• Nenhum resultado encontrado

Conforme Dominik (2017), a história da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica teve seu início em 1909, quando Nilo Peçanha, então Presidente da República, criou 19 escolas de Aprendizes e Artífices que, mais tarde, deram origem aos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (CEFETS).

O Decreto nº 7.566 de 1909:

Art. 1 – Em cada uma das capitais dos Estados da República o Governo Federal manterá, por intermédio do Ministério da Agricultura, Industria e Comércio, uma Escola de Aprendizes Artífices, destinada ao ensino profissional primário gratuito. Parágrafo único. Estas escolas serão instaladas em edifícios pertencentes a União, existentes e disponíveis nos Estados, ou em outros que pelos governos locais forem cedidos permanentemente para o mesmo fim.

Assim nascia a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica no Brasil. O Decreto ainda mencionava que estas escolas seriam custeadas pela União, com o objetivo de formar operários. Com formação técnica ou mecânica a que fosse mais conveniente ao Estado, consultada, quando possível, às especialidades das indústrias locais.

Já em 1927 foi sancionado o “Projeto de Fidélis Reis” no Congresso Nacional, este projeto previa a oferta obrigatória de ensino profissional no país. Outro marco importante neste processo de construção da Rede foi a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública em 14 de novembro de 1930 pelo então governo de Getúlio Vargas. Neste processo, a Inspetoria do Ensino Profissional deixara de ser vinculada ao Ministério da Agricultura e passar a se vincular, em 1934 ao recém-criado Ministério da Educação.

A própria Constituição Federal de 1934, em seu Art. 129 apresentava a educação profissional para uma tendência industrial:

Art. 129 – A infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à educação em instituições particulares, é dever da Nação, dos Estados e dos Municípios assegurar, pela fundação as instituições públicas de ensino em todos os seus graus, a possibilidade de receber uma educação adequada às suas faculdades,

40

aptidões e tendências vocacionais[...]. É dever das indústrias e dos sindicatos econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de seus operários ou de seus associados. A lei regulará o cumprimento deste dever e os poderes que caberão ao Estado, sobre essas escolas, bem como os auxílios, facilidades e subsídios a lhes serem concedidos pelo Poder Público.

A transformação das Escolas de Aprendizes e Artífices foi transformada em Liceus profissionais antes mesmo da Constituição do Estado Novo, conforme propunha o artigo 37 da Lei nº 378 de janeiro de 1937, assim:

Lei nº 378/1937:

Art. 37 – A Escola Normal de Artes e Offícios Wencesláo Braz e as escolas de aprendizes artífices, mantidas pela União, serão transformadas em lyceus, destinados ao ensino profissional, de todos os ramos e gráos.

Parágrafo único: Novos lyceus serão instituídos, para propagação do ensino profissional, dos vários ramos e gráos, por todo território do Paiz.

Com a chamada Reforma Capanema, entre os anos de 1942 e 1946, Dominik (2017) ensina que foram modificadas várias leis no país, incluindo a consideração do ensino profissional como sendo de nível médio. O que por meio do Decreto nº 4.127 de fevereiro de 1942, transformou as Escolas de Aprendizes e Artífices em Escolas Industriais e Técnicas, em nível equivalente ao secundário, permitindo os alunos ingressarem no ensino superior em sua área de formação.

Neste período da Reforma de Gustavo Capanema foram criados decretos como o nº 4.073 de janeiro de 1942 que tratava da Lei Orgânica do Ensino Industrial; Decreto nº 4.048 também de janeiro de 1942 que instituiu o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI; Decreto-lei nº 4.244 de abril de 1942 que tratava da Lei Orgânica do Ensino Secundário; Decreto-lei nº 8.621 e 8.622 de janeiro de 1946 que cria o Serviço Nacional de aprendizagem Comercial – SENAC e o Decreto nº 9.613 de agosto de 1946 que tratava da lei Orgânica do Ensino Agrícola.

A partir de 1959, com a necessidade de mão de obra para dar suporte à aceleração do processo de industrialização do Governo Juscelino Kubitschek, às então Escolas Técnicas foram transformadas em autarquias denominadas Escolas Técnicas Federais, passando, portanto, a ter autonomia didática e administrativa.

41

Com a Lei nº 5.692 de agosto de 1971, a Reforma da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, torna compulsória que todo Ensino Médio no país, fosse profissionalizante.

A parti daí, Dominik (2017) aponta que as Escolas Técnicas Federais do Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFET por meio da Lei nº 6.545 de 1978. Curiosamente, ainda conforme Dominik (2017 p. 29), “estes três CEFET’s foram justamente os que não se transformariam em Institutos Federais a partir da Lei nº 11.892 de dezembro de 2008. Assim, o CEFET-PR se tornaria Universidade Tecnológica Federal do Paraná”, Rio de Janeiro e São Paulo permaneceriam como CEFET-MG e CEFET-RJ.

Porém, ainda antes de adentrar nos Institutos Federais, outro importante marco legal na Rede Federal de Educação Tecnológica ocorreu em dezembro de 1994, quando há, por meio da Lei nº 8.948 a instituição do Sistema Nacional de Educação Tecnológica, possibilitando a transformação, de forma gradual das demais Escolas Técnicas Federais e as Escolas Agro técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica.

Com o advento da segunda LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), por meio da Lei nº 9.394 de 1996 houve a separação no tratamento dispensado à Educação Básica e a Educação Profissional. Conforme aponta Dominik (2017, p. 30) por meio do Decreto nº 2.208 de abril de 1997 veio a regulamentação da educação profissional e junto a ela foi criado “o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), destinando investimentos às instituições de ensino profissional”. A partir de 2005, por meio da Lei nº 11.195 de novembro do mesmo ano ocorre o lançamento do segundo programa de expansão da rede federal, onde ocorre a transformação do CEFET-PR em Universidade Tecnológica Federal do Paraná, sendo esta, a primeira Universidade do tipo no Brasil.

Em 2006, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), vinculada ao Ministério da Educação – MEC, juntamente com o Fórum Nacional de Gestores Estaduais de Educação Profissional e Tecnológica promoveram conferências nos vinte e seis Estados e no Distrito Federal, o que veio a culminar na 1º Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica ocorrida no final do ano de 2006. Marco importante da educação brasileira e que contou com cerca de 2.700 participantes.

42

Conforme o Ministério da Educação (MEC 2016), com a proposta de até o final do ano de 2010, entregar à população 150 novas unidades em todo o país, chegando a um total de 354 em todo o Brasil, houve a segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica em 2007. Nesta proposta, todas as regiões seriam contempladas com a oferta de cursos de qualificação, ensino técnico, superior e de pós-graduação. Em 2008, 31 Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETS), 75 Unidades Descentralizadas de Ensino (UNEDS), 39 escolas Agrotécnicas, 7 Escolas Técnicas Federais e 8 Escolas vinculadas às universidades deixaram de existir para formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

A Rede Federal atualmente conta com 38 Institutos Federais, dois Centros Federais de Educação Tecnológica, 25 Escolas Técnicas vinculadas a Universidades Federais, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Essa estrutura esta distribuída em 644 unidades em funcionamento e mais de 1 milhão de matriculados em todas as modalidades e níveis de ensino nos 568 municípios.

Vale lembrar que os Institutos Federais possuem natureza jurídica de autarquia, possuindo, portanto, autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar, conforme menciona sua lei de criação (Lei nº 11.892 de 28 de dezembro de 2008). É neste cenário que nasce o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato