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A RELAÇÃO COM OUTROS MOVIMENTOS SOCIAIS

No documento cristianesilvatomaz (páginas 148-151)

A proposta de relação com outros movimentos sociais não está presente em todos os encontros da Luta. Esta pesquisa pode identificar que tal articulação apresenta-se nos seguintes encontros: Manifesto de Bauru, I, II, III, V e VI Encontros Nacionais do MLA , no III e VI Encontros Nacionais de Entidades de Usuários e Familiares da Saúde Mental e no I e II Encontros da RENILA .

Entretanto, os movimentos que compõem a Luta Antimanicomial trazem em suas propostas e estratégias, a necessidade de se articularem com outros movimentos sociais. Esta articulação ora aparece de forma isolada e ora, vinculada à demanda do movimento no sentido de estabelecer parcerias que fortaleçam os objetivos da Luta Antimanicomial, com exceção do Manifesto de Bauru. Neste documento, a defesa pela articulação com outros movimentos sociais está

claramente vinculada à luta da classe trabalhadora por direitos à saúde, justiça e melhores condições de vida. O MLA compromete-se, também, em estabelecer uma “aliança com o movimento popular e com a classe trabalhadora organizada”, através de uma “articulação efetiva e sistemática entre a Organização dos Trabalhadores em

Saúde Mental e o movimento popular e sindical”. (CONGRESSO DE

TRABALHADORES EM SAÚDE MENTAL, 1987).

Já a partir do I Encontro Nacional do MLA (1993), esta articulação apresenta-se “através de novas formas, novos espaços de reflexões e de avanços, para que a sociedade se aproprie desta luta” (ENCONTRO MLA, 1993, p.7). O relatório referente a este encontro destaca como um aspecto importante das ações deste movimento, o encaminhamento de projetos de lei em nível nacional e estadual, como sendo um dos instrumentos de luta e de intervenção política do movimento, pois defende que “é o poder de pressão do movimento da Luta Antimanicomial, articulado a outros movimentos sociais, é que pode garantir que uma determinada lei passe a ser implementada”. Mais uma vez, a articulação com outros movimentos aparece como um ganho de forças do MLA para conquistar as reivindicações específicas da saúde mental. Um dos eixos que deve ser garantido durante os processos de formulação de tais projetos, refere-se à implementação de “dispositivos acerca dos direitos de cidadania dos usuários dos serviços de saúde mental” (ENCONTRO MLA, 1992, p.20).

Contudo, este documento aponta, também, dificuldades e problemas, na parceria com alguns movimentos, como o sindical e o sanitarista, os quais seriam “afetados por visões corporativistas e normativas que deveriam ser superadas”. Por isso, o MLA propõe

Inserir a questão da saúde mental em todos os movimentos sociais, sindicais, conselhos representativos, etc., uma vez que esta discussão extrapola o binômio saúde-doença. O movimento de saúde mental caminha para o exercício pleno de todos através da articulação com estes movimentos (ENCONTRO MLA, 1993, p.10).

Este encontro ressalta, também, a necessidade de terem “representação nos conselhos municipais e estaduais de saúde, nos fóruns sociais, nas entidades de categorias, nos movimentos populares e setores políticos” (ENCONTRO MLA, 1993, p.7)

No III Encontro Nacional das Entidades de Usuários e Familiares da Luta Antimanicomial (1993), as propostas de articulação com outros movimentos sociais apresentam-se a partir dos serviços de saúde, os quais deveriam permitir e incentivar os usuários a se organizarem em grupos, em conselhos populares, e em associações de usuários e de familiares que objetivem propor e construir ações que transformem a relação com a loucura na sociedade, na legislação e na vivência, organização e fiscalização dos serviços.

Quanto ao relatório do II Encontro Nacional do MLA (1995), a ligação deste com outros movimentos sociais, aparece, tanto na estrutura organizativa do movimento quanto nas estratégias de luta e superação do modelo manicomial e da ocupação de espaços políticos de poder e decisão - reforçado pela necessidade de defender a inserção da saúde mental na rede de saúde em geral, através da articulação com outros movimentos populares, no sentido de garantir a cidadania e não a exclusão.

No III Encontro Nacional do MLA (1997), a proposta de intervenção junto a outros movimentos sociais tem por finalidade contribuir para a construção ou revisão de políticas mais justas e claras de recebimento de benefícios que não caracterizem assistencialismo e nem estejam atrelados a interdições ou curatelas. Além disso, o relatório propõe maior articulação do Movimento Antimanicomial com os Conselhos e as Conferências da Assistência Social, dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Mulher, da Saúde e demais políticas públicas sociais, para que as lutas ganhem mais força e maior amplitude.

O VI Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Familiares da Saúde Mental (2000) manteve restrita sua relação com outros movimentos sociais, na medida em que pretendem aglutinar movimentos sociais organizados, que se identifiquem com a Luta Antimanicomial. Define, também, a necessidade de se estabelecer parcerias com sindicatos e conselhos profissionais. O V Encontro Nacional do MLA (2001) resgata a proposta do III MLA (1997) ao apresentar a relação com outros movimentos sociais, na forma de participação nos órgãos de controle social, na articulação com o movimento das mulheres, dos idosos, o Movimento sem terra, etc., ou simplesmente como indicativo da necessidade de articulação com outros movimentos sociais.

Os relatórios das Plenárias Nacionais trazem a necessidade de entender a crise do MLA dentro de uma conjuntura mais ampla.,que é da crise dos movimentos sociais, bem como a necessidade de ampliar o relacionamento com outros movimentos sociais, conselhos e sindicatos.

No I Encontro da RENILA (2004), a Rede afirma que a Luta Antimanicomial se transformou num movimento social desatrelado do Estado e dos serviços de saúde mental e que “nesta luta, aliada às lutas libertárias do nosso tempo, encontram-se os mais vivos e corajosos movimentos sociais do cenário político brasileiro” e que a Luta Antimanicomial é uma luta política de emancipação (ENCONTRO NACIONAL DA RENILA, 2004).

No VI Encontro Nacional do MLA (2005), a relação com outros movimentos sociais aparece no sentido de que suas ações devem gerar ganhos para toda a sociedade. Noutro momento, propõe a articulação com o movimento estudantil, de mulheres, ecológicos, DST/AIDS, MST e Tortura Nunca Mais, no sentido de fortalecimento da luta por uma sociedade antimanicomial, mais solidária e justa.

Por fim, no II Encontro da RENILA (2007) a proposta de articulação com outros movimentos sociais aparece como estratégia de fortalecimento da relação de parceria com outros movimentos sociais.

4.5 AS AÇÕES PROPOSTAS PELOS MOVIMENTOS - OS DIREITOS DE

No documento cristianesilvatomaz (páginas 148-151)

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