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A revolução digital e as ferramentas computacionais

No documento Tese de Doutorado | PPG FAU UnB (páginas 64-67)

1. Clima Urbano e Conforto Térmico

2.1 A revolução digital e as ferramentas computacionais

A revolução digital trouxe novos saberes a áreas aplicadas como arquitetura e urbanismo. A chegada do computador, ícone máximo da revolução digital, modificou o processo de produção de diversas profissões (MONTENEGRO, 2001). Algumas vantagens trazidas pelo computador são citadas:

A primeira, e de longe a mais importante, é o acesso imediato a um sem número de centro de informação, bibliotecas, textos, estatísticas, mapas, imagens de satélite, enfim, a quase totalidade do saber humano [...] outra facilidade importante é a possibilidade de promover modificações na redação e na estrutura mesma do texto conforme ele vai sendo escrito, e com o mínimo de dispêndio de tempo, esse recurso tão importante [...] Não é menor a importância das planilhas para preparação de tabelas, dos dispositivos de digitalização de imagens, dos programas de edição de imagens digitais e de toda a parafernália hoje disponível num computador com recursos triviais. (SERRA, 2006, p. 237).

Especificamente para a profissão do arquiteto e urbanista, trouxe benefícios como a agilidade na geração de plantas, a facilidade no entendimento do projeto na terceira dimensão ou mesmo a possibilidade de replicar o projeto com o simples toque de alguns botões.

A tecnologia “é uma das quatro variáveis básicas do desenvolvimento, acompanhada das outras variáveis: recursos humanos, recursos naturais e qualidade de vida” (LEDO, 1996, p. 14). Isto implica dizer que a tecnologia tornou-se necessária para o desenvolvimento das habilidades humanas, dessa forma, as profissões devem incorporá- la na nova práxis, fazendo com que a tecnologia seja um vetor para que se possa atingir um maior grau de qualidade de vida. (Figura 11).

Figura 11 – Quatro variáveis básicas do desenvolvimento. Adaptado de Ledo (1996)

QUALIDADE DE VIDA RECURSOS NATURAIS TECNOLOGIA RECURSOS HUMANOS

A partir do século XX, a revolução digital tem transformado o fazer arquitetura e urbanismo numa ciência cada vez mais instrumentalizada, onde o domínio do lápis não é requisito único, mas o domínio de software de projetação tornou-se um dos saberes mais apreciado pelas gerações de arquitetos e urbanistas do final dos anos 90 (MONTENEGRO, 2001).

Tem-se, no cenário atual, mais uma revolução global: a revolução digital-informacional. Esse momento histórico, desencadeado desde meados do século XX pode ser apresentado como um estágio de avanço que marca todas as comunidades humanas (Figura 12).

Figura 12 – Revoluções Tecnológicas (SPERLING, 2012, p. 2)

2.1.1 Ferramentas computacionais

Nesta revolução digital, surgem ferramentas computacionais que são desenvolvidas para a projetação de arquitetura no mercado do design e da construção civil, como, por exemplo: SketchUp, AutoCAD, ArchiCAD, Revit, entre outros. O foco dessas ferramentas muitas vezes é a modelagem, isso significa que o objetivo maior dos programas supracitados é a formatação de tipos virtuais da arquitetura ou do espaço urbano visando a execução do projeto.

Uma série de ferramentas hoje conhecidas faz parte da tecnologia Computer Aided Design (CAD) que pode ser traduzida livremente para projeto assistido por computador e, depois do ano 2000, com a chegada da tecnologia Building Information Modeling (BIM9

), livremente traduzido para processo de modelagem das informações da

9

A tecnologia BIM representa hoje a nova geração de tecnologia na concepção de projetos parametrizados com o auxílio do computador. Posterior a tecnologia CAD, o BIM tem o poder de organizar e sistematizar as famílias de materiais, tipos e produtos a serem inseridos no projeto.

construção, as empresas passam a conceber produtos mais organizados, com alto nível de especificação técnica, o que é exigido dessas ferramentas.

Ao experimentar a prática nesses dois grupos de ferramentas computacionais, que são as mais utilizadas na área de arquitetura e urbanismo, é possível perceber-se que em ambas as ferramentas a escala urbana não é tratada adequadamente. Na grande maioria dos programas o foco é dado ao edifício. As ferramentas CAD e BIM são ferramentas que objetivam a prática da projetação e não a avaliação do projeto. Assim, o processo de análise de desempenho só é possível ser realizado com o uso de softwares específicos.

Numa escala urbana, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), como o ArqGIS, por exemplo, funcionam como um apoio a métodos de avaliação da qualidade do território, mas, na maioria das vezes, trabalham numa escala inapropriada para o arquiteto e urbanista, quando este trabalha na escala microclimática.

Com a formação acadêmica cada vez mais voltada para a instrumentação computacional, a utilização de software de simulação computacional se dá de forma ampliada, e requer um profissional com capacidade para lidar com sistemas de avaliação, que não só domine as técnicas de projetação, mas que também faça usufruto dessas novas ferramentas.

2.1.2 Uso do computador em arquitetura e urbanismo

Diante dessa revolução digital, as ferramentas computacionais são tidas como uma parte importante desta gama tecnológica. Montenegro (2001) é precursor no uso de ferramentas gráficas associadas ao projeto de arquitetura, também introduz o computador no apoio ao projeto na chamada gráfica computacional. O autor afirma que:

a gráfica computacional foi concretizada em 1963 quando Ivan Sutherland mostrou o uso de computadores em projetos arquitetônicos. Em seguida, não somente as maquinas (hardwares) se desenvolveram como foram criados programas (softwares) para áreas como projetos de eletricidade, iluminação, planejamento econômico e espacial, acústica, comportamento térmico, etc. (MONTENEGRO, 2001, p. 156).

Alguns anos depois o uso de ferramentas computacionais foi institucionalizado nas escolas de arquitetura e urbanismo do país. Menezes (2000) contextualiza esse marco institucional que levou os conteúdos da informática para a formação dos arquitetos e urbanistas ao citar:

A portaria do MEC 1770/94 é considerada um divisor entre os momentos da aplicação da informática no ensino da Arquitetura e Urbanismo nacionais. Após a portaria, o ensino da Informática passou a ser obrigatório nos currículos de todas as escolas do país (MENEZES, 2000, p. 374).

O uso de ferramentas computacionais próprias para a avaliação do espaço urbanizado é um mecanismo fundamental para que se monitore a qualidade da produção arquitetônica e urbanística contemporânea.

No documento Tese de Doutorado | PPG FAU UnB (páginas 64-67)