• Nenhum resultado encontrado

Em uma pesquisa, os questionamentos norteiam e guiam o pensar do pesquisador referente a busca de respostas ou, como diria Gil (2007, p. 17), “a pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

Todo esse cuidado do pesquisador resultará em um outro elemento, o da construção do estudo, que tem a finalidade de responder a principal questão da pesquisa: Qual a percepção dos professores de Matemática da Educação Básica sobre a contribuição dos vídeos na prática pedagógica?

Desta forma, os objetivos específicos traçados foram os seguintes: conhecer as práticas de professores de Matemática que utilizam vídeos em suas aulas na Educação Básica; relacionar o uso dos vídeos com o processo de ensino; investigar como foi a experiência dos professores ao utilizarem vídeos nas suas aulas de Matemática e conhecer os tipos de vídeos usados pelos professores.

Por não terem sido encontradas estatísticas recentes sobre o uso de vídeos por professores de Matemática no Brasil, julgou-se necessário realizar em um primeiro momento uma pesquisa exploratória para conhecer esses sujeitos. Assim, organizou- se o trabalho em duas etapas:

• Etapa 1: abordagem quantitativa envolvendo um estudo exploratório sobre professores de Matemática que usam ou não vídeo em suas práticas; • Etapa 2: abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, com sujeitos

selecionados a partir daqueles estudados na etapa 1.

Na primeira etapa foi realizada uma pesquisa exploratória que, segundo Gil (2007), é um estudo preliminar que tem como objetivo principal levantar dados para conhecer o sujeito da pesquisa.

Para realizá-la utilizou-se o ambiente do Projeto de Extensão Rede Colabora1, coordenado pela Professora Rozane da Silveira Alves da UFPel. Este projeto oferece cursos de formação para utilização das tecnologias no ensino, na modalidade on-line aos professores da Educação Básica da Rede Pública e tem acolhido pesquisas referentes à dissertações que envolvam esses professores. O projeto tem o apoio da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Pelotas (SME), da 5a Coordenadoria Regional de Educação (5a CRE) e do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) vinculado à 5a CRE.

Em julho de 2017, a mestranda Daiane Leal da Conceição do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPel, orientada pela professora Maristani Polidori Zamperetti, ofereceu um curso sobre o uso do smartphone no ensino de Matemática dentro do projeto Rede Colabora, envolvendo a sua pesquisa. Na ficha de inscrição preenchida por professores da Educação Básica foi incluída uma questão indagando sobre o uso de vídeos no ensino de Matemática para atender a esta pesquisa sobre vídeos.

O curso foi amplamente divulgado nas redes sociais e teve 662 professores de Matemática inscritos, com vínculo em instituições municipais, estaduais e federais de todo Brasil. Entre as unidades da federação, somente Acre, Rondônia e Roraima não tiveram inscrições homologadas por não atenderem às especificações do curso, ou seja, professores de Matemática da Rede Pública de escolas, com turmas de ensino Fundamental e Médio.

O formulário de inscrição preenchido pelos professores continha questões abertas e fechadas, com informações sobre os participantes (gênero, nível de ensino

64 e função na escola). Os dados foram armazenados no banco de dados do projeto Rede Colabora.

Com este levantamento foram identificados professores que produzem e/ou utilizam vídeos em suas aulas de Matemática e aqueles que não utilizam e nem produzem este tipo de material.

Dos 662 professores de Matemática inscritos no curso, foram convidados somente os 175 vinculados ao estado do Rio Grande do Sul, para participar da segunda etapa da pesquisa. Estes professores estão distribuídos em 67 cidades do estado, sendo Pelotas a cidade com maior número de inscritos (37).

Na segunda etapa, realizou-se o desenvolvimento de um curso de extensão universitária sobre Narrativas Digitais, no qual participaram 74 dos professores gaúchos que foram investigados na pesquisa exploratória e que aceitaram participar do curso.

Nesta etapa da pesquisa, optou-se pela abordagem qualitativa, pois como afirma Trivinos (1987), a pesquisa qualitativa ajuda a compreender um fato específico e o espaço onde o sujeito habita.

A escolha desta abordagem ocorreu de forma que foi possível conhecer as práticas de professores de Matemática que utilizam vídeos em suas aulas, relacionando o uso dos mesmos com o processo de ensino e investigando como foi a experiência dos professores ao utilizarem vídeos nas suas aulas de Matemática.

Segundo Lüdke e André (1986), na pesquisa qualitativa o ambiente natural é a fonte direta de dados e o pesquisador seu principal instrumento. Portanto, nada melhor que investigar direto no foco, ou seja, com o professor.

Para os autores, o estudo de caso:

Visa à descoberta, mesmo que o investigador parta de alguns pressupostos teóricos iniciais, ele procurará se manter constantemente atento a novos elementos que podem emergir como importantes durante o estudo. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 18).

A abordagem qualitativa vem sendo muito usada em pesquisas referentes à educação, por mostrar a realidade vivenciada pelos sujeitos. O pesquisador por sua vez, realiza o trabalho de campo pessoalmente e não deve se apressar para atingir os resultados, mas sim, interagir e emergir no ambiente de forma que dentro desta realidade ele venha a entender o grupo pesquisado.

Alves, Mazzotti e Gewandsznajder (1999) afirmam que:

[...] ao contrário do que ocorre com as pesquisas quantitativas, as investigações qualitativas, por sua diversidade e flexibilidade, não admitem regras precisas, aplicáveis a uma ampla gama de casos. Além disso, as pesquisas qualitativas diferem bastante quanto ao grau de estruturação prévia, isto é, quanto aos aspectos que podem ser definidos já no projeto. (ALVES, MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 147).

Dentro da abordagem qualitativa, concluiu-se que o estudo de caso seria uma boa opção para ser utilizado nesta pesquisa, pois, segundo Yin (2005), o estudo de caso é mais adequado ao investigar o “como” e o “porquê” de eventos contemporâneos ligados a fenômenos da vida real.

Justifica-se a importância do estudo de caso, por reunir informações que podem auxiliar o pesquisador a entender determinado contexto. Por meio de informações minuciosas, este pode adquirir intensa clareza no conteúdo que está pesquisando.

Segundo Yin (2005), como estratégia de pesquisa, pode-se afirmar que o estudo de caso:

Compreende um método que abrange tudo – tratando da lógica de planejamento, das técnicas de coleta de dados e das abordagens específicas à análise dos mesmos. Nesse sentido, o estudo de caso não é nenhuma tática para a coleta de dados nem meramente uma característica do planejamento em si, mas uma estratégia de pesquisa abrangente. (YIN, 2005, p. 33).

No cenário das situações diversas vividas nas escolas e do ponto de vista de abordagens qualitativas, o estudo de caso se torna referência, pois por meio de sua pesquisa observadora e investigadora pode possibilitar recompor os processos e vínculos que caracterizam uma experiência do dia a dia na escola, permitindo ao pesquisador, interpretar em um dado período de tempo, como surgem, se desenvolvem e evoluem determinados fenômenos.