% Caçador 857.300 60.600 7,07% Campos Novos 376.500 41.000 10,89% Canoinhas 170.750 20.500 12,01% Chapecó 843.877 330.325 39,14% Concórdia 738.384 193.270 26,17% Criciúma 267.650 117.700 43,98% Curitibanos 346.900 25.200 7,26% Florianóplis 430.302 161.395 37,51% Ibirama 455.462 313.438 68,82% Itajaí 270.800 186.600 68,91% Ituporanga 837.565 624.779 74,59% Joaçaba 565.700 123.500 21,83% Joinville 2.886.655 1.749.025 60,59% Lages 1.605.800 - 0,00% Mafra 335.000 85.550 25,54% Maravilha 504.410 204.500 40,54% Palmitos 492.390 203.690 41,37% Rio do Sul 610.050 441.300 72,34% São Joaquim 599.900 - 0,00% São Lourenço do Oeste 385.940 154.300 39,98% São Miguel do Oeste 2.727.067 907.470 33,28% Tubarão 2.117.990 1.130.110 53,36% Videira 486.960 31.550 6,48% Xanxerê 940.315 150.700 16,03% Total 21.891.650 8.453.752

4 A CADEIA PRODUTIVA DA TILÁPIA EM SANTA CATARINA

4.1 A TILÁPIA

A tilápia é um peixe de água doce bastante conhecido em todo o mundo, existem dezenas de espécies de tilápias, na base de dados do FISHBASE por exemplo, podemos encontrar 71 espécies de peixes tendo em seus nomes populares o nome tilápia em países de todo os cantos do mundo. A tilápia do Moçambique (Oreochromis mossambicus) é a que mais aparece na base de dados do FISHBASE com 39 ocorrências, seguida pela tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus niloticus) que aparece com 30 ocorrências, sendo assim ambas as duas espécies de tilápias mais conhecidas em todo o mundo

A tilápia do Nilo, a mais comum produzida no Brasil, é um peixe que vive em águas mornas, com temperatura da água que varie entre 11ºC e 42 ºC, podendo viver mais de dez anos e alcançar um peso superior a 5 kg. Para sua criação de forma comercial é necessário que seja feita a técnica de reversão sexual, onde é dado hormônio na alimentação das larvas transformando-as em animais machos. Os machos de tilápia crescem mais rápidos e não se reproduzem o que reduz a competição por comida no viveiro, uma vez que não existem filhotes. Além disso, é possível conseguir uma despesca de animais de tamanho mais homogêneo.

Outra técnica bastante utilizada é a mistura de espécies de tilápia. Em Santa Catarina é bastante comum o uso de peixes híbridos, com a mistura da tilápia do Nilo com o gênero Chitralada tailandês. Tais melhoramentos genéticos buscam desenvolver peixes que sejam comercialmente mais viáveis e de melhor qualidade, demandando assim novas técnicas de cultivo e pesquisa no âmbito das tilápias.

4.2 PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DE TILÁPIA NO ESTADO DE SANTA

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