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CAPÍTULO 1 MARCO TEÓRICO

1.2. PARADOXO DA PRODUTIVIDADE

1.2.1 A tese de Robert Solow

Os autores da “Nova Economia” declararam num tom imperativo: ou as empresas aderem a ela ou sucumbem. Essa morte anunciada, foi corroborada pela corrente da “Velha Economia” (PORTER, 2001). Devido à própria evolução tecnológica ou por influência da nova moda, observou-se a adoção em massa de projetos de TI nas organizações, gerando altos investimentos, notadamente na década de 90.

14 Por exemplo: um processo de compra envolve atividades desempenhadas nas áreas de Compras,

Financeira, etc.

Esses valores investidos foram mal aplicados em alguns casos, pois desconsideraram um adequado planejamento de recursos. Por conta de problemas observados na obtenção de retorno, surgiu uma polêmica quanto ao montante ideal desses investimentos.

O quanto uma empresa deve investir em TI depende, claramente, de sua estratégia, do mercado (ou nicho) em que ela atua, dos competidores, da turbulência do ambiente, de seu perfil tecnológico, do nível de diferenciação pretendido e do grau de integração vertical da empresa. (GRAEML, 2003, p.60).

Outro grande problema revelou-se a seguir: os altos investimentos requeridos pelos projetos de TI geram retornos de difícil mensuração e que nem sempre são auferidos num curto prazo. Ilustrando essa problemática, Robert Solow, prêmio Nobel de Economia, afirmou em tom veemente: “Vê-se computadores em toda parte, menos nas estatísticas de produtividade”.

Essa frase fez surgir a expressão “Paradoxo de Solow” ou “Paradoxo da Produtividade”16e proliferar uma extensa corrente de pesquisas desde a década de 80

até os dias atuais. (BRYNJOLFSSON; YANG, 1996; BRYNJOLFSSON; HITT, 2003; DEDRICK; GURBAXANI; KRAEMER, 2002; GORDON, 2003; GUROVITZ, 2003; STRASSMANN, 1997, 1999; TEIXEIRA, 1999; WAINER, 2002).

Apesar de não serem consensuais, nem definitivas, alguns autores (TEIXEIRA, 1999; WAINER, 2002) apresentam categorias explicativas para o Paradoxo: macro- econômica, inter-organizacional, organizacional, gerencial e relativas a programas. Do ponto de vista macro-econômico, são questionados erros de mensuração e desprezo aos resultados qualitativos de difícil aferição, especialmente no setor de serviços. Também pode-se destacar o desprezo a variáveis macroeconômicas que impactam no aumento da produção e da produtividade, bem como o tempo necessário para a difusão de inovações tecnológicas básicas e a obtenção de seus retornos.

16 Apesar de alguns autores destacarem que Solow não foi o primeiro a levantar essa polêmica, Wainer

Analisando-se as indústrias17, ou seja, no âmbito inter-organizacional, as explicações

centram-se na função da TI como instrumento de obtenção de vantagem competitiva, não necessariamente algo que traga ganhos de produtividade.

Grande parte das pesquisas centra-se na vertente organizacional, alegando que falta uma abordagem microeconômica, que considere diferenças de desempenho das firmas em função de práticas de gestão empresarial e competitividade. Nesse aspecto, destaca-se o trabalho de Brynjolfsson (BRYNJOLFSSON; YANG, 1996; BRYNJOLFSSON; HITT, 2003), pesquisador do MIT.

Já as explicações gerenciais estão focadas nos custos visíveis e invisíveis da TI, que muitas vezes são tão altos que reduzem o impacto no aumento da produtividade. Um grande defensor dessa corrente é o consultor de empresas Strassmann (1997, 1999). Com menor representatividade nas pesquisas do tema, há também o ponto de vista dos

programas, que alegam a perda de produtividade que os trabalhadores experimentam

quando têm que lidar com sistemas pouco amigáveis ou desenvolvidos por pessoas que não conhecem seus processos de trabalho.

Devido ao foco deste estudo ser na área organizacional, essa abordagem será mais explorada. Por exemplo,

As abordagens econométricas baseadas na função de produção da tradição neoclássica mostram-se insuficientes para explicar o Paradoxo de Solow. [...] ganha importância a difusão de inovações gerenciais e organizacionais, em paralelo à difusão das inovações tecnológicas. (TEIXEIRA, 1999, p.23).

Concordando com essa abordagem, Moschetta (1999) afirma que é impróprio medir o impacto da TI nos negócios focando apenas em métricas financeiras. É necessário investigar aspectos intangíveis e influência de ambiente macroeconômico e natureza da competição. Wainer (2002) também aborda essa vertente.

17 A expressão indústria será utilizada em diversos pontos deste texto para designar setor ou ramo de

Alguns autores e algumas pesquisas empíricas parecem indicar que TI por si não é uma tecnologia que possa gerar diretamente ganhos de produtividade, mas que ela é útil na medida que propicia outras transformações dentro da empresa, principalmente transformações nos processos de negócios e nas estruturas hierárquicas. (WAINER, 2002).

Weill, Broadbent e St. Clair (1996) defendem que a organização que investe em TI espera alcançar quatro objetivos: estratégico, informacional, transacional e infra- estrutural. Segundo eles, esses objetivos podem ser hierarquizados numa pirâmide, conforme figura abaixo:

Figura 5 - Objetivos gerenciais para a TI

Fonte: Weill, Broadbent e St. Clair (1996, p. 364).

Os autores concluem que a infra-estrutura de TI é um aspecto crítico para desenvolver sua capacidade, mas o fator-chave é o contexto estratégico da firma e a concorrência dentro de sua indústria. Segundo eles, os investimentos infra-estruturais devem estar ligados à habilidade das organizações na busca do Alinhamento Estratégico.

Ainda sobre esse tema, Parker e Benson citados por Graeml (2003) desenvolveram técnicas de ponderação, considerando que o valor agregado pela TI enquadra-se em uma ou mais das seguintes classes, onde apenas a primeira torna suficientes os indicadores financeiros: Retorno do investimento; Alinhamento estratégico [grifos nossos]; Vantagem competitiva; Informações gerenciais; Resposta competitiva; Arquitetura estratégica.