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A utilização dos mapas para o ensino

No documento Geografia e educação I (páginas 42-44)

1. Alfabetização cartográfica

1.3. A utilização dos mapas para o ensino

A subutilização dos mapas para o ensino é algo comum, isso se explica por diversos fatores que vão desde a falta de habilidades do professor, má qualidade de produtos cartográficos, falta de condições materiais (ausência de locais para exposição, ausência de mapas em escalas variadas ou não atualizadas, dificuldade em seu acesso), a não com- preensão da importância da sua utilização, entre outros.

De acordo com Almeida & Passini (2002,), ler mapas significa do- minar esse sistema semiótico, essa linguagem cartográfica. Preparar o aluno para essa leitura deve passar por preocupações metodológicas tão sérias quanto a ensinar a ler e a escrever, contar e fazer cálculos matemáticos.

Em Geografia, representar espaço é de fundamental importância para sua compreensão. A representação deve acompanhar a constru- ção do que é o espaço: como se apresenta hoje, o que foi no passado e quais as projeções para o futuro.

Nesse processo de representação, várias etapas devem ser segui- das para que haja apreensão desse conhecimento. Por isso, inicial- mente devemos representar o espaço vivenciado e percorrido através de maquetes com caixas de diversos tamanhos e cores, sem preocu- pação com a escala.

Após a vivência do tridimensional, devemos representar os espa- ços planificados, gradualmente, e introduzir a escala, utilizando a pró- pria criança para mostrar o significado de uma redução. Por último, in- terpretamos o mapeamento do espaço com seus símbolos e legendas, desde a mais detalhada planta até o mapa geral e global.

Ao se trabalhar com a simbologia dos mapas, deve-se respeitar o desenvolvimento cognitivo da criança, os estágios e evolução das estruturas para a percepção das relações espaciais, a representação mental e a evolução do desenho infantil para a expressão gráfica de um determinado conteúdo espacial.

Na criança, a construção da função simbólica inicia-se por volta dos dois anos de idade, quando começa a substituir uma ação ou objeto por símbolos, imagens e palavras. É nessa fase que se inicia o exercício de lateralidade corporal, ou seja, o desenvolvimento das no- ções de localização e orientação como leste-oeste e norte-sul.

Torna-se fundamental que o aluno aprenda a ler e interpretar as representações cartográficas, pois estas são instrumentos básicos do trabalho geográfico e servem para ilustrar, comprovar, complementar e enriquecer o conteúdo do texto escrito, facilitando a compreensão de conteúdos estudados e do espaço geográfico.

Em cartografia, a figura cartográfica (mapas, cartas, cartogramas ou plantas) tem uma função prática e serve como instrumento de co-

nhecimento, domínio e controle de um território. Assim, símbolos e signos representados nos mapas denotam situações, fatos e dados nem sempre claramente expressos e muitas vezes de difícil mensura- ção. Por isso, devemos utilizar uma simbologia básica que vise facilitar a leitura e interpretação das informações trabalhadas.

Para se escolher um bom mapa, deve-se levar em conta a legibili- dade, simplicidade e utilidade do conteúdo ou dos dados, sem deixar de transmitir a mensagem de maneira clara, rápida e efetiva. Os recep- tores dessa mensagem, quando emitida em sala de aula, são crianças e adolescentes em vários estágios de desenvolvimento intelectual.

Segundo Castrogiovani (1999), para que um mapa possa cumprir sua tarefa, os alunos devem aprender a sua leitura. Para isso é neces- sário domínio das técnicas de representação, da linguagem cartográfi- ca, pois os símbolos e signos empregados nos mapas apresentam na- tureza pictórica, representando situações, fatos e dados nem sempre claramente expressos e muitas vezes de difícil mensuração.

O domínio e o manuseio de um mapa exigem freqüente utilização, pois ele deve ser bem explorado para sua compreensão. O professor deve estar preparado para efetuar o manuseio de mapas em sala de aula, pois o seu uso no ensino de geografia é imprescindível; no en- tanto, é preciso ter claro que não é qualquer utilização que lhe serve. Para que um mapa seja corretamente utilizado, o professor deve estar preparado para o trabalho com esse instrumento, deve se tornar tam- bém leitor de mapas.

Existem várias formas de trabalhar com a representação do espa- ço. Todas são igualmente importantes, são válidas; para tal o profes- sor deve buscar os caminhos que possam satisfazê-lo no sentido de responder às suas necessidades em sala de aula de acordo com sua realidade. Os problemas que aparecem dentro da sala de aula, com relação a diferentes linguagens que são usadas, é que devem nortear o professor no sentido de encontrar soluções, possibilidades de traba- lho. O desenho pode ser trabalhado como uma linguagem plausível para introduzir a visão de um mapa cartográfico.

É na fase pré-escolar que a escola deve dar ênfase à questão da arte, o que proporciona o exercício da capacidade de representar graficamente.

As crianças são inseridas desde muito cedo numa cultura visual das “coisas” e elas vão desenhando os objetos a partir de um modo ou ponto de vista que já estão acostumadas a ver. Ao propor uma ativida- de com crianças em que o ponto de vista parte de cima, estaremos al- terando os pontos de vista habituais; como conseqüência, as crianças construirão outras formas de pensar o espaço, formas que as levam a se inserir numa maneira de pensar o espaço importante na cultura ocidental, ou seja, o mapa assumindo um ponto de vista superior.

Os mapas que conhecemos hoje são produtos de nossa cultura. No passado, os mapas eram elaborados com outros recursos e eram utilizadas outras técnicas. É possível construir mapas a partir do de- senho, mas levando os alunos a se aproximarem da linguagem car- tográfica, pensar do ponto de vista de cima, considerando o plano do papel e não a linha do horizonte como referência de localização no espaço, criar legenda apresentando no mapa desenhando os elemen- tos observados no espaço e estabelecer relações espaciais a partir de determinados referenciais definidos como exemplo um rio ou a traje- tória do sol.

Desde o momento em que nasce a criança está construindo no- ções espaciais, pois ela sabe se está na sala, no jardim, se está dentro ou fora. A própria linguagem que ela utiliza lhe fornece noções de localização, no entanto essas noções têm especificidades, a criança vai utilizar apenas alguns tipos de relações de que ela tem domínio. Dentro, fora, vizinho, perto, longe são termos usados porque a criança vive essas relações.

A leitura correta de um mapa deve ser feita com ele pendurado na parede ou em cima da mesa? Há algum tempo, começou-se a propor a utilização de mapas de outras formas que não em murais, ou seja, pendurados na parede. Isso permitia localizar o norte para cima e dava sempre uma idéia de que havia uma posição da esfera com relação ao espaço. No momento em que se colocam mapas no chão, pode-se gi- rar o mapa de forma a construir o “para cima” tanto com o sul, quanto com o norte, ou com leste e oeste. É interessante que se façam exercí- cios tanto com os mapas murais na condição convencional, quanto em outras posições variadas (principalmente no início do trabalho). Para esse segundo tipo de trabalho, pode-se, de preferência, utilizar mapas mais antigos, como os mapas Árabes, em que o sul está voltado para a parte de cima da folha.

No documento Geografia e educação I (páginas 42-44)