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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF)

A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF) é um órgão da administração direta do Governo do Distrito Federal. Suas atribuições e competências estão descritas no Regimento Interno da SEDF. O art. 1º estabelece as áreas de atuação da secretaria. Dentre elas, destaca-se a educação básica, que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio (DISTRITO FEDERAL, 2009a).

O art. 2º do Regimento Interno relaciona as competências institucionais da SEDF. Entre elas, cabe ressaltar o inciso X: “implantar e implementar planos, programas e projetos na área de educação, em seus diversos níveis e modalidades” (DISTRITO FEDERAL, 2009a, p. 16).

Para desempenhar suas competências legais e executar suas atividades, a SEDF dispõe da estrutura explicitada no art. 3º do Regimento Interno. Desta estrutura, fazem parte três subsecretarias: Subsecretaria de Gestão dos Profissionais da Educação, Subsecretaria de Gestão Pedagógica e Inclusão Educacional, Subsecretaria de Desenvolvimento Educacional. Cabe destacar a Subsecretaria de Gestão Pedagógica e Inclusão Educacional, da qual faz parte a Diretoria de Execução de Políticas e Planos Educacionais, à qual se subordina, entre outras, a Gerência de Ensino Fundamental, de interesse direto para este trabalho. As competências da Gerência de Ensino Fundamental estão estabelecidas no art. 98 do Regimento Interno. Entre elas,

destacam-se as contidas nos incisos I e II, respectivamente: propor diretrizes para a implantação e a implementação das políticas públicas para o Ensino Fundamental; zelar pela execução dos programas do Ensino Fundamental na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, 2009a).

Também é importante destacar que compõem a estrutura da SEDF catorze Diretorias Regionais de Ensino (DRE), cujas competências específicas estão descritas no art. 159 do Regimento Interno. A primeira dessas competências é realizar a interlocução entre a administração central da SEDF e as instituições educacionais integrantes da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal. As escolas classe são um dos tipos de instituição educacional existentes no Distrito Federal.

Cada DRE tem, em sua estrutura, sete núcleos: de Monitoramento Pedagógico; de Apoio Escolar; de Recursos Humanos; de Material, Patrimônio e Serviços; de Planejamento e Controle; de Desporto Escolar e Integração Comunitária; Financeiro (DISTRITO FEDERAL, 2009a).

Para esta pesquisa, interessa, de forma especial, o Núcleo de Monitoramento Pedagógico (NMP), a quem compete, conforme o art. 160 do Regimento Interno, entre outras atividades: subsidiar a elaboração das propostas pedagógicas das instituições de ensino; acompanhar e avaliar essas propostas; criar oportunidades de intercâmbio entre as instituições; articular ações pedagógicas; estimular, orientar e acompanhar o trabalho docente na implementação das orientações curriculares da educação básica (DISTRITO FEDERAL, 2009a).

Percebe-se, portanto, a partir das competências do NMP, que, dentro da estrutura da Diretoria Regional de Ensino, cabe a esse núcleo acompanhar, junto às instituições educacionais, a implementação dos programas Bloco Inicial de Alfabetização e Ciência em Foco, que serão descritos a seguir.

4.1.1 Bloco Inicial de Alfabetização

O Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) tem por objetivo geral “reestruturar o ensino fundamental para nove anos, garantindo à criança a partir de seis anos de idade a aquisição da alfabetização/letramento, bem como seu desenvolvimento integral pautado na ludicidade”

(DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 12). Com isso, os responsáveis pela secretaria de educação do Distrito Federal pretendem “promover a progressão continuada do processo de aprendizagem, além de possibilitar à criança a organização de um tempo maior e mais flexível para o desenvolvimento das competências que precisa construir” (DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 4). Para alcançar os objetivos propostos, algumas medidas e estratégias são necessárias. Entre elas, podem-se citar: construção coletiva dos conceitos de alfabetização e letramento, necessários para a compreensão da proposta; reorganização da escola; elaboração e adoção de critérios de reagrupamento; elaboração e definição dos referenciais curriculares; cursos de formação para os educadores (DISTRITO FEDERAL, 2005).

O BIA foi implantado inicialmente na Ceilândia, em 2005. Em 2008 já estava em funcionamento em todas as regiões administrativas do Distrito Federal. Ele compreende o atendimento a crianças de seis a oito anos, em três etapas (I, II e III) (VILLAS BOAS, 2010).

Os princípios norteadores do BIA são (DISTRITO FEDERAL, 2005):

1) enturmação por idade – organização do período de alfabetização por etapas (três), considerando a continuidade da formação e o respeito ao “tempo de desenvolvimento da criança, suas características pessoais e vivências socioculturais” (DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 14);

2) formação continuada dos professores – formação do professor do BIA segundo perspectiva crítico-reflexiva, possibilitando a construção de autonomia pessoal e pedagógica dos docentes, com o objetivo de “superar a separação linear e mecânica entre o conhecimento técnico-científico e as praticas sociais que emergem na sala de aula” (DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 17). A formação tem por objetivo, também, instrumentalizar o professor para “atender às diversidades e perspectivas da escola inclusiva, compreender seus alunos e o contexto no qual estão inseridos e, principalmente, compreender o processo de desenvolvimento humano e a forma como o indivíduo constrói o conhecimento” (DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 17);

3) reagrupamento – formação de grupos de alunos de acordo com suas necessidades de aprendizagem. Permite ao professor a avaliação de desempenho, a atenção diferenciada e individualizada e a reinserção de alunos com necessidades de aprendizagem. Os reagrupamentos podem ser intraclasse (atribuição de atividades

diferentes para grupos de alunos dentro da mesma classe), interclasse (intercâmbio de alunos de diferentes salas de aula, da mesma etapa ou de etapas diferentes) ou extraclasse (atendimento de alunos em turno contrário às atividades escolares, para atendimento de necessidades específicas);

4) trabalho com projeto interventivo – tem por objetivo possibilitar a “adequação do ensino às necessidades educativas dos alunos, a partir de ações dinâmicas e flexíveis” (DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 24). O projeto é elaborado pelo professor, em parceria com a equipe pedagógica, observando-se “os interesses e as necessidades individuais dos alunos defasados idade/série das turmas da Etapa III do BIA” (DISTRITO FEDERAL, 2005, p. 25).

4.1.2 Ciência em Foco

O programa Ciência em Foco tem como principal objetivo promover a inclusão científica e tecnológica de crianças e jovens. A principal característica do programa é “trabalhar os conteúdos das ciências naturais no ensino fundamental de forma inovadora”. A proposta pedagógica valoriza metodologia investigativa que alia aulas teóricas e práticas em um único ambiente: a sala de aula. Pontos fundamentais dessa metodologia são a valorização dos conhecimentos prévios do aluno, o incentivo à capacidade criativa na solução de problemas científicos e a importância da realização de experimentos, de ordem prática, no estudo de ciências (ANDRADE; ESTEVES; NETO, 2009, p. 24).

O programa está articulado em torno de três eixos: confecção e distribuição de materiais de apoio, tanto para o aluno quanto para o professor; distribuição de materiais e equipamentos para a realização dos experimentos; formação inicial e continuada da equipe responsável pela implementação do programa, principalmente professores e mediadores (ANDRADE; ESTEVES; NETO, 2009).

O conteúdo do programa Ciência em Foco está organizado em módulos flexíveis, com 36 unidades temáticas que abrangem os nove anos do ensino fundamental. Essa flexibilidade possibilita a articulação entre os conteúdos, a partir das demandas e características de cada escola

e de cada turma. Para a implementação do programa são usados diferentes recursos didáticos, tais como livros, jogos, vídeos e diversos equipamentos e materiais. Por exemplo, são usados microscópios, recipientes para realização de experimentos científicos, reagentes químicos (ANDRADE; ESTEVES; NETO, 2009).

O programa foi objeto de avaliação por Andrade, Esteves e Neto (2009). A avaliação foi positiva. Entre os professores entrevistados, 90,3% atribuíram notas entre sete e dez ao programa. Entre os diretores, 83,7% atribuíram notas entre oito e dez. Já os alunos, principais beneficiários do programa, demonstraram mais satisfação com o Ciência em Foco. Dos alunos pesquisados, 96,6% atribuíram notas entre oito e dez, sendo que 88% deram nota 10 ao programa (ANDRADE; ESTEVES; NETO, 2009). Nas entrevistas realizadas para esta dissertação, houve unanimidade por parte dos entrevistados em afirmar que os alunos gostam do programa. Algumas expressões ouvidas durante as entrevistas foram: “as crianças amam”, “as crianças adoram”, “gostam muito porque é a prática”, “é uma aula muito interessante pra eles”, “os alunos sempre ficam encantados”.