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CAPÍTULO II – APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E INOVAÇÃO

2.2 Abordagem Construcionista de Papert

“A inovação pedagógica implica em mudanças qualitativas das praticas pedagógicas e essas mudanças sempre envolvem um posicionamento critico, explicito ou implícito, faces às práticas pedagógicas tradicionais”. (FINO, 2008, p.01)

A dinâmica do processo de globalização na qual estamos inseridos leva-nos a sentirmos por vezes inquietos, ao refletirmos sobre como educar as crianças em uma sociedade em constante processo de mudança. Percebe-se acentuado desenvolvimento em diversos campos sociais, principalmente relacionado aos avanços tecnológicos, pois, estes têm se tornado um dos recursos mais relevantes no processo de aceleração e desenvolvimento da humanidade, surgindo como viés condutor de inúmeras informações e publicações que circulam a cada momento.

Portanto esta pesquisa em Inovação Pedagógica discute a inovação como quebra paradigmática dos atuais contextos educativos que estão dissociados da atual sociedade, e contrapõem os modelos passivos de aprendizagem, além de ênfase as construções particulares do indivíduo. Com a contribuição teórica de Seymour Papert idealizador do Construcionismo, Carlos Fino em suas discussões, cita-o como propulsor da Inovação pedagógica.

Nesse sentido, o Construcionismo é uma reconstrução pessoal de Seymour Papert, surge a partir da concepção teórica Construtivista de Jean Piaget, apresentando como o mais novo paradigma da educação, atribuindo especial atenção ao papel das construções cotidianas. Papert utiliza-se de diferentes recursos que fundamentam seu entendimento sobre as construções concretas de cada indivíduo e sua participação da construção da linguagem. Para tanto, ele introduz o micromundo representado pela linguagem LOGO (geometria da tartaruga), uma dinâmica, ferramenta informática, que auxilia significativamente a aprendizagem do aluno.

O micromundo abordado na teoria construcionista de Papert, constitui-se por ambientes propícios a assimilação do conhecimento, de forma interativa e prazerosa, a partir do uso de artefatos como o computador, jogos e brinquedos. No livro “A Máquina das Crianças”, Papert sinaliza experiências com alunos que ao realizarem atividades em conjunto, numa criação de “coreografia de tela”, ambos apresentaram interesses bem distintos, um em ciências, o outro em dança e música. (1994, p. 30).

A partir desse contexto percebe-se a construção cognitiva dos aprendizes de forma prazerosa, dinâmica e sistémica a partir do micromundo, ou seja, o ambiente interativo resulta em aprendizagem a partir de situações concretas. Nisso, o construcionismo abordado por Papert, evidencia-se a partir da linguagem LOGO, que vem propor o princípio da matética em que as aprendizagens se concretizam a partir do cotidiano do aprendiz, não mais a partir do ensino transmitido.

As crianças são dotadas de capacidades mentais que as tornam capazes de construir seu próprio conhecimento, utilizando-se de inúmeras ferramentas interiores e exteriores. As interiores são os conhecimentos prévios que, com o auxílio dos processos cognitivos abordados por Piaget; elas passam por diferentes fases que determinam seu desenvolvimento cognitivo. E os símbolos abordados por Vygotsky, linguagem, a escrita o sistema dos números, condicionam à criança em elaborar conhecimentos do seu mundo concreto, a partir de experiências próprias e compartilhadas. “A criança passa a ser um laboratório pessoal”.

Nesse sentido, é importante a presença de um professor que faça uso de ações criativas, e que proporcione ao aluno um ambiente enriquecedor, de forma a estimular o aprendiz para desenvolver-se de maneira ativa, capaz de elaborar suas próprias descobertas. Assim, o

professor torna-se o organizador da ação pedagógica. Entretanto, a presença da criança na escola é de grande relevância para, aprender a construir conhecimentos a partir das suas capacidades e equilíbrio pessoal, e sua inserção social, autoestima, em fim, essa interação precisa ser vista como um processo conjunto. A interação entre professor e aluno, e as ideias compartilhadas despertam autonomia na resolução de tarefas e na utilização e formulação de novos conceitos.

Neste contexto, o professor passa a ser o motivador das aprendizagens, pois à medida que as ações tornam-se estimuladoras, os esquemas mentais são ativados, elaboram-se as hipóteses para a resolução das inquietações que os afligem. Este processo leva a criança à construção e reconstrução. O construcionismo vem abordar que a criança é capaz de reconstruir novos conhecimentos, embasados em conhecimentos prévios. E para Papert, a criança não necessita de acúmulo de informações para que ela aprenda.

A proposta construcionista, é provocar o “máximo de aprendizagem com o mínimo de ensino”. (1994, p.134). A criança é vista como um ser inteligente, interligada as inúmeras variações, sejam no âmbito familiar, seja no espaço escolar. Ela torna-se um ser em sintonia com o mundo que a rodeia.

Cabe ao professor, como facilitador da aprendizagem e orientador do conhecimento, estimular e aceitar a autonomia e iniciativa dos alunos ao mesmo tempo, criar situações provocadoras de forma a desenvolver no aluno habilidades para caminhar e gerir suas próprias criações com total competência, tornando-o protagonista do processo, utilizando-se de projetos e atividades contextualizadas, desenvolvendo aulas participativas e dinâmicas.

O construcionismo de Seymour Papert vem dar amplitude às construções individuais das crianças. E ele sinaliza diversas ferramentas importantes no desenvolvimento concreto dessas construções. Vygotsky sinaliza a ferramenta como um meio de orientar as atividades externas humanas, no sentido de dominar e triunfar sobre a natureza. Os signos passam a ser um meio de atividade interna, com a função de domínio do próprio indivíduo. (VYGOTSKY, 1998)

Nesse sentido, Vygotsky salienta que, o desenvolvimento baseia-se em processos de aprendizagem utilizando-se de ferramentas intelectuais a partir das interações sociais, destacando o uso da linguagem que é utilizada em conjunto, sobre a orientação de alguém capaz de utilizar a ferramenta intelectual necessária.

Seymour Papert, idealizador do construcionismo, mostra-nos através dos seus escritos diversas experiências de pessoas e educadores que reconheceram o potencial das crianças, decidiram fazer à diferença dando-lhes tão somente as pistas para o caminho das grandes

descobertas. Papert enfatiza a importância das construções no mundo. E destaca as atuações de autores importantes como Piaget e Lévi Strauss que, tornaram-se fundamentais no embasamento da sua proposta construcionista, discutem como a escola distancia o abstrato do concreto.

A matemática, por exemplo, quando trabalhada associada às necessidades cotidianas, torna-se bem mais prática e de fácil entendimento. A criança que vende picolé na rua sabe passar o troco corretamente, utilizando-se das operações, mas quando questionadas em sala de aula para resolução de problemas, sentem dificuldades e não conseguem o resultado desejado.

Assim, o construcionismo de Papert, amplia a discussão do construtivismo em que reconhece o sujeito como construtor de aprendizagem de forma ativa, e Papert complementa com o reconhecimento das aprendizagens particulares dos sujeitos, como externas e partilhadas.

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