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A análise das teorias normativas de democracia na forma proposta por Jürgen Habermas e a investigação sobre as bases teóricas do republicanismo, em Rousseau, e do modelo procedimental/delibativo, de Habermas, nos remete a uma reflexão sobre as estruturas do Estado constitucional contemporâneo, na configuração dos instrumentos de exercício do poder soberano. Para tanto, necessária é a compreensão do conceito de política, como este instrumento estrutural de composição do poder, nas instituições que compõem a presente formatação global.

83 Compreender a importância do exercício da política no constitucionalismo é uma tarefa árdua, haja vista que a construção teórica do termo política tem passado por várias transformações. O termo política é objeto de vários estudos, seja no direito, atualmente no que tange ao limite do Poder Judiciário em tratar de questões políticas, ou, ainda, quando se propõe construir um conceito de política pública, ações que visam a implementação de direitos; presente, também, nos debates das ciências política e social.

A dificuldade em definir o que é política encontra-se presente nos discursos desde os autores clássicos até os mais contemporâneos, pois se mostra extremamente abrangente. Giovanni Sartori (1981, p. 155), a esse respeito, discorre:

[...] que a noção de ‗política‘ qualifica tudo, e, portanto, nada tem de específico, enquanto a esfera que reúne a ética, a economia e o estudo político-social permanece unida, não se manifestando materialmente em diferenciações estruturais, em estruturas e instituições qualificáveis como ‗políticas‘ distintas das econômicas, religiosas e sociais. A separação mais dificil é aquela entre o ‗político‘ e o ‗social‘, entre o âmbito da política e a esfera da sociedade. Mas as dificuldades são muitas, a começar pela confusão entre a nomenclatura de origem grega e de origem latina.

Dessa forma, na tentativa de se prolatar um conceito próprio à compressão do fenômeno político diante do exercício do poder e do constitucionalismo contemporâneo, adota-se a definição de política iniciada pela teoria clássica e desenvolvida na idade moderna, consoante ao que comumente se refere à ciência política.

A origem clássica do termo dá-se em Platão e Aristóteles, tratando a política como ―uma forma superior de vida ― a vida justa, segundo Platão; a vida boa e bela, segundo Aristóteles‖ (CHAUÍ, 2007, p. 29), denotando a identidade com o sentido de justiça, ao qual é perseguido até os dias atuais. No entanto, deve-se destacar a presença dos diferentes conceitos apresentados pelos teóricos clássicos, para a posteriori, compreender a definição delineada pelos teóricos contemporâneos.

Vale o recorte trazido por Chauí (2007, p. 29), ao referenciar que para Platão, ―[...] a política justa é aquela em que a razão comanda, subordinando ao seu comando a força militar e o poderio econômico‖. Já Aristóteles, por sua vez, trabalha a partir da existência da diferença de classes, ou da divisão social (existência de pobres e ricos), em que ―considera justa a política que opera no sentido de diminuir tanto quanto possível essa desigualdade‖, isto é, ―a política é a arte de igualar os desiguais‖, seja através da distribuição dos bens ― justiça distributiva ―, seja pela ― justiça do participável ― poder político exercido por todos os cidadãos.

Em um conceito genérico, destaca-se, inicialmente o que preceitua Norberto Bobbio (2003, p. 139) ao considerar política ―a esfera das ações que têm relação direta ou

84 indireta com a conquista e o exercício do poder último (supremo ou soberano) sobre uma comunidade de indivíduos em um território‖. Trata-se de uma definição simplória e preliminar do que de fato representa a acepção do termo, mas que leva a constatação de que falar de política é discorrer sobre o exercício do poder.

Esta definição é fortemente influenciada pelo conceito desenvolvido por Maquiavel, o primeiro a relacionar uma abordagem teórica a um conceito empírico e consoante com a realidade social. Como leciona Chauí (2007, p. 30), ―Maquiavel afirma que a política não diz respeito à justiça nem à graça divina e sim ao exercício do poder‖, partindo de uma divisão originária presente na sociedade, entre aqueles grandes que desejam ―oprimir e comandar‖, e o ―desejo do povo de não ser oprimido nem comandando ― movido pelo desejo de liberdade e segurança‖.

Deve-se ressaltar, nessa mesma toada, que, para Marilena Chauí, a sociedade divide-se, basicamente, em duas classes, a burguesia e a classe trabalhadora. Dessa forma, a primeira estaria propensa ao exercício da opressão e do comando sobre a segunda, denotando da definição de política uma relação entre classes sociais opostas, ou que lutam por interesses opostos.

Logo, se verifica a relação da definição proposta por ambos os teóricos italianos às relações de poder, que consubstanciam em um processo de dominação, em que de um lado está o dominador (governante) e do outro o dominado (governado). Dessa forma, o poder, como expõe Bobbio (2003, p. 139), é a ―capacidade de um sujeito influir, condicionar e determinar o comportamento de outro indivíduo‖. O autor rememora as três formas típicas de poder, encontradas na obra a Política de Aristóteles, quais sejam: o poder do pai sobre os filhos, do senhor sobre os escravos, e do governante sobre os governados, referindo-se a este como poder político.

Bobbio (2003, p. 140) complementa que o poder político existe a fim de proporcionar atenção a ambas as partes (governantes e governados), isto é, ao ―bem comum‖, sustentando-se através do ―consenso‖ (ou no contrato social), conforme apontado por John Locke. É nesse horizonte que se delimita a relação dicotômica entre a democracia e o despotismo, o primeiro relacionado ao conceito da res publica, referenciando-se à ―melhor cidade‖, onde se realiza o ―bem comum‖, a res populi; e o segundo relacionado a dominium despoticum, no que concerne ao despotismo e ao principado. (SARTORI, 1981, p. 161).

Portanto, o bem comum passa a ter relevância para a teoria política moderna, pois representa o ―pressuposto do nascimento da unidade política‖ (BOBBIO, 2003, p. 143), entretanto, refém das influências conjecturais presentes na sociedade.

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Em uma sociedade fortemente dividida em classes opostas, é provável que o interesse da classe dominante, apresentado como interesse coletivo, seja assumido e sustentado, até por meio da coação. Em uma sociedade pluralista e democrática, na qual as decisões coletivas são tomadas por maioria dos cidadãos ou de seus representantes, considera-se interesse coletivo o que foi aprovado por essa maioria; trata-se, porém, de uma simples presunção, baseada mais em uma convenção útil do que em argumentos racionais. (BOBBIO, 2003, p. 143).

O poder do governante, estando em uma democracia estabelecida, é exercido através do consenso, que se manifesta através do consenso do povo, da sociedade. Trata-se da presença do fator de legitimação do poder. Nessa linha, que Bobbio referencia o critério que mais se adequaria em classificar a relação política, diante da sua perspectiva inicial, que é através dos ―meios de que se serve‖ para realização de seus fins. No instante, resta colocar que estes meios serão delineados de acordo com as características dos poderes econômicos e ideológicos existentes na sociedade, pelas quais, admite-se o ―necessário‖ uso da força para se implementar as ações propostas pelo poder público.

Seguindo essa linha, Bobbio aponta uma tipologia moderna das formas de poder, visto através do poder econômico, do poder ideológico e do poder político, correlacionando este ao que detém a exclusividade para o uso da força. Como leciona Bobbio (2003, p. 144),

[...] só a utilização da força física impede a insubordinação e controla qualquer forma de desobediência. Da mesma forma, nas relações entre grupos políticos independentes, o instrumento decisivo de que um grupo dispõe para impor a sua vontade a outro é o emprego da força, ou seja, a guerra.

Desta feita, coloca-se que um fim mínimo à política, haja vista o seu caráter enquanto poder de força, que é a conservação da ordem pública e a defesa da integridade nacional, conforme colocado pelo o autor. Trata-se da finalidade mínima inerente ao poder político para a realização de todos os seus fins. Todavia, deve-se atentar para a questão de que o poder político não deve ter como seu fim o poder pelo poder, pois, desta forma, perderia a sua essência.

Não obstante, Marilena Chauí (2007, p. 31) esboça os ensinamentos de Max Weber sobre como este concebe o exercício do poder, ao destacar ―o poder é a capacidade para obrigar à obediência por meio da lei e é o uso legal da violência, podendo realizar-se de maneira personalizada, quando carismático, ou de maneira impessoal, quando se efetua por meio do Estado e dos instrumentos jurídicos opostos por ele‖.

A autora aponta, ainda, a distinção realizada por Hannah Arendt sobre força, autoridade e poder, pois a primeira ―opera por meio da violência com a finalidade de eliminar diferenças; autoridade opera pela formação do sentimento comunitário, considerando as

86 diferenças como secundárias. O poder, quando não se transforma em dominação opera no sentido de legitimar as diferenças.‖ (CHAUÍ, 2007, p. 31-32).

Para Foucault, como lembra Chauí (2007, p. 32), o poder é visto como ―disciplina e como tal espalha-se pelo todo da sociedade, penetrando em todas as instituições sociais. [...] um poder que se exerce sobre a vida dos indivíduos e das sociedades‖. É nesse sentido que o conceito de política, sob uma perspectiva participativa, deve ser repensado, pois se estabelece o pleno exercício do poder político quando todas as pessoas, em um primeiro momento, no âmbito das suas relações sociais, participam ativamente das deliberações e decisões ali necessárias. A partir de então, estabelece-se o sentimento de agente (O‘DONNEL, 2011), em um aspecto micro, limitado ao âmbito territorial e social do indivíduo, mas que tende a se expandir às esferas de poder mais amplas, até chegar ao mundo político institucional.

Bobbio (2003, p. 144), por sua vez, expõe a lição de Carl Schmitt, ao discorrer sobre a relação amigo-inimigo, inserido na concepção da política, afirmando que

[...] logo, a ação política está orientada para agregar os amigos ou excluir os inimigos. Enquanto o poder político for definido como o poder que se serve, em última instância, da força física para alcançar os efeitos desejados, trata-se do poder de que se lança mão física para resolver os conflitos que, se não fossem solucionados, provocariam a desagregação interna da comunidade política, com a supressão dos ‗amigos‘ e o predomínio dos ‗inimigos‘.

Depreende-se disso que para se pensar em ordem social, essa oposição ― exposta pelo o autor ― é fundamental, contudo, apenas se esse nível de antagonismo for tolerado pelo Estado, uma vez que a extrema divisão ou situação de conflito entre aqueles que compõem uma sociedade poderia levar ao caos. Não destoante das colocações de Bobbio, sobretudo, há de se prescrever quais seriam esses inimigos e de que forma estes se manifestam, haja vista internamente, na própria comunidade política, os inimigos encontram-se inseridos, em uma visão agregacionista, mas pessoal, resumido ao seu grupo, a fim de constituir interesses próprios, através do Estado, afastando-se do interesse geral.

Portanto, no exercício de compreensão do conceito de política, deve-se considerar que na filosofia política moderna aquilo que é político não necessariamente coincide com o social, pois, ao longo da história, as outras esferas da vida foram se separando do Estado, a exemplo do poder religioso e do poder econômico. Na visão de Bobbio, a política restringe-se à esfera do Estado, instituição esta responsável pela ordem social. No entanto, diante de uma perspectiva aberta e pluralista, mais próxima da construção teórica almejada hodiernamente, deve-se restaurar o entrelaçamento da coletividade à política, buscando-se instrumentos para que a política não se limite ao Estado, mas que esteja atrelado à própria sociedade.

87 Sob a perspectiva do poder econômico, cabe referenciar a relação entre este e o sistema político desde o período feudal, passando pelas revoluções burguesas, com a evolução dos princípios liberais que norteiam a formatação da ideia de Estado Mínimo que vem prevalecer até a ascensão do Estado Social. Conforme explora Bobbio (2003, p. 147) ao discorrer que a doutrina ―segundo a qual o Estado que governa melhor é o que governa menos, conhecida hoje como a doutrina do ‗Estado mínimo‘, que forma o núcleo forte e resistente, e por isso sempre atual, do pensamento liberal desde o final do século XVIII até os nossos dias‖, a percepção que a política está a serviço de um Estado eficiente e que este, por sua vez, só se perfaz caso governe menos ou infira em menor grau na esfera privada.

É o que Manfredo Oliveira (2012, p. 380) classifica pela ―substituição da política pelo mercado‖, em que os processos sociais são conduzidos por uma estrutura de economia globalizada que sub-roga o Estado regulador e todos os fatores de produção num processo acelerado de internacionalização ditado pelo mercado. Para o autor, isso denota ―na contraposição radical entre metas econômicas e fins sociais e políticos, processo que conduz uma concentração crescente do saber, do ter e do poder ameaçando a autonomia, a liberdade e a soberania das pessoas e dos povos‖.37

Inverte-se, entretanto, a influência entre os poderes, pois o poder econômico passa a prevalecer sobre o poder político, influenciando diretamente as ações deste. Como retrata Bobbio (2003, p. 147-148)

[...] a emancipação da esfera econômica em relação à política tem por consequência a afirmação da subordinação do poder político ao econômico. Tal afirmação tornou- se patrimônio do pensamento político no século XIX por meio da conhecida tese marxista, segundo a qual as instituições políticas e jurídicas são a superestrutura de uma base formada pelas relações econômicas.

Nesse aspecto, o autor arremata:

A diferença entre a doutrina dos economistas clássicos, que se localiza na base do Estado liberal-burguês, e a doutrina marxista, que está na base da crítica a esse mesmo Estado, repousa em diferentes juízos de valor sobre a forma capitalista de produção, juízos diferentes que têm consequências políticas de sinal oposto: de um lado, o desenvolvimento da sociedade capitalista; de outro, sua negação (BOBBIO, 2003, p. 148).

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Assim, também relaciona Rancière (2014, p. 76) ao discorrer: ―Concorda-se de bom grado com Hannah Arendt

que o homem nu não tem direito que lhe pertença, que não é um sujeito político. Mas o cidadão dos textos constitucionais não é mais sujeito político do que ele. Os sujeitos políticos não se identificam nem com ‗homens‘ ou agrupamentos de populações nem com identidades definidas por textos constitucionais. Eles se definem sempre por um intervalo entre identidades, sejam essas identidades determinadas pelas relações sociais ou pela categorias jurídicas.‖

88 Fazendo uma relação com a teoria da Constituição, a partir da base apontada por Marx, verifica-se que esta delimitação de poder, de prevalência do poder econômico sobre o poder político, concebe que este se encontra subjugado a aquele, principal fator de poder, do ponto de vista lassaleano. Levando-se a concluir, desta forma, que o poder econômico encontra-se no núcleo do poder constitucional do Estado.

Um problema apontado por Konrad Hesse (1991, p. 13) é ―quem considera, exclusivamente, a realidade política e social ou não consegue perceber o problema na sua totalidade, ou será levado a ignorar, simplesmente, o significado da ordenação jurídica‖. Logo, as realidades social, econômica e de poder de uma determinada sociedade devem ser analisadas conforme a sua relação com o ordenamento, diante do contexto conjectural de ambos, haja vista que há uma influência recíproca e constante entre realidade e ordenação.

Nessa linha, Hesse (1991, p. 21) expõe que ―a Constituição não deve assentar-se numa estrutura unilateral, se quiser preservar a sua força num processo de permanente mudança político-social‖, isto é, não deve seguir apenas uma lógica de poder, a exemplo do poder econômico. Deve-se, sob este prisma, atrelar todas as formas de poder existentes, o político, o social e o econômico, bem como atentar-se ao reflexo do exercício desses poderes aos seus destinatários, para que se configure um ordenamento equilibrado. Em suma, o autor leciona que

[...] a Constituição jurídica não configura apenas a expressão de cada realidade. Graças ao elemento normativo, ela ordena e conforma a realidade política e social. As possibilidades, mas também, os limites da força normativa da Constituição resultam da correlação entre ser (Sein) e dever ser (Sollen). A Constituição jurídica logra conferir forma e modificação à realidade. (HESSE, 1991, p. 24).

É o que Bobbio chamará de poder legítimo, identificando-o ao poder exercido com justa razão, pois se configura sobre os elementos que compõem as instâncias de poder, propriamente dito, e ao corpo social destinatário das normas. Já o poder ilegítimo, em contraposição, caracteriza-se pelo poder de fato, afastado de qualquer aspecto de moralidade, pois se infere diante do arbítrio das particularidades de quem o detém. Assim,

Quando se exige que o poder seja legítimo, pede-se que quem o detém tenha o direito de detê-lo. Quando se invoca a legalidade do poder, pede-se que quem o detém não o exerça conforme o seu próprio capricho, mas sim em conformidade com regras estabelecidas e dentro dos limites que elas impõem. O oposto do poder legítimo é o poder de fato; o contrário do poder legal é o arbitrário. (BOBBIO, 2003, p. 156).

Conclui-se, portanto, que a construção do que se define como poder legítimo encontra abrigo na doutrina do ―constitucionalismo‖, pela qual não há diferença entre

89 governantes e governados, tendo em vista que o poder daqueles são determinados pela própria lei (BOBBIO, 2003, p. 157), fruto de um mínimo de consenso presente na sociedade, refletido como ideal de justiça.

É diante desta perspectiva que a superação do Estado de Direito demonstra a sua relevância, tratando-se aqui do momento de construção do ideário Estado Democrático de Direito, referenciando-se ao meio pelo qual se consubstancia os princípios republicanos e a busca pelo equilíbrio no exercício do poder político. Sobre esta acepção, a política ganha outra conotação, restaurando-se o seu embrião teórico, como instrumento da realização do bem de todos, para o caráter garantista que encontra abrigo sob o regime democrático. Isto posto, Habermas (2013, p. 26-27) segue o mesmo raciocínio:

Pode, porém, se difundido na estrutura mesma de um Estado constitucional em que o reformismo democrático é institucionalizado como parte norma da política. Os cidadãos podem encarar a constituição como um projeto coletivo da realização cada vez mais ampla de um sistema já estabelecido de direitos básicos. Os cidadãos que se dedicam à realização desse projeto conjunto podem, com coerência, promover a melhoria das condições de acesso à política deliberativa e participação nesta, ao mesmo tempo que podem racionalmente esperar que as normas sejam devidamente respeitadas.

O constitucionalismo contemporâneo traz em sua carga histórica o caráter democrático e a legitimação do poder político através de instrumentos efetivos de participação. Ainda assim não há garantia na efetividade de uma atividade política eficiente e legítima perante o corpo social que visa ordenar, pois estas são as condições básicas e fundamentais de participação e limitação das instâncias políticas tradicionalmente postas. Nessa linha, Höffe (2006, p. 424) leciona ―Mas mesmo quando uma ordem jurídica e de Estado põe à disposição talvez até espaços de ação para a felicidade, auto-realização e solidariedade humanas, estamos apenas diante de suas condições básicas limitadoras e não de uma realização efetiva‖.

Entreposto, por mais que não se garanta um processo eficiente ao se falar em política, esta deve estar voltada ao bem comum e às condições e procedimentos necessários para tal. Trata-se de uma busca constante e reavaliação permanente das suas estruturas. É como Albuquerque (2013, p. 43) conceituará a política:

A política é um processo de escolha com um resultado apontado ao coletivo, ao bem comum. Nesse processo de escolha, pode existir paixão, pode-se fugir à moral, etc, diferentemente do direito. Em política, não basta querer o bem comum, é necessário definir em que consiste e a quais são os meios e ações adequadas para realiza-lo. A ação política deve ser uma decisão responsável, que implica um fundamento ético – o que é bom para a comunidade é o bem público (e não o particular).

90 efetiva no campo constitucional a partir de certa configuração, na qual as instituições são