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A qualificação docente na Rede Estadual Mineira

CAPÍTULO 3 – REFORMAS EDUCACIONAIS: A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

3.2 O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Uberlândia e a análise do trabalho

3.2.4 A qualificação docente na Rede Estadual Mineira

Através das entrevistas buscou-se verificar, reconhecer se existem e quais são os programas de qualificação profissional oferecidos aos docentes mineiros e se atendem às reais necessidades de sua qualificação.

Pensar em Educação e qualificação de professores é refletir sobre o modelo de desenvolvimento socioeconômico do país com o objetivo de lançar um olhar mais amplo sobre a sociedade brasileira de modo a enxergar as partes, o todo e as interrelações existentes, e buscar uma sociedade em que a produção coletiva do conhecimento possa transformá-la em uma sociedade realmente democrática e justa, socialmente. É preciso conceber o processo educativo na perspectiva de promoção da cidadania e da emancipação do ser indivíduo, enquanto construtor e reconstrutor da sociedade em que vive.

Consideramos nesse estudo como qualificação docente aquela não restrita apenas ao momento da formação acadêmica, mas um processo permanente de desenvolvimento profissional, uma vez que para se constituir docente face às necessidades e dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar há a necessidade de uma constante qualificação, com vistas a contribuir para o aperfeiçoamento profissional, a melhoria do desempenho na docência e o aprimoramento dos conhecimentos que se somam aos adquiridos ao longo da vida.

A qualificação docente repercute positivamente nos resultados almejados no que se refere ao sucesso pessoal, profissional e na inserção social dos alunos. É importante também compreender que a qualificação dos professores leva em consideração as dimensões: pessoal, pedagógica e profissional.

As inúmeras exigências impostas à escola atualmente ampliam o campo de atuação de todos os envolvidos na prática educativa, exigem um esforço cada vez maior no sentido de promover uma prática pedagógica que propõe uma interação entre conteúdo e realidade concreta, visando à transformação da sociedade.

No entanto, mesmo diante da necessidade de qualificação e seus efeitos promovidos, o sindicato da categoria docente e os próprios docentes afirmam que o governo de Minas Gerais não tem como foco o investimento na qualificação docente e relatam que atualmente são ofertados apenas alguns cursos de curta duração, não frequentes, em um ambiente virtual – chamado Centro de Referência Virtual do professor. Não existem programas específicos ou cursos presenciais de qualificação.

formação dentro da Rede Mineira de Educação surgem as indagações quanto ao porquê dessa ausência de investimento na qualificação docente, tendo em vista a sua importância como instrumento de promoção do desenvolvimento pessoal, profissional e pedagógico dos professores e a base para o alcance dos objetivos almejados pela rede estadual de ensino.

Para demonstrar a ausência desse processo formativo na REE o entrevistado GS1 traz a seguinte colocação:

Nós temos no portal virtual. E alguns cursos de poucos dias, não muito frequentes. Uma coisa muito rara e não muito acessível, porque as pessoas não têm um horário ou uma dispensa para poder participar. A UFU tem oferecido alguns cursos de educação continuada aos sábados. Tem muitos professores que fazem. Nós temos às vezes emendas parlamentares que conseguimos implementar alguns cursos. (Entrevista realizada com o entrevistado GS1, Gestor Sindical do Sind-UTE Uberlândia em 03/02/2015).

Ainda nesse sentido, uma das docentes da rede quando questionada sobre a existência de programas de qualificação, corrobora a fala da docente anterior quanto a falta de oferta de programas de qualificação docente:

Não. A não ser as capacitações que a gente própria busca para poder melhorar o nosso trabalho em sala de aula. Mas isso não é contado. Porque a remuneração não tem e cada um busca na área que lhe é conveniente. (Entrevista realizada com o entrevistado P1, docente da rede estadual, em Uberlândia em 05/03/2015).

Diante de tais relatos pode-se identificar que há uma situação crítica e complexa na Rede Estadual de Ensino Mineira, posto que a única qualificação institucionalizada acontece na modalidade virtual e apresenta-se desalinhada da perspectiva de formação como processo contínuo alinhado à formação inicial.

Os docentes têm-se utilizado dos finais de semana, recessos e até das férias para a prática destes cursos, na busca de melhoria da qualidade de suas aulas e atividades escolares, por meio da autoformação. Os docentes relatam que procuram cursos livres presenciais ou a distância, ligados às suas respectivas áreas de atuação e os fazem espontaneamente, pois precisam participar de cursos voltados para uma formação continuada e aperfeiçoamentos profissionais.

A formação continuada é premissa importante para a releitura das experiências e das aprendizagens. Uma integração ao cotidiano dos professores e das escolas, considerando a escola como local da ação, o currículo como espaço de intervenção e o ensino como tarefa essencial. A escola tem um importante papel social e, constitui-se em local de trabalho, sendo marcada por uma pluralidade de relações.

capacitações através de parcerias por ele estabelecidas com instituições ofertantes de cursos para docentes. Foi possível identificar manifestações importantes nas falas dos docentes no que diz respeito à falta que sentem dos programas de qualificação docente, pois os profissionais experimentam grandes dificuldades e falta de apoio e preparo para lidar com algumas situações. Ficou evidenciado na fala dos docentes e do sindicato da categoria que não existem programas e projetos que visam à qualificação dos professores da REE, pela falta de interesse e investimentos do governo mineiro, pois o mesmo não disponibiliza espaços de formação, dentro ou fora do horário de trabalho.

Portanto, restou evidenciado que diante da ausência de oferta de qualificação na rede estadual de ensino mineira, a autoformação acontece no âmbito particular, pelos professores que buscam melhor desenvolvimento profissional, por meio de cursos, seminários, palestras e oficinas. Isso denota a grande preocupação dos profissionais com sua atuação/qualificação, mas ao mesmo tempo, escancara o descaso do governo mineiro e denuncia a desvalorização da categoria docente.