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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.6 A RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS DEGRADADAS

A extração de mineral Classe II altera o relevo de forma quase sempre permanente, causando de imediato o impacto visual, sem mencionar os demais impactos que já foram tratados nesta pesquisa.

A área onde ocorre a extração de seixo e areia em terra firme encontra-se com este passivo, o impacto visual é gritante. Este cenário foi o que chamou a atenção da autora a qual decidiu estudar mais afundo o desenvolvimento desta atividade no município de Porto Grande.

Essas áreas são quase que 100% licenciadas pelo estado e cumprem seu papel, no que tange a entrega de estudos junto ao órgão, onde descrevem de que forma vão realizar a recuperação das áreas de extração.

No entanto, algumas empresas têm dificuldade em realizar a execução do PRAD e o resultado é um cenário com vários impactos socioambientais.

A Fotografia 8 (A e B) mostra o cenário encontrado na comunidade da Colônia agrícola do Matapi, local onde ocorre com maior intensidade a atividade de extração de areia e seixo em terra firme. Estas áreas foram abandonadas sem a devida recuperação.

Fotografia 8 - Área de extração de areia em terra firme abandonada (A) e estruturas físicas abandonadas (B).

A recuperação dessas áreas pode ser realizada de várias maneiras, levando em consideração um fator essencial para que o plano seja executado de fato, que é o recurso financeiro disponível para este fim.

Investigação de Campo

Após a pesquisa de campo, foi possível identificar o grau de conhecimento dos moradores com relação aos danos causados nas áreas de extração e do ponto de vista dos entrevistados, qual seria a melhor opção de recuperar esses danos, com base nos conhecimentos dos moradores.

Com relação aos impactos ambientais, dos cinco moradores entrevistados, apenas um disse não saber o que significa, os demais além de dizerem saber o que é um impacto ambiental, ainda apontavam alguns impactos negativos, como assoreamento do rio, afugentamento de animais e alteração na qualidade da água.

De acordo com os entrevistados, antes da realização da atividade de extração, a principal atividade existente na área antes da mineração, era a agricultura familiar e havia vegetação primária na localidade, no entanto, com o passar dos anos, o que predomina no local é a vegetação secundária, com árvores de médio e pequeno porte.

A partir do levantamento, verificou-se que os tipos de árvores frutíferas comuns na região são: açaizeiro, mangueira, cajuzeiro, cuapuaçuzeiro, ingazeira, ameixeira, coqueiro, goiabeira, jaqueira, bacabeira, etc.

E quando foi perguntado para os moradores qual seria a melhor forma de uso futuro das áreas lavradas e abandonadas, os moradores responderam que seria a criação de peixe nas cavas que hoje se encontram preenchidas com água e nas áreas secas, fazer o plantio de árvores nativas.

Nesta área da Colônia Agrícola do Matapi existem algumas cavas preenchidas por água e que atualmente, são usadas para banho, tanto pelos moradores da comunidade, como por pessoas que vem do centro de Porto Grande e até mesmo de outros municípios, como Macapá e Santana.

Apenas uma empresa possui viveiro de mudas e disponibiliza menos de 1% do valor arrecadado para a execução do plano e possui um responsável técnico pelo PRAD, as demais não possuem viveiro de mudas, não executam nenhuma recuperação nas áreas e não possuem técnico responsável.

Durante a pesquisa de campo e em meio a tantas áreas lavradas e abandonadas sem a devida recuperação, um empreendimento chamou a atenção,

confirmando a hipótese de que um bom planejamento, juntamente com a responsabilidade social e ambiental, faz com que uma área degradada seja recuperada. As Fotografias 9, 10, 11 e 12 mostram uma área de extração em fase de recuperação dos impactos negativos causados pela extração.

A empresa que antes extraía areia e seixo em terra firme, após a mina exaurir, está dando um uso para a área. O local agora é uma fazenda, que está em fase de implantação, com aquisição das licenças ambientais e preparação da área para receber o gado

Fotografia 9 - Área coberta para prender o gado.

Fonte: Autora (2016).

Fotografia 10 - Plantação de árvores frutíferas nas áreas onde ocorreu a extração de areia e seixo.

Fotografia 11 - Plantação de gramíneas.

Fonte: Autora (2016).

Fotografia 12 - Plantação de árvores nativas e frutíferas nas margens das cavas. Cavas viraram tanques para criação de peixes.

Fonte: Autora (2016).

Esta atividade que é realizada há muitos anos neste município possui entendimentos contraditórios entre os moradores do entorno das áreas de extração e os funcionários que nelas atuam. Não chega a gerar nenhum conflito eminente, apenas a insatisfação de alguns ex-funcionários, que continuam morando no local e que atualmente sofrem com a degradação deixada pela atividade.

No entanto, para os moradores que ainda trabalham em algumas empresas, a visão sobre a atividade é que a mesma é uma alternativa a mais para um município de pequeno porte, com poucas possibilidades de geração de renda. Esta atividade, gera emprego e renda para uma parcela muito pequena de moradores, mas não deixa de ter sua função na economia do município.

A área que está sendo recuperada pela empresa que extraía areia e seixo em terra firme demonstra que uma atividade considerada potencialmente poluidora, pode

executar tal atividade degradadora e em seguida, realizar sua reabilitação, fazendo com que a mesma continue sendo produtiva, gerando emprego e renda e tributos ao município.

Por isso, a importância de todo empreendimento, além de possuir um PRAD, que o mesmo seja adequado e leve em consideração as especificidades do local e mais importante ainda, que o mesmo seja executado.

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