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A abordagem ou ausência da história do trabalho e do Direito do Trabalho nos livros

2. O ENSINO DO DIREITO DO TRABALHO PARA A LÓGICA DO CAPITAL

2.1 A abordagem ou ausência da história do trabalho e do Direito do Trabalho nos livros

Se o exercício de pensar o ensino do Direito do Trabalho remeteu o

pensamento ao conceito de Adorno (1995) sobre a concepção de educação, no sentido de que a educação deve estar para a produção de uma consciência verdadeira, a atividade de ensinar e aprender o Direito do Trabalho não dispensa a compreensão da formação da estrutura social, mas, pelo contrário, exige a compreensão das contradições sociais, o entendimento da necessidade de regulação do trabalho e da constituição da Justiça do Trabalho. As escolas de Direito no Brasil valem-se dos livros didáticos para o processo de ensino do Direito e isso não é diferente com o Direito do Trabalho. Os livros didáticos de Direito do Trabalho geralmente são denominados de Curso de Direito do Trabalho ou Manual de Direito do Trabalho, o que, frequentemente, acontece com as outras áreas do conhecimento.

Mészáros (2008), sobre a aprendizagem e a vida, faz um questionamento que é aplicável para pensar o ensino do Direito:

A grande questão é: o que é que aprendemos de uma forma ou de outra? Será que a aprendizagem conduz à autorrealização dos indivíduos como ‘indivíduos socialmente ricos’ humanamente (nas palavras de Marx), ou está ela a serviço da perpetuação, consciente ou não, da ordem social alienante e definitivamente incontrolável do capital? Será o conhecimento elemento necessário para transformar em realidade o ideal da emancipação humana, em conjunto com uma firme determinação e dedicação dos indivíduos para alcançar, de maneira bem-sucedida a autoemancipação da humanidade, apesar de todas as adversidades, ou será, pelo contrário, a adoção pelos indivíduos, em particular, de modos de comportamento que apenas favorecem a concretização dos objetivos reificados do capital? (MÉSZAROS, 2008, 47-48).

A formação cultural contemporânea tem grande influência da escola, que se

tornou o local onde o cidadão se relaciona e aprende para a sua reprodução, por isso, não dá para excluir a ligação entre educação e direito, porque a formação jurídica passa pelos bancos escolares e as visões de mundo acompanham o processo de produção científica. Os livros didáticos têm sido instrumentos importantes para a formação jurídica, principalmente no que se refere à graduação em Direito. A visão de mundo pode dialogar com o estudante e abordar a realidade ou passar por ela sem desvendá-la, laborando na abstração e formando para a

reprodução de um sistema de aplicação da técnica jurídica estrita, para atender a lógica do capital.

O aprender com consciência ou ignorância da realidade do trabalho e do

Direito do Trabalho tem reflexo na construção jurídica, influenciando inclusive nas decisões judiciais, na construção da jurisprudência e processo legislativo, porque os que lidam com o direito levam a sua visão de mundo e não soa verídica a afirmação de que a ciência e a atuação jurisdicional se constituem com objetividade e imparcialidade. A ideologia ou visão de mundo na construção das ciências e nas decisões judiciais é um fato inconteste, não aprofundado neste texto por delimitação do objeto da pesquisa, mas desafia outros estudos a respeito.

Acerca desse aspecto, Souto Maior (2014) denuncia a influência da ideologia

na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Largo São Francisco, quando ideias neoliberais chegaram ao ponto de, na década de 90, propor reforma da estrutura departamental com a extinção do Departamento de Direito do Trabalho, com inúmeros seminários que anunciavam a extinção do princípio da proteção, extirpando o termo “hipossuficiência”. Tal fato não ocorreu porque movimentos de resistência dentro da Universidade, somados à realidade externa de resistência às ideias de flexibilização do Direito do Trabalho, possibilitaram o reforço do Departamento, com a integração da área de Direito Social, passando a ser denominado Departamento do Direito do Trabalho e da Seguridade Social, elevando de 5, na época, para 14, atualmente, o número de docentes. A resistência resultou também na alteração na linha de pesquisa que, no final de década de 90, era voltada à “flexibilização do Direito do Trabalho” e passou a ser, desde 2002, voltada aos “Direitos Sociais no Contexto dos Direitos Humanos”, com alunos desenvolvendo pesquisas na linha da crítica marxista do direito, com alguns ainda na óptica da “flexibilização”. Tais dados sinalizam a influência da ideologia na construção do conhecimento, resultando, consequentemente, nas produções científicas no campo do direito.

No mesmo trabalho, Souto Maior (2014), a respeito da propaganda neoliberal

da década de 90 e das reformas legislativas que redundaram nas múltiplas reduções de direitos trabalhistas, expressando que o direito não se reduz às leis e reconhecendo expressamente que sua aplicação passa pela formação escolar, escreve que “...como se sabe ou deveria saber, o direito não se resume às leis e a aplicação concreta dessas leis requeria a intermediação dos profissionais do direito, notadamente juízes, advogados, procuradores e professores. (SOUTO MAIOR, 2012, p. 11).

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Dessa forma, é importante para a crítica científica o reconhecimento transcrito

no parágrafo anterior de que a aplicação concreta da norma jurídica tem relação com a formação, especificamente quando o autor escreve “professores”, pois é uma legitimação científica de sustentação para esta pesquisa e outras que poderão surgir na mesma linha. Mais uma vez fica referenciado que o local adequado, e não exclusivo, para o debate sobre a formação dos que lidam com o Direito do Trabalho é na universidade.

Acerca do ensino do Direito do Trabalho, como fora anteriormente sinalizado, é sabido que a Escola de Direito vale-se dos livros didáticos para o processo de ensino e nos livros utilizados para o ensino do Direito do Trabalho no Brasil, ou na maioria deles, fica evidente a carência ou a ausência de abordagem crítica do processo histórico do trabalho e do Direito do Trabalho, com sumárias considerações históricas a esse respeito. Não há abordagem histórica, tanto no aspecto do trabalho para a necessidade humana, como do trabalho para a formação e manutenção da sociedade capitalista. As reais funções do trabalho na sociedade de classes, na acumulação da propriedade privada são ausentes e não existem questionamentos e reflexões sobre o papel do Direito do Trabalho e dos aparelhos do Estado na manutenção do modelo de sociedade capitalista. O material adotado carece de abordagem com a profundidade necessária à formação jurídica e, consequentemente, é permeado pela visão de mundo dos seus autores, até porque é impossível uma produção na ciência social que esteja livre de visões de mundo, pelo que se conclui ao ler Löwy (2010).

Se não bastasse a adoção de livros sem abordagem crítica, “não raro, os

professores exigem que os alunos decorem os artigos e, quando pedem interpretação, os alunos devem fazê-la de acordo com a doutrina adotada pelo mestre, sem poder questioná- la” (TAGLIAVINI, 1999, p. 29).

Diante desses aspectos, esta pesquisa, para o seu desenvolvimento, ancorou-se

na análise dos livros de Direito do Trabalho adotados nas Disciplinas de Direito do Trabalho em 14 universidades brasileiras, levando em consideração os Planos de Ensino e os Projetos Político-Pedagógicos, sendo que a escolha objetivou alcançar faculdades públicas e privadas de variadas regiões do Brasil, dentre as privadas as de classes ricas tradicionais e das classes menos privilegiada economicamente, sendo as seguintes universidades:

1) Universidade Presbiteriana Mackenzie;

2) Faculdade de Direito, Fundação Getúlio Vargas - Escola de Direito de São Paulo;

4) Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo; 5) Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul; 6) Centro Universitário Luterano de Palmas;

7) Faculdade de Direito Damásio de Jesus – São Paulo;

8) Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; 9) Universidade Federal de Santa Maria – Rio Grande do Sul; 10) Universidade Federal de Goiás, campus Jataí;

11) Universidade Municipal de São Caetano do Sul;

12) Centro Universitário Fundação Educacional de Barretos – Unifeb;

13) Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro “Victório Cardassi”; 14) Faculdade de Direito da USP – Largo São Francisco.

Tabela 1 – Relação das Universidades selecionadas para a pesquisa. Fonte: Produção do próprio autor.

Os livros de Direito do Trabalho mais indicados pelas bibliografias básicas

pesquisadas foram:

1) Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito do Trabalho, Editora LTr; 2) Maurício Godinho Delgado, Curso de Direito do Trabalho, Editora LTr; 3) Sergio Pinto Martins, Direito do Trabalho, Atlas;

4)Alice Monteiro de Barros, Curso de Direito do Trabalho, Editora LTr; 5) Orlando Gomes e Elson Gottschalk, Curso de Direito do Trabalho, Forense; 6) Arnaldo Süssekind, Délio Maranhão, Segadas Vianna e João de Lima Teixeira Filho, Instituições de Direito do Trabalho, volumes I e II, Editora LTr.

Tabela 2 – Relação dos Livros adotados pelas universidades selecionadas na pesquisa. Fonte: Produção do próprio autor.

Levando em consideração o fato de que os livros escolhidos são os utilizados

nas disciplinas de Direito do Trabalho, com ação direta na formação dos bacharéis em Direito, foi analisada a abordagem histórica do trabalho nesses livros, a proporção de abordagem história em relação ao conteúdo dogmático e como as questões do Direito do Trabalho brasileiro são tratadas em relação à história e sua formação.

Uma ressalva precisa ser feita quanto ao Curso de Direito da Faculdade de

Direito da Universidade de São Paulo – Largo São Francisco, no que se refere à bibliografia, porque a que está posta no apêndice desta tese pode não guardar, na sua totalidade, correspondência com a utilizada atualmente, já que o catálogo de graduação disponível na página da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, com consulta realizada em 01/02/2015, é o Catálogo de Graduação de 2003. A bibliografia também contempla as

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disciplinas de Direito do Trabalho da Faculdade de Economia e Administração, da USP, de São Paulo e Ribeirão Preto. Dentre os livros para a disciplina de Direito Individual do Trabalho estão os adotados pelas outras Universidades pesquisadas, apontados na Tabela abaixo.

Existem, ainda, duas grades curriculares do Curso de Direito da USP, do Largo

São Francisco: uma que contém as disciplinas obrigatórias e outra que contém as disciplinas optativas, sendo que as obrigatórias se dividem em Teoria Geral do Direito Trabalho, DTB 0211; Direito Individual do Trabalho, DTB 0314 e Direito Coletivo do Trabalho, DTB 0316, respectivamente no quarto, quinto e sexto semestres. As disciplinas optativas relacionadas ao Direito do Trabalho são: Teoria Geral do Direito do Trabalho I, DTB 0318, para o 6.ª e 9.º semestres; Teoria Geral do Direito do Trabalho II, DTB 0415, para o 7.º e 10.º semestres; Direito do Trabalho e Sociedade, DTB 0423, para o 8.º e 10.º semestres; Cinema e Direito do Trabalho, DTB 0406, para o 7.º semestre; Visão Crítica do Direito do Trabalho na Sociedade Capitalista, DTB 0418, para o 7.º e 9.º semestres e Direito do Trabalho na Perspectiva dos Direitos Sociais, DTB 0424, para o 8.º e 10.º semestres.

Esta análise demonstra que existe exceção à regra, todavia, até mesmo pela

limitação do tempo, não foi possível analisar como se dá na prática o desenvolvimento dessas aulas no Lardo São Francisco, o que é muito importante para conhecer novas práticas para desvelar a realidade.

Os livros pesquisados assim se apresentam quanto à abordagem histórica do

trabalho, à proporção de abordagem história em relação ao conteúdo dogmático e como as questões do Direito do Trabalho brasileiro são tratadas em relação à história e sua formação:

Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

Livro composto de 1312 páginas, com 8 capítulos subdivididos em 67 títulos, sendo 1 capítulo destinado à História do Direito do Trabalho, História do Direito do Trabalho no Brasil e Direito Internacional do Trabalho, subdividido em: 1 História do Direito do Trabalho; 2 Desenvolvimento do Direito do Trabalho no Brasil; 3 Internacionalização do Direito do Trabalho e seus Impactos no Direito Brasileiro e 4 A Problemática Epistemológica do Direito do Trabalho, num total de 173 páginas. Corresponde a 13,18% Delgado, Mauricio Godinho. Curso de

Direito do Trabalho. 10ª ed. São Paulo: LTr, 2011.

Livro composto de 1403 páginas, dividido em 38 capítulos, sendo 1 capítulo, o capítulo III, destinado à Origem e Evolução do Direito do

Trabalho, com 52 páginas, e 1 capítulo, o capítulo IV, destinado à Origem e Evolução do Direito do Trabalho no Brasil, com 31 páginas, num total de 83 páginas. Corresponde a 5,92%.

Martins, Sergio Pinto. Direito do

Trabalho. 30ª ed. São Paulo: Atlas, 2014. Livro composto de 990 páginas, 50 capítulos, sendo 1 capítulo destinado à História do Direito do Trabalho, subdividido em: 1 Introdução; 2 Evolução mundial; 3 Evolução no Brasil e questões, num total de 11 páginas. Corresponde a 1,11%.

Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2006.

Livro composto de 1351 páginas, sendo dividido em 3 partes, tratando a primeira parte de Direito Individual do Trabalho, composta de 31 capítulos, até a página 1163, sendo 1 capítulo destinado aos Fundamentos e Formação Histórica do Direito do Trabalho. Tendências Atuais do Direito do Trabalho. Flexibilização e Garantias Mínimas, num total de 44 páginas. Corresponde a 3,26%.

A segunda parte é destinada ao Direito Coletivo do Trabalho, com 1 capítulo com conteúdos destinados à História do Direito Coletivo do Trabalho, compondo 14 páginas, de 103 páginas. Corresponde a 1,04%.

O terceiro capítulo cuida do Direito Comunitário do Trabalho, num total de 43 páginas. Corresponde a 3,18%. Obs.: totaliza 7,48%.

Gomes, Orlando e Gottschalk, Elson. Curso de Direito do Trabalho, Rio de Janeiro: Forense, 2006.

Livro composto de 752 páginas, 35 capítulos, um item do 1.º capítulo destinado à formação histórica do Direito do Trabalho, num total de 8 páginas. Corresponde a 1,06%.

Süssekind, Arnaldo. Maranhão, Délio. Vianna, Segadas e Teixeira Filho, João de Lima. Instituições de Direito do Trabalho, volumes I e II. 22ª ed. atual. por Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira Filho. São Paulo: LTr, 2005.

O Livro, nos 2 volumes, é composto de 1645 páginas, sendo dividido em 40 capítulos, sendo 1 capítulo destinado aos Antecedentes Históricos, 1 capítulo destinado à Evolução do Direito do Trabalho no Brasil, 1 capítulo destinado aos Fundamentos, Definição e Objetivo, num total de 74 páginas. Corresponde a 4,50%.

Tabela 3 – Apresentação da disposição dos capítulos dos livros pesquisados. Fonte: Produção do próprio autor.

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A análise desses livros aponta que os conteúdos históricos, sociológicos, filosóficos e econômicos do trabalho são muito pouco abordados, o que contribuiu para a formação deficiente do bacharel em Direito, ficando este carente da totalidade, principalmente porque, dentro da limitação dos conteúdos abordados nos Cursos de Direito, o bacharel é conduzido pelo material pedagógico adotado pelo docente que, por sua vez, na limitação de tempo, geralmente segue o “manual” didático que tem à sua disposição, até porque à disciplina de Direito do Trabalho é reservado pouco espaço nas grades dos Cursos de Direito. Não se pode afirmar que os autores cujos livros foram pesquisados não abordem questões filosóficas, sociológicas, históricas ou econômicas, em outros livros ou artigos, porém, nos livros didáticos que produzem e são adotados pelas universidades, os conteúdos são carentes neste aspecto, subtraindo do estudante a possibilidade de compreensão da totalidade.

Se o material didático apresentado ao estudante de direito é limitado no seu

conteúdo histórico, sociológico, filosófico e econômico do trabalho, com ênfase no legislado e posicionamento jurisprudencial, a reflexão e a formação do estudante de direito tende a seguir o modelo que lhe é apresentado. Dessa forma, sua atuação prática profissional será reprodutora de uma ideologia que, na prática, reafirma a ocultação da realidade e reforça a estruturação do modo de produção vigente, sem atuações ou com atuação contida a favor da melhora da condição de vida do trabalhador e efetivação de justiça social. A abordagem que domina os livros pesquisados é centrada no legislado, no decidido pelos tribunais e interpretações jurídicas dos autores e não está baseada numa epistemologia do Direito do Trabalho fundada no todo, carecendo de investigação crítica e explicativa do fenômeno jurídico.

Nascimento (2008) faz uma abordagem histórica sobre o Direito do Trabalho,

mas a concentração está em fazer escola de Direito do Trabalho centrada na disposição legal, jurisprudencial e ensinamentos doutrinários, com compartimentalização no que se refere às questões de investigação e explicação do fenômeno jurídico. O que se constata é uma exposição da História do Direito do Trabalho, da História do Direito do Trabalho no Brasil, do Direito Internacional do Trabalho e da Teoria Geral do Direito do Trabalho. O aspecto histórico carece de investigação que permita a explicação do fenômeno jurídico, não revelando e possibilitando a formação como fenômeno cultural produzido e criado pelo homem, resultado da ação humana, e que surge em determinada transformação social como elemento de uma estrutura social. No que se refere à Teoria Geral do Direito do Trabalho, o capítulo volta-se à denominação, definição do Direito do Trabalho, relação entre o direito do

trabalho e outras ciências, relação entre o Direito do Trabalho e outros ramos do direito, autonomia e natureza jurídica do Direito do Trabalho, elaboração da norma jurídica e elaboração pelo Estado, pela autonomia dos particulares, pelos costumes, classificação da norma jurídica quanto à forma, hierarquia das normas jurídicas trabalhistas, interpretação do direito do trabalho, integração da norma jurídica trabalhista, eficácia da lei trabalhista no tempo e no espaço, princípios gerais do Direito do Trabalho, Direito do Trabalho e Previdência Social, Divisão do Direito do Trabalho, divisão do trabalho profissional, conceitos básicos para a classificação do trabalho profissional e direitos fundamentais, direitos de personalidade e intelectuais. Da mesma forma, não há explicação do surgimento do fenômeno jurídico e a Teoria Geral volta-se mais à preparação à interpretação ou entendimento do Direito Positivado, visto como uma abstração.

Delgado (2011) destina um capítulo à Origem e Evolução do Direito do

Trabalho e outro à Origem e Evolução do Direito do Trabalho no Brasil, mas não aborda de forma substancial o surgimento do trabalho livre, o Estado e a regulação da relação jurídica de emprego a permitir a compreensão do fenômeno e levar à reflexão sobre a função do Direito do Trabalho e o atual modelo de sociedade.

Martins (2014) destina um capítulo à História do Direito do Trabalho, que se

divide em introdução, evolução mundial e evolução no Brasil, de forma extremamente concisa, não havendo reflexão sobre o contexto de surgimento e finalidade do Direito do Trabalho.

Barros, A., (2006) faz apresentação sobre os Fundamentos e Formação Histórica do Direito do Trabalho, concomitantemente com abordagens sobre as tendências atuais do direito do trabalho, flexibilização e garantias mínimas, mas para a compreensão do fenômeno jurídico não existem elementos, com significante ausência de intermediações históricas.

Gomes e Gottschalk (2006) fazem uma abordagem sobre a formação histórica do Direito do Trabalho, de forma muito sumária, passando pelo conceito de Direito do Trabalho, sua divisão, dos ramos do direito que se relacionam, com sistematização e subdivisões, sem elementos para a compreensão do fenômeno jurídico.

Süssekind et al. (2005) são autores que abordam, de forma sucinta, o trabalho

até a idade moderna, as duas revoluções (jurídicas e econômica), a tendência do sistema liberal, o início de uma nova era social, com abordagens sobre o homem e o seu papel na sociedade, fatos e datas marcantes na evolução do problema social. Posteriormente aborda a evolução do Direito do Trabalho no Brasil, com considerações sobre a legislação e suas

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formas criadoras, as primeiras leis trabalhistas, a instituição do Ministério do Trabalho e Emprego, a instituição da Consolidação das Leis do Trabalho e as constituições brasileiras e a proteção ao trabalho, finalizando com escritos sobre os fundamentos, definição e objetivos do Direito do Trabalho. A abordagem é contida e permite compreender o Direito do Trabalho, numa perspectiva de percepção do fenômeno jurídico. Os Autores entendem que o Direito do Trabalho persegue uma finalidade político-social que é a paz social, a harmonia social (SÜSSEKIND ET AL, 2005, p. 100).

Tendo como base o exposto, é permitido escrever que se torna alienante a

relação de ensino do Direito do Trabalho sem conjugar a estrutura social com o surgimento e atuação do Direito do Trabalho. Aqui reitero que não ignoro textos esparsos ou outros livros desses autores sobre questões econômicas, sociológicas, históricas e filosóficas do Direito do Trabalho, que não sejam os manuais analisados, mas o que se considera é que os livros didáticos são de interferência profunda na formação do estudante de direito e carece da referida conjugação, influenciando na forma de pensar o Direito, especialmente nas faculdades particulares com cursos noturnos, já que estes agregam a maioria dos estudantes que têm o tempo limitado.

Da forma como é apresentado o Direito do Trabalho nos manuais, o Direito é