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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.4. Abastecimento de água para populações urbanas

Aproximadamente 15% da água fornecida às populações do Estado de São Paulo, pelos sistemas municipais, originam-se de poços profundos. Praticamente metade da população, tanto nas comunidades rurais como urbana, serve-se de poços rasos para obtenção de água. Considerando estes dados e mais o aumento contínuo da poluição, o risco para a saúde pública, decorrente do consumo da água tem crescido, constituindo-se atualmente num fato que precisa ser melhor avaliado e monitorado (CETESB, 1977).

Um sistema de abastecimento de água pode ser concebido e projetado tanto para atender pequenos povoados como também para grandes cidades, variando nas características e no porte de suas instalações. Caracteriza-se pela retirada da água da natureza, adequação de sua qualidade e pelo transporte e fornecimento à população. Por definição, os sistemas de abastecimento de água são obras de engenharia que, além de objetivarem assegurar o conforto às populações e prover parte da infra-estrutura das cidades, visam prioritariamente superar os riscos à saúde impostos por uma água de qualidade inadequada (BRASIL, 2007).

Além de necessitar que a água seja de qualidade satisfatória, o ser humano precisa que ela esteja disponível em quantidade suficiente para satisfação de suas necessidades, não apenas de alimentação, mas também de higiene entre outros.

A água é destinada para vários fins (BRASIL, 2007), dentre eles:

• Domésticos: água que se destina para alimentação, banho, lavagem de roupas e utensílios, limpeza de casa e jardim, e esgotamento sanitário;

• Comerciais: água destinada a restaurantes, bares e outros estabelecimentos comerciais;

• Industriais: água utilizada em fábricas

• Públicos: água utilizada em jardins públicos e limpeza pública; para fins recreacionais e esportivos;

• Segurança: água utilizada no combate a incêndios.

Para que os sistemas de abastecimento cumpram com eficiência a função de proteger os consumidores contra os riscos à saúde, é essencial que o desenvolvimento de todas as suas fases, como a concepção, o projeto, a implantação, a operação e a manutenção sejam adequados (BRASIL, 2006).

De acordo com Dias (2006), as redes de abastecimento devem ser dotadas de equipamentos de monitoramento contínuo de qualidade da água. O ideal seria que toda a rede fosse monitorada para promover a máxima proteção da saúde pública. Porém, por razões de economia, admite-se que o monitoramento possa ser realizado com um número reduzido de equipamentos localizados em pontos estratégicos da rede, de forma a poder auxiliar na detecção de contaminantes, na identificação das suas fontes e na conseqüente redução do risco à população.

Embora seja indispensável que as empresas responsáveis pela distribuição da água de um município controlem o processo de tratamento e distribuição,

assegurando a qualidade exigida pela legislação vigente, são necessárias, também, ações de vigilância dos municípios.

No Brasil podem-se destacar as regiões Sudeste e Sul, que estão situadas sobre um dos maiores mananciais do mundo, o Aqüífero Guarani.

O Aqüífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo. Está localizado na região centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil (840.000 Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²) (GASTMANS et al., 2005).

No país, o Aqüífero Guarani se estende pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (RIBEIRÃO PRETO, 2008).

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente Paulista, há mil poços apenas no estado de São Paulo. Sua área de recarga ocupa cerca de 17.000 Km² onde se encontra a maior parte dos poços. Esta área é a mais vulnerável e deve ser objeto de programas de planejamento e gestão ambiental permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea do aqüífero com o conseqüente rebaixamento do lençol freático e o impacto nos corpos d'água superficiais(REBOUÇAS, 1999).

Para o governo paulista, a água subterrânea tem importante papel no abastecimento público de muitas cidades do estado. Em 1997, cerca de 70% dos municípios paulistas eram total ou parcialmente abastecidos por esse recurso hídrico; 47% deles eram inteiramente abastecidos por águas subterrâneas. Entre eles estavam os municípios de Catanduva, Caçapava, Jales, Lins, Ribeirão Preto e Tupã.

A cidade de Ribeirão Preto, distante 320 Km da capital, é totalmente abastecida por água subterrânea proveniente do Aqüífero Guarani, contando com um total de 103 poços de abastecimento de água cadastrados no Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto – Daerp, responsáveis pela captação aproximada de 14050 m³/h de água (RIBEIRÃO PRETO, 2009).

Devido ao fato de sua origem ser de poços profundos, a água de Ribeirão Preto requer somente a adição de cloro (Hipoclorito de sódio) e flúor (Ácido fluossilícico), realizada logo após sua captação por bombas dosadoras que adicionam os produtos na água de acordo com sua pressão e vazão 1. A água clorada e fluoretada é então conduzida por tubulações dos reservatórios e distribuída para as redes de abastecimento.

Em Ribeirão Preto, o Daerp é a empresa responsável pelo controle e distribuição da água no município, realiza o monitoramento da água consumida pela população; porém, o controle da qualidade da água distribuída à população é feito diretamente nos poços de captação e em alguns pontos sorteados, como casas, mas somente na ponta da rede, onde está instalado o hidrômetro, e não nos pontos de consumo, como por exemplo, em torneiras de cozinhas.

De acordo com Verri-Filho (1993), ao Estado compete o gerenciamento dos recursos hídricos do seu território. O Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, da Secretaria de Energia e Saneamento do estado de São Paulo, é responsável pela administração das águas subterrâneas do Estado. À Companhia Estadual de Saneamento Básico – Cetesb, compete prevenir e controlar a poluição dessas águas e, a Secretaria do Estado da Saúde é responsável pela fiscalização dos padrões de potabilidade da água para consumo humano.

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O controle e o monitoramento da qualidade da água abastecida na cidade são realizados pelo Daerp, porém durante o processo de abastecimento da água pode ocorrer contaminação por meio das tubulações, que são antigas e precisam ser trocadas para que não venham a causar riscos à saúde da população pelo consumo de água contaminada.

Entre os diferentes consumidores, as crianças em idade escolar representam um dos principais focos de interesse na busca de melhor qualidade da água consumida, principalmente por se encontrar na literatura científica um número muito reduzido de pesquisas sobre esse tema no país. Além disso, sendo Ribeirão Preto um importante município do interior do estado de São Paulo, localizado na bacia hidrográfica que tem como marco a zona de recarga de um dos maiores aqüíferos do mundo, torna-se de fundamental importância um trabalho dessa natureza.

Assim, a presente proposta, além de contribuir para a promoção da saúde de escolares, considerando o risco à saúde devido à ingestão de água de qualidade inadequada, traz também uma contribuição para o sistema de gestão de recursos hídricos do município com o conhecimento sobre dados referentes à situação da qualidade da água em escolas públicas de ensino infantil do município. Ainda, propicia às autoridades sanitárias, ambientais e da área da educação, relevantes informações que podem auxiliar no monitoramento e controle da qualidade da água para escolares.

Diante do exposto, esta investigação trata de um tema de grande relevância para a saúde pública, que tem como finalidade contribuir para a promoção da saúde de escolares, considerando o risco que a ingestão de água com qualidade comprometida oferece a saúde humana, especialmente a populações mais vulneráveis, como crianças e idosos.

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