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A VIDA IMITA A ARTE

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O segundo momento desta análise pretende discutir a afirmação de Oscar Wilde, no ensaio A decadência da mentira, “ que a Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida. Isto resulta não somente do instinto imitativo da Vida, mas do fato de que o fim consciente da Vida é achar sua expressão e a Arte lhe oferece certas formas de beleza para a realização dessa energia."86 Para isso, é importante considerar o percurso de Dorian em busca de um aperfeiçoamento através da arte.

O rapaz cria um caminho particular para tentar demonstrar que sob o aspecto da arte todas as ações podem ser transformadas em conhecimento. Utilizando alguns conceitos de Lorde Wotton, Dorian considera a arte como independente dos valores morais e conceitos sociais e religiosos; desejando superar a vida cotidiana, ele passa a aplicar a arte em sua vida. Dessa forma, as características para definir-se a arte como sendo bela, sublime, inefável são pautadas pelas experiências do rapaz, que singulariza a arte conforme seus próprios conceitos. E importante ressaltar que o jovem, embora deseje transformar suas ações em arte, não funda um segundo plano na narrativa, como ocorre com os personagens do livro A confissão de Lúcio de Mário de Sá Carneiro. A alma de Dorian une-se a sua imagem no retrato até deformar sua imagem por completo, essa aproximação caracteriza-se como sendo passageira, pois, quando ele tenta destruir a imagem provoca sua morte, então, o retrato recobra as características belas iniciais, pintadas por Basil. A imagem não se desprende da pintura, ela modifica-se conforme as ações do jovem e um tempo depois retorna a sua origem, enquanto os personagens de A confissão de Lúcio superam inicialmente o padrão convencional e criam uma esfera intermediária para o seu contato com a arte. Dorian, ao contrário, tenta viver na arte inserido em um padrão social e convencional87, por isso, ao contrário do que acontece com os personagens do escritor português, a mudança em Dorian Gray só ocorre em sua concepção sobre o mundo, como um movimento interior e solitário, pois não envolve nem Lorde Wotton, os seus crimes não são segredados a _______________________

86 WILDE, A decadência..., p.1094.

87 Os termos padrão, social, convencional, ondem vigente podem aparecer separados ou combinados e referem-se a ordem representados nos romances analisados como sendo: maneiras e os valores sociais referentes ao universo ficcional.

ninguém. As experiências de que a sociedade e seus amigos participam são os jantares promovidos por Dorian para demonstrar sua cultura e exibir as peças adquiridas em exaustiva pesquisa histórica. Na verdade, Dorian sofre profundas modificações após conhecer Lorde Henry. Ele absorve as palavras do Lorde e inicialmente as toma como modelo, assemeihando-se muito aos aprendizes na Grécia.

Dorian acaba por se fascinar por Lorde Henry Wotton, pelos seus ensinamentos.

Lorde Henry é descrito como um estudioso de diversas teorias, algumas ainda em experimentação. Ele analisa o comportamento social e questiona os costumes da época, é um personagem bastante singular, definido pelos seus enunciados teóricos, um estudioso que se preocupa em pensar o ser humano e principalmente em criticá-lo.

Define o tipo de sociedade que é retratada no romance e ajuda a moldar a personalidade de Dorian Gray. Como um professor, ele direciona e burila os gostos do jovem, instigando a curiosidade do protagonista, denunciando uma sociedade fútil, superficial e falida em seus valores, mas que procura manter as aparências. Nenhuma ação praticada em jantares de caridade, ou em pequenas recepções, escapa a seu ácido humor. Desperta sentimentos contraditórios em seus interlocutores, vindo à tona, nessas discussões, sentimentos como a vaidade e o egoísmo, considerados por ele como inatos ao ser-humano.

Dentre as várias definições sobre a personalidade de Lorde Henry, no romance, a de Basil consegue captar muito da essência da personagem. "Você é um sujeito exemplar; nada diz de edificante, mas não faz nada de errado. Seu cinismo não passa de pose."88 Apesar de discordar de Basil. em nenhum momento Lorde Wotton concretiza ações desmoralizantes do ponto de vista dos costumes sociais. Elas ficam apenas nas palavras ditas nos salões da alta sociedade. O seu casamento parece ser um tanto liberal, mas não há um desenvolvimento sobre esta questão no romance, inclusive Basil acaba elogiando o amigo como um "ótimo" marido. "Creio que você deva ser um ótimo marido, mas que se sinta demasiado envergonhado das próprias virtudes."89 Hallward sabe que no fundo seu amigo é um cínico, sabe da capacidade persuasão de Lorde Henry, o seu casamento é um tanto liberal e ele parece nem sequer importar-se com as traições da mulher, para ele tudo deve ser transformado em experiência. Basil Hallward _______________________

88 WILDE, Oscar. O retrato ..., p.9.

89 Id.

é uma personagem que não ergue sua voz para protestar contra o mundo, é sensível aos sofrimentos alheios – o que fica demonstrado por sua preocupação com a mãe de Sybil, quando da morte desta – e preocupado com sua arte.

O refinamento das percepções de Dorian inicia-se com Basil, pela pintura de seu retrato, aprofunda-se na companhia de Harry, com seus vários conceitos e teorias sobre política, estética, religião; porém, só após a leitura do livro descrito como simbolista – As avessas –, Dorian entrega-se à vida como um grande personagem pautanda-a na arte e no aprimoramento de seus sentidos.

Considerando a influência de Basil, de Lorde Henry e da personagem des Esseinstes, do romance de Huysmans, podemos distinguir os as transformações de Dorian acerca da vida e da arte. Apesar de Lorde Henry conceituar a influência como valor negativo, pois é através dela que se exerce o domínio sobre os atos de outra pessoa, isso não impede o jovem de relacionar-se com ele inicialmente na condição de aprendiz ."– Porque influenciar uma pessoa é dar a ela a própria alma. Ela passa a não pensar com seus pensamentos naturais. As virtudes que possui deixam de ser, para ela, reais. Os pecados que comete, se é que existem pecados, são todos tomados por empréstimos. Ela se torna um eco da música de outrem, ator de um papel não escrito para ela."90

O pintor, como já referido anteriormente, é o primeiro que exerce no jovem influência, capaz de despertar nele o fascínio por si próprio. Com Lorde Henry, Dorian aguça a percepção intelectual, e com o livro ele torna-se um grande personagem que, à semelhança de des Esseintes, aprofunda-se em conhecer-se e criar um ambiente artificial para provar as teorias acerca do homem e do mundo proferidas por Lorde Henry Wotton.

Dorian não deseja ser apenas um aprendiz, ele não desconsidera a amizade ou os diálogos com o amigo mas cria um caminho particular para tentar demonstrar como a vida comum pode ser superada pela experiência artística. O problema é que ele se baseia no livro Às avessas para fazer tais considerações. A menção ao estilo simbolista é entendido como metalinguagem, pois o romance descrito insere-se nessa estética, como referido no primeiro capítulo.

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90 WILDE, O retrato..., p.24.

A proposta de Wilde é discutir em que medida a leitura de algumas obras pode influenciar as pessoas e assim modificar seu cotidiano. Nesse caso, a apresentação do livro de Huysmans serve para demonstrar como Dorian se relaciona com a leitura, inspirando-se no personagem do livro lido para reelaborar sua vida a partir daquela que se apresenta na ficção. A partir do uso que Dorian faz dessa leitura é possível considerar a discussão dos limites entre a representação da realidade – o imaginário da ficção – e a transposição da experiência ficcional para a realidade objetiva. O fato de Huysmans conceber ficcionalmente uma dada realidade não implica na necessidade, ou mesmo na possibilidade, de essa ficção tornar-se uma realidade concreta. A trajetória de um personagem como des Esseinstes pode estar a serviço da reflexão, mas não poderá servir de modelo de conduta para ninguém. A experiência pelo desenvolvimento dos sentidos até chegar aos limites do prazer ou do horror é inspiração para Dorian. O livro lido é assim descrito:

Romance sem enredo, de apenas um personagem, de fato, um simples estudo psicológico de um certo jovem parisiense que passou a vida tentando realizar, no século dezenove, todas as paixões e modos de pensamento de todos os séculos, com exceção do seu próprio, e a reunir, tal como ocorreu em si mesmo, todos os estados de espírito por que passara o espírito do mundo, a amar, por serem apenas artificiais, aquelas renúncias a que os homens, inadvertidos, chamam virtude e, com a mesma intensidade, aquelas revoltas naturais que os homens inteligentes ainda chamam pecado.91

Dorian identifica-se com des Esseinstes, pois o jovem parisiense descrito no livro parece possuir a mesma história dele. "E, na verdade, o livro, para ele, parecia conter a história da própria vida, escrito antes mesmo de vivê-la". 92 A desculpa de Dorian para seus pecados é a de que a leitura de tal livro simbolista modificou sua relação com a vida. Lorde Henry, em sua mocidade, fora influenciado pela leitura de um livro; se a sociedade o considera um crítico, um provocador, sua atitude deve-se por ele ter sido instigado ao estudo e ao conhecimento por causa da leitura, mas tal influência se limita apenas ao plano teórico.

O discurso de Lorde Henry de que tudo deve ser permitido ao homem para seu crescimento intelectual, justificaria toda e qualquer ação de Dorian Gray, pela busca de _______________________

91 WIDE, O retrato..., p.151.

92 Ibid.,p.153.

uma liberdade da consciência, que é bastante limitada pela sociedade. "Lorde Henry sempre se fascinara pelos métodos da ciência natural. A matéria comum, entretanto, objeto da ciência, parecera a ele trivial, sem importância. E assim começou a vivissectar-se a si próprio, e terminou por vivissectar os outros."93 A concepção sobre o homem como sendo sempre bom ou ruim são pré-conceitos que, quando utilizados de maneira a limitar as atividades intelectuais do indivíduo, lhe tolhe também a capacidade de descoberta.

Dorian passa a realizar o que para o amigo são ideais e ao descobrir que todos os seus atos ficam marcados no semblante do retrato, ele se entrega a diversas formas de prazer, sempre em busca de sensações novas que despertem nele satisfação ou terror. Para ele, a princípio, a ação a ser cometida ou a norma a ser violada não são o mais importante, o que vale é a intensidade das sensações, a reação dos sentidos frente ao grotesco, à voluptuosidade, ao amor, à vida. A experiência deve sempre ser superior aos sentidos, inebriando-os. Os valores morais impostos pela sociedade é que tornam tais ações culposas, por isso Lorde Henry o estimula a ser um novo hedonista, senhor de si e exemplo para uma sociedade casta e limitada pela culpa.

Não esbanje os dias de ouro, dando ouvidos aos entediosos, tentando melhorar o fracasso sem esperanças, ou entregando sua vida ao ignorante, ao comum, ao vulgar, ideais doentios de nossa era. Viva! Viva a vida maravilhosa que está em você! Que nada se perca em você!

Esteja sempre à procura de novas sensações! Não tenha medo de nada. Um novo hedonismo, eis o que deseja o nosso século, e quem sabe você não será seu símbolo visível!94

Lorde Henry argumenta que o homem é um ser complexo que possui em si o bem e o mal. Os valores religiosos ou sociais que regulam esses sentimentos deturpam a maneira como o homem se relaciona com o medo, o horror, o feio, o bizarro. Na arte, mais especificamente na literatura, o homem pode criar uma vida independente do seu cotidiano e perceber o feio e o horror como arte. Para os amigos, o corpo e a alma não deveriam ser dissociados como prega a religião, pois um depende da sensação do outro. A alma poderia se corromper, mas para o corpo as sensações poderiam ser _______________________

93 WILDE, O retrato..., p. 71.

94 Ibid., p.30.

sempre sutis, em harmonia com o desejo de conhecimento. "Os sentidos poderiam refinar-se, e o intelecto, degradar-se."95 O homem segundo os valores religiosos é dividido em duas partes: matérial e espiritual, mas o maior desafio é elevar a parte material ao espiritual, porém os conceitos apregoados por Lorde Wotton para a vida, e seguidos por Dorian, não obedecem normas, valores ou convenções, estão pautados em regras estipuladas por eles para a arte de viver. Porém, essa dissociação, entre matéria e espírito, é real para Dorian não como conceito, mas como possibilidade de resguardar sua imagem pelo quadro, a qual envelhece conforme suas ações.

A primeira modificação de sua imagem só é percebida quando ele se envolve com a atriz Sibyl. A personagem é um dos exemplo do conceito enunciado por Wilde de que a arte imita a vida.

Sibyl, vinda de uma família humilde e sem grandes perspectivas, encontra no teatro um pouco da magia que deseja para sua vida, como grandes amores, cavalheiros apaixonados, juras e amores impossíveis. As peças são textos de Shakespeare que ganham vida na representação da atriz. Dorian se encanta pelas personagens vividas em tais histórias, e ela se enamora por tão belo rapaz. Quando pressente que o amor que tem por Dorian pode ser retribuído, a interpretação toma-se falsa, pois a jovem encontra o ideal do amor fora dos palcos. A atuação de Sibyl, na noite em que Dorian convida seus amigos, decepciona a todos. A sua péssima representação se deve ao fato de ela estar apaixonada. Decepcionado com a representação da atriz, ele passa a considerá-la medíocre. Ela teve a oportunidade de ultrapassar a corrupção humana quando vivia de forma apaixonada seus personagens no palco, mas prefere se entregar à vida. Inconformado, o jovem recusa Sibyl Vane como mulher, ele deseja a atriz. Como ela nada sabia da importância de sua interpretação no paico para Dorian, promete voltar a representar como antes, mas ele é impassível em sua decisão de não vê-la mais, e tal atitude provoca o suicídio da moça. O suicídio de Sibyl é o primeiro motivo que leva o quadro a se modificar: seu olhar começa a expressar maldade, que Dorian só consegue explicar pela atitude maldosa que teve na noite anterior com a atriz.

A primeira modificação do quadro é tão aterrorizante para Dorian Gray que seu primeiro impulso é prometer a si mesmo que irá melhorar suas atitudes, para assim preservar sua bela imagem, o espelho de sua alma. Dorian então decide casar com ___________________________

95 WILDE, O retrato..., p.72.

Sibyl, por medo de que seus traços fiquem feios ou envelheçam. Decide escrever uma carta, na qual confessa o quanto errou – para ele, a confissão seria a melhor forma de ninguém acusá-lo de ter rejeitado a atriz. Quando a notícia da morte de Sibyl é dada a ele por Lorde Henry, ele a justifica como uma redenção da péssima atuação da noite anterior, pois ela fora atriz de si mesma. A vida na arte é mais intensa, mais apaixonante, do que a experiência real.

Você disse que Sibyl Vane representava, para você, todas as heroínas do romance. Que numa noite, ela era Desdêmona, na outra Ofélia. (...) Interpretou seu último papel. Aquela morte solitária, porém, naquele camarim de mau gosto, veja-a como um fragmento lúrido, estranho, de uma tragédia jacobita, como uma cena maravilhosa de Webster. Ford ou Cyril Tourneur. Ela, na verdade, nunca viveu e, portanto, nunca morreu. Para você, ao menos, ela era sempre um sonho, um fantasma que esvoaçava pelas peças de Shakespeare (...).

A partir do momento em que ela tocou a vida real, estragou-a, e a vida a estragou, então ela se foi. Chore por Ofélia, se assim o desejar. 96

A declaração de Lorde Wotton faz com que Dorian se sinta melhor, pois coloca o amor sentido pela atriz na esfera da representação, indicando que a atuação da atriz influenciou seus sentimentos, sendo apenas caprichos, pois ele estava relacionado à atuação da atriz e não à menina descrita pelo irmão como humilde, frágil e sonhadora. O comportamento de Dorian Gray não se modifica após ele descobrir que a moça havia cometido suicídio, o que acaba por fazer o leitor identificar nisso não o princípio da ação desimpedida que tanto interessa ao protagonista, mas o egoísmo próprio daquele para quem a vida alheia não tem valor. Após esse episódio, acentua-se nele o gosto de buscar em suas relações com outras pessoas sensações indescritíveis, nem que para isso ele corrompa outros jovens.

Sibyl também se apaixona por Dorian como uma forma de ideal criada em seu imaginário pela representação teatral, por isso prefere chamá-lo de "Príncipe Formoso"97 a utilizar seu nome. Ao chamá-lo dessa forma, ela o torna um personagem, uma forma romantizada de príncipe extraído das peças shakespearianas, com o qual ela pode viver, como suas personagens, um grande amor com final trágico, confirmando a impossibilidade de tal amor, como na maioria das peças representadas pela jovem.

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96 WILDE, O retrato..., p.125-126.

97 Ibid., p.135.

James, irmão de Sibyl, personagem mais rude, mais consciente de suas limitações econômicas, não vive no sonho da representação como a mãe de Sibyl e a irmã. Ele entende que as intenções de Dorian para com a irmã podem não ser as melhores, prenúncio do que vai acontecer. Ao partir para um emprego no mar, o irmão faz a mãe prometer cuidar de Sibyl, e jura vingança contra qualquer pessoa que lhe faça mal. A cena que se segue a essa utiliza o artificialismo para acentuar o melodrama que a acompanha: para a mãe, as últimas palavras do filho se tornam suaves, pois parecem soar como as de um personagem, em uma grande peça. "Não se esqueça de que a senhora, agora, só tem um filho por que olhar e, creia, se este homem agir mal com minha irmã, eu descobrirei quem ele é, irei atrás dele e o matarei, como a um cão.

Juro!"98 Segundo o romance, as palavras ditas com fortes emoções à mãe suavizam a realidade da sua vida, mas demonstram como os diálogos nesse núcleo, mesmo que fora dos palcos, são representação, o que aproxima o comportamento desses personagens de baixa condição social do sofisticado Dorian, neutralizando-se, assim, qualquer impressão de que a opção do protagonista pela substituição da vida pela arte só pudesse ocorrer devido a sua elevada condição social, que teria permitido uma formação mais complexa. Oscar Wilde, em seu ensaio A alma do homem sob o socialismo(1891), aprofunda essa questão argumentando ser possível atingir-se níveis elevados de sensibilidade na classe simples, pois todo ser-humano possui qualidades nobres a serem desenvolvidas, mas é o excesso de trabalho que o impede de se desenvolver.

O homem irá se matar por excesso de trabalho com o fim de garantir a propriedade, o que não é de surpreender, diante das enormes vantagens que ela oferece. É de lamentar que a sociedade, construída nessas bases, force o homem a uma rotina que o impede de desenvolver livremente o que nele há de maravilhoso, fascinante e agradável – rotina em que, de fato, perde o prazer verdadeiro e a alegria de viver.

Para Sybil e para a mãe a realidade é permeada pelos sonhos exagerados, afastando-as da sua própria condição miserável, na qual Sybil como atriz sustenta. A mãe também havia se apaixonado por um cavalheiro que não pôde assumir a _______________________

98 WILDE, O retrato..., p.88.

99 WILDE, Oscnr. A alma do homem sob o socialismo. Vol.312. Porto Alegre: L&PM, 2003.p.28.

paternidade do filho, por ter um compromisso com outra mulher. Ao olhar a filha recebendo a admiração de um belo jovem, com uma posição social superior, ela se sente revivendo a romântica história da juventude. A diferença de classes pode ser determinante em uma relação amorosa, e nisso o irmão de Sibyl possui mais razão e bom senso, por não deixar-se enredar pela atmosfera dos palcos. A preocupação de James é a disparidade social, sua irmã faz parte de um universo diferente do de Dorian, e o amor de uma moca simples não encontrará suporte nos costumes sociais distintos da classe privilegiada. A necessidade de felicidade, de realização da jovem ultrapassa os questionamentos do irmão, mas o discurso do irmão é uma maneira de contrapor o cotidiano humilde da jovem aos privilégios sociais do rapaz. A dureza da vida de James dá a ele um bom senso que a sua mãe não possui, pois também apaixonou-se por um cavalheiro que a abandonou. Sibyl prefere o mundo teatral e imaginário ao cotidiano;

paternidade do filho, por ter um compromisso com outra mulher. Ao olhar a filha recebendo a admiração de um belo jovem, com uma posição social superior, ela se sente revivendo a romântica história da juventude. A diferença de classes pode ser determinante em uma relação amorosa, e nisso o irmão de Sibyl possui mais razão e bom senso, por não deixar-se enredar pela atmosfera dos palcos. A preocupação de James é a disparidade social, sua irmã faz parte de um universo diferente do de Dorian, e o amor de uma moca simples não encontrará suporte nos costumes sociais distintos da classe privilegiada. A necessidade de felicidade, de realização da jovem ultrapassa os questionamentos do irmão, mas o discurso do irmão é uma maneira de contrapor o cotidiano humilde da jovem aos privilégios sociais do rapaz. A dureza da vida de James dá a ele um bom senso que a sua mãe não possui, pois também apaixonou-se por um cavalheiro que a abandonou. Sibyl prefere o mundo teatral e imaginário ao cotidiano;

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