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3. ALVENARIA DE CONTRAVENTAMENTO

3.5 Abertura nos painéis

As paredes, frequentemente, contêm aberturas de diferentes tamanhos e localizações, as quais são difíceis na consideração do cálculo estrutural. O desenvolvimento de simples procedimentos analíticos para pórticos preenchidos com painéis contendo aberturas não é fácil de realizar, devido aos muitos parâmetros que afetam o comportamento, incluindo a geometria da parede e da localização, forma e tamanho das aberturas.

O corriqueiro na consideração de projetos é desprezar a alvenaria de preenchimento, visto a complexidade em modelar cada parede isoladamente e pela perda de rigidez obtida com as aberturas. Assim, dependendo do edifício, é comum considerar no modelo apenas as paredes cegas, como as que normalmente ficam na caixa de escadas e elevadores, formando um núcleo rígido. Segundo a FEMA 356 (2000) a inserção de uma abertura central altera totalmente a distribuição de esforços, alterando a diagonal de contraventamento, conforme Figura 9. Esta, também, diz que as aberturas podem ser analisadas desde que a rigidez equivalente do enchimento seja determinada utilizando métodos de análise adequados, por exemplo, análise com elementos finitos.

Figura 9: Diagonal de compressão equivalente para estruturas com abertura central (Fonte: FEMA 356, 2000)

Para Drysdale; Hamid; Baker (1999) os efeitos de pequenas aberturas para passar dutos e cabos e as aberturas fora do sentido das diagonais, não posicionadas na parte central do painel (Figura 10), podem ser negligenciadas.

Figura 10: Aberturas posicionadas fora da diagonal de contraventamento (Fonte: FEMA 356, 2000)

Alvarenga (2002) estudou, também, a influência de aberturas em painéis que apresentam funções estruturais. Concluiu que as aberturas levaram a perda de rigidez do conjunto e a uma queda considerável da carga última, chegando a valores médios de: perda de 40% na rigidez e queda de 57% na carga de ruptura, sendo que o modo comum de ruptura nos painéis com abertura é de ruptura por cisalhamento nas juntas de argamassa,

ou seja, fissuras escalonadas que surgem nos cantos da abertura na direção da diagonal comprimida. Isso ocorre por tensões principais máximas de tração nos dois cantos opostos, na direção da diagonal comprimida, fazendo com que as fissuras escalonadas apareçam a partir desses cantos. Essas tensões de tração são altas para baixas cargas aplicadas, mostrando prejuízos que painéis com aberturas podem ter na rigidez e na resistência.

Mosalam et al. (1997) confirmaram essa observação. Em seu estudo, testaram dois pórticos de aço preenchidos com alvenaria de bloco de concreto que tinha a abertura de janela e de porta. O estudo mostrou que a presença de aberturas levou a uma menor rigidez inicial, mas a um comportamento mais dúctil do painel.

Dawe; Seah (1989) estudaram o efeito das aberturas nas alvenarias que preenchem pórticos metálicos. Em ensaios comprovaram a diminuição de rigidez de um pórtico preenchido ao inserir aberturas na região central do painel (Figura 11). Os mesmos autores descobriram que a inclusão do reforço de aço em torno da abertura aumentou a rigidez inicial, mas não aumentou a resistência à tração do painel. Além disso, constataram que as aberturas situadas longe da diagonal equivalente resultam em uma resistência maior do que em painel com aberturas próximas a diagonal (Figura 10).

Figura 11: Comportamento de pórticos metálicos com aberturas. Adaptado de Dawe; Seah (1989)

Fiorato; Sozen; Gamble (1970) diz que a redução da resistência de carga do pórtico preenchido não é proporcional à redução da área transversal de um enchimento, devido às aberturas. Em seus testes, aberturas que reduziram a área da seção transversal horizontal de um enchimento em 50% levaram a uma redução da força de cerca de 20-28% apenas.

Já Mondal; Jain (2008) investigaram a rigidez de pórticos de concreto preenchidos com alvenaria com aberturas centrais. Estes propuseram um fator de redução da largura

efetiva da diagonal para calcular a rigidez do conjunto quando há abertura central no painel. Os resultados experimentais disponíveis na literatura foram complementados por análises, através de elementos finitos. Por fim, concluíram que, se a área de abertura for inferior a 5% da superfície do painel de enchimento, o efeito da abertura na rigidez lateral de pórticos preenchidos deve ser descartado; o que significa que o painel é analisado como uma estrutura única. Os autores também salientaram que o efeito do preenchimento na rigidez lateral de pórticos preenchidos deve ser ignorado se a área de abertura superar 40% da superfície do painel, o que significa que o pórtico é analisado como uma estrutura vazia.

Conforme relatado por Mallick; Garg (1971), testes de pórticos preenchidos com aberturas centrais, com e sem verga e contraverga, foram realizados. Obteve-se para cada uma dessas situações diminuição de 60 a 70% (painel sem qualquer tipo de reforço) e 45% (painel com vergas e contravergas), se comparado com um pórtico de paredes cegas. Os autores concluíram que, para influenciar pouco na rigidez do conjunto, as aberturas de portas devem estar localizadas no centro do painel e janelas localizadas a meia altura tanto na direita ou esquerda, não estando dentro da diagonal equivalente (TEEUWEN, 2009).

De acordo com FEMA 356 (2000), a resistência e a rigidez dos pórticos com aberturas devem ser baseadas na análise não linear de elementos finitos. No entanto, apenas através de um modelo simples e confiável de macromodelagem é que aumentará a utilização da alvenaria como contraventamento da estrutura.

Mohebkhah; Tasnimi; Moghadam (2007) tem reforçado a importância dos efeitos das alvenarias, com e sem aberturas, na análise de forças sísmicas. No entanto, não há modelos de macromodelagem para incluir o efeito dos painéis com aberturas no contraventamento da estrutura.

Assim, como ainda há divergência entre os métodos, é recomendável considerar a alvenaria no contraventamento apenas quando essas não possuírem aberturas, o que ocorre normalmente nas paredes da caixa de escada e de elevadores, formando um núcleo rígido na estrutura.

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