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A presença de Cristo: Ele foi visto no Ano de 1914?

1.2. Algumas considerações na perspectiva da Teologia

2.2.1. A presença de Cristo: Ele foi visto no Ano de 1914?

Constitui a crença das testemunhas que a presença de Cristo na terra foi invisível nesse ano. Daí a pergunta: em que base se baseiam as testemunhas para afirmar que Cristo não foi visível no ano de 1914?

As testemunhas servem-se de Actos 1, 9: «Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem subtraiu-O a seus olhos», para justificarem que ninguém tenha visto Jesus em 1914, porque uma nuvem ocultou Jesus aos olhos dos seus apóstolos, e de igual forma tinha de ser, portanto, a Sua vinda, isto é, invisível90. Facilmente podemos refutar aquela afirmação, servindo-nos do mesmo livro dos Actos 1, 11: «Homens da Galileia porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus, que vos foi arrebatado para o Céu, virá da mesma maneira, como agora O vistes partir para o Céu».

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Cf. J. PINTO, Ano 1914. Que dizem as Testemunhas de Jeová? 34-35.

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Aliás, na teologia jeovista, encontramos sucessivas contradições como foi referido e constatado acima. Embora parecendo contraditório, reconhecem ou pelo menos afirmam que realmente Jesus foi visto subindo ao Céu. E assim nos dizem as testemunhas: «Conforme mostra o versículo 9, ele desapareceu da vista, sendo a sua partida observada apenas pelos seus discípulos…»91

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Uma vez que os discípulos O viram partir (afirmam também as testemunhas), a Sagrada Escritura afirma que Cristo virá da mesma maneira, leva-nos a questionar se Jesus realmente viesse em 1914, pelo menos algumas pessoas O deveriam ter visto neste Seu retorno, e ninguém O viu92.

Quando as testemunhas apresentam o texto de Mateus 25, 31: «Quando o Filho do homem chegar na sua glória, e com ele todos os anjos, então se assentará no seu trono glorioso», querem pretender afirmar a partir de uma suposição de que Cristo não veria num trono terrestre e que seria inferior aos anjos, e por isso a Sua vinda seria invisível, de forma mais sublime que todos os seres espirituais. Este argumento não tem nenhum valor, porque nem nessa passagem e nem em nenhuma outra se fala de qualquer «trono terrestre» para Jesus93.

Com um olhar muito crítico, quem for leitor assíduo da Bíblia e conhecedor das heresias «jeovistas» facilmente as pode refutar. Insistem a propósito e a despropósito que o seu único objectivo é fazer um estudo bíblico sério. Porém, o que encontramos é um desejo perspicaz de fazer adeptos, fazendo-lhes a lavagem cerebral com um conjunto de citações de textos bíblicos dispersos e descontextualizados, muitas vezes pretendendo confirmar apenas a sua visão sobre a realidade.

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TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, Raciocínios à base das Escrituras (São Paulo: Sociedade da Torre de Vigia de Bíblias e Tratados 1985) 435.

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Cf. J. SILVA, Testemunhas de Jeová dizem… A Bíblia diz… 12.

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Para terminarmos esta página sobre a vinda invisível de Cristo que eles tanto defendem apenas para confirmar a sua tese do ano 1914, mencionaremos um dos textos neotestamentários para dizermos como eles interpretam a perícope a seu favor. Vejamos o texto lucano: «…os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai acontecer ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do Homem vir numa nuvem com grande poder e glória» (Lc 21, 26-27).

Insistem em afirmar que vir sobre as nuvens quer dizer a mesma coisa que invisibilidade e que o mesmo verbo “ver” neste contexto e noutras passagens semelhantes quer significar apenas o sentido de «perceber» ou «discernir» e não propriamente ver com os olhos físicos94. Deste modo afirmam: «Quando Jesus disse que viria em uma nuvem só podia significar que seria invisível aos olhos humanos, mas que pessoas na terra ficariam apercebidas da sua presença. Tais o veriam com seus olhos mentais, discernindo o facto de que ele estava presente»95… E no outro seu livro, afirmam: «Em que sentido todo olho o verá? No sentido de que as pessoas discernirão à base dos eventos na terra que ele está presente invisivelmente»96.

O que podemos dizer destes dois textos é que eles são interpretados à luz da propaganda das testemunhas e são contraditórios com a verdade cristã sobre a segunda vinda de Cristo que há-de ser visível aos olhos de todos, conforme nos atesta o livro de Apocalipse 1, 7: «Olhai: Ele vem no meio das nuvens! Todos os olhos O verão, até mesmo os que o trespassaram. Todas as nações da terra se lamentarão por causa dele. Sim. Ámen!». Esta perícope está de acordo com os outros textos do NT. E de facto, mesmo que o verbo ver possa não ter aqui um sentido literal como atestam as

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Cf. J. SILVA, Testemunhas de Jeová dizem… A Bíblia diz… 13.

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TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, Raciocínios à base das Escrituras 50.

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testemunhas, bem como em Actos 1, 11, que defendem a mesma ideia e que a expressão «todos» possa ter apenas um sentido genérico, estamos no nosso direito de perguntarmos às testemunhas: porquê só os chefes das Testemunhas de Jeová fizeram aquele discernimento de mente, o qual depois tiveram de comunicar a outros?97. E, sendo que a vinda de Cristo é um evento de grande importância para toda a humanidade, por que passou despercebida a esta? Claramente, a pretensão «jeovista» de que o regresso de Cristo à terra se deu em 1914, mas que foi invisível, está claramente contra a Sagrada Escritura, e prova elucidativamente que o mesmo regresso ainda não aconteceu. Aliás, Cristo já havia chamado a atenção dos discípulos a não se deixarem iludir com o surgimento do falso messias e comparou a sua vinda como o itinerário visível do relâmpago…: «Olhai que já vos preveni. Por isso, se vos disserem: ‘Ele está no deserto’, não saiais; ‘Ei-lo no interior da casa’, não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e brilha até ao Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres» (Mt 24, 25-28). Portanto, a vinda de Cristo há-de ser percebida por todos, onde toda a humanidade se encontrar com o seu Redentor para por Ele ser julgada.

2.2.2. Crítica sobre as perspectivas e consequências do Reinado de Cristo