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A retenção em alguns estudos realizados em universidades federais no

No documento jacquelinedesousacoelho (páginas 51-54)

2 ANÁLISE DOS DADOS SOBRE O TEMPO DE FORMAÇÃO NO

2.2 Fundamentação teórica

2.2.2 A retenção em alguns estudos realizados em universidades federais no

A preocupação com fatores que envolvam o ensino público no Brasil vem sendo objeto de estudos nas últimas décadas. A retenção, juntamente com outros fatores, foi tema do relatório publicado em outubro de 1996 pela Comissão Especial de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras, coordenada pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto (SESu/MEC). O relatório reuniu dados sobre diplomação, retenção e evasão nos cursos de graduação em instituições de ensino superior públicas, representando 53 instituições, o que correspondia, na época, a 67% do total de instituições de ensino superior públicas no Brasil. No que diz respeito à retenção, o estudo identificou a área de Linguística, Letras e Artes com um dos maiores índices, em que se registram mais de 11% de retenção e quase 50 % de evasão (BRASIL, 1996). Por meio do quadro 8, é possível fazer uma comparação entre a área de Artes, em 1996, no Brasil, e a Artes, na UFJF, no período entre 2012 e 2015.

Quadro 8- Comparação na área das Artes no Brasil e na UFJF

Ano Matrículas %Diplomados %Evadidos %Retidos

1996- Brasil 20.579 38,8 49,9 11,5

2012/2015- UFJF 1507 20,3 61,5 16,2

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelo CDARA (UFJF, 2018c) e (BRASIL, 2016)

Com base nos dados disponibilizados no quadro 8, é possível verificar que, embora tenham se passado duas décadas, os índices apresentados em relação à área de Artes tiveram uma considerável piora.

Andrade (2014), também apresenta uma elevada taxa de evasão no BI de Artes com mais de 38 % em 2013. Os estudos foram relativos à turma ingressante em 2009. O autor ainda identificou, em sua análise de dados, alguns fatores que culminaram com o abandono do curso pelos discentes e que apontam para a necessidade de revisão das ações dos gestores e docentes, como falta de adaptação ao currículo, limitações institucionais e questões financeiras de forma geral.

Vasconcelos e Silva (2012), realizaram um estudo na Universidade Federal de Pernanbuco, buscando levantar os fatores que contribuíam para a retenção no curso de Ciências Contábeis. O estudo, que contou com 50 alunos que buscaram o Programa de Acompanhamento de Estudos, revelou que o fator predominante da retenção naquele curso foi a incompatibilidade de horário para conciliar estudo e trabalho.

Em pesquisa sobre retenção discente nos cursos de graduação presencial, realizada na Universidade Federal do Espirito Santo, Pereira (2013) identificou que os principais fatores que colaboraram para o processo de retenção foi o número de reprovações sofridas pelo aluno, fato que acarreta um baixo índice de rendimento. O autor destaca também que a área das Artes está entre as que obtiveram maior percentual de retenção discente observada, registrando-se um índice superior a 70% nas turmas que poderiam ter realizado a integralização entre 2007 e 2012.

Já no âmbito da UFJF, Santos (2016, p. 59), ao analisar a evasão nos cursos da UFJF, mostrou que o BI em Artes e Design e as opções de segundo ciclo apresentaram uma considerável taxa de evasão entre 2010 e 2015, sendo, BI em Artes e Design, 20%; Cinema e Audiovisual, 50%; Artes Visuais, 23%; Moda, 22%, tendo a menor evasão o

Design, com 12%, esses números se mostram relevantes pois essa evasão não é compensada com o ingresso de outros alunos.

Ciribelli (2015), ao verificar casos frequentes de baixo rendimento acadêmico, especialmente nas disciplinas iniciais do BI em Ciências Exatas da UFJF, estudou a retenção e a evasão nesse curso. Em sua pesquisa, identificou que, entre 2009 e 2013, as disciplinas de primeiro ciclo apresentaram uma taxa média de reprovação de 54%, com predominância da reprovação por nota. O autor aponta também a relação entre o aumento do número de reprovações com o aumento de alunos em sala, o que não foi observado no BI em Artes e Design.

As altas taxas de evasão e as baixas taxas de conclusão principalmente nos BI’s chamaram a atenção de Costa (2014), responsável pelo preenchimento do censo da educação superior da UFJF naquela ocasião. A autora identificou em suas análises que a UFJF não dispunha de informações e indicadores sobre os principais motivos de evasão na graduação nos diversos grupos de ingresso. Essa falta de controle acaba impossibilitando ações de controle da evasão.

Cardoso (2014) pesquisou a concretização na implantação dos bacharelados interdisciplinares por meio do REUNI na UFJF. Sua pesquisa, que consistiu em uma análise da concretude da estrutura e do fluxo previstos no referencial de criação dos BI’s, identificou que não havia, na época em que procedeu à coleta dos dados, um sistema de acompanhamento dos alunos que visasse evitar a evasão e a retenção nos BI’s.

Ferreira (2016), analisando as principais causas da reprovação nos cursos de Engenharia Elétrica na UFJF, identificou as causas das reprovações, agrupando-as em três dimensões, quais sejam: aspectos individuais dos alunos, aspectos associados às características das disciplinas e aspectos relacionados à instituição como a forma como os professores ministram as aulas e a falta de estrutura física nas unidades acadêmicas.

Costa (2014) identificou em sua pesquisa que o SIGA, no momento em que realizou a investigação, não estava adequado à realidade dos BI’s, fato que acabava acarretando problemas para os docentes e para os alunos. A autora destaca também que existe resistência dos docentes em relação ao modelo do bacharelado interdisciplinar. Em relação aos alunos, identificou que eles enfrentam algumas dificuldades de permanência e, consequentemente, de conclusão no curso, principalmente por questões financeiras.

A partir do referencial analisado, é possível perceber que o processo de retenção discente está associado a diversos fatores. Assim, é possível afirmar que as instituições

precisam propiciar condições que viabilizem a permanência do aluno na instituição, o que será tratado na seção subsequente.

No documento jacquelinedesousacoelho (páginas 51-54)