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1. FORMAÇÃO HISTÓRICA DA REGIÃO

1.1. A região dentro dos planos diretores 2002 e 2014

O Plano Diretor visa garantir um uso democrático e sustentável dos recursos disponíveis e melhorar a qualidade de vida dos moradores e usuários ordenando melhor o crescimento da cidade. O Plano Diretor fornece orientação ao Poder Público e a iniciativa privada na construção dos espaços urbanos e rurais e na oferta dos serviços públicos essenciais, permitindo um planejamento territorial. O Plano Diretor estabelece “a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsória, levando em conta a infraestrutura e demanda para a utilização do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado” (JURISWAY6).

Foi desenvolvido no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, de 20027, um instrumento urbanístico denominado Operação Urbana Consorciada (OUC).

Art. 225 – As Operações Urbanas Consorciadas são o conjunto de medidas coordenadas pelo Município com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental,

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JURISAWAY. O que é Plano Diretor. Disponível em: <www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp? idmodelo=2608>. Acesso em 02 de setembro de 2014.

notadamente ampliando os espaços públicos, organizando o transporte coletivo, implantando programas habitacionais de interesse social e de melhorias de infra- estrutura e sistema viário, num determinado perímetro (SÃO PAULO, 2002, p. 168).

Segundo a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras da Prefeitura da Cidade de São Paulo, a Operação Urbana Consorciada (OUC) é uma intervenção, realizada sob a coordenação do Poder Público envolvendo também a iniciativa privada, empresas, prestadores de serviços públicos, moradores e usuários do local que elaboram um plano de ocupação, no qual estejam previstos aspectos tais como: implantação de infraestrutura, nova distribuição de usos, densidades permitidas e padrões de acessibilidade. O objetivo de uma operação urbana consorciada é alcançar transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental.

Um processo importante foi a criação da Operação Urbana Consorciada Rio Verde- Jacú, em 2004, durante o governo da prefeita Marta Suplicy, pela lei nº 13.872, de 12 de julho de 2004.

A Operação Urbana Consorciada Rio Verde-Jacu (OUCRVJ) visa promover transformações urbanísticas, sociais e ambientais e melhorias na área de influência da atual Avenida Jacu-Pêssego e está ligada a um conjunto de propostas para o Programa de Desenvolvimento Econômico da Zona Leste (SÃO PAULO, 2004).

Art. 2° A Operação Urbana Consorciada Rio Verde-Jacu tem como diretrizes gerais: I – criar as condições para a atração de investimentos geradores de emprego e renda; II – incentivar a instalação de atividades industriais e de serviços na região e estabelecer condições para a sua ocupação racional e produtiva;

III – melhorar as condições de circulação de pessoas e de distribuição de bens e serviços;

IV – elaborar projetos de melhoria das condições ambientais e urbanísticas da região do extremo leste da cidade;

V – direcionar a aplicação dos recursos públicos na região;

VI – apoiar a implementação dos planos urbanos e de desenvolvimento da região; VII – promover a integração inter e intra-regional através da complementação do sistema viário;

VIII – promover a diversificação do uso do solo. (SÃO PAULO, 2004, p. 1).

Na legislação também constam algumas diretrizes específicas. Dentre elas estão inclusas o incremento das atividades industriais, comerciais e de serviços, de áreas verdes e melhores condições de habitação (SÃO PAULO, 2004).

O projeto urbanístico da OUCRVJP foi elaborado, porém não implantada, sendo incorporado alguns pontos no Plano Diretor de 2014.

No ano de 2014, foi decretado o novo plano diretor da cidade de São Paulo. A lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014, foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad sobre a

Política de Desenvolvimento Urbano, o Sistema de Planejamento Urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo com o objetivo de “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e o uso socialmente justo e ecologicamente equilibrado e diversificado de seu território, de forma a assegurar o bem-estar e a qualidade de vida de seus habitantes” (SÃO PAULO, 2014).

Apesar do Plano Diretor de 2014 regulamentar alguns aspectos das OUCs, a região da Jacú-Pêssego não aparece como OUC. No plano atual está dentro da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, dentro da Macroárea de Estruturação Metropolitana Arco Jacú-Pêssego. No Arco Jacu Pêssego é permitido o maior adensamento para usos não residências com isenção de outorga onerosa. A Jacú-Pêssego está inserido dentro dos Perímetros de Incentivo ao Desenvolvimento Econômico. Esses perímetros são definidos como:

São áreas localizadas em regiões com predominância de uso residencial, servidas por importantes eixos viários e de transporte coletivo, nas quais aplicam-se incentivos urbanísticos e fiscais para estimular a instalação de usos não residenciais, como comércio, serviços e equipamentos (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2014).

Esses adensamentos e isenções fazem parte de uma política de incentivos para atrair empregos e oportunidades para a região, contribuindo para o seu desenvolvimento socioeconômico. Dentre os incentivos, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) estão as “isenções de impostos como IPTU, o ITBI e a alíquota do ISS que ficaria situada no mínimo possível, de 2%”.

Existe uma grande importância na urbanização de uma região periférica com intenso processo de renovação e até de reestruturação regional. A história da zona leste apresenta uma importância cultural, pois é uma história rica, indo além de uma grande extensão de casas com áreas de enclave. Portanto o que se percebe com o histórico retratado?

Percebe-se a importância da urbanização na zona leste e a questão até mesmo estratégica da região para a cidade como um polo econômico, com grande importância cultural, com problemas de infraestrura e de circulação. O modo de produção da cidade gera problemas ambientais, como falta de planejamento das áreas verdes e falta de conectividade, ao ponto que na região estudada sobraram apenas poucas áreas verdes, concentradas principalmente na APA do Tiête, Parque do Carmo e nas proximidades do Morro do Cruzeiro, estando estas também em risco. Desta forma pergunta-se de que forma o TICP pode beneficiar a região?

2. TERRITÓRIOS DE INTERESSE DA CULTURA E DA PAISAGEM