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26 através da publicação de Émile, em

2 ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA

2.1 A recolha metodológica do que vimos e ouvimos

A opção pela investigação qualitativa permitiu, através dos nossos estágios, focar a nossa observação no mote de

[...] saber como nos podemos colocar perante “aquilo que queremos conhecer”. A natureza (interpretativa) das questões e objectivos de investigação, levaram-nos a privilegiar um olhar compreensivo e, desse modo, a procurar os procedimentos mais adequados para perscrutar a realidade, em condições de podermos obter informações diversificadas mas fiáveis, pertinentes e credíveis.

(Zemelman in Alves & Azevedo, 2010, p. 17)

Assim, optámos pela utilização de instrumentos que nos permitissem analisar comportamentos e situações a partir das nossas observações das interações entre as crianças, tanto da sala do Jardim de Infância como da sala do 1ºCEB, onde a investigação decorreu, como ainda da observação da relação das profissionais cooperantes68 face à voz e concretização dessa mesma voz. Os instrumentos

utilizados na recolha de dados durante o Estágio I, na sala do Jardim de Infância incidiram em Registos de Observação dos momentos de acolhimento como ainda da concretizações de trabalhos realizados pelas crianças69, o excerto de uma Avaliação Semanal70, um excerto da Reflexão de uma atividade71, um excerto de uma Reflexão

sobre o Tempo72, o exemplo de uma Planificação Semanal73, uma Entrevista

Exploratória74 realizada à educadora cooperante e a análise do Projeto Educativo e

Curricular da Instituição onde o estágio decorreu. Estes instrumentos foram já foco de análise no Relatório de Estágio I, contudo, servirão para fazer a ponte com os resultados obtidos no Estágio II, mais concretamente numa sala do 1ºCEB.

67 contrapondo a investigação quantitativa cuja finalidade é a descoberta de conhecimento enquanto que ao assumir

uma investigação qualitativa revelamos a intenção de construção de conhecimento, como sustenta Meirinho & Osório (2010, p. 51). Continuando na lógica dos autores, a escolha da nossa estratégia resulta de o estudo de caso se reger “dentro da lógica que guia as sucessivas etapas de recolha, análise e interpretação da informação dos métodos qualitativos, com a particularidade de que o propósito da investigação é o estudo intensivo de um ou poucos casos (Latorre et al., 2003)” (Latorre et all, 2003 citado por Meirinho & Osório, 2010, p. 52).

68Educadora da Sala dos 5 anos e a professora da Turma do 3ºB. 69Anexo I – ROb1, ROb2, ROb3, ROb4 e ROb5.

70 Anexo II_a - Visa considerar as implicações e o impacto da etapa da Divulgação da metodologia do Trabalho de

Projeto no processo de Codecisão das crianças da Sala dos 5 anos

71Anexo III_Ref1 – Inauguração do hospital da sala dos 5 anos – Reflete acerca da importância do respeito pelo

interesse das crianças, a existência de processos de codecisão na sala dos 5 anos e a identificação da concretização das propostas das crianças.

72Anexo III_Ref2 – Tempo... é preciso Tempo – Reflete acerca dos constrangimentos do tempo no processo de

participação das crianças e na definição de tempos de qualidade.

73Anexo II_b – (PlaS) – Expõe a planificação das propostas das crianças face a assuntos do seu interesse e identifica

propostas concretizadas após a sua codecisão.

74Anexo IV – (Ee1) – Visa identificar a conceção da educadora cooperante face às dimensões da Conceção da

Criança, da Organização do Ambiente Pedagógico, da Escuta, da Concretização, da Participação e da Negociação e Mediação de Poder.

Relembramos que a nossa investigação decorreu num processo de continuidade pedagógica, assim, reforçamos que, como referido na problemática do primeiro capítulo do presente relatório, não basta considerar a criança como sujeito de voz porque participar é muito mais que estar presente durante a escuta dessa voz. É necessário criar momentos de escuta, espaços de negociação e momentos de concretização da voz da criança e defendemos que tal processo deve e pode ocorrer desde a mais tenra idade75. Contudo a nossa investigação foi no âmbito do Jardim de Infância e do 1ºCEB, o que engloba as faixas etárias dos três aos dez anos, mais especificamente dos cinco aos nove anos, pois as salas onde decorreram as intervenções de estágio foram uma sala dos cinco anos e uma sala do 3ºano do 1ºCEB.

Antes da apresentação dos instrumentos de recolha utilizados no Estágio II (Ensino do 1ºCEB) explicitaremos a opção de escolha na não utilização de documentos ou imagens identificadoras quer da Instituição quer das crianças e adultos com quem estagiámos. Assumimos esse compromisso perante a entidade que nos acolheu para estagiar aquando a proposta de autorização para serem alvo da nossa investigação. Tal solicitação não comprometeu o decorrer da investigação, pois o nosso objetivo não incide onde é possível praticar o estatuto da criança como codecisora e participante ativa nos contextos educativos e, até que ponto os constrangimentos subjacentes a essa participação são impeditivos ou contornáveis aos profissionais de educação para a concretização dessa participação da criança e como passar da teoria à prática e que implicações essa postura traduz mas sim se é ou não possível. É aqui que incide o nosso foco, se é possível e como. E é neste ponto que se vai centrar a análise dos resultados no ponto 2.4. Assim, vai ser apresentada a análise do documento76 identificador da instituição em causa, dos dois

contextos educativos, contudo não utilizaremos excertos ou outros elementos que o identifiquem.

Prosseguindo com a apresentação dos instrumentos de recolha para a nossa investigação utilizados durante o Estágio II, na sala do 1ºCEB, optámos pelos Registos

de Observação77 que considerámos úteis, a Caixa das Sugestões do 3ºB78, os

75 Mediante pesquisa descobrimos que já se realizam estudos nesse âmbito. Manuel Jacinto Sarmento refere estudos

realizados no âmbito da participação dos bebés já no contexto de creche, assim como do papel do adulto em valorizar e perceber a intencionalidade e vontade da criança (mesmo bebé) na 2 “ e 3a parte da entrevista realizada por De Olho

no Plano de Educação, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=yvqaYDSN8x0 e

https://www.youtube.com/watch?v=mZMuvq8oH5U respetivamente.

76 Projeto Educativo e Curricular da Escola

77Anexo I – ROb6, ROb7, ROb8, ROb9, ROb10, ROb11, ROb12, ROb13 e ROb14. 78

Anexo II_c – (CS) – Dispositivo pedagógico de promoção da voz dos alunos através da recolha de opiniões, sugestões e propostas

Quadros dos Registos das Concretizações das Sugestões dos alunos do 3ºB79, as

Transcrições das Assembleias de Turma80, os Esboços representativos da Evolução

das Atas das Assembleias de Turma81, três Reflexões82 cuja pertinência recolheu dados significativos para a compreensão da relação pedagógica bem como da postura da professora cooperante face aos seus alunos, a Consulta do Projeto Educativo e

Curricular da Escola83 e ainda uma Entrevista Exploratória84.

2.2 O que dizem as crianças que tantas vezes colocam