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A “produção da natureza” e o pensamento geográfico radical

SUMÁRIO

Capítulo 2. Produção da natureza e estratégias de acumulação: elementos para se pensar a reprodução do capital frente as mudanças globais do clima.

2.1. A “produção da natureza” e o pensamento geográfico radical

Antes mesmo da grande expansão da agricultura geneticamente modificada, ou do primeiro animal clonado em um laboratório, Neil Smith, cunhou o termo “produção da natureza” em seu livro “Uneven development: nature, capital and the production of space” em 1984. O que torna tão intrigante o seu argumento foi a afirmação de que a humanidade –

sobretudo na fase ampliada do capitalismo135– não apenas “interage com”, “interfere na”, ou mesmo “altera” a natureza, mas a produz materialmente (SMITH, 1991; HARVEY, 2000; CASTREE, 2001; BOYD, 2001; et al.).

Em artigo publicado em 1980, intitulado “Geography, Marx and the concept of nature”, escrito pela parceria Neil Smith e Paul O’Keefe, a ideia de “produção da natureza” ganha seus primeiros contornos. Neste artigo, publicado na revista “Antipode”, para além de uma leitura sobre o conceito de natureza na obra de Marx, os autores discutem como a ciência, incluindo a ciência social presa a uma herança positivista, deixou uma pedra sobre o conceito de “natureza”. Isto é, continuou a entendê-la como aquilo que não pode ser produzido socialmente, pressupondo, entre outras coisas, que a natureza existe em si e por si.

Como Smith e O’Keffe argumentam, dentro das ciências humanas (especialmente nas perspectivas em que se identificam traços positivistas), a contradição da natureza, em geral, aparece tratada de três maneiras, contra às quais aparesentam algumas considerações: 1) a primeira, refere-se à perspectiva de que a ciência natural estuda a natureza e as ciências sociais não, ao contrário, estudam justamente a antítese da natureza. Nesse sentido, ao se falar em termos de “natureza humana”, ou a “natureza de uma sociedade”, estaria se usando apenas um recurso metafórico, ou um acidente linguístico. Sobre esta perspectiva, os autores chamam a atenção que metáforas, em geral, “têm o histórico hábito de se referir a algo objetivamente real. Não é por acaso, assim, que falamos de ‘natureza humana’ ou de ‘natureza das sociedades humanas’”136(SMITH; O’KEFFE, 1980, p. 30); 2). Uma segunda maneira de lidar com esta contradição é aquela que afirma que as ciências sociais estudam a natureza, mas uma natureza distinta daquela estudada pela ciência natural. A “natureza” desta última é autônoma a atividade humana, ao passo que a da ciência social é vista como criada ou constituída socialmente. Os autores comentam da seguinte forma esse tipo de solução, “na medida em que a contradição dentro do conceito de natureza é percebida, esta é uma solução popular, mas isso depende do deslocamento da contradição do próprio conceito para a natureza a qual ele se refere, [isto é], a natureza como um conceito unificado refere-se a uma realidade bifurcada”137(Idem); 3) Um terceiro entendimento, diz respeito às soluções em que a natureza humana é dissolvida na natureza externa. Em outras palavras, esta solução entende que o

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Ver a esse respeito MANDEL, E. O capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

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No original: “But this is unsatisfactory because metaphors and linguistic “accidents” have a historical habit of referring to something objectively real. It is therefore no accident that we talk of “human nature” or the “nature of human societies’” (SMITH; O’KEFFE, 1980, p. 30).

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No original: “Insofar as the contradiction within the concept of nature is perceived, this is a popular solution, but it relies on displacing the contradiction from the concept itself into the nature to which the concept refers; nature as a unified concept refers to a bifurcated reality” (Idem).

comportamento humano é regulado de acordo com o mesmo conjunto de leis que regem a “natureza”. Essa seria uma posição do chamado Darwinismo social ou do behaviorismo contemporâneo, que ao dissolverem a contradição da natureza, ao menos teoricamente, esquecem de uma solução prática. Segundo os autores, “na prática, as sociedades humanas provam que são capazes de se apropriarem das ‘leis da natureza’ para seus propósitos, e esta apropriação, juntamente com seus efeitos, não são governados pelas ‘leis naturais’”138(Idem).

Dentre as ciências sociais, a Geografia, como seguem discutindo Smith e O’Keefe, tem sido resistente quanto a certas resoluções simplistas em relação a conceitos contraditórios, como o de natureza. Preocupada principalmente com as relações (homem-natureza ou sociedade-natureza), a disciplina tem sido mais sensível em relação à complexidade da “natureza” e menos suscetível às armadilhas da dicotomia. Embora esqueçam de mencionar como a própria contradição de natureza, que está pressuposta na maneira como a disciplina se divide entre humana e física, tem sustentado pesquisas (de ambos os lados) presas às amarras de uma ciência prescrita139, com promessas de um maior “rigor ou relevância científica”, ou de uma suposta sofisticação e seu almejado prestígio acadêmico.

No atual contexto em que a quantidade subjaz à qualidade científica140, aquelas pesquisas vinculadas com determinada visão ambientalista, sobretudo as que falam em termos de “escassez”, “destruição” ou “impactos” sobre uma natureza externa ganham cada vez mais força na Geografia, assim como em número crescente em outras disciplinas das ciências humanas141.

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No original: “In practice, human societies prove themselves able to appropriate the ‘laws of nature” for their own purposes, and this appropriation along with its purposes are not ruled by natural law’” (Idem).

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Aqui o adjetivo sugere tanto o sentido de algo ordenado explicitamente, com base em uma ordem expressa e formal, quanto aquele comumente utilizado no âmbito jurídico de algo com certo prazo legal, que perde seu efeito com o tempo, ou que cai em desuso.

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Nas últimas décadas, o trabalho científico acadêmico vem passando por uma série de transformações, em que se nota uma inserção cada vez maior das influências da lógica do mercado. Jaime Ornelas Delgado (2007), denomina de “capitalismo acadêmico” esta nova forma de conceber a educação e o trabalho científico, cujas características passam pelos critérios da produtividade e da competitividade. Para uma leitura mais completa, ver DELGADO, J. O. Neoliberalismo y capitalismo académico. In: Fírgoa: Universidade de Santiago de Compostela, 2007. Disponível em: <http://firgoa.usc.es/drupal/node/34777>. Acesso em 22 de jul. 2016.

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Destaca-se, o crescente número de trabalhos na Antropologia voltados para questões ambientais e, de maneira mais tímida, na chamada “História ambiental”. Aparentemente um campo privilegiado que estaria buscando articular as duas câmaras separadas (natureza e sociedade) seria o da “ecologia política”. Bruno Latour, por outro lado, questiona que “do ponto de vista conceitual, a ecologia política ainda não começou a existir”; o que há são conjugações dos dois termos “ecologia” e “política”, sem repensar inteiramente estes componentes. Latour ressalta a esse respeito que o “oikos, logos, physis e polis permanecem como verdadeiros enigmas, tanto que não se apresentam os quatro conceitos de uma vez só” (LATOUR, 2004, p. 13).

Por outro lado, uma visão crítica a essas perspectivas está presente desde os primeiros trabalhos da chamada geografia radical142, quando David Harvey, em 1974, já alertava com certa preocupação sobre as abordagens em que o argumento da escassez dos recursos naturais e da “superpopulação” apresentavam fortes indícios de um neomalthusianismo aplicado às questões ambientais. Dois anos após a Conferência de Estocolmo, Harvey publica o artigo “Population, resources, and the ideology of science”, texto com um conteúdo crítico em relação a tais argumentos que, em geral, apresentam-se com uma postura austera e fundamentados em uma suposta ética científica.

Com base nestas observações, Harvey chama a atenção para o fato de que há mais recursos do que o suficiente no mundo para alimentar toda a população do planeta. A questão, segundo sua crítica ainda incipiente, é que esses recursos são controlados pelas nações ocidentais e que não há uma distribuição equitativa com os demais países.

Nesse sentido, o autor ressalta sobre as implicações políticas que estas abordagens podem representar, isto é, uma espécie de cortina de fumaça feita com “rigor científico”. Para ele, os termos malthusianos “superpopulação” e “pressões humanas sobre os meios de subsistência” não são “inerentemente, nem mais nem menos científicos, do que os termos de Marx de ‘exército industrial de reserva’ e ‘da superpopulação relativa’”143(HARVEY, 1979, p. 156).

Smith aprofunda esse debate em “Desenvolvimento desigual”, e enfatiza que a ideia de “escassez dos recursos naturais”, seja das fontes fósseis, seja de qualquer outro recurso, é uma produção social, não uma obra da natureza (SMITH, 1991). A escassez, como discute Harvey em “A justiça social e a cidade”, é algo socialmente organizado para permitir o funcionamento do mercado, conforme as necessidades de reprodução do capitalismo (HARVEY, 1980, p. 114).

Importa ressaltar que, as projeções lineares de um crescimento demográfico, que “privilegiam os aspectos matemático-estatísticos”, culminaram em diversas conclusões apocalípticas do tipo malthusiano, como Carlos Walter Porto-Gonçalves (1989) aponta em “(Des) caminho do meio ambiente”. Quase duas décadas após esta publicação, o autor volta a

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Essa discussão, iniciada na geografia alglo-saxã em meados da década de 1970, baseada em uma leitura crítica sobre as questões ambientais, incluindo as maneiras como o conceito de natureza está pressuposto na obra marxiana, se perpetua na obra de Harvey, embora de maneira fragmentada. Essa perspectiva também se faz presente na obra de outros autores da geografia radical como Sayer (1979; 1983), Smith e O’Keefe (1980), Smith (1984; 1998a; 1998b), Peet (1985), Peet e Watts (1993; 2011), Castree (1995; 2001; 2005), Katz (1994; 1998), et al.

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No original: “inherently no more or less scientific than Marx's terms industrial reserve army and relative surplus population” (HARVEY, 1979, p. 156).

discutir como as questões sociodemográficas associadas ao desafio ambiental, passaram a ser reivindicadas dentro de uma conjuntura geopolítica do neoliberalismo ambiental: “alega-se, agora, que é o planeta que corre perigo em função do crescimento populacional. Malthus redivivo e, agora, em nome de uma causa verde.” (PORTO-GONÇALVES, 2006, p. 161).

Vale mencionar que a postulação de limites e metas (como no caso das emissões de gases de efeito estufa) a serem cumpridas ou, como Harvey (2004) coloca, “a invocação da ‘ecoescassez’”, não nos deve deixar tão nervosos politicamente quanto nos faz ficar suspeitosos do ponto de vista teórico:

Embora haja versões dessa argumentação que aceitam que os “limites” e a “ecoescassez” são socialmente produzidos e avaliados (caso no qual a questão dos limites na natureza se reduz ao ponto da quase irrelevância), é difícil impedir que essa linha de pensamento degenere em alguma versão de naturalismo (o absolutismo dos limites fixos da natureza), ou, o que é ainda pior, num malthusianismo fatalista em que as doenças, a inanição, a guerra e as múltiplas disrupções sociais são vistas como corretivos “naturais” da arrogância humana (HARVEY, 2004, p. 285).

No sentido desta crítica, Smith entende que romper com o mundo dualístico da ideologia burguesa, “permitirá tratar os padrões reais do desenvolvimento desigual como sendo o produto da unidade de capital, em vez de cegamente situar o processo no falso dualismo ideológico da sociedade e natureza”144(SMITH, 1991, p. 32).

Pode-se dizer que é nesse falso dualismo ideológico, que reside a contradição entre exterioridade e universalidade da natureza, como parte fundamental de uma ideologia em que a hostilidade exógena da natureza justifica sua “dominação”, além de uma moralidade que tal universalidade pode proporcionar a um comportamento social “padrão”. Essa última, ou o argumento da natureza-humana, tem sido “um dos mais lucrativos investimentos da ideologia burguesa” (Idem).

Na geografia crítica brasileira, Armando Corrêa da Silva (1994), foi um dos que se debruçaram sobre esta discussão. Em seu ensaio acerca da “Geografia humana e a abordagem naturalista”, ressalta que “a natureza tornou-se novamente uma referência metafísica, apenas porque sua transformação criou o ser social separado de suas manifestações pré-conscientes”

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No original: “This will allow us to treat the real patterns of uneven development as the product of the unity of capital, rather tanh blindly to situate the process in the false ideological dualism of society and nature” (SMITH, 1991, p. 32).

(SILVA, 1994, p. 42), o que resulta naquilo que Smith aponta como o “status de eventos naturais” que certos comportamentos sociais adquirem145.

A maneira como se apresentam certos fatos com “naturalidade”, como manifestações pré-conscientes, ou mesmo como ideologia ou mediações políticas é reafirmada nos mais diversos “ambientalismos” que se nutrem de uma concepção de natureza exógena que nos ameaça constantemente com suas possíveis – e “calculáveis” – “catástrofes”. O fato de conceber uma exterioridade da natureza, seja ela hostil ou não, é o suficiente para justificar seu controle ou como se entende no contexto das mudanças globais do clima, a mitigação dos efeitos adversos que os gases de efeito estufa podem causar.

O resultado direto desse processo de objetivação da natureza, como argumenta Smith (1991), foi a criação de uma concepção distorcida que legitimou sua dominação fazendo com que este processo fosse ele próprio tratado como algo “natural”.

Em acordo com esta crítica, Damiani (2008) considera que a “exterioridade da natureza em relação ao homem, ao invés de ser inerente e a definir como um universal em si, é passível de ser concebida somente como produto da relação, num processo histórico contraditório à humanização da natureza à naturalização do homem” (Idem, p. 18).

A concepção de natureza criada pela ciência ilustrada146 como autônoma e pré- existente implicou um entendimento sobre os fenômenos naturais como um sistema de leis. Diga-se de passagem, conhecimento esse que, mais tarde, serviria de base para os valores capitalistas no que diz respeito à apropriação humana dos “recursos naturais”.

É por tal entendimento que Smith vai afirmar que “a idéia da produção da natureza é paradoxal, a ponto de parecer absurda, se julgada pela aparência superficial da natureza mesmo na sociedade capitalista”147 (SMITH, 1991, p. 32). Isto é, a natureza é sempre vista como aquilo que não pode ser produzido socialmente; “é a antítese da atividade produtiva

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Na sociedade ocidental a lista é interminável: a competição, o lucro, a propriedade privada, o heterossexualismo, a superioridade racial, Adão e Eva, existência de pobres e ricos, a globalização, etc., etc. (SMITH,1991).

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Sobre esse período, que genericamente se denomina de “Revolução Científica”, no prefácio de “A dialética da natureza”, Engels comenta sobre as diferentes denominações que o período histórico recebe, assim como suas imprecisões e decorrências: “A moderna investigação da Natureza data, como tôda história moderna, dessa época poderosa a que nós, os alemães, denominamos a Reforma, depois da desgraça nacional que, por sua causa, nos aconteceu, a que os franceses chamam de Renascença, e os italianos de Cinquecento, época que nenhum desses nomes explica exatamente [...]; a Terra foi, então, realmente descoberta, lançando-se as bases do futuro comércio mundial bem como a transição do artesanato à manufatura, que foi, por sua vez, o ponto de partida da moderna grande indústria” (ENGELS, 1979, p. 15).

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No original: “The idea of the production of nature is indeed paradoxical, to the point of sounding absurd, if judged by the superficial appearance of nature even in capitalist society” (SMITH, 1991, p. 32).

humana”. Sobre tais aspectos, Smith discute nas primeiras páginas de o “Desenvolvimento desigual” que a produção a natureza,

Não somente oferece um fundamento filosófico para se discutir o desenvolvimento desigual do capitalismo, mas é um resultado muito real do desenvolvimento desse modo de produção. O que mais nos choca com essa ideia da produção da natureza é que ela desafia a separação convencional e sacrossanta da natureza e da sociedade, e o faz com indiferença e sem pudor. Nós estamos acostumados a conceber a natureza como exterior à sociedade, primitiva e pré-humana, ou ainda como um grande universal no qual os seres humanos não são senão pequenas e simples peças[148](SMITH, 1991, pp. xv; xvi).

Para o autor a crença convencional de que a natureza é, por definição, não-social – um domínio pré-existente e destituído dos seres-humanos – vem se tornando obsoleta no desenvolvimento do capitalismo. Essa crença tida como ideológica, vem justificando (ou camuflando) o processo pelo qual a natureza é cada vez mais produzida nas entranhas da dinâmica da acumulação capitalista. De acordo com sua perspectiva, quando a aparência imediata da natureza “é colocada no contexto histórico, o desenvolvimento da paisagem material apresenta-se como um processo da produção da natureza”. Assim, os resultados diferenciados dessa produção da natureza é o resultado imediato do desenvolvimento desigual. “No nível mais abstrato, todavia, é na produção da natureza que se fundem e se unem os valores-de-uso e os valores-de-troca, e o espaço da sociedade” (Idem, p. 32).

Em concordância com Marx, Smith afirma que a produção é o processo pelo qual se altera a forma da natureza, ou das matérias naturais, de modo a torná-las socialmente úteis. Essa discussão, de fundamental importância para se entender a ideia de “produção da natureza”, ancora-se no texto inicial sobre a mercadoria de “O Capital”:

[...] a existência do casaco, do linho, de cada elemento da riqueza material não existe na natureza, sempre teve de ser mediada por uma atividade especial produtiva, adequada a esse fim, que assimila elementos específicos da natureza a necessidades humanas específicas. Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana (MARX, 1983, pp. 50).

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No original: “The production of nature, not only provides a rather philosophical foundation for discussing the uneven development of capitalism, but it is a very real result of the development of this mode of production. What jars us so much about this idea of the production of nature is that it defies the conventional, sacrosanct separation of nature and society, and it does so with such abandon and without shame. We are used to conceiving of nature as external to society, pristine and pre-human, or else as a grand universal in which human beings are but small and simple cogs (SMITH, 1991, pp; xv; xvi).

Como Smith mostra na crítica que faz a Alfred Schmidt, pioneiro na discussão sobre o conceito de natureza em Marx, “a dialética do valor de uso e do valor de troca acrescenta uma nova dimensão para a relação com a natureza, uma dimensão que é específica da produção para a troca mais do que a produção em geral”149(SMITH, 1991, p. 35).

Assim, com “a vitória do capital sobre o mercado mundial um conjunto totalmente novo de determinantes muito específicos entra em cena, e novamente se revoluciona a relação com a natureza” (Idem). Diante do que foi discutido nessa introdução, algumas considerações sobre o conceito de produção, mesmo que brevemente, se tornam necessárias para que se possa seguir com a discussão sobre a “produção da natureza”, para, enfim, relacioná-la com o contexto atual das mudanças climáticas, ou para se pensar em termos de uma “produção histórica do clima”.