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Abordagem Conceitual para Estudo da Luz Natural Admitida através

CAPÍTULO 2 REVISÃO DE LITERATURA

2.3 Abordagem Conceitual para Estudo da Luz Natural Admitida através

A luz natural admitida através de aberturas para o ambiente interno faz parte do fenômeno da recepção da radiação solar em diferentes comprimentos de onda na superfície terrestre, tratando de uma sensação visual que o ser humano experimenta.

Para avaliação da luz admitida, interessa conhecer, além da quantidade admitida, como ela se distribui no ambiente, desde a sua fonte externa (Sol e céu), passando pela abertura até o ambiente interno, sendo as propriedades refletivas dos materiais importantes nessa distribuição, visando garantir luz em quantidade e qualidade adequadas.

Moore (1991) apresenta uma abordagem de estudo da iluminação natural nos ambientes com a definição de um Modelo Conceitual de Projeto, englobando a

consideração da luz desde a sua Fonte, Trajeto e Alvo (figura 10). Neste tipo de abordagem, as diferentes partes da edificação ou de seu entorno contribuem com luz como Fonte, Trajeto ou Alvo, ou seja, desde o Sol/céu ou superfícies refletoras externas, passando pelas aberturas com seus tipos de materiais e respectivas propriedades ópticas, refletindo e/ou bloqueando por meio de elementos de controle solar externos ou internos à abertura, até atingir o ambiente interno, de forma direta ou devido às múltiplas reflexões internas.

Figura 10 – Fonte, trajeto e alvo da luz natural (Fonte: MOORE, 1991)

A fonte está relacionada ao Sol e/ou céu, no que se refere à radiação solar incidente, direta ou difusa. Ao mesmo tempo, uma abertura também pode ser considerada como fonte, visto que, para a luz natural, ela é um plano iluminante que recebe luz de uma porção do céu. O trajeto está relacionado às intervenções entre a fonte e o alvo no interior do ambiente, como as características físicas da abertura (dimensões, estrutura, etc), assim como a influência da radiação solar refletida pelo entorno construído próximo, entre outras características; esse mesmo entorno pode ser considerado como fonte, porque devido à luz refletida, contribui para a recepção de luz natural no interior do ambiente  o alvo. O alvo está relacionado à sua respectiva posição no ambiente, próximo ou não da abertura, na sua altura, assim como às relações geométricas que contribuem para a recepção de luz natural naquele ponto.

Sobre o desempenho de edifícios com luz natural, Fontoynont (1999) apresenta um estudo de caso em sessenta edifícios na Europa, citando a importância de uma avaliação objetiva, que permita um monitoramento em larga

escala das edificações avaliadas. Uma avaliação objetiva do desempenho de iluminação natural torna possível também, a nosso ver, comparações e identificação dos melhores resultados, dos acertos e erros ocorridos, como forma inclusive de re- alimentação para novos projetos.

Os sessenta edifícios analisados foram selecionados em função de suas interessantes características de iluminação natural, incluindo edifícios de aeroportos, vias cobertas com vidro, igrejas, museus, edifícios de escritório, edifícios educacionais, bibliotecas, casas e outros, que utilizam diversos sistemas ou recursos para admissão da iluminação natural, como: coberturas envidraçadas; lanternins; teto/piso translúcidos; átrios/pátios de luz; vias cobertas com vidro; fachada parede envidraçada; janelas; clarabóias; prateleiras de luz; dispositivos prismáticos/ópticos; iluminação natural secundária; controle passivo da luz solar direta; controle ativo da luz solar direta; vídeo display units (VDUs); acabamento interno radiante; efeitos de coloração.

Na avaliação dos edifícios realizada por Fontoynont, foram identificados in

loco, a partir de medições, o fator de luz diurna sob condições de céu encoberto; a

refletância e transmitância de superfícies opacas e transparentes; a luminância no campo de visão dos ocupantes; a homogeneidade de penetração da luz natural; o fluxo luminoso admitido através das aberturas; a identificação da penetração de luz natural no espaço (luz difusa e luz direta).

Figura 11 - Exemplo de avaliação do fluxo luminoso natural admitido num ambiente (Fonte: FONTOYNONT, 1999)

Na Figura 11 é apresentado um exemplo da avaliação do fluxo luminoso natural admitido num ambiente das edificações analisadas, sob condições normalizadas de céu encoberto uniforme, considerando uma iluminância externa de 10 000 lux.

sistemas de iluminação natural citados identificou, entre outros aspectos, que os sistemas simples de iluminação natural têm melhor desempenho, e que uma combinação de sistemas simples tem melhor desempenho do que sistemas avançados de iluminação natural; a adição de pequenas aberturas apresenta melhor desempenho na iluminação natural do que o aumento da área delas.

Sobre luz natural e controle/admissão da insolação nas aberturas, Pereira (1994) comenta que existem algumas diferenças entre planejar para insolação e para iluminação natural, uma vez que o acesso à insolação está ligado a questões térmicas e sofre influência direta das trajetórias aparentes do Sol, significando obstruir ou não a visão de determinadas porções do céu em diferentes épocas do ano. Já o acesso à iluminação natural envolve garantir a visão de uma porção do céu independentemente da orientação.

As questões de admissão de luz natural nas edificações também aparecem na literatura na temática de sustentabilidade, em trabalhos sobre princípios de projetos sustentáveis, ou seja, numa visão do aproveitamento da luz natural que proporcione racionalização do consumo energético, dos recursos naturais, integração com a natureza e uma visão de arquitetura que otimize a utilização dos recursos naturais do planeta.

Na temática da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo, abordando a iluminação natural, Taylor (2000), num trabalho sobre aplicação de princípios de projeto sustentáveis num caso de estudo para o Reino Unido, cita que o projeto da fachada, da cobertura, do envidraçado e dos protetores solares responde para a melhoria da iluminação natural, mas exclue o Sol devido aos ganhos de calor e brilho.

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