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A UFSC E A POLÍTICA INSTITUCIONAL DE INCLUSÃO

de presidente do Núcleo de Acessibilidade (UFSC, 2012a) e o outro atua como coordenador do CAAP (UFSC, 2012d). Um gestor é servidor docente e o outro é servidor técnico administrativo em educação.

É valido observar, também, que a grande maioria dos coordenadores passou a ocupar o cargo de coordenação, a partir de agosto de 2012, já que foram designados pela Reitora que iniciou seu mandato em maio de 2012 (UFSC, 2012e), o mesmo ocorrendo com os entrevistados que atuam como gestores.

5.2 A UFSC E A POLÍTICA INSTITUCIONAL DE INCLUSÃO EDUCACIONAL

As quatro primeiras questões propostas aos entrevistados, diziam respeito à UFSC e a Política Institucional de Inclusão educacional. Estas questões objetivaram investigar as concepções do entrevistado sobre Universidade Pública e Inclusão Educacional e, mais especificamente, de que forma o entrevistado percebe o processo de desenvolvimento da inclusão educacional, no espaço da UFSC.

Frente à primeira questão: O que o (a) senhor (a) entende por universidade pública?, foi possível observar que, três dos seis entrevistados, relacionaram, imediatamente, o caráter público da universidade, ao fato da mesma ser mantida por meio de recursos públicos, vinculando essa forma de financiamento à obrigatoriedade de haver um retorno, por parte da universidade, à sociedade que a mantém. Destaco a fala do entrevistado C2:

Universidade pública é uma universidade, uma instituição de ensino que tem seus custos pagos pela sociedade e que tem o dever de retornar esse investimento pra própria sociedade.

Embora nem todos os entrevistados tenham feito menção à origem dos recursos que mantém a universidade pública, todos foram unânimes em afirmar que ela deveria ser acessível a toda a sociedade, indistintamente. Esta compreensão ficou perceptível no relato do entrevistado G2:

Universidade pública é uma das possibilidades de acesso ao conhecimento e a um aprofundamento dos conhecimentos, que deve atender a população, de forma universal.

Falas como esta, desvelam a importante percepção, por parte dos entrevistados, de que a educação é um direito do cidadão e que a universidade, enquanto bem público, tem a função social de garantir esse direito. De acordo com Santos (2005, p. 86), a especificidade da universidade, enquanto bem público, reside em “ser ela que liga o presente ao médio e longo prazo pelos conhecimentos e formação que produz e pelo espaço público privilegiado de discussão aberta e crítica que constitui”.

Além de colocarem como característica da universidade pública, a acessibilidade a toda a sociedade, houve, também, referência à necessidade de que a universidade se preocupe não só com o acesso, mas também, com a permanência de seus alunos.

[...] uma universidade que possibilite o ingresso de todos, falando em questão social, sócio - econômica, aliás. [...] a gente poderia pensar também na acessibilidade, para que todos possam ingressar na universidade [...] às vezes, as pessoas

têm dificuldades para se enquadrar naquele sistema de avaliação que é o vestibular. E, ao mesmo tempo, quando passa, então ingressa na universidade, que ela possa ser recebida, possa frequentar as aulas, como um outro estudante, como os demais. Só que daí, a universidade tem que possibilitar alguns acessos, algum serviço para que auxilie na permanência (C1).

Ao expressar que a universidade, apesar de ser um bem público, tem seu acesso dificultado pelo vestibular e, que, além disso, outras barreiras se impõem à permanência de alguns estudantes, que conseguem superar o desafio do vestibular, este entrevistado explicitou sua percepção a respeito da contradição que permeia a universidade. A universidade implementa ações com a finalidade de possibilitar o acesso dos estudantes com NEE aos cursos de graduação, mas, ao mesmo tempo, não desenvolve ações que possibilitem a estes estudantes o efetivo acesso ao conhecimento acadêmico.

Importante salientar, que os serviços que precisam ser oferecidos para auxiliar a permanência dos estudantes com NEE na universidade, conforme indica o entrevistado C1, não se referem somente à eliminação de barreiras físicas, mas também à eliminação de barreiras pedagógicas, comunicacionais e atitudinais (BRASIL, 1988).

Este outro relato também exemplifica a compreensão dos entrevistados em relação ao compromisso social que a universidade pública deveria ter, atendendo às demandas da sociedade e, tendo assim, suas ações por ela legitimadas. Isto nem sempre ocorre, já que a universidade pública está, ao mesmo tempo, comprometida com os interesses, por vezes divergentes, da sociedade e do Estado:

[...] a universidade pública é uma instituição, basicamente, de formação na educação superior e que, se ela é pública, ela é mantida com recurso público e ela deveria estar voltada para todo público, para toda população, que a ela devia ter acesso (G1).

Fez-se evidente, por meio das respostas obtidas, que os entrevistados, corroborando com os pressupostos teóricos de Santos (2005), entendem que, para que a universidade pública seja legitimada pela sociedade, é necessário que ela cumpra sua missão social,

comprometendo-se com os interesses da sociedade e não com os interesses mercadológicos, impostos por uma política estatal neoliberal.

A universidade, enquanto instituição social, aspira à universalidade, portanto deve garantir a democratização do ensino, já que a educação, mais que um interesse ou uma necessidade, é um direito geral e universal, por ser reconhecido por todos e por ser de todos (CHAUÍ, 2011) .

Com relação à possibilidade que a universidade pública tem de contribuir para a inclusão social, foi possível verificar que todos os entrevistados acreditam que a universidade é um espaço onde a inclusão social tem possibilidade de se efetivar. Nesse sentido, todos os entrevistados reconheceram que a universidade pública é, potencialmente, um espaço de inclusão social. Destaco a seguinte fala,

Inclusão social? [...] Eu acredito que sim, porque a universidade tem, dentro de seus princípios, pelo menos deveria ter, esse tripé de ensino, pesquisa e extensão e ela deveria estar aberta e, acho que está, através de alguns projetos e de alguns programas e eventos, em que ela, realmente, pode ser um espaço de inclusão social (G1).

Contudo, é importante ressaltar, que embora, a totalidade dos entrevistados entenda que a universidade deva contribuir para a inclusão social, todos eles afirmam que essa contribuição ainda está em processo de construção e que muito ainda deve ser feito.

Exemplifico, por meio dos seguintes relatos:

Considero que a universidade pública contribui sim, para a inclusão social, de várias formas, embora eu ache que a universidade ainda tem muito a avançar nesse caminho, acho que ainda tem que fazer muito mais, no sentido, principalmente, de ampliar as ações e o conhecimento que é desenvolvido aqui, para as pessoas que não estão aqui dentro. Acho que, as pesquisas, os estudos que são feitos aqui, que eles precisam avançar, no sentido de beneficiar a sociedade, com todo conhecimento que é produzido aqui dentro, mas acho que já beneficia, no sentido que o conhecimento que é produzido aqui, mesmo que, por vias muito indiretas e

lentas, acaba chegando e retornando à sociedade, de algum modo. Acho que a gente precisa melhorar, ainda (G2).

[...] pela missão da universidade federal, sim. Mas, quando a gente vê, no dia a dia, a gente acha que há entraves nesse processo, nessa possibilidade que é para todos e tudo (C1).

Interessante observar que, ao serem convidados a discorrer sobre inclusão social, não houve consenso entre os entrevistados, sendo que 67% compreendem que a inclusão social, na Universidade, efetiva-se a partir da socialização do conhecimento por ela produzido, à sociedade como um todo, enquanto 33%, identificam a efetivação da inclusão social com a capacidade da Universidade de efetivar a inclusão educacional, por meio de implementação de políticas públicas de ações afirmativas.

Destaco, então, um dos relatos que atribuem, às ações afirmativas, a efetivação da inclusão social:

Eu acredito que, nos últimos anos, a gente tem tido, assim, algumas iniciativas, mesmo que tímidas, de toda a sociedade pra essa inclusão social e as universidades públicas fazem parte desse esforço de toda a sociedade para se ter, assim, uma inclusão social, mais abrangente. Eu citaria, por exemplo, os programas de cotas das universidades, eu citaria os programas de cooperação internacional com o Haiti, por exemplo, que não seria uma inclusão interna, mas seria, assim, uma ação de solidariedade, de uma inclusão até internacional (C2).

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, C3 afirma que a universidade pública contribui para a inclusão social, “no momento em que uma pessoa possa galgar passos na sociedade, elevando o nível socioeconômico da família” e que, “para as pessoas cursarem, se põem políticas, como a das bolsas permanência”.

Uma escuta atenta a estas colocações, leva à constatação de que o termo inclusão vem sendo compreendido como forma utilizada pela sociedade, para absorver, sem maiores questionamentos, aquele sujeito que ela mesma excluiu, por meio de um sistema político e econômico

cruel, promotor de enorme desigualdade. A mesma sociedade que foi responsável pela segregação, agora, sem maiores questionamentos ou reflexões, pratica a inclusão, a seu modo, segundo suas próprias regras, sem alterar, em nada o contexto social, que permanece excludente (MARTINS, 1997).

De acordo com Rossetto (2009), estas políticas focais, destinadas a grupos específicos, têm benefícios de caráter temporário e não tem se mostrado suficientes para garantir a participação e a equiparação de oportunidades.

É importante, também, observar que nenhum dos entrevistados fez qualquer menção ao motivo pelo qual essas pessoas constituem-se sujeitos das políticas de inclusão. Tampouco, falaram sobre qual a corrente ideológica que direciona estas ações educacionais, que não têm se mostrado capazes de contribuir para que a universidade pública se configure, na sua essência, um meio de inclusão social.

Compreender o conceito de inclusão social implica, necessariamente, debruçar-se sobre o conceito de exclusão social, pois de acordo com Sawaia (2001), embora estes termos, no senso comum, sejam considerados opostos, na verdade, coexistem, de forma indissociável, na relação que estabelecem, objetivando-se reciprocamente. O autor afirma ainda, ser necessário romper com os consensos que consideram a condição de exclusão como um conceito homogêneo e estático, que se origina de uma falha do sistema, já que a exclusão não se apresenta de uma única forma e se constitui, não como falha, mas como produto do sistema.

Com relação à inclusão educacional, embora todos os entrevistados tenham sido informados, no início da entrevista, que o objetivo desta pesquisa é compreender como a política institucional da UFSC desenvolve ações voltadas à inclusão educacional para o atendimento das Necessidades Educacionais Especiais de estudantes com Transtorno Específico de Aprendizagem, dois deles não fizeram qualquer menção sobre alunos que apresentam NEE. Associaram a inclusão educacional, somente ao acesso de estudantes carentes, em relação às condições socioeconômicas e culturais ou distantes geograficamente, indicando as políticas de ações afirmativas, como responsáveis pela concretização da inclusão educacional.

Eu entendo que seria a inclusão educacional das pessoas que não teriam condições financeiras, ou mesmo sendo gratuito, tem as dificuldades de se manter, às vezes precisa trabalhar, por isso uma das coisas, dos projetos, dos programas criados é a bolsa permanência11, que, a princípio era para ter um lado laboral, que tem que trabalhar, mas agora está se discutindo que não, que tem só que estudar, mas aí, tem que ter a contrapartida dos alunos, que deveriam não ter frequência insuficiente, deveriam ter frequência suficiente e ter aprovação. Então tem esse lado de ajuda, mas está sendo discutido no conselho universitário (C3).

Inclusão educacional, eu acredito ser uma forma de nós transmitirmos conhecimento pras parcelas da população que ficam mais afastadas, por uma questão cultural, por uma questão socioeconômica, ou até por uma questão geográfica desse conhecimento que a sociedade gera. [...] Eu acho que, teoricamente, a gente tem as várias políticas positivas, políticas de inclusão social, na facilitação, na facilitação não diria, mas na forma como a gente busca levar o acesso à Universidade até essas populações sócio economicamente mais desfavorecidas no acesso, no apoio pra que eles se mantenham aqui na Universidade através dos programas de bolsa permanência, por exemplo, e também, no apoio pedagógico que esses alunos necessitam [...] (C2).

Ao perceber o enfoque que estava sendo dado, frente à questão colocada, reformulei a pergunta, focando diretamente na questão da inclusão dos estudantes com TEA. Então, diante das respostas dadas a esta nova pergunta, ficou evidente que os mesmos não se sentem à

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Conforme Resolução Normativa nº32/CUn (UFSC, 2013d), de 27 de agosto de 2013, a bolsa permanência passa-se a chamar Bolsa Estudantil – UFSC e para ser contemplado com a bolsa, o estudante deve ter tido, pelo menos 50% de aprovação e 7% de frequência nos créditos cursados nos dois semestres anteriores. Passa a não haver exigência de que o estudante exerça atividade laboral na UFSC.

vontade para discorrerem sobre esta questão. O relato, que segue, demonstra isto, de forma bastante clara:

Eu vejo mais pelo lado econômico, esse pessoal que você citou com transtorno, eu não estou preparado acho que nenhum professor do departamento ou mesmo, eu estou falando, a grosso modo, da UFSC, não está preparado pra lidar com essas pessoas (C3).

Por meio da apreciação cuidadosa das falas sobre o tema inclusão educacional, constatei, também, não haver clareza, por parte dos entrevistados, a respeito da diferença entre inclusão social e inclusão educacional, talvez porque o termo inclusão social, conforme a literatura investigada, seja bastante abrangente, sendo utilizado em diferentes situações e contextos, em referência a questões sociais variadas.

De modo geral, o termo inclusão social refere-se à inserção de pessoas que não tem as mesmas oportunidades dentro da sociedade, por motivos como, condições socioeconômicas, deficiência, gênero, raça, entre outros. De fato, a inclusão educacional corrobora a inclusão social, ou seja, a inclusão social abrange a inserção de vários grupos sociais à sociedade, entre estes grupos estão o grupo de pessoas com NEE, mas os dois termos não são sinônimos, um do outro (BUENO, 2008).

De acordo com Bueno (2008), as atuais políticas de inclusão tem se mostrado insuficientes, por se configurarem ações de cunho paternalista e assistencialista. A pertinência desta afirmação fica evidenciada, no momento em que os entrevistados referem-se às políticas afirmativas voltadas à permanência do estudante na universidade, nominando-as como facilitação ou ajuda.

Por outro lado, também é necessário colocar que inclusão educacional, de estudantes com NEE, não pode ser confundida com a simples ação de integrar socialmente, no ambiente educacional. Sendo assim, considero pertinente evidenciar a compreensão de alguns dos entrevistados, a respeito de inclusão educacional:

[...] quando a gente fala em inclusão escolar, claro, que ela está dentro da inclusão social, mas de um outro ponto de vista, ela está além, porque, nós, como educadores, a gente não pode pensar que os alunos que chegam, sejam lá na educação básica ou na educação superior, a gente tem que ir além da inclusão social, além da acessibilidade,

do ponto de vista social. Claro, que a universidade, como uma escola, uma instituição educacional, no meu entendimento, ela é um espaço de inclusão social, mas ela não pode ser só isso, né, ela tem que ser um espaço de aprendizagem também, porque inclusão social pode ter em diferentes instituições, não precisa ser, necessariamente, aqui (G1).

Inclusão educacional, na minha visão, é uma possibilidade de oferecer a todos os estudantes a mesma oportunidade de ensino, a mesma oportunidade de aprendizagem, dar a todos, condições de ter o mesmo aprendizado (G2). Eu entendo como sendo pessoas que têm dificuldades, algumas dificuldades, diferentes da maioria e que teriam que ter oportunidade de avançar ou de diminuir essas dificuldades (C4).

Cabe, então, salientar que, para que se assegure o caráter inclusivo aos processos educativos, é necessário que, além de garantir o acesso à universidade, a todos, indistintamente, sejam dadas condições para que todos participem, efetivamente, de todos os espaços educacionais e de todos os saberes neles constituídos.

Acredito, ainda, ser pertinente observar que a discussão sobre inclusão, seja ela social ou educacional, exige uma análise cuidadosa que identifique qual é a ideologia política que permeia a definição de estratégias para sua implementação, verificando a quem interessa reduzir as inúmeras injustiças sociais que provocam a exclusão do sujeito a algo que pode ser solucionado por uma política pública de inclusão escolar, a chamada educação inclusiva.

O mito de que o sistema educativo é, potencialmente propenso a assegurar a conciliação e a maximizar a satisfação dos interesses, tende, assim, a conduzir à exaltação de uma ideologia neoliberal onde o respeito pela diferença se articula com uma lógica de responsabilização individual e se sustenta numa nova ideologia meritocrática, onde, por sua vez, o sofrimento dos excluídos tende a dissociar-se da problemática da injustiça social, para se pensar como uma

manifestação da incompetência dos que são vítimas desses sofrimentos (BIANCHETTI; CORREIA, 2011, p.21).

Já, em relação à existência e efetivação de política institucional, voltada para estudante com transtornos ou em condição de deficiência, nenhum dos participantes das entrevistas afirmou que esta política já se encontra completamente constituída, na UFSC. Entretanto, relatos, como os que seguem, demonstram que alguns entrevistados reconhecem que tentativas estejam sendo feitas, neste sentido.

Olha, na minha opinião, ela não tem ainda, né, ela ta se constituindo. Acho que, ao longo de muito tempo, mas, assim, nesse momento, eu vejo, que tem um grupo discutindo isso e que está sendo proposto. Ela não tem ainda. Não dá pra dizer que existe uma política constituída, constituída não, ela está em processo (G1).

Essas percepções soam bastante pertinentes, se for considerado que a construção de uma universidade, que baseie suas ações num perspectiva inclusiva, é um grande desafio, que envolve longo e intenso processo de mudança. Este desafio deve ser enfrentado coletivamente, pois exige a desestabilização de padrões outrora constituídos e a conscientização de que a sociedade é permeada pela diversidade, que deve ser respeitada e valorizada (MOREIRA, 2008).

Um dos entrevistados, no entanto, reconheceu como efetivação prática da política de inclusão na UFSC, a criação do Núcleo de Acessibilidade (UFSC, 2012a). Porém, declarou desconhecer o teor da lei que o criou e, também, se o Núcleo acompanhava algum estudante com TEA, matriculado no curso, no qual ele atua como coordenador. Importante observar, que este entrevistado relatou não ter sido informado sobre a extinção do Núcleo de Acessibilidade (UFSC, 2012a) ou a respeito da criação da Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (UFSC, 2013a). Tampouco tinha conhecimento que, em decorrência destas mudanças, os estudantes, que apresentam qualquer tipo de transtorno de aprendizagem, bem como os coordenadores de curso, onde estes alunos estão matriculados, passaram a ser atendidos pelo CAAP, conforme indicado como objetivos específicos, nas Diretrizes do Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes de Graduação (UFSC, 2013b, p.11),

 Desenvolver ações de apoio pedagógico para estudantes com necessidades especiais e/outras necessidades específicas para que possam desenvolver suas atividades acadêmicas com qualidade; e,

 Criação de espaços de interlocução coletiva ou individualizada com os coordenadores de curso, de modo que estes possam auxiliar a Coordenação do PIAPE (Programa Institucional de Apoio Pedagógico Institucional) na avaliação da efetividade do Programa junto aos estudantes e professores, sugerindo ações e/ou novos delineamentos, se necessário.

Este desconhecimento sobre a forma como vem sendo gerida a política institucional de inclusão na UFSC denota uma falha na comunicação entre os gestores e os usuários dos serviços orientados por essa política que acaba por gerar insegurança, em relação ao procedimento adequado junto a um estudante com NEE. A fala, a seguir, constitui-se em um exemplo, bem claro, das dúvidas que acometem os coordenadores, quando se deparam com um estudante que apresenta necessidades educacionais, diferentes dos demais:

[...] o ex-coordenador, recebeu esse estudante, solicitaram para ele disponibilizar alguém, ou atendimento especial, mas não temos formação para fazer esse atendimento especial, não sei, não sabemos como lidar com esse tipo de transtorno (C3).

Frente a esse relato, questionei se o entrevistado tinha algum conhecimento sobre uma política institucional que pudesse, na prática, auxiliá-lo no processo de inclusão educacional deste estudante. Ao meu questionamento, seguiu-se a seguinte resposta:

Não, inclusive, até o ex-coordenador falou assim, ah, falaram pro aluno, que tivesse, assim, como chama? Um apoio, assim, que chamasse todos os professores nas disciplinas na qual ela se matriculou, teriam que disponibilizar um apoio, mas aí, a gente não tem nem base legal pra isso, nem conhecimento técnico para fazer isso. Então,

não é uma coisa fácil, é complicado lidar com esse tipo de problema. O ex-coordenador mandou um e-mail pedindo essa solicitação por escrito, pra