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A QUEDA DE PEDRO

No documento Cristianismo e Mediunidade (páginas 44-58)

Felipe acorda com a nítida lembrança do que viveu. Seria capaz de desenhar todos os quadros que viu na aula. Pensa. Arruma-se vai para o colégio. Na entrada, encontra, por acaso, Avelino.

– Tudo bem? Fala Avelino.

– Oi. Com você está? Indaga Felipe.

– Mais ou menos, mas este fim de semana vai ser radical! Não quero nem saber, vou tomar todas!

Neste instante, Felipe se lembra da “reunião” que assistiu com Gabriel Delanne.

– Você tá bem? Pergunta Avelino ao ver Felipe pálido. – Tô sim é o sono. Fala Felipe.

– Também não dormi direito. Sonhei umas coisas estranhas. Fala Avelino. Toca a campainha. É início da aula. Vão até a sala, se despedem.

Felipe não consegue se concentrar direito. O que posso fazer? Pensa um tanto angustiado. No intervalo do recreio, Avelino, intuído por Aureliano, seu guia espiritual, procura Felipe, para conversar.

– Tô com uns filmes legais, lá em casa, se quiser lhe empresto. Fala Avelino.

– Que filmes? Pergunta Felipe buscando a “brecha” para ajudar o amigo.

– Tem uns de terror que são radicais. Comenta Avelino empolgado.

– Vai ver são eles que lhe dão pesadelo! Fala Felipe descontraído.

– Será? Pergunta Avelino que nunca tinha pensado nisso.

– Na verdade, acho que não. Eu acredito que quando dormimos saímos do corpo... Fala Felipe e pensa que Pai Joaquim me ajude.

– Cara, que história maluca! Fala Avelino. Deu errado. Pensa Felipe.

– Mas eu acho que já vivi isso. Uma vez me vi na cozinha. Tinha uma mulher linda, mas que depois virava um mostro deformado...

Acho que deu certo. Pensa Felipe aliviado.

– É possível sim, Avelino. Fala Felipe empolgado e explica o que é o mundo espiritual.

Conversam todo o recreio.

– Cara, eu queria saber mais sobre isso. Fala Avelino, quando estão voltando para sala.

– É só ler o Livro dos Espíritos que está na sua prateleira. Fala Felipe empolgado com alívio no coração.

– Mas como você sabe?! Pergunta Avelino espantado. Chegam a sala. Avelino olha Felipe esperando uma resposta.

– É coisa de espírito. Diz brincando.

Avelino olha para Felipe esperando uma resposta.

– Depois da aula explico. À noite nos falamos pela internet. Combinado? Fala Felipe.

Avelino está intrigado. Felipe está sem saber o que responder. Pais Joaquim e Aureliano ficam felizes. Este é o gancho para a conversa da noite que eles planejaram. Deu certo.

Depois do Culto do Evangelho no Lar, Felipe conecta-se, Avelino está conectado esperando. Tem muitas perguntas.

Conversam muito sobre a vida espiritual. Felipe conta o que leu sobre vampirismo e Avelino pergunta como saber se ele está sendo “vítima” de espíritos obsessores. Felipe explica.

– Frequentemente, nos casos de obsessão, a pessoa se sente deprimida sem motivo. O comportamento se altera sem razão. Tem muitos pesadelos ou medo de dormir, pois quando dormem e saem do corpo encontram espíritos que lhes atacam. Algumas vezes, escuta vozes ou pensamentos estranhos que invadem sua cabeça. Esses espíritos também tentam impedir que a pessoa ore com fervor e também que ele estude e se esclareça.

– Por isso, toda vez que penso em ler O Livro dos

Espíritos, acontece alguma coisa. Comenta Avelino e ao

comentar lembra-se da pergunta.

– Como você sabia que eu tenho O Livro dos

Espíritos? Felipe pensa e responde.

– Estive em sua casa em espírito e vi seu livro. – É verdade?! Indaga Avelino intrigado.

– Sim. E para ser sincero, tem mais coisa. Você quer saber?

– Claro.

– Tem certeza?

– Tenho sim, pode falar.

– Acredito que você está com sérios problemas espirituais. Felipe fala com cuidado, não quer assustar o amigo.

– Você acha? Por quê?

– Primeiro, observe o que você está sentindo? – É verdade. O que mais?

Felipe pede inspiração a Pai Joaquim, sabe que não ajudaria apavorar o amigo.

– Sinto que você deveria se cuidar mais espiritualmente para que não aconteça nada de ruim com você.

– Mas, vai acontecer alguma coisa ruim?

– Não. Não é para acontecer. Mas você precisa muito se cuidar. Se não pode acontecer.

Avelino está intrigado com tudo aquilo. – O que eu devo fazer? Pergunta.

– Orar com sentimento sincero, pedindo ajuda dos bons espíritos e do seu anjo da guarda. Ler com atenção O Livro

dos Espíritos. Fazer o Evangelho no Lar.

– Isso eu não sei fazer. Como é esse Evangelho no Lar? Pergunta Avelino.

– Eu lhe ensino. Posso ir amanhã, na sexta?

– Amanhã eu vou pra festa! Fala Avelino com convicção.

– Se eu fosse você não iria. Você sabe que depois, fica aquele vazio e aquela tristeza. Argumenta Felipe.

– Mas eu vou e na segunda fazemos o Evangelho, que tal?

Que situação, pensa Felipe. O que eu faço? Pensa. Aureliano se aproxima de Felipe e o inspira.

– Avelino acredite ou não, mas eu vou lhe dizer. Desta festa você não volta. Se eu fosse você leria o livro Renúncia

ao invés de ir se destruir, mas a vida é sua. Eu só quero ajudar.

– Ei!!! Como você sabe desse livro também?! Felipe está desconcertado, Pai Joaquim sorri.

– Avelino, eu já lhe falei...

– Agora, eu acredito. Não tenho como duvidar. Tô sentindo umas coisas estranhas.

– Avelino, vamos orar. Vamos fazer uma prece e a leitura do Evangelho. Depois vamos dormir a amanhã vou ai para conversarmos. Pode ser?

– É... Pode. Vou esquecer este carnaval...

Leem o Evangelho e oram. Aureliano e Pai Joaquim coordenam a imensa equipe que agora vai iniciar a “limpeza” do quarto de Avelino. O trabalho durará a noite e o dia seguinte. Será concluído durante o Culto do Evangelho no Lar. Soubessem os encarnados um terço da importância do Evangelho no Lar e nunca viveriam sem cultivar as luzes do Cristo em suas casas. Felipe dorme Feliz. Vitória espiritual! A única que tem valor eterno. Pai Joaquim beija — lhe a teste. Aureliano e Pai Joaquim se abraçam. Os jovens espíritas parecem que vão mudar a Terra. Diz Aureliano. Sem saber, Felipe conquistou uma amizade por toda a eternidade. Um dia, quando mais precisar, Aureliano, espírito de elevada condição, estenderá sua mão ao jovem Felipe. Seja onde for ele estará ao lado de Felipe, quando ele mais precisar.

Ao adormecer, Felipe encontra com Ivan. – Que bom lhe ver! Fala Felipe.

– Parabéns por seu primeiro socorro. Comenta o amigo. – Obrigado. Felipe não estranha mais Ivan saber das coisas...

– Um dia você aprende a se manter informado, sem precisar de tanto tempo. Explica Ivan.

– Eu?! Um dia vou saber de tudo que se passa como vocês? Pergunta Felipe.

– Claro. Não existe privilégio. Existe conquista meu amigo. Hoje teremos uma palestra muito especial. Tanto pelo expositor como pelo significado simbólico de sua presença. Explica Ivan.

– Quem é? E qual é o significado? Felipe está curioso. – Você já ouviu falar de Pedro... Fala Ivan.

– Pedro? Que Pedro? O apóstolo de Jesus?! Exclama Felipe.

– Sim.

– Um apóstolo do Cristo! Eu vou ver um apóstolo de Jesus de Nazaré!

– Vamos. Mas sem foto e sem autógrafo. Brinca Ivan. Devemos abrir nossos corações para que as impressões superiores fiquem gravadas para sempre. Orienta o amigo espiritual.

– Vamos!!! Diz Felipe empolgadíssimo.

Chegam ao jardim do Colégio Allan Kardec. Encontram amigos, conversam animadamente naquele ambiente de elevada beleza. A beleza desempenha uma extraordinária função na recuperação de espíritos atormentados, bem como auxilia o desenvolvimento espiritual de todos. Trinta minutos antes do início do diálogo, todos vão ao anfiteatro. É a aula de conclusão do curso: Cristo e mediunidade. Ali estão nada menos que dois mil estudantes. Patrícia está sentada à mesa que fica a frente do auditório. Ao lado dela, duas cadeiras vazias. Ela está em silêncio. Cabe-lhe manter a harmonia com a ajuda de todos. Eurípedes Barsanulfo entra caminhando com tranquilidade e ao seu lado uma figura diferente, simples e deslumbrante. Será ele? Uma agitação percorre o auditório e ao perceber que isso poderia desconcentrar a todos, Patrícia pede. Mantenhamos o ambiente de paz e de prece, em trinta minutos começaremos. Todos se acalmam. A harmonia do ambiente é deslumbrante. O professor e o convidado cumprimentam Patrícia e sentam silenciosos. Decorrido trinta minutos, José que está na plateia, levanta-se, dirige-se a frente e anuncia.

– Hoje, temos a honra de receber em nossa escola um velho amigo da Humanidade, o pescador de Cafarnaum, Simão Pedro. Esse amigo, como faz questão que o chamemos, vem nos falar da vida de nosso amigo divino, Jesus de Nazaré. Pedro é o exemplo do apóstolo abnegado e sincero que nunca negou suas deficiências, nunca escondeu suas quedas morais, nunca fingiu ser evoluído, para usar uma expressão espírita, como tantos fazem ainda hoje. Preparo-vos. Não se assustem com a simplicidade e com a sinceridade desse espírito que tantas vezes revelou-se a si mesmo para curar suas feridas morais e para nos auxiliar a melhor entender o caminho que ensina Jesus: simplicidade, amor, humildade. Vamos acolhê-lo acompanhando a prece de Patrícia. José senta. Patrícia levanta-se. Todos elevam o pensamento.

Pai do universo e de todas as formas de vida, somente sentindo o Seu amor por todos os seus filhos podemos entender a presença desse amigo abnegado entre nós. O amor desconhece fronteiras sociais, culturais e espirituais, por isso, apesar de nossos erros por meios diversos, poderosamente o Senhor nos diz: Meu amor é infinito! Levantai-vos vós que estais caídos, erga-vos vós que lamentais. É hora de vida, a colheita está próxima: trabalhai e sereis felizes.

Patrícia está banhada em lágrimas. Durante a prece percebeu o que significava a presença do apóstolo junto a Eurípedes no Colégio Allan Kardec: é o início da última etapa do trabalho cristão no mundo, a presença de Pedro significa a vinda de todos os espíritos que se cristianizaram ao longo dos séculos para atuar diretamente na Terra encarnando ou guiando os encarnados. É o fim dos tempos da iniquidade, da

solidão cruel e da maldade no mundo. Patrícia identifica

os verdadeiros mártires do cristianismo de todos os tempos em sua visão espiritual, de agora em diante, eles atuarão juntos de forma direta e poderosa.

Por causa disso, os espíritos inferiores tanto combatem o Espiritismo, não querem se transformar e desejam aumentar o número dos que serão transferidos para outros mundos. A Terra será herdada pelos verdadeiros cristãos. Os pacíficos herdarão a Terra.

– Trago a Boa Nova (Boa Nova ou boas notícias significa Evangelho) inicia o apóstolo. Vocês, como eu, negaram o Mestre.

Essa frase gera um impacto profundo no auditório. – Não neguem vossos erros, amigos e amigas. Eu neguei o Mestre, mesmo tendo sido prevenido. Curei-me por ser capaz de assumir o erro. Não nos tornaremos anjos negando nossa realidade humana. O Cristo sempre fez questão de enfatizar a necessidade da sinceridade de nossa condição.

Tudo o que disso passa tem origem maligna. Por que Ele ensinou isso? Porque, muitas vezes, a criatura humana quer ser o que não é. Quer ser perfeita sem o sacrifício de se aperfeiçoar. É esse desejo doentio que deu origem ao mito do anjo caído, afinal anjo não cai, sabe voar! Fala com bom humor. Estimulando a alegria de todos e continua.

– O mito do anjo caído é a história simbólica do ser humano que quer ser mais do que é. Quando a Lei de Deus o desmascara, revolta-se. Não era anjo, era anjo artificial. É sobre isso que vou falar: o artificialismo dos cristãos atuais, dos herdeiros do Evangelho.

Após um momento de silêncio em que parece observar a cada ouvinte, Pedro prossegue.

– A maioria dos espíritas atuais estranharia as práticas mediúnicas de Jesus. As regras formais, e não morais, do atual movimento são contraditórias com a mediunidade ensinada de forma prática por Jesus de Nazaré. Nós também nos espantávamos com exemplo do Mestre. Ele simplesmente vivia o bem. Parece pouco mas não é. Em qualquer questão, seu raciocínio é o do Amor.

Aprendemos com Ele a fazer uma pergunta simples:

qual a vontade do Pai? Não temia as barreiras e os

preconceitos sociais. Atualmente, no movimento espírita, médicos que conhecem a Doutrina Espírita e a praticam no centro espírita não defendem as ideais espíritas em seu meio. É lamentável, quantos indivíduos poderiam ter evitado o suicídio se eles tivessem simplesmente expressado os princípios que acreditam... Mães espíritas ensinam aos seus filhos o egoísmo “poupando-lhes” uma atividade social ou a prática da mediunidade quando tantas vezes esse seria o caminho de sua verdadeira salvação... Dirigentes ocupam-se em campanhas de mando e de poder, desperdiçam tempo valioso a ser utilizado para a organização das atividades sociais, para a difusão doutrinária, para o consolo dos milhões de aflitos no mundo. Julgam-se muito importantes para se ocuparem com os sofredores... Sabemos, em nosso íntimo, só o caminho da verdade leva-nos a Grande Verdade. Por que fingir tanto? Por que querer ser o maior e sempre ter razão? Por que trair Jesus repetidas vezes e nunca dar chance ao Cristo para que brilhe em seus corações? O arrependimento sincero é o único caminho que pode

nos levar a Deus. Assumamos sermos espíritos imperfeitos.

O arrependimento e a doação abnegada é o melhor caminho. Qualquer outra conduta é o caminho da ilusão tantas vezes trilhada por cada um de nós. Muito obrigado. Coloco-me a disposição para as perguntas.

O silêncio é geral. Patrícia, para incentivar as perguntas, indaga.

– Qual o maior desafio para o atual movimento espírita encarnado?

– Penso que é a mudança das gerações. O Cristo, quando no mundo, nos ensinou a cooperação: jovens e velhos, ricos e pobres, judeus e não judeus aprendemos a cooperar por causa da insistência firme de Jesus em

quebrar todas as barreiras do preconceito que tínhamos. O movimento espírita atual esqueceu essa

lição do Evangelho. Digo atual, porque Allan Kardec e

Eurípedes Barsanulfo formam modelos cristãos, também, no que se refere a colaboração. Apesar de todo o preconceito da época, muito maior do que o atual, Kardec reunia na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, a alta nobreza europeia e os operários mais rústicos. E anunciava claramente que não aceitaria que houvesse qualquer tipo de discriminação social. Além disso, participavam das reuniões mediúnicas jovens de doze anos e senhores de avançada idade. Eurípedes Barsanulfo educou toda uma geração de adolescentes, não apenas participar de reuniões mediúnicas, mas também de cuidar de enfermos e de doentes mentais. Infelizmente, esses exemplos estão esquecidos. Vemos espíritas que querem proibir jovens de participar de reuniões mediúnicas, como será isso possível? Estariam errados Jesus e Kardec? Em nome de que autoridade proíbem a

mediunidade cristã? Por tudo isso, preocupa-nos como o

atual movimento espírita receberá a Nova Geração que tem a missão de renovar não apenas o movimento espírita, mas toda a sociedade terrestre. Preocupa-me que os atuais dirigentes como fizeram os fariseus, continuem a criar regras e regras ao invés de vivenciarem a mediunidade segundo o Cristo. Como avaliar o potencial de um jovem sem que ele participe das atividades espíritas? Como avaliar os frutos se eles não permitem que a árvore sequer cresça?

Patrícia agradece e pede que outros perguntem. Um senhor idoso levanta-se e indaga.

– Mestre, como vencer meus terríveis desequilíbrios sexuais e ser um espírita sincero? Fui conhecido presidente espírita e tinha medo que os outros soubessem como era.

Reprimi-me e só consegui piorar minha situação, quando mais me desequilibrava, mais máscara usava para me impor ao movimento espírita. Como sair dessa armadilha?

Pedro olha-o com carinho.

– Amigo, nosso Mestre, Jesus, é o único que merece esse título. Existe apenas um caminho: a honestidade. Honestidade significa assumir a existência do problema e tratá-lo. Em seu caso particular, a terapia de vidas passadas teria gerado excelentes resultados. Mas, infelizmente, isso também está sendo combatido por muitos espíritas, como se Jesus não revelasse muitas encarnações e planejamentos espirituais aos que tinham ouvidos para ouvir. Quem precise fingir para ser aceito em um ambiente, deve mudar de ambiente de atuação. É melhor se tornar um trabalhar apagado e abnegado do que um líder espírita

envolto em trevas. Quando Jesus ensina que devemos nos

confessar uns aos outros, isso significa admitir nossas falhas e fraquezas e buscar ajuda sincera para nos fortalecer. A mentira tem levado à queda muitos trabalhadores de boa vontade, que não tem coragem de serem sinceros consigo mesmos. Todos os conflitos emocionais têm solução desde que queiramos. Querer significa aceitar nossas fraquezas e buscar ajuda por meio da oração e do diálogo honesto.

Uma jovem pergunta.

– Qual foi a sua experiência mais marcante com Jesus? O apóstolo pensa e responde.

– O ensino mais marcante, para mim, do Mestre, veio após meu desencarne. A grandeza espiritual de Jesus é algo muito difícil de dimensionar. Tudo que presenciei na Terra é pouquíssimo comparado ao Seu poder. Fala-se, com razão, que o amor pode curar, pode alterar a história, pode solucionar todos os problemas do mundo, isso é verdade, mas depois de encontrar com o Cristo no mundo espiritual descobri que o amor pode muito, muito mais!

O amor constrói universos. Tudo o que o Cristo fez em sua ida ao mundo é apenas pequeníssima fração de seu real poder. Por que não fez mais? Para não nos assustar. Isso é amor. Cala-se o apóstolo emocionado.

– Como melhorar o atual movimento espírita? Ao fazer a pergunta Eclésio para e se corrige: quero dizer, como nós que recentemente tanto atrapalhamos o Consolador poderemos nos redimir?

– O primeiro passo é assumir-se falível, questionar-se: as ideais que defendo são do Cristo? Estão fundamentadas na codificação espírita? Ou eu as reproduzo em nome de minha arrogância? Observem que não é uma postura fácil para quem tem ilusão de poder. Saber-se falível, significa consultar Cristo e Kardec ao tomar uma decisão. É perguntar sempre como eles fariam em cada situação. Se os espíritas em geral e os dirigentes espíritas, em particular, se fizessem esta pergunta ao invés de consultar os “poderosos” do momento, a fraternidade verdadeira já teria se instalado em seus corações e nos centros de atividade do Consolador.

Surpreende-me ver líderes espíritas que pensam poder tudo fazer sem o auxílio direto dos espíritos amigos. Kardec nunca dispensou o amparo espiritual para suas decisões relativas ao movimento espírita, mas, hoje,

dirigentes se reúnem e quase nunca nos consultam. A

arrogância não é um bom caminho. A autossuficiência não os ajuda a entrar pela porta estreita que conduz a Deus. Na casa do caminho, todas as decisões importantes eram meditadas segundo os ensinamentos de Jesus e orientadas pelos bons espíritos. Por que os dirigentes de hoje dispensam o amparo direto dos espíritos? Serão infalíveis? Conclui o apóstolo.

Eurípedes levanta-se.

É o momento de passar a outra atividade. Pede que se crie um poema em homenagem a visita de Pedro ao Colégio

Allan Kardec, relacionando o que foi aprendido com a vida emocional de cada um. O professor sabe o significado espiritual daquele momento. O apóstolo decidiu iniciar sua nova tarefa com os mais necessitados, os desertores do Consolador. Certamente não é possível mostrar todos os poemas, apresento dois. Um de Patrícia, o outro de uma senhora de nome bem conhecido no movimento espírita, por isso não identificada. Segue primeiro o de Patrícia.

Pedro, és pedra, e sobre essa pedra edificarei minha igreja. Disse o Cristo, ao amigo pescador.

Contudo, ele nos disse que, a pedra, a base da igreja do Mestre não é Pedro é a pedra.

E que pedra é essa? Pedro explica: é a pedra que liga e edifica, é a pedra que não quebra, é a pedra que inspira, a pedra da igreja. É a base. É a mediunidade.

Mediunidade é a base da igreja do Cristo, porque ensina o Mestre: Deus é espírito, Sua igreja é espiritual.

Patrícia. Senhora X

Senhor, mandei e não servi. Hoje, vi o Apóstolo e senti, tua mensagem para mim.

Maria que manda, sai da poltrona, da cadeira da direção, vai... Vai... Aprender amar teu irmão.

No documento Cristianismo e Mediunidade (páginas 44-58)

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