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A TURMA E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

CAPÍTULO II: PRÁTICA PROFISSIONAL NO 1.º CICLO DO ENSINO

3. A TURMA E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

3.1. População escolar, intervenientes e intencionalidades educativas

A caraterização da Turma em que estagiei, foi feita com base nos dados fornecidos pela professora titular da turma e outros observados ao longo da prática educativa.

A Turma do 1.º ano de escolaridade, em que estagiei, era constituída por 20 alunos/as, sendo 14 do sexo masculino e 6 do sexo feminino (ver anexo II). A média da idade dos/as alunos/as, era de seis anos e todos/as os/as alunos/as, à exceção de um, frequentaram o jardim-de-infância.

Relativamente ao nível sociocultural, pode dizer-se que os/as alunos/as eram predominantemente provenientes de famílias de nível médio-alto, sendo que 61% dos pais tiveram acesso ao Ensino Superior e que apenas 31% deles detém um nível de escolaridade inferior ao da média da turma, como se pode verificar no gráfico “Habilitações literárias dos pais dos/as alunos/as” (ver anexo III). No que toca a atividades extracurriculares os/as alunos/as têm como oferta educativa: Atividade Físico-desportiva, Música, Expressão Plástica e Inglês (ver anexo IV).

Quanto às suas caraterísticas, tendo em conta que eram crianças do 1.º ano de escolaridade, eram comuns a outras desta idade, tais como: serem ativas, curiosas, empenhadas, irrequietas, pouco autónomas, teimosas, entre outras. Por estas razões, uma das maiores dificuldades da turma, era em saber-estar na sala de aula. Os ritmos de trabalho, os níveis de desempenho e a responsabilidade deste grupo eram diferentes.

Na turma, destacam-se sete alunos/as com dificuldades de aprendizagem. Cinco destes/as alunos/as, apresentavam dificuldades ao nível da aprendizagem da escrita e da leitura, devido à falta de atenção, que se revelava na falta de confiança em expressar e participar nas tarefas. Por esta razão, beneficiavam de um Projeto Educativo Individual (PEI), para que pudessem ter uma aprendizagem positiva e evolutiva, adequada às suas necessidades.

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Ao longo da fase de observação, pude compreender quais os princípios, pelos quais a professora regia as suas aulas. Deste modo, o seu objetivo principal, com as tarefas que explorou nas aulas, foi fomentar uma aprendizagem paritária para todos/as os/as alunos/as, indo ao encontro das suas dificuldades. Assim, citando o Perfil específico de desempenho profissional do 1.ºCEB (Decreto-Lei n.º 241/2001 de 30 de agosto),

O educador organiza, desenvolve e avalia o processo de ensino com base na análise de cada situação concreta, tendo em conta, nomeadamente, a diversidade de conhecimentos, de capacidades e de experiências com que cada aluno inicia ou prossegue as aprendizagens.

No que respeita a alunos/as com NEE, a professora cooperante segue um plano de reforço e competências, Currículo Específico Individual (CEI). Nele são definidos os conteúdos e competências específicas a desenvolver com este/a aluno/a, estipulando assim um prazo de tempo para cada aprendizagem.

3.2.Organização das experiências educativas na sala de aula

A organização das experiências educativas na sala de aula, está diretamente dependente da metodologia da professora titular da turma e da sua relação com os/as alunos/as. Deste modo, a professora precisa de gerir bem as seguintes dimensões: a organização do espaço psicopedagógico, as situações de aprendizagem, a avaliação, a comunicação e as relações interpessoais e, a relação com a família, para desenvolver nos/as alunos/as a aprendizagem (Oliveira-Formosinho, 2007).

Assim sendo, apoiando-me uma vez mais, nos conhecimentos observados sobre a didática da professora titular, é possível afirmar que a organização da sala era feita por filas (ver anexo V). Esta disposição da turma na sala, permitia à professora, acompanhar melhor as situações de aprendizagem que os/as alunos/as estavam envolvidos/as, analisando os seus comportamentos e intervindo, sempre que necessário. A disposição espacial dos/as alunos/as é uma das variáveis do contexto educativo que exerce mais influência no comportamento dos/as alunos/as (Ferreira &

57 Santos, 2007). Por sua vez, esta posição constituiu uma estratégia para a professora, no controle do comportamento da turma.

A gestão do tempo foi um cuidado constante da professora nas aulas, através do estabelecimento de rotinas diárias, que eram sempre realizadas pelos/as alunos/as da turma. De manhã, eram praticadas as seguintes tarefas: a escrita da data no quadro; a marcação do dia da semana, do mês e da estação do ano nos cartazes; a distribuição aos/às alunos/as dos cartões com os seus nomes, dos dossiers e/ou das fichas de trabalho e do lanche. Ainda no período da manhã, a professora em conjunto com os/as alunos/as, cantava a música dos “Sete dias da semana”, que marcava, muitas vezes, o início da aula. De tarde, era feita a recolha dos materiais dos/as alunos/as e a distribuição do lanche. Apenas à segunda-feira, a professora iniciava a aula com a “hora das novidades”, em que era dado aos/às alunos, 5 a 10 minutos, para contarem as suas peripécias do fim-de-semana. Para cronometrar o tempo de concretização das tarefas, a professora utilizava um cronómetro de cozinha e, mais tarde, começou a indicar o tempo através do relógio da sala. Estas rotinas possibilitavam aos/às alunos/as desenvolver a autonomia e a responsabilidade, e fomentar, uma vez mais, as regras na sala de aula, como já referido, essenciais a esta turma.

Em relação às situações de aprendizagem, a professora titular privilegiava a aprendizagem dedutiva. Em primeiro lugar, expunha a matéria, depois fazia a avaliação dos conhecimentos aprendidos. A participação dos/as alunos/as era, maioritariamente, individual.

A avaliação realizada nas aulas era formativa, com a finalidade de regular de forma contínua as aprendizagens dos/as alunos/as (Ferreira & Santos, 2007). Foi implementada pela correção às respostas dos/as alunos/as nos trabalhos individuais (fichas de trabalho, trabalho de casa, entre outras). A avaliação sumativa também foi praticada nas aulas da professora titular da turma, pela realização das fichas de avaliação, para as três áreas curriculares, no final de cada período letivo.

A comunicação e as relações interpessoais eram realizadas entre a professora e os/as alunos/as e entre alunos/as. A relação era positiva, baseada nos valores, como o respeito, a confiança e a partilha. Notei que a professora preocupava-se com o bem-

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estar dos/as alunos/as, dentro e fora da escola, questionando-os/as sempre que se passava algo com eles/as.

A participação da família na Escola foi uma presença constante, nomeadamente em duas situações, na reunião semanal, com professora cooperante, e na organização de atividades, da sua inteira responsabilidade, com o objetivo de juntar toda a comunidade escolar.