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2.4 INTEGRAÇÃO DE IHC E ES

2.4.1 Abordagem da Engenharia Semiótica para Integrar IHC e ES

Em uma pesquisa qualitativa, Paula, Barbosa e Lucena (2005) conduziram a investigação da aplicação de um diagrama comum para a tomada de decisões de IHC em equipes multidisciplinares fazendo uso da MoLIC. Os autores concluem que a visualização da proposta do ponto de vista do usuário em vez da visão centrada no sistema, comum a ES, provê uma representação que simplifica a comunicação entre os integrantes de diferentes formações, mantendo o entendimento e construção guiados de maneira coletiva.

Em um outro estudo (PAULA, SILVA e BARBOSA, 2005), buscou-se foco na comunicação de decisões de IHC para a equipe de ES por meio da MoLIC como um boundary object, isto é, como um artefato para entendimento comum de grupos diferentes. Em contraponto a trabalhos que buscam trazer questões de IHC para métodos/modelos existentes da ES (SEFFAH, DESMARAIS e METZKER, 2005), é apresentado o uso da MoLIC (artefato da IHC) como representação a ser compreendida pelas duas áreas, evitando a perda das decisões de interação e possibilitando o projeto dos engenheiros de software com base nessas.

Paula, Silva e Barbosa (2005) apresentaram uma proposta de mapeamento de representações da MoLIC para diagramas da UML (Figura 9) para permitir o projeto funcional/arquitetural da ES. Foi proposto o mapeamento dos artefatos da MoLIC para três dos diagramas da UML: 1) Cenas e mensagens do diagrama de interação da MoLIC, além dos objetivos conhecidos a priori (diagrama de objetivos),

mapeados para diagramas de casos de uso da UML; 2) Informações da ontologia de signos mapeados em diagramas de classes da UML, incluindo também cenas e mensagens do diagrama de interação da MoLIC como base para os métodos das classes; 3) Cenas e mensagens com sua respectiva ordenação no diagrama de interação da MoLIC, incluindo as representações de prevenção/recuperação de erros do projeto, mapeadas para diagramas de sequência da UML.

Figura 9 - Mapeamento da MoLIC para UML Fonte: Paula, Silva e Barbosa (2005).

Em sua tese de doutorado, Paula (2007) propôs um framework (Figura 10) para que, a partir de informações extraídas do domínio pela equipe de requisitos, a equipe de IHC possa produzir uma série de artefatos para, por fim, comunicar por meio da MoLIC suas decisões à equipe de ES, a qual levaria em consideração o mapeamento para UML apresentado anteriormente em seu projeto de funcionalidades e arquitetura do software. Com isso, Paula apresentou um processo de leitura da ferramenta para ser empreendido pelos engenheiros de software após receberem os artefatos de etapas anteriores: 1) o engenheiro lê e entende as

informações de domínio, contexto de uso etc.; 2) o engenheiro lê e compreende a modelagem de interação representada na MoLIC (metas, signos, visão global de interação); 3) com o conhecimento da proposta de IHC, os engenheiros podem negociá-la e, após isto, partir para a sua correspondência funcional/arquitetural do sistema numa modelagem por diagramas da UML.

Figura 10 - Componentes do framework ComunIHC-ES Fonte: Paula (2007).

Ainda em sua tese, Paula (2007) conduziu um estudo de caso com a finalidade de investigar, numa abordagem qualitativa, a aplicação do framework proposto por ela com profissionais da ES. Os cinco pontos de investigação básicos de sua pesquisa foram os seguintes:

1. O entendimento da solução de IHC pelos engenheiros de software contribui para que as funcionalidades internas do software reflitam as decisões já tomadas pelos especialistas de IHC e evita que os engenheiros de software tenham que tomar decisões deste tipo;

2. O compartilhamento de uma representação do projeto de IHC pelos profissionais desta área e engenheiros de software promove o entendimento e a negociação da solução de IHC;

3. A ferramenta ComunIHC-ES contribui, de forma eficiente e eficaz, para o entendimento da solução de IHC pelos os engenheiros de software;

4. A solução de IHC representada via ferramenta ComunIHC-ES auxilia a especificação dos diagramas UML pelos engenheiros de software;

5. A ferramenta ComunIHC-ES não onera excessivamente o processo de desenvolvimento de software. (PAULA, 2007, p. 79).

As conclusões do estudo de caso foram positivas para os quatro primeiros pontos investigados. Os engenheiros de software tiveram uma percepção de facilidade em relação ao uso do framework, porém para obter conclusões sobre a quinta premissa considerou-se necessário um estudo sobre o uso de um processo real em um projeto.

Com base na obra da pesquisadora Paula (2007) referenciada, foi proposta a metodologia deste trabalho no Capítulo 3. Com modificações nos pontos investigados e no público selecionado para o experimento, foi proposto um novo estudo de caso para o tema.

3 METODOLOGIA

A fim de atingir os objetivos estabelecidos para esta pesquisa, foi planejada uma metodologia decomposta em 5 etapas com saídas previstas e dispostas em uma sequência encadeada. Cada etapa aqui estabelecida teve como saída um ou mais artefatos que alimentaram os resultados e, por conseguinte, a discussão dos mesmos sob a ótica do objetivo geral relacionando as duas grandes áreas nas quais este trabalho insere-se: IHC e ES.

Como atividade central para a coleta dos resultados, optou-se por um estudo de caso no qual os participantes realizariam uma atividade de design, integrada em um modelo de processo proposto, de forma a integrar o projeto de interação e o projeto funcional/arquitetural do sistema. Para dar suporte a tal atividade, foram estipuladas etapas prévias e posteriores a mesma de forma a sistematizar a coleta e enriquecer a quantidade e qualidade dos resultados percebidos.

As etapas que precederam o estudo de caso incluíram a aplicação de um questionário pré-teste, empregado para a seleção e investigação do perfil dos participantes, a concepção de um cenário de problema e uma apresentação prévia do modelo de processo proposto para que os participantes estivessem conscientes do objetivo de sua tarefa. Já as etapas posteriores ao estudo de caso contaram com a realização de entrevistas pós-teste, utilizadas para tomar conhecimento das percepções dos envolvidos na atividade, bem como a análise final de todos os dados coletados e produzidos.

Figura 11 - Visão geral da metodologia deste trabalho Fonte: Autoria própria.

Todas as fases supramencionadas serão detalhadas, conforme a sequência disposta no método, nas subseções seguintes. A visão geral contendo todas as fases realizadas na aplicação deste trabalho é apresentada na Figura 11.