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CAPÍTULO 3 – A MUSEALIZAÇÃO DAS PERFORMANCES E INSTALAÇÕES DE FAXINAL DAS ARTES NO

3.1. A residência artística em Faxinal das Artes

A residência artística Faxinal das Artes, realizada entre os dias 17 a 31 de maio de 2002, foi responsável por incorporar 104 obras de artistas contemporâneos brasileiros como Marga Puntel, Delson Uchoa, Gabriela Greeb, Elyeser Szturm, Fábio Noronha, Elida Tessler e José Bechara ao acervo do MAC PR (APÊNDICE 3). O evento foi realizado pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC), que na época tinha como secretária Mônica Rischbieter, sob a coordenação de Sandra Fogagnolia130, curadoria de Agnaldo Farias (que também foi o curador do núcleo brasileiro da 25ª Bienal de SP em 2002) e Fernando Bini, e o apoio do crítico chileno Christian Viveros-Fauné, que trouxe sua experiência na realização de residências artísticas nos EUA. Contou ainda com a participação de estudantes de graduação

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A coordenação geral do projeto ficou a cargo de Sandra Fogagnolia, que era a responsável pelas Artes Visuais na SEEC, com uma equipe de produção formada por Cristina Mendes, Jucimara Bacil e Cleverson Salvaro, com o apoio de Eliana Martinez, Eliane Fraresso, Márcia Fontana, Silmara Fischer e Richard Bischof. Um grupo de 12 alunos de graduação em artes foi recrutado para atuar como assistentes, coordenados por Fabiano Estefano Gavazzoni.

em artes que foram recrutados para serem monitores assistentes dos artistas. Em Faxinal, 95 artistas convidados, sendo 30 deles paranaenses, desenvolveram seus projetos durante os 14 dias do evento, acompanhados de críticas, debates, palestras e filmes131 na antiga vila residencial de Faxinal do Céu, composta por 350 chalés de madeira, no município de Pinhão, interior do Paraná (400 km da Capital Curitiba). O evento, considerado por seus organizadores como o primeiro grande projeto de residência artística do país, foi orçado em R$ 600 mil, dos quais cada artista recebeu um pequeno cachê, e os maiores custos foram de passagens, estadia e materiais para as obras.

Segundo Cristina Mendes132, que era assistente de Sandra Fogagnolia na SEEC, os artistas foram convidados dois meses antes do evento133. Ao aceitar o convite para participar da residência, eles deveriam preencher uma ficha de cadastro com seus dados pessoais e encaminhar um breve texto de apresentação pessoal acompanhado de uma foto 3x4 para a elaboração de um catálogo, três imagens de obras recentes, currículo, cópias de documentos pessoais e o pré-projeto de um trabalho artístico para ser executado no evento com a relação dos materiais necessários (ANEXO 1).

De acordo com a ex-secretária Mônica Rischbieter134, a intenção era ter a atuação de curadores de todas as regiões do país, mas a SEEC acabou indicando apenas Farias e Bini que tinham conhecimento da produção brasileira e também paranaense. A ex-secretária afirma que cada artista selecionado assinou um contrato que previa a realização de um projeto, aprovado pela curadoria, que seria destinado ao MON135, inaugurado em 22 de novembro de 2002, porém, após o evento verificou-se que o museu ainda estava se estruturando e não tinha como receber as obras. Durante esse período de indefinição, houve a transição do governo do estado do Paraná (2003), o projeto não teve continuidade e os trabalhos ficaram

131 Entre os palestrantes convidados pela organização estiveram os artistas Paulinho da Viola e Ary Fontoura e a empresária Maria de Lourdes Egydio Villela, conhecida como Millu Villela, representante do Banco Itaú. 132 Entrevista concedida por Cristina Mendes, em 13 de setembro de 2013, ao Setor de Acervo do MAC PR. 133 Em entrevista concedida ao Setor de Acervo do MAC PR, em 27 de janeiro de 2014, a artista Mainês Olivetti confirmou que recebeu o convite para participar da residência aproximadamente vinte dias antes do evento. 134 Informações fornecidas por Mônica Rischbieter por meio digital para a pesquisadora em 07 de junho de 2018.

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O MON foi instalado no Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, antiga sede das secretarias de Estado. O prédio projetado por Oscar Niemeyer em 1967 e concluído em 1978, foi adaptado, recebendo o anexo conhecido como Olho, também de autoria do arquiteto. O acervo inicial do Museu reuniu as obras dos extintos Banco do Estado do Paraná (BANESTADO – 721 obras), Banco de Desenvolvimento do Paraná (BADEP – 88 obras) e Museu de Arte do Paraná (MAP – 1.124 obras), criado em 1960, mas que teve uma curta atuação, totalizando 1.933 obras (VAZ, 2011).

armazenados no MAC PR, em condições impróprias de conservação, apenas uma ficha com os dados básicos e uma fotografia foi providenciada.

Segundo o diretor do MAC PR na época, João Henrique do Amaral136, o museu não teve nenhum envolvimento com a organização da residência de Faxinal, mas foi em suas dependências que foi realizada uma exposição com os trabalhos cinco meses após a residência (Faxinal das Artes, 18 de outubro a 17 de novembro de 2002). Em 2003, Vicente Jair Mendes assumiu a direção do MAC PR e, no ano seguinte, decidiu incluir definitivamente as obras de Faxinal no acervo, realizando outra mostra após essa inserção (Faxinal das Artes, 25 de maio a 27 de junho de 2004).

A coleção adquirida é bastante diversa, com predomínio de pinturas, objetos, vídeos e desenhos, mas linguagens mais contemporâneas também apareceram (TABELA 5):

Tabela 5 – Acervo de Faxinal das Artes no Acervo do MAC PR

Técnica Quantidade Pintura 30 Objeto 21 Vídeo 11 Desenho 10 Instalação 9 Fotografia 7 Livro de Artista 3 Impressão 3 Composição 2 Assemblage 1

Registro Fotográfico de Instalação 4 Registro de Performance em Vídeo 3

Total 104

Fonte: MAC PR, 2009. Dados compilados pela autora.

As obras na coleção do MAC PR são de autoria de 81 artistas (APÊNDICE 3). Outros 16 artistas também participaram, mas não há nenhuma obra deles no acervo137. O artista Cao

136 Entrevista concedida por João Henrique do Amaral, em 31 de janeiro de 2014, ao Setor de Acervo do MAC PR.

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Não possuem obras no acervo: Alex Lieber, André Schulz Severo, Claudio Gontijo Guimarães (Cao Guimarães), Christoph Draeger Ducha, Eduardo Menezes Pacheco, Eduardo Eloísio Frota, Francisco Faria, Helmut Fuhrken Batista, José Paiani Spaniol, Letícia Maria Siqueira Henrique de Faria, Lúcia Koch, Marcelo Farias Coutinho, Marcelo Santiago Solá Souza, Maria Helena Bernardes, Maria Stela Fortes Barbieri, Roberto Moreira Junior (Traplev).

Guimarães138 informou que produziu e apresentou uma performance em vídeo, que mantém uma cópia em seus acervos, porém não soube dizer o motivo do trabalho não estar no museu. Cristina Mendes explicou que o trabalho de Guimarães exigia o funcionamento de quatro projetores simultaneamente e headphones individuais, porém os equipamentos utilizados pelo museu na exposição de 2002 não funcionaram corretamente, o CD com o arquivo foi danificado e o trabalho se perdeu.

Já o artista Roberto Moreira Junior (Traplev)139 confirmou que participou do evento, mas fez apenas alguns cartazes que ele acredita que não foram aproveitados e não tomou conhecimento a respeito do assunto, mas ele afirma que sabia que deveria realizar um projeto e que o mesmo seria destinado ao acervo do estado do Paraná. Cristina Mendes também relembrou o caso da obra Gambiarra na Foz do Areia, do artista Delson Uchoa, que se tratava de uma colagem de fotografias impressas e pintadas sobre uma lona com 271 x 314 cm, que ao ser desmontada ao final da exposição em 2002 foi danificada de forma irreversível. O MAC PR possui apenas fotos do processo e do trabalho finalizado.

Mônica Rischbieter admitiu que diversas intervenções, performances e instalações não foram recolhidas ou preservadas, pois eram efêmeras ou foram realizadas no ambiente. Sobre a qualidade dos trabalhos, ela afirmou que algumas obras eram “sem importância” e outras “fantásticas”140. Podemos citar o caso do trabalho Coral de Árvores, do artista goiano Divino Sobral, que fez uma intervenção nas árvores com fios coloridos (FIGURA 56). Sobral teve três desenhos musealizados, mas a interferência nas árvores não foi documentada pela organização do evento, apenas por ele mesmo. Outras obras de natureza semelhante foram registradas com fotografias pelos próprios artistas e as imagens foram incorporadas no acervo do museu sendo entendidas como substitutas às obras.

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Informações fornecidas pelo artista Cao Guimarães por meio digital para a pesquisadora, em 03 de janeiro de 2018.

139 Informações fornecidas por Roberto Moreira Junior por meio digital para a pesquisadora, em 22 de dezembro de 2017.

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Entrevista concedida por Mônica Rischbieter, em 20 de fevereiro de 2014, ao Setor de Pesquisa e Documentação do MAC PR.

Figura 56 - Coral de Árvores, Divino Sobral, 2002.

Fonte: Divino Sobral, 2002. Disponível em: http://divinosobral.blogspot.com.br Acesso em 07 jan. 2019.

Rischbieter explicou que durante o evento toda a documentação produzida foi de iniciativa dos artistas, curadores, críticos, colecionadores e jornalistas que estiveram no local e fizeram isso de forma espontânea e sem uma sistematização. Essas declarações esclarecem porque alguns artistas que participaram do evento não têm trabalhos no MAC PR e também o motivo de alguns registros feitos pelos artistas não comporem a coleção, diferentemente de outros semelhantes. A artista Tânia Bloomfield (2002) também confirma que alguns artistas declararam durante a residência não saber que tinham que produzir uma obra que ficaria para a SEEC, o que, segundo ela, não se sustenta, pois todos assinaram um contrato. Bloomfield141 afirmou ainda que enquanto Agnaldo Farias não solicitou explicitamente um trabalho para os seus artistas convidados de outras partes do país, Fernando Bini foi incisivo quanto a essa condição aos artistas paranaenses. Essa diferença, segundo ela, gerou animosidades entre os artistas do Paraná e os das demais regiões durante a residência.

A informação de que o evento tinha como um dos objetivos subsidiar a produção de obras dos artistas convidados para a constituição de um acervo também estava presente no programa impresso da residência e no contrato de prestação de serviço cultural assinado entre o Governo do Estado e os artistas dias antes da residência ou no local (ANEXO 2). Na

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Entrevista concedida por Tânia Bloomfield, em 31 de janeiro de 2014, ao Setor de Pesquisa e Documentação do MAC PR.

primeira cláusula consta que o artista se comprometia a produzir uma obra para constituir o acervo da Secretaria de Estado da Cultura e na sexta cláusula estava prevista uma multa em caso de descumprimento do contrato.

A polêmica sobre o assunto começou já durante o evento quando alguns artistas não conseguiram concluir suas obras durante a residência, alguns por não disporem dos materiais que estavam acostumados a trabalhar e outros por acreditarem que as condições tão particulares do evento não permitiram a realização de obras características de um acervo museológico ou que seus trabalhos não haviam ficado bons o bastante para serem doados. Um grupo de artistas curitibanos, entre eles, Eliane Prolik, Claudio Mello, Mainês Olivetti e Daniela Vicentini, questionou o governo do Estado sobre a validade do lote de obras e sua incorporação dentro do projeto do MON. Em resposta, o curador Agnaldo Farias explicou que mesmo os trabalhos inacabados eram significativos, pois os rascunhos faziam parte do processo da obra e neles estavam as ideias e intenções do artista. Fernado Bini, por sua vez, defendeu o projeto assegurando que alguns trabalhos não foram terminados, mas outros eram espetaculares e cabia ao curador dizer que peças deveriam ficar na coleção e quais deveriam ser descartadas142.

A ex-secretária de cultura ainda afirmou que a intenção da residência era a troca de conhecimentos, o estímulo à produção artística, a colocação do Paraná no cenário artístico nacional e a renovação do acervo143. Na opinião dos curadores e artistas participantes, Faxinal foi uma experiência muito produtiva e ímpar nas suas carreiras. O curador geral Agnaldo Farias considerou a relevância da iniciativa:

Por mais que houvesse imaginado a coordenação do Faxinal das Artes não podia supor que ele funcionaria como uma espécie de fecho simbólico de uma primeira etapa, com os artistas celebrando o contato entre si, compartilhando certezas e dúvidas, mostrando uns aos outros seus trabalhos e assistindo, sempre sob um clima de interesse, os múltiplos caminhos poéticos que perfazem nosso panorama atual. Habitualmente isolados em seus ateliers, os artistas, mesmo aqueles que pertencem aos grupos, estarão sempre às voltas com os dilemas e as inquietações típicas de sua prática, mergulhados numa solidão que, às vezes, se revela insuportável (FARIAS, 2002, s. p.).

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FERNANDES, José Carlos. O céu não é o limite. Jornal Gazeta do Povo [impresso], Caderno G, Curitiba, 17 out. 2012.

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Faxinal das Artes empolga convidados. Jornal O Estado do Paraná. Curitiba, 31 mai. 2002. Disponível em: https://www.tribunapr.com.br/noticias/parana/faxinal-das-artes-empolga-convidados/ Acesso em 07 jan. 2019.

Fernando Bini, por sua vez, destacou: “este encontro dos artistas em Faxinal do Céu não limitou a criação, não restringiu os materiais, não disciplinou o trabalho, não impediu a invenção, não impôs linguagens, não inibiu a experiência” (BINI, 2002, s. p.). Foi essa liberdade criativa que fez com que alguns artistas modificassem seus projetos durante a residência, não cumprindo com a proposta encaminhada previamente.

O artista Divino Sobral afirmou na ocasião:

Faxinal foi muito importante. Mostrou a multiplicidade da arte brasileira, reunindo no mesmo local os sotaques de todas as regiões. Foi realizado em um lugar onde professores podem entrar em contato com todo tipo de arte e repassar o conhecimento, e ainda revelou a grande capacidade de articulação do Paraná144.

Porém, o evento não foi uma unanimidade entre os artistas. Alguns não aceitaram o convite para participar, alegando que se tratava de uma manobra política utilizando a imagem dos artistas145. Também houve críticas de que o Governo do Estado estava aplicando recursos sem um resultado efetivo146. Sobre a produção artística durante a residência, o jornalista Reynaldo Jardim (2002) observou que em Faxinal das Artes houve um desprezo por materiais nobres e pela perenidade, revelando-se propostas precárias que dificultavam a aquisição, empregando uma diversidade de materiais, entre eles lixas, pregos, filmes, isopor, compensados, arames, cola, cordas, boias, etc., e que foram representadas por sua documentação fotográfica. Esse direcionamento, percebido por Jardim, talvez não fosse previsto pela organização do evento, que não logrou musealizar as obras por meio de sua documentação.

144 Faxinal das Artes empolga convidados. Jornal O Estado do Paraná. Curitiba, 31 mai. 2002. Disponível em:

https://www.tribunapr.com.br/noticias/parana/faxinal-das-artes-empolga-convidados/ Acesso em 07 jan. 2019.

145 Há depoimentos que afirmavam que o então governador do estado do PR, Jaime Lerner, desejava o cargo de ministro da cultura (BATISTA, 2002). Entre esses, o artista paranaense Newton Goto ficou nu, em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo do estado, em protesto contra Faxinal das Artes, alegando as intenções eleitoreiras do evento. Fonte: FLORES, Rudney. Cultura em ano de eleição. Jornal Gazeta do Povo [impresso], 09 jun. 2002. Porém, Tânia Bloomfield, em entrevista ao Setor de Acervo do MAC PR, em 31 de janeiro de 2014, afirmou que durante a residência Goto lhe enviou uma mensagem demonstrando arrependimento por ter rejeitado o convite e desejando ir ao evento.

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A artista Eliane Prolik teria se recusado a participar por considerar que a verba deveria ter sido empregada em uma política de aquisição de acervo para os museus da cidade. Fonte: FERNANDES, José Carlos. O céu não é o limite. Jornal Gazeta do Povo [impresso], Caderno G, Curitiba, 17 out. 2012.

O artista Helmut Batista (Capacete), que foi convidado por Agnaldo Farias para elaborar um documento sobre Faxinal das Artes durante o evento, afirmou que decidiu não elaborar um catálogo, mas um jornal com 104 páginas onde publicou entrevistas com os curadores e alguns artistas falando sobre arte contemporânea e algumas fotos do local e das reuniões coletivas, diante da quantidade de trabalhos efêmeros realizados e das centenas de performances, os quais ele considerou “indocumentáveis” (BATISTA, 2002).

Sete anos após a residência (2009), cartas foram enviadas para alguns artistas solicitando que eles assinassem um termo de doação dos seus trabalhos ao Governo do Estado do Paraná. Outros termos de doação não foram localizados no Setor de Acervo do MAC PR. A partir disso, entendemos que pelo menos algumas obras ainda não haviam sido doadas oficialmente (ANEXO 3). Depois das exposições específicas de 2002 e 2004, as obras têm sido exibidas em diferentes propostas, mas, em geral, foram apresentadas no máximo quatro vezes cada uma desde que foram acervadas, o que revela pouco aproveitamento da coleção em 15 anos.

Em março de 2013, o Setor de Pesquisa e Documentação do museu começou um projeto de pesquisa sobre o acervo com o objetivo de localizar os artistas, coletar material documental e iconográfico, realizar entrevistas em vídeo com os artistas147, curadores e organizadores, produzir fichas de registro das obras, recuperar fisicamente os trabalhos para sua apresentação expográfica, produzir material educativo e didático e realizar uma exposição. Em visita ao MAC PR em janeiro de 2019, tive acesso aos documentos que foram produzidos ou recolhidos pelo projeto, coordenado pela responsável do Setor, Vera Regina Biscaia Vianna Baptista, com o apoio de duas pesquisadoras voluntárias, Ariane Alfonso Azambuja de Oliveira (Mestrado em Museologia UNIRIO) e Fernanda Micoski da Costa (Graduação em História UFPR). Entretanto, como as pesquisadoras concluíram seus estudos acadêmicos, o projeto não foi finalizado e a exposição não aconteceu. Em setembro de 2018, o MAC PR foi alocado no MON enquanto aguarda as obras de recuperação de sua sede. No MON todos os seus setores têm funcionado normalmente. Os espaços do Setor de Acervo, do Setor de Pesquisa e Documentação, da Administração e a sala expositiva são

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Foram realizadas entrevistas com os artistas Ana Gonzalez, Didonet Thomaz, Fernando Lindote, Gleyce Cruz, José Bechara, Mainês Olivetti e Tânia Bloomfield.

individualizados, apenas a reserva técnica tem sido compartilhada com o MON. Os procedimentos de acesso e entrada seguem as normas do MON.

Entre a documentação que o Setor de Pesquisa e Documentação do MAC PR reuniu sobre a residência de Faxinal das Artes estão documentos históricos e técnicos. Em meio aos registros históricos foram levantados: matérias dos jornais O Estado do Paraná, Gazeta do Povo PR, Gazeta do PR, Indústria e Comércio PR e o Estado de SP que foram digitalizados, além do artigo publicado na Revista Top Magazine148 e do informativo da Associação Brasileira Críticos de Arte149 (ABCA) sobre Faxinal das Artes. Também foram reproduzidos o convite encaminhado aos artistas para participar da residência e a carta de agradecimento, ambas encaminhadas pela então secretária Mônica Rischbieter, a ficha de inscrição, o cartão de divulgação da Residência, um folder com fotos e informações sobre a Vila de Faxinal do Céu, o programa do evento, o manual com orientações gerais aos residentes, um boletim circular com informações sobre o evento, o Jornal Capacete, publicado pelo artista Helmut Batista durante a residência, o convite e o catálogo da exposição Faxinal das Artes (2002) e algumas cópias digitais de recibos assinados pelos artistas pelo pagamento do cachê. O setor ainda reuniu 900 fotos digitais pertencentes ao arquivo do fotógrafo José Gumercindo (Gogô), que na época da residência trabalhava na SEEC.

Além disso, estão preservadas pastas dos artistas representados no acervo, contendo currículos, catálogos, fotos de obras, recortes de jornais, artigos e correspondências. Uma revisão na forma de organização desses documentos poderia ajustar alguns problemas observados na padronização. Na pasta da artista Gleyce Cruz, por exemplo, está uma carta da artista explicando como montar as imagens da sua obra feita em Faxinal, Desenho Flutuante, talvez esse documento deveria estar na pasta da obra no Setor de Acervo. Na pasta de Ana Gonzalez foi encontrado o projeto de trabalho enviado para a residência em 2002, que também deveria estar na pasta da obra no Setor de Acervo. Fotos da performance de Paulo Meira em Faxinal também poderiam ser transferidos da pasta do artista para a pasta da obra.

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FERREIRA, Fernanda Ávila. É arte ou não é arte? Revista Top Magazine, Ano 04, n. 43, 2002, p. 53-58. 149 BINI, Fernando. As artes e o Faxinal do Céu. Informativo ABCA, n. 4, Abril 2003, p. 13.

O Setor de Pesquisa e Documentação realizou vinte cinco entrevistas em vídeo, entre 2013 e 2014. Foram entrevistados Mônica Rischbieter, Sandra Fogagnolia e Cristina Mendes, os curadores Agnaldo Farias e Fernando Bini, representantes dos monitores, o então diretor do MAC PR João Henrique do Amaral e alguns artistas participantes. Porém as entrevistas foram gravadas de modo muito amador, sem qualidade de som e imagem, servindo apenas para documentação do museu e para pesquisadores. A falta de um roteiro claro de perguntas, conforme vimos ser indicado no capítulo anterior, deixou as falas muito longas e informais.

A pesquisa realizada pelo setor também propôs a criação de um novo modelo de ficha de registro das obras com campos que primariam pela preservação das informações contextuais, entre eles, a categoria, as técnicas de execução, instruções e equipamentos para apresentação, análise da obra feita pelo artista e/ou por críticos, restrições de exibição,