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PARTE I – REFERENCIAL TEÓRICO

CAPÍTULO 3 A PRÁTICA DOCENTE

Uma preocupação relevante na área educacional são os efeitos da prática dos professores em sala de aula em relação ao desempenho dos alunos sob o ponto de vista da apreensão dos conhecimentos ensinados e da satisfação de suas necessidades de informações. Porém, uma questão, a priori, deve ser investigada e está relacionada às questões que mobilizam esses professores para a busca do conhecimento e como ocorre a qualificação desse profissional para o desafio de ensinar.

Para o presente estudo, iremos considerar o termo Prática Docente, ao invés de prática pedagógica, tendo por base os estudos de Souza (2008). Apesar de muitos autores, como veremos mais adiante, considerarem prática pedagógica e prática docente como sendo a mesma coisa, Souza nos apresenta uma reflexão sobre os termos, fazendo uma diferença significativa entre eles. Senão, vejamos:

A professora e o professor não tem prática pedagógica. Têm prática docente. A prática docente é apenas uma das dimensões da prática pedagógica interconectada com a prática gestora, a prática discente e a prática gnosiológica e/ou epistemológica. A prática pedagógica inclui a prática docente, mas a ela não se reduz... (SOUZA, 2008, p. 24).

Nessa perspectiva, Souza (2008, p. 29) compartilha sua teoria enfatizando que a prática pedagógica, ou práxis pedagógica, corresponde a “a ação institucional da agência formadora de quaisquer formações...”.

A prática docente tem como referência diversos tipos de saberes, como mostra Caldeira (1995, p. 8), pois para o autor “o saber docente cotidiano é constituído tanto pelo conhecimento científico como pelo saber da experiência”, a forma como esses saberes são utilizados por cada professor difere quanto à sua forma, considerando a história e a experiência do profissional. Para reafirmarmos o conceito de diversos saberes como base para a prática docente, Tardif (2002, p. 37) reforça que “a prática docente não é apenas um objeto de saber das ciências da educação, ela é também uma atividade que mobiliza diversos saberes que podem ser chamados de pedagógicos”.

Conforme afirma Caldeira (1995), cada professor constrói parte de sua formação em seu cotidiano na sala de aula a partir de experiências vividas e trocadas com seus alunos e com outros atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Essa vivência em sala de aula e a forma singular que cada profissional apreende e desenvolve competências contribuem para a singularidade desse profissional e para o alcance dos objetivos pedagógicos.

A dimensão da prática docente é significativa considerando que essa prática vai além, e se propõe a tratar também de uma prática social orientada para objetivos e conhecimentos, pois pressupõe a relação da teoria com a prática numa busca de melhores condições para que essa prática se efetive. O lado teórico vislumbra o conjunto de ideias advindas das teorias pedagógicas que buscam provocar uma transformação ideal nos indivíduos, o lado prático relaciona-se com os meios colocados em ação pelo professor. Podemos, nesse processo pedagógico, inferir que não existe teoria sem prática se quisermos transformar indivíduos.

A ação pedagógica do professor em sala de aula não se baseia apenas em intuição ou na prática pela prática. Esse movimento deve ser gerador de conhecimento o que implica numa reflexão alicerçada em arcabouço teórico e científico. Schmidt, Ribas e Carvalho (1999, p. 22) nos mostram que a prática pedagógica como uma atividade humana pode se constituir como “...uma atividade prática, numa visão utilitarista, ativista e espontaneísta, ou se constitui em uma práxis guiada por intenções conscientes. Dessa forma, ela toma uma dupla diretriz: de um lado, temos uma prática pedagógica repetitiva e de outro, reflexiva”. Nesse contexto reflexivo a prática caracteriza-se como fonte de conhecimento.

É atribuído, corriqueiramente, a culpa pela má qualidade do ensino à competência dos professores. Com isso os sistemas educacionais investem para tentar qualificar esse ensino a partir da ampliação do conhecimento dos professores o que significa cursos de atualização, reciclagem e pós-graduação configurando-se em programas de formação contínua.

A própria sociedade exige e a constituição federal garante padrão de qualidade como um dos princípios da educação. Como nos mostra Weber (1996, p. 13),

Do ponto de vista da educação fundamental, isso implica o resgate da atuação dos agentes da disseminação dos conhecimentos produzidos ao longo da história, estimuladores de sua compreensão, segundo diferentes óticas, e de produção do saber.

Em decorrência disso, ganha relevo a prática pedagógica desenvolvida pelos docentes, impondo-se a formulação e implementação de políticas de capacitação em serviço e de aperfeiçoamento constante, cuja concretização passa a depender cada vez mais do estabelecimento de vínculos com as instituições de ensino superior, em particular, com as universidades.

Nesse processo de melhoria de qualidade da educação, o professor tem um papel diferenciado, quando se propõe a oferecer ao seu alunado uma prática que contribua para seu processo de crescimento e emancipação na sociedade em que vive.

Os desafios e as responsabilidades dos profissionais do magistério em sala de aula são grandes nos tempos atuais pois são muitos atrativos tecnológicos para as crianças e jovens

diante de um contexto escolar nada animador. Uma realidade educacional que não atrai os alunos e nem mobiliza a permanência desses alunos na escola. O professor por sua vez se vê na obrigação de tornar as aulas mais atrativas fazendo com que os alunos permaneçam e se motivem para o aprendizado.

As ações realizadas pelos professores não podem ser desarticuladas ou restritas, pois envolvem pessoas com consciência e concepções diversas e exige que o profissional apresente um perfil diferenciado que facilite aos alunos reflexões sobre ações e sobre a realidade vivida. Porém, a atividade docente não pode simplesmente ser planejada pois assim o professor não cumpriria seu papel de agente social de mudança. Ela necessita se constituir como práxis e permitir que os sujeitos envolvidos sejam ativos e responsáveis pelo seu processo de aprendizagem e isso quer dizer que todo o planejamento deve ter uma abertura para que o aluno possa vir a contribuir.

A sociedade brasileira vivenciou muitas modificações nos campos: social, econômico, cultural e educacional. A prática docente, em seu histórico e em seu cotidiano, não pode desconsiderar os diversos contextos vividos e através deles questionar como esses elementos interferem na sala de aula. A partir dessa discussão, compreender e incorporar experiências importantes para sua formação profissional.

Nesse contexto singular e importante o professor tem um papel fundamental e uma responsabilidade na construção e melhoria de suas competências profissionais visando à melhoria de sua prática. A formação continuada e especificamente a participação em cursos de especialização é fundamental para a contribuição na mudança dessa prática, para atender às necessidades de conhecimento dos alunos e, por que não dizer, dos próprios profissionais da educação.

CAPÍTULO 4 FATORES MOTIVACIONAIS E A NECESSIDADE DE