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CAPITULO 2 SEXUALIDADE: CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

2.2 A sexualidade no período clássico

2.2.1 A civilização chinesa

No período de 1000 (antes da era comum) a 500 (na era comum), grandes civilizações surgiram e buscaram expandir seus territórios excessivamente. Tais civilizações do Oriente Médio, Mediterrâneo, China e Índia, desenvolviam a cultura da mercantilização. Cada uma dessas civilizações, em constante expansão territorial, possuía uma cultura sexual diferenciada.

Na China, a introdução da filosofia de Confúcio interferiu diretamente nos padrões sexuais e a regulação de suas práticas estava voltada à hierarquia social e à ordem familiar.

Registros da época da dinastia de Zhou demonstram forte motivação ao prazer sexual, diferentemente das civilizações antigas onde a reprodução era o fim primordial das atividades sexuais.

Na cultura das civilizações clássicas chinesas, a potência sexual, principalmente masculina era valorizada. Dos homens, era esperado que mantivessem atividades sexuais com muitas mulheres, sendo essas esposas ou concubinas. Para incentivar tais práticas a China produziu vários manuais sexuais inicialmente lançando mão de termos poéticos onde o pênis era descrito como a haste de jade ou cauda do dragão celestial e o orgasmo era denominado explosão de nuvens. Tais manuais eram escritos tanto para homens quanto para mulheres, o que nos leva a crer que de certo modo, a sexualidade feminina também era considerada. Mas é preciso ressaltar que tal material era disponível apenas para uma minoria alfabetizada (STEARNS, 2010).

A atividade sexual nesta época era vista como algo salutar a saúde principalmente masculina, pois na relação sexual o homem equilibrava suas energias de yin e yang, pois no orgasmo consumiam o yang e absorviam o yin das mulheres.

No período da dinastia Zhou, já existia a condenação do sexo antes do casamento para as mulheres, pois segundo o livro dos cantos, bastante conhecido da época a pratica sexual feminina anterior ao casamento poderia levar a ruína a base familiar, à medida que poderia causar o abandono dos maridos pelas mulheres.

Na família real a atividade sexual também seguiu seus protocolos e ao rei era permitido o sexo com a primeira esposa ou imperatriz somente quando este estivesse no auge de sua potência sexual, para que gerassem filhos. Porém fora da alcova imperial o rei mantinha diversas concubinas e quanto mais visitasse seus aposentos, maior era seu status. Também fora do palácio imperial o número de concubinas era visto como sinal de riqueza.

Se atividade sexual antes do casamento era proibida para as mulheres, com o objetivo de perpetuar a propriedade privada. Obviamente a virgindade delas, era protegida a qualquer custo, pois numa sociedade onde a mulher era destinada ao casamento, a perda da virgindade poderia arruinar a vida da família. As mulheres casavam-se então muito cedo, logo após a puberdade.

As regras confucianas proibiam os casais de se tocarem fora do leito conjugal, porém aos homens havia a opção de procurar uma prostituta.

No final da era clássica da China, algumas regras sexuais haviam se padronizado, as mulheres respeitáveis estavam sujeitas a uma regularização severa da sexualidade, enquanto as prostitutas apesar do status social inferior, eram vistas como mulheres que exerciam uma função bastante natural. O prazer sexual era, portanto, notoriamente considerado de interesse de tanto de homens, quanto de mulheres.

2.2.2.1 Grécia, Roma, Pérsia e Índia

Tanto os gregos, quanto romanos, foram civilizações que até hoje são referência para humanidade em termos de história e porque não dizer, de cultura, haja vista, por exemplo, a quantidade de filmes hollywoodianos que buscam inspiração nessas civilizações para suas produções.

Em relação à cultura sexual os gregos mantinham o costume do casamento baseado no arranjo econômico, sendo o principal propósito do mesmo a reprodução e a manutenção da riqueza familiar. Esta cultura enfatizava a monogamia e, por conseguinte, valorizava a virgindade.

Também nessa civilização o controle sexual era direcionado as mulheres enquanto homens dispunham de maior liberdade. Entretanto o homem possuía o papel de chefe de família, que deveria ser moderado, sábio e justo, um cidadão honrado para que pudesse exercer sobre os outros um poder ao mesmo tempo político e moral. Era necessário ao homem saber que não deveria tratar sua mulher como amante e nem se portar como tal (FOUCAULT, 2007).

Nessa cultura havia a necessidade até mesmo de ser comedido com as palavras em relação ao sexo, pois falar sobre determinados assuntos era considerado vergonhoso, como coloca Foucault (2007, p. 31).

Dentre essas variantes do ato sexual, Artemidoro confere uma sina particular ao erotismo oral. Sua reprovação – e essa é uma atitude frequentemente atestada na Antiguidade – é violenta: “ato horrível”, “falta de moral”.

Na cultura grega, as mulheres eram vistas como criaturas libertinas, que necessitavam ser controladas, para manter sua castidade e devoção a maternidade. Assim, as mulheres de respeito deveriam usar roupas que as cobrissem o máximo

possível, enquanto para os homens as vestimentas valorizavam e mostravam demasiadamente seu porte atlético. As esposas deveriam ser devotadas e fiéis aos maridos, sendo o adultério crime passível de morte para o amante.

Entretanto cabe aqui ressaltarmos que o estupro não era punido com tal severidade, sendo considerada ofensa apenas à vítima. Também a mitologia grega era envolta por histórias de relações sexuais violentas entre deuses e mulheres, ou sobre virgens que eram violadas pelos mesmos.

Houve considerável atenção da literatura romana em relação a sexualidade, e os romanos também produziram grande número de manuais de sexualidade, em que aconselhavam as pessoas sobre como obter máximo de prazer sexual. A maioria valorizava o prazer feminino e incentivava os homens para que se esforçassem e levassem as mulheres a ter orgasmos.

Nessa civilização as mulheres sofriam menos controle de sua vida social, sinal de que o patriarcado não era tão resoluto nessa sociedade.

O casamento tinha papel importante economicamente e também concentrava sua principal função na reprodução humana, mas havia uma moral rigorosa que impunha o monopólio do prazer aos casados, entretanto não deixava claro, quais prazeres eram admitidos ou não.

[...] as relações sexuais só poderiam ocorrer legitimamente se tivessem essa procriação como objetivo; quanto aquelas que só tem como finalidade o prazer, elas são “injustas e contrarias à lei, mesmo quando ocorrem no casamento”. (FOUCAULT, 2007, p. 179-180).

A prostituição era vista como algo necessário para manter a fidelidades das mulheres casadas evitando o adultério e possibilitando ao homem que obtivesse prazer, quando não conseguia com sua mulher respeitável.

Os romanos mantinham na mais alta conta um grupo de virgens, destinadas a serem sacerdotisas e se estas violassem a virgindade, eram condenadas à morte.

O império Persa se desenvolveu também no período clássico e no que tange a cultura sexual, poucos registros foram encontrados limitando assim os estudos acerca das práticas sexuais dessa civilização. O conhecimento, a respeito das atividades sexuais persas são provenientes de fontes gregas e dão conta de que o imperador possuía muitas concubinas e que existia um enfoque do sexo para procriação, sendo o aborto um crime de assassinato.

Ao que parece a Pérsia recebeu muitas influências relativas à sexualidade tanto de egípcios, quanto de indianos e gregos.

Os indianos ao que parece deram enfoque ao sexo mais voltado ao prazer, haja vista que um dos livros mais famoso escrito por um indiano foi o Kama Sutra, que nada mais é que um manual de práticas sexuais destinadas ao prazer foi escrito por volta do século II (era comum).

O costume indiano em relação aos recém casados era de que os mesmos consumassem a relação sexual após a quarta noite, para que estivessem mais familiarizados, um com o outro. As mulheres se casavam muito cedo entre 12 e 16 anos.

Também nessa civilização a virgindade era extremamente valorizada e a mulher destinada ao casamento; os divórcios eram muito raros.

Os homens das camadas mais abastadas da população mantinham em seus palácios prostitutas que eram consideradas mulheres importantes e poderosas, porém se flagradas com homens casados poderiam ser castigadas com a morte.

Desde as civilizações agrícolas a virgindade e a relação entre a sexualidade voltada a reprodução perpassaram, de algum modo, todas as civilizações da antiguidade ao período clássico, estando a organização de gênero patriarcal também presente nesses dois períodos e formas de civilizações.