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A reabilitação energética de edifícios de serviços – Exemplos

A tomada de consciência sobre as temáticas da sustentabilidade e da redução de consumos energéticos, conduziu a que as entidades responsáveis pela gestão de edifícios de serviços, assim como as empresas afetas à construção civil, procedessem a intervenções com o intuito de, gradualmente, tornar os imóveis mais eficientes. Devido à singularidade do edifício em estudo nesta dissertação, verificou-se alguma dificuldade no estudo de casos de intervenções de carácter energético ocorridas em imóveis com características físicas e funcionalidades idênticas. Como tal, optou-se por apresentar casos de reabilitação de edifícios situados em Lisboa de modo a poder enquadrar o caso de estudo com edifícios que, embora com prestações de serviços variadas, estão submetidos a condições climatológicas semelhantes, isto é, pertencentes à mesma zona climática9 (Lisboa: I1; V2 (48)). Para a apresentação dos casos de seguida listados foi considerado o critério cronológico.

2.4.1 Painéis solares fotovoltaicos na Universidade de Lisboa

Numa parceria entre a Universidade de Lisboa (UL) e a Galp® Power S.A., designada por Campus Sustentável - Universidade Verde, iniciou-se em dezembro de 2012 a instalação de painéis solares fotovoltaicos nas coberturas dos edifícios, mais precisamente nas Faculdades de Ciências e Psicologia, Instituto de Educação e Refeitório Um. Na fase inicial do projeto, que contemplou apenas os edifícios referidos, foram instaladas quatro centrais de produção de energia elétrica, correspondendo a 2627 módulos fotovoltaicos e uma potência instalada de 644 kW, numa área total de 8495 m2. Com a conclusão do projeto em outubro de 2013, foram instalados cerca de 10000 módulos fotovoltaicos

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distribuídos pelas coberturas de faculdades, parques de estacionamento e áreas de lazer da UL. Totalizando uma potência instalada de 2000 kW e uma produção energética anual de 4,28 GWh.ano (4280000 kWh.ano), embora não seja para autoconsumo mas sim para venda à distribuidora elétrica nacional, representa cerca de 20% do consumo total de eletricidade da Universidade de Lisboa num ano. Este projeto constitui a maior central fotoelétrica instalada na grande Lisboa (49).

2.4.2 Painéis solares térmicos na cobertura do edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos

A instalação de painéis solares térmicos na cobertura do edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), num total de 158 coletores solares distribuídos por 1600 m2, correspondem à maior central solar térmica de Portugal instalada em imóveis. Estes dispositivos permitem o aquecimento de água para uso nos sistemas de climatização (necessidades de aquecimento) e instalações sanitárias. No âmbito do mesmo projeto, foram ainda instalados variadores de velocidade nas bombas de água que, possibilitando o seu funcionamento de acordo com as necessidades do edifício, elevaram a redução de consumos energéticos. No total das duas medidas verifica-se uma poupança anual de 1 GWh.ano (1000000 kWh.ano) de eletricidade, que corresponde aproximadamente a 5% do consumo global do edifício. Em funcionamento desde 2008, a instalação dos painéis solares térmicos possibilitou à CGD a conquista do Prémio EDP® – Energia Elétrica e Ambiente, na categoria “Serviços e Outras Atividades”. A distinção foi atribuída pela EDP Distribuição® em 2009, numa edição em que participaram 194 entidades, das quais 113 na categoria onde se inseriu a Caixa Geral de Depósitos (50).

2.4.3 Intervenções realizadas pela Contimetra

“Um sistema de gestão técnica centralizada bem operacionalizado pode acrescentar uma poupança no consumo até 24%. A GTC tem de ser encarada hoje como um elemento essencial na estratégia para a eficiência energética de um edifício” (51). Como tal,

apresentam-se de seguida dois edifícios que foram submetidos a distintas intervenções de reabilitação, em que as instalações de sistemas de gestão centralizada foram preponderantes para melhorar a sua eficiência energética. No entanto estas intervenções, realizadas pela Contimetra – Instalações Mecânicas Lda., encontram-se submetidas a acordos de confidencialidade entre a empresa prestadora de serviços e entidade que adjudicou a reabilitação, sendo apenas possível mencionar no contexto desta dissertação essas medidas de um modo bastante resumido.

2.4.3.1 Reabilitação da Sede do Banco de Portugal

Com o intuito de restabelecer um carácter funcional ao edifício que serviu de Sede do Banco de Portugal desde o final do século XIX, esta entidade, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), tomou a decisão de proceder à reabilitação integral do imóvel, em 2007. De entre as intervenções executadas após março de 2010, como exemplo o reforço estrutural e alterações arquitetónicas, decidiu-se dotar o edifício de soluções energéticas de modo a otimizar a sua utilização, conjugadas por um moderno sistema de gestão técnica centralizada (52).

2.4.3.2 Reabilitação da Fundação Calouste Gulbenkian

Tendo em consideração os casos apresentados no presente subcapítulo, o edifício da Fundação Calouste Gulbenkian caracteriza-se por ser a instituição que mais se aproxima da funcionalidade do CCB, cujos fins estatuários são a arte, a beneficência, a ciência e a educação. Com o intuito de modernizar o sistema de climatização existente, a Fundação procedeu à substituição faseada das unidades de tratamento de ar (UTA’s) por equipamentos mais eficientes, conseguindo-se desta forma uma redução de consumos energéticos. A instalação destas unidades teve início em 2007, prevendo-se a sua conclusão em janeiro de 2014, com o terminar das intervenções de reabilitação do Grande Auditório da Gulbenkian (53).

3 Caracterização do edifício

Implantado na Praça do Império, na cidade de Lisboa, o Centro Cultural de Belém promove atualmente diversas atividades culturais e de lazer na capital portuguesa. O conjunto de edifícios, ruas, praças, pontes e jardins que integram o CCB contribuem para que o monumento se traduza num espaço vivo e polo dinamizador, como se de uma urbe se tratasse, harmoniosamente integrado na metrópole que o acolhe.