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CAPÍTULO III: Implicações pastorais da Communio et progressio 56

3. Necessidades atuais do contexto mediático eclesial 85

3.2. A planificação prático-pastoral dos media 88

Segundo a Aetatis Novae, a situação e a cultura dos media, assim como as possibilidades oferecidas à Igreja, são diferentes nos países e nas dioceses. Esta desigualdade contribui para a diversificação dos planos pastorais. A instrução pastoral define duas fases de elaboração de um plano pastoral a ser preparado por uma equipa constituída pelos responsáveis da comunicação da Igreja local: a fase de análise ou avaliação das necessidades e a fase de planificação.

A) Durante a fase de análise das necessidades, far-se-á uma recolha de informações e um estudo de planos alternativos. Este inventário contempla a análise de contexto, das forças e fraquezas das estruturas e programas eclesiais das comunicações atuais, e ainda das possibilidades e exigências com as quais se confrontam. A fase de análise das necessidades inclui dois tipos de estudos: a avaliação das necessidades, isto é, o elenco das zonas de ministérios que requerem uma atenção especial da diocese; e o exame dos media locais através da avaliação das forças e fraquezas das estruturas e do modo de proceder dos meios de comunicação já existentes. Esta fase também enquadra

328 IOANNES PAULUS PP. II, «Proclamar Cristo nos meios de comunicação social no alvorecer do novo milénio», nº 25.

um inventário de recursos, técnicas e pessoas habilitadas que a Igreja possui em matéria de comunicação (recursos da Igreja e organismos ecuménicos)329.

B) A fase de planificação encarregar-se-á de definir objetivos e prioridades da diocese ou da conferência episcopal no campo da pastoral da comunicação, debruçando- se sobre os problemas que se seguem.

1) A educação. As questões relativas às comunicações serão extensivas a todos os níveis do ministério pastoral, incluindo a educação dos agentes de pastoral como componente essencial da sua formação em matéria de comunicação. Neste sentido, as escolas e universidades católicas serão encorajadas a sugerir programas e cursos de comunicação como necessidades da Igreja e da sociedade. Estas ações de formação contemplam: cursos, laboratórios e seminários de tecnologia, gestão, ética e políticas de comunicação para responsáveis de comunicação social na Igreja; e programas de educação e compreensão dos media para professores, pais e estudantes330.

2) A formação espiritual e a assistência pastoral é dirigida aos profissionais católicos, leigos e outros que trabalham nos media católicos e profanos. A programação desta formação contempla jornadas de recoleção, retiros e seminários, visando enriquecer a sua formação profissional. A assistência pastoral aos profissionais ajudá- los-á a cultivar a sua fé e a fomentar o sentido de dedicação, na transmissão de valores humanos331.

3) A colaboração que consiste na partilha de recursos entre conferências episcopais e dioceses com demais instituições religiosas (comunidades religiosas e universidades). Na prática, esta colaboração, que terá em conta as congregações

329 Ibidem, nº 25-26. 330 Ibidem, nº 28. 331 Ibidem, nº 29.

religiosas que trabalham no campo das comunicações sociais, deverá reforçar as relações entre responsáveis da Igreja e profissionais dos media, assim como garantir o acesso da religião aos media e novos media. Estamos a referir-nos concretamente ao uso comum dos satélites, das redes de cabo, dos bancos de dados e da informática a nível da compatibilidade dos sistemas. A cooperação com os media profanos ajudará a enquadrar as preocupações comuns relativas às questões religiosas, morais, éticas, culturais, educativas e sociais332.

4) As relações públicas: trata-se da comunicação com as comunidades através dos media (profanos e religiosos). O objetivo desta iniciativa é comunicar os valores evangélicos, ministérios e programas. Esta estratégia inclui a criação de um gabinete de relações públicas dotado de recursos humanos e materiais que tornarão possível uma comunicação entre a Igreja e a sociedade. Este gabinete também deverá prever a produção de publicações e programas radiofónicos, televisivos e impressos, que tornem possível a divulgação da mensagem do Evangelho, a missão da Igreja e a celebração do dia mundial das comunicações, como meios de evidenciar a importância das comunicações sociais e de apoio às iniciativas da Igreja em matéria de comunicação333.

5) A pesquisa: segundo a Aetatis Novae, na feitura do plano pastoral, a estratégia da Igreja no campo da comunicação social deverá basear-se numa pesquisa que implica análise e avaliação. Os resultados deste exercício dependerão do apoio e do incentivo às instituições do ensino superior, da animação da reflexão teológica sobre os media, e do papel destes na Igreja e na sociedade. Entretanto, a Aetatis Novae recomenda a

332 Ibidem, nº 30.

determinação das modalidades práticas de uma investigação sobre os media e da sua aplicação à missão da Igreja334.

6) O número 33 da Aetatis Novae é dedicado à temática sobre «comunicação e desenvolvimento dos povos». Segundo este ponto, as comunicações acessíveis viabilizam a participação das pessoas na economia, na liberdade de expressão e no desenvolvimento da paz e da justiça. Desta forma, o plano pastoral deve apostar no contributo favorável ao crescimento da solidariedade, através da influência dos valores evangélicos na atividade dos media, na defesa do interesse público e na salvaguarda do acesso das religiões aos media. O plano pastoral enquadra uma reflexão sobre o impacto social das tecnologias de comunicação avançadas, com o intuito de evitar ruturas sociais e desestabilizações culturais. No fundo pretende-se que a Igreja preste auxílio aos jornalistas na observância das regras éticas, sobretudo no que respeita à equidade, à verdade, à justiça, à decência e ao respeito pela vida335.

Em suma, o plano diocesano de pastoral da comunicação deve integrar elementos comuns, nomeadamente: uma consulta inicial/geral que inclua todos os ministérios da Igreja; um inventário que avalie os media do território diocesano (tipos de público, organismos de comunicação e institutos religiosos); uma estrutura dos media, cujas tarefas serão a evangelização, a catequese, o serviço social, a cooperação ecuménica e as relações públicas. O plano pastoral das comunicações também deverá prever ações de educação para os media, o diálogo com os jornalistas com vista ao desenvolvimento da sua fé e ao crescimento espiritual, e ainda indicações para a obtenção de recursos financeiros, visando assegurar a pastoral da comunicação336.

334 Ibidem, nº 32. 335 Ibidem, nº 33.