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4.1 Definição dos modelos

4.1.4 Abordagem multiobjetivo

No cumprimento à sua função básica, que é responder às situações de urgência médica de forma organizada, o SAMU deve evitar o uso excessivo de recursos. Por isso, os benefícios de incrementar o número de chamados cobertos dentro de tempos de resposta considerados satisfatórios devem ser balanceados em relação aos custos dos investimentos necessários para aumentar a capacidade do sistema. Dentre esses recursos destaca-se o número de ambulâncias empregadas e a quantidade de bases instaladas.

Em relação ao número de ambulâncias no sistema, as restrições Equação (21) (modelo FLEET-ICt) e Equação (32) (modelo LR-MEXCLP-ICt) limitam a sua utilização em referência ao número máximo disponível para o SAMU-BH. Entretanto, em relação ao número de bases a serem instaladas, não existe um parâmetro que determine a quantidade máxima. Através das formulações pode-se perceber que a otimização pode atribuir uma base diferente para cada veículo em cada período. Assim, para um número maior de períodos pode-se esperar um número maior de bases instaladas.

Todavia, a instalação de bases pode ser custosa ao SAMU, visto que conforme mencionado na Seção 1.1, o Ministério da Saúde (2014) estabele que as bases devem possuir um ambiente estruturado - com quartos para descanso dos profissionais, copa, sala de estar, banheiros, estacionamento coberto para os veículos e almoxarifado. Sendo assim, apresenta-se uma proposta multiobjetivo que baseia-se no acréscimo de uma segunda função objetivo, que visa minimizar o número de bases a serem instaladas, conforme Equação (38).

Minimizarf 2 = X

j∈J

zj (38)

Aplicando a técnica de escalarização P-, a função objetivo f2 é transformada em restrição, Equação (39), para as duas formulações mono objetivo propostas em Subse-ção 4.1.1 e SubseSubse-ção 4.1.2. Sendo que,  indica a quantidade de bases que podem ser instaladas a cada iteração.

f 2≤  (39)

Sendo assim, a versão biobjetivo da formulação FLEET-ICt pode ser representada de forma simplificada como se segue:

Maximizar coberturaX i∈I X u∈U X t∈T dtiuyiut (40) sujeito a: (20) − (26) (41) X j∈J zj ≤ . (42)

Como apresentado na Subseção 4.1.1, a função objetivo (40) visa maximizar a quantidade de chamados cobertos em cada período. As restrições (20) - (26) seguem a mesma finalidade descrita para a versão mono objetivo do modelo FLEET-ICt. A restrição (42) restringe o número de bases instaladas em , conforme a segunda função objetivo f2

inserida ao problema.

Dado a incorporação da segunda função objetivo no modelo LR-MEXCLP-ICt sua versão biobjetivo é apresentada:

Maximizar Cobertura =X i∈I X u∈U X t∈T Kmax X k=1 dtiuqtiu,kyiu,kt (43) sujeito a: (30) − (37) (44) X j∈J zj ≤ . (45)

Conforme apresentado anteriormente, a função objetivo (43) maximiza o número de demandas cobertas multiplicado pelo nível de de serviço prestado, em cada período. As restrições (30) - (37) cumprem o mesmo papel citado na Subseção 4.1.2. Por fim, a restrição (45) caracteriza a aplicação da técnica de escalarização P- para a segunda função objetivo, que tem o objetivo de minimizar o número de bases instaladas dado um valor de .

4.1.5 Simulação

Para testar as configurações propostas pela otimização nas formulações FLEET-ICt e LR-MEXCLP-ICt utiliza-se um simulador, que foi desenvolvido pela equipe do PPSUS (Programa Pesquisa Para o SUS). A construção de tal simulador foi baseada na simulação de eventos discretos (SED) e o seu desenvolvimento foi realizado por meio da linguagem de programação JAVA. Além disso, o simulador pode ser classificado como dinâmico, já que representa o sistema a medida que o mesmo evolui ao longo do tempo, e como estocástico, uma vez que as demandas são geradas com base probabilística.

Ambulâncias e chamados são as principais entidades do sistema. As ambulâncias são entidades permanentes e os chamados são entidades temporárias. Conforme citado na Seção 1.1, o modelo apresentado pela Figura 1 representa o sistema através de três pontos importantes: geração (recebimento) de chamados (A), despacho de ambulâncias (B) e jornada das ambulâncias (C). O funcionamento do simulador utilizado pode ser descrito em 5 etapas:

1. Geração da instância: a localização das bases e a alocação das ambulâncias é infor-mada e a instância é gerada contendo todas informações do sistema (localização e alocação das ambulâncias, localização, tipo e instante de cada demanda e localização dos hospitais);

2. Inicialização do simulador com a leitura da instância de entrada; 3. A simulação é iniciada e as demandas começam a surgir;

4. De acordo com a característica das ocorrências e configuração corrente do sistema, é determinada a ambulância mais adequada para atender a cada emergência. A regra de despacho considerada segue as informações sobre o tipo de ocorrência (USAs ou USBs) e a localização do incidente, para que seja empenhada a ambulância mais próxima. Em situações em que não for possível despachar a ambulância mais próxima, a ambulância mais imediata é enviada;

5. As ambulâncias realizam tarefas relacionadas a viagens, pré-atendimento no local, entrega no hospital, realocação e reabastecimento (reposição de materiais). É possível que as ambulâncias realizem todas essas tarefas, ou apenas algumas delas, em cada viagem.

Baseado no banco de dados que é apresentado na Seção 4.2 os chamados são gerados, considerando diferentes probabilidades de demanda por faixa horária e por tipo de ambulância, seguindo a distribuição de Poisson. Ao total são geradas instâncias com 7.392 chamados, sendo 936 demandas por USAs e 6.456 demandas por USBs. A Figura 5 apresenta a interface visual do simulador.

O simulador é configurado através da plotagem de um ponto central representando cada um dos 11.976 Códigos de Endereçamento Postal (CEP) da cidade de Belo Horizonte.

Além disso, existe uma matriz de distância que atribui um valor de distância de ponto a ponto. Tal matriz de distância foi extraída por meio do Google Maps.

Figura 5 – Interface gráfica do simulador

A representação da interface gráfica do simulador apresentada permite identificar a representação dos hospitais, Centros Médicos, Pronto Socorros e outros pontos hospitalares (itens em vermelho assinalados com a letra H), das bases (itens em azul assinalados com a letra B), das ambulâncias e dos chamados gerados (itens no formato quadrado na cor laranja).

A Figura 6 mostra a interface de processamento do simulador. São simulados 31 dias - representando o mês de janeiro de 2019. Após o fim do atendimento de todas demandas geradas a simulação se encerra e um arquivo com as saídas é fornecido. Neste arquivo de saída são informados todos os atendimentos realizados, detalhando o tipo de ambulância empenhado, o tempo de fila, o tempo entre o recebimento do chamado e o despacho da

ambulância, o tempo de deslocamento da ambulância até o local do incidente e o tempo de resposta de cada chamado.

Figura 6 – Interface do processamento de chamados

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