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A VIVÊNCIA DA INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL E O DESPERTAR DA

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CAPÍTULO II – INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL E O DESPERTAR DA

2.1 A VIVÊNCIA DA INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL E O DESPERTAR DA

Vamos primeiramente abordar sobre o estado de consciência. Mediante esse conhecimento, pretendemos identificar como compreender e vivenciar a inteligência espiritual. Então, o que significa consciência? Alguns teóricos dizem ser a consciência um sentimento ou um conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou apreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior, ou melhor, um sentido ou uma percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais. Para Weil (2003 p. 70),

A consciência é o que há de mais importante dentro de nós, pois é ela que nos permite e favorece o contato com a realidade. Ela tem o poder extraordinário de nos ligar a verdades muito diferentes das percebidas em atividades corriqueiras, reservando surpresas.

O ser humano não é apenas um ser físico ou psíquico. Antes de tudo, é um ser cósmico. Weil (2003) classifica como estados de consciência do ser humano vígila, sonho, sono e transpessoal. Ele afirma que o estado em que a maioria se encontra é adormecido, o suposto estado de vigília. As pessoas não conseguem visualizar em suas mentes nada além de suas realidades. Consequentemente se perdem em meio a representações do mundo totalmente pequenas e limitadas. E essa limitação leva o ser humano a viver em seu próprio inferno.

Compreendemos que temos de nos despertar para o todo, sair da ilusão da separatividade gerada pelo ego, nos integrar ao universo, respirar e nos centrar no momento presente, tendo essa dimensão divina na vida, a consciência. O presente é nossa única certeza. Ele é a realidade que nos fortelece e nos dá segurança para existirmos inteiramente. Quando vamos tornando mais claro esse tipo de consciência, esses momentos de integração vão ficando mais frequentes, até que não há mais separatividade.

O despertar no aqui e agora é a porta de entrada para alcançarmos uma consciência mais ampla. Esse é o acordar pleno, um estado permanente de consciência própria dos grandes místicos, santos e mestres. Porém esse estado, em cada cultura, religião ou crença, recebe um nome especifíco: na cultura africana, Bangré; no Judaísmo; Deveculth; no Zen, Satori; no Budismo, Nirvana; no Hinduísmo, Samadhi; e no Cristianismo, reino dos céus (WEIL, 2003).

Aceitar e viver a realidade é, sobretudo estar presente. Weil (2003) diz que estar consciente favorece ao ser humano o contato com a realidade e a enxergar verdades que não conseguia antes desse estado de consciência. É preciso possuir uma extensa consciência de que o momento presente é tudo que temos e deverá ser o foco principal da vida. As coisas são como são; isso é a realidade. O que quer que o momento atual contenha, devemos aceitá-lo como escolha nossa. Devemos trabalhar a favor e não contra essa consciência porque isso transformará nossa vida.

Estar consciente é estar presente, observando o que acontece dentro e fora de nós, e o melhor indicador do nível de consciência é a maneira como lidamos com os desafios da vida. Essa percepção só será possível se a pessoa tomar consciência sobre a existência de uma dimensão humana presente em si mesmo, sua inteligência espiritual. Para ter consciência da realidade é fundamental ter certo grau de maturidade. No processo de aprendizagem do estar consciente, vamos

compreendendo alguns aspectos sobre a vida, pois ter consciência nem sempre é simples, uma vez que a realidade pode romper as expectativas pessoais.

Somente quando observamos a realidade como ela é somos conscientes de fato, pois ter consciência sobre algo é conhecer a verdade sobre os fatos que envolvem a nossa vida e nos permitem tomar decisões mais efetivas e conectar-nos com a felicidade. Assumir uma realidade é tomar consciência dela. Entende-se como realidade olhar para a vida conforme ela é, sem rodeios nem maquiagens. É estar presente. Significa querer conhecer de fato tudo que envolve a vida, as oportunidades e riscos, as pessoas que acolhem e aquelas que repelem.

Zohar (2000) ressalta que o estado de consciência é um dos critérios mais importantes da inteligência espiritual elevada, mas também uma das prioridades mais baixas da cultura espiritualmente embotada que vivemos. Desde os primeiros dias da escola, as crianças são treinadas para olhar para fora, a focalizar os fatos e problemas práticos do mundo externo, a se orientar por metas. Nada na cultura ocidental, com exceção das escolas e universidades confecionais, são aquelas ligadas a uma religião ou tradição, nos encoraja a refletir sobre nós mesmos, nossa vida interior, nossos motivos. O que de fato tem sentido e significado para a vida. Para essa autora, desenvolver maior consciência é de alta prioridade para elevar a inteligência espiritual.

A consciência é uma lei moral interior. É uma pequena voz interior que gera calma e paz, contrária ao ego, que, para a psicologia, é uma instância psiquíca por meio da qual o indivíduo se reconhece como “eu” e tem consciência da sua própria identidade.

Para a Psicanálise Freudiana, o ego é o equilíbrio que permite que o ser humano possa satisfazer as suas necessidades de acordo com parâmetros sociais. O ego se concentra na sobrevivência, nos prazeres e no crescimento do ser humano excluindo todos os outros e é egoisticamente ambicioso. Já a consciência democratiza e eleva o ego, levando-o a um sentimento mais amplo de grupo, de todo, de comunidade, de maior bem. Vê a vida em termos de servir e contribuir, estar atento à segurança e à realização dos outros. O ego funciona quando nos deparamos com a autêntica crise, mas não temos discernimento para decidirmos qual a gravidade da crise ou da ameaça. O ego não pode dormir. Microgerencia tudo. Tira nossa autonomia. Reduz nossa capacidade de análise. A consciência respeita profundamente as pessoas e reconhece seu potencial de autocontrole. Ela

nos fortalece. Reflete o mérito e o valor de todas as pessoas e afirma sua capacidade e sua liberdade para escolher. A consciência nos ensina que os fins e os meios são inseparáveis, que os fins na verdade são anteriores aos meios. É a consciência que constantemente nos diz o valor dos fins e dos meios e como eles são inseparáveis. E é o ego que nos diz que os fins justificam os meios, esquecendo que um fim meritório nunca poderá ser atingido por meios desprezíveis. Quando as pessoas lutam para viver de acordo com a sua consciência, obtêm integridade e paz de espírito (COVEY, 2005).

A consciência é uma propriedade que emerge com o cérebro, ou possivelmente com a vida. Nós seres humanos somos filhos da vida neste Planeta. Portanto, não somos apenas nossos neurônios ou nosso limitado eu. Nossa consciência, ou pelo menos algum aspecto de nossa inteligência, inclui-se em uma história muito mais importante, a inteligência transcendente. Ela é o que denominamos de inteligência espiritual, ou seja, uma inteligência que nos radica fora de nós mesmos, na corrente mais ampla da vida.

A transcedência como propriedade do QS é naturalmente uma perspectiva atrativa. Significa que um aspecto essencial da inteligência humana nos dá acesso ao fundamento do ser, às leis e a princípios primordiais da existência. Exatamente como pensadores hindus e budistas sempre pensaram, a consciência tem origem no próprio núcleo das coisas. A inteligência espiritual transcende o próprio ego.

Contudo, de onde irrompe a consciência? A consciência nasce no cérebro. O cérebro é uma estrutura física do corpo humano capaz de gerar consciência plenamente desenvovida. Seres humanos conscientes têm raízes na origem do próprio universo. Nossa consciência é um fenômeno particularmente unificado. Não estamos sós nem isolados no contexto das inteligências. Há um contexto mais amplo de sentido e valor no qual podemos inserir a experiência humana (ZOHAR, 2000).

A consciência é a pedra de toque de um ser humano inteligente. A capacidade de controlar sentimentos é fundamental para o discernimento e para a compreensão de si e da vida. A incapacidade de observar nossos verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas mais seguras de seus próprios sentimentos são os melhores pilotos de suas vidas, tendo uma consciência maior de como se sentem em relação a decisões pessoais, desde com quem se casar a qual emprego aceitar. A consciência tem por objetivo reconhecer sentimentos e montar

um vocabulário para ver as ligações entre pensamentos, sentimentos e reações; saber se são os pensamentos ou os sentimentos que governam uma decisão; e avaliar as consequências de opções alternativas. A consciência também se dá no reconhecimento de nossas forças e fraquezas, na possibilidade de vermos uma luz positiva, mas realista, evitando com isso armadilhas comuns da própria vida (GOLEMAM, 1995).

A vivência da inteligência espiritual é o que favorece o despertar da consciência. Somente a partir da espiritualidade é que perceberemos e compreenderemos esse caminho. Para Moraes (1997), a espiritualidade favorece a compreensão de que estamos numa viagem individual, e ao mesmo tempo coletiva. Somos levados por ela a uma consciência de fraternidade e de solidariedade mais acentuada com os outros seres vivos. Nela existe uma compreensão de que a nossa evolução é e será sempre em conjunto com outros seres e que a harmonia, a paz e a felicidade tão almejadas pelas pessoas dependem de uma mudança de mentalidade não apenas individual, mas também coletiva.

Parece existir uma emergência por uma nova consciência espiritual na humanidade. Segundo Moraes (1997), alimentar a espiritualidade seria cuidar do espaço interior humano, no qual todas as coisas se ligam e religam. A espiritualidade é a vivência da inteligência espiritual. É o despertar da consciência que coloca a vida no seu centro, que celebra a vida, um modo de ser que propicia a vida, sua expansão e sua defesa.

Moraes (1997) relata sobre uma espiritualidade que compreende a inexistência de um único caminho para chegar até Deus, de uma única verdade. Vários são os caminhos que levam ao Sagrado que existe dentro de cada um. Seria a práxis de uma espiritualidade que não tem pátria, nem religião, mas que está presente em todas as culturas seja ela oriental, ocidental, andina, mulçumana, africana ou outra qualquer. A prática dessa espiritualidade seria o QS em exercício, possibilitando esse despertar da consciência com a capacidade de orientar e gerir a própria vida, decidindo o caminho a seguir e o foco de direção à vida.

Se a vivência da espiritualidade é a porta aberta para o despertar da consciência, como é possível a partir dessa experiência a pessoa viver de forma integral e íntegra? Como essa vivência espiritual ajudará a pessoa a desenvolver atitudes integradoras de forma que ela possa compreender e crescer em todas as suas dimensões de ser humano como, por exemplo, intelectual, social, emocional e

espiritualmente? No próximo tópico deste capítulo abordaremos a vivência da espíritualidade como dimensão integradora da pessoa. A pessoa a que nos referimos está inserida em todos os espaços que compõem a sociedade, onde o espaço acadêmico, objeto de estudo desta pesquisa, é um deles. Essa pessoa vive a partir de uma perspectiva mecanicista e normótica, seguindo os padrões da sociedade atual, alimentada pela ciência tradicional, fragilizada em seu meio, robotizada em um mundo contemporâneo que usa ambiguidades, sem viver e manter um estado de presença.

2.2 A VIVÊNCIA DA INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL COMO DIMENSÃO

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