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Enfoca-se a importância do apoio oferecido pelo PEASA10, para o desenvolvimento de projetos inovadores, especialmente, na região semiárida nordestina. Segundo informações retiradas do endereço eletrônico do mesmo, trata-se de um programa que visa articular e promover dentro da UFCG e das instituições de pesquisa e desenvolvimento da Paraíba, a realização de estudos e intervenções nas atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas à temática de convivência com o Semiárido. Procura também, desenvolver as potencialidades de todas as instituições do estado paraibano e da região Nordeste, que se prestem ao equacionamento e à criação de alternativas para os graves problemas desta parte do território brasileiro, que é a região nordestina, especialmente, a Paraíba. E ainda, trabalha em prol do desenvolvimento de ações ecologicamente sustentáveis, com relação ao meio ambiente e as condutas sociais. Através de grupos integrados de pesquisa e extensão, investiga as potencialidades das regiões estudadas, com o intuito de aumentar a capacidade produtiva e amenizar os problemas socioambientais desses lugares.

Com relação às Entidades que também participam com apoio a essas comunidades, ressalta-se a presença da Comissão Pastoral da Terra (CPT)11, que teve seu início com a luta dos camponeses apoiados e articulados nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e articulados pela Coordenação Diocesana de Pastoral da Diocese de Cajazeiras que, a partir daí, fez surgir a Pastoral Rural, sendo filial da Pastoral Rural do Regional Nordeste II, que compreende os Estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Passou, em seguida, a condição de Comissão Pastoral da Terra. Sendo que, a ação desta Pastoral foi iniciada em 1988, no Sertão Paraibano, com a ocupação de terras em torno dos açudes

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Informações retiradas do site do Programa de Estudos e Ações para o Semiárido (PEASA): < http://peasa.paqtc.org.br/v2/index.php?option=com_content&view=article&id=50&Itemid=57

>. Acesso em: 11 mar. 2015. 11

públicos. A primeira ocupação foi no sítio Bartolomeu em Bonito de Santa Fé – PB e em seguida, veio a ocupação de Pilões, em Triunfo – PB, Multirão em Riacho dos Cavalos – PB e Carneiro em Jericó – PB.

Salienta-se o trabalho desenvolvido pela Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano (CAAASP)12, a qual de acordo com folheto Informativo da Agricultura Familiar no Alto Sertão da Paraíba, originou-se em decorrência da decisão dos camponeses de fortalecer o grupo que já existia, do qual, posteriormente, constituiu-se uma entidade jurídica, que desenvolve trabalhos político – organizativos com os assentamentos. Logo, assistida pela CPT, discute e encaminha as questões relacionadas aos processos das áreas de assentamentos, no que se refere a créditos, PDA’s, parcelamento, infraestrutura, produção, etc. E ainda, coloca-se como um espaço de formação educacional, em relação a assuntos ligados às políticas públicas, educação, gênero, agroecologia, associativismo, etc. Composta por uma diretoria, um conselho diretor e dezesseis áreas de assentamentos, que somam o total de trinta e dois representantes.

Existe ainda, a Associação dos Apicultores do Alto Sertão Paraibano (ASPA), a qual foi gerada devido ao forte crescimento da atividade apícola na região, que envolveu apicultores naturais dos municípios de Aparecida – PB e Sousa – PB. Atualmente, atende de forma direta, a 11 municípios do sertão paraibano, com uma média de 150 apicultores. Possui um local na sua sede para armazenar o mel, depois de embalado, assim como outros produtos ali existentes, do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Oferece capacitações, juntamente, com unidades parceiras que formam a Rede Abelha Sertão, que visam também aprovar projetos ligados ao Projeto de Combate à Pobreza Rural do Estado da Paraíba (COOPERAR). E ainda, possui um Entreposto de Mel, que se trata de uma casa de mel que manipula a produção de mel da região para a exportação. A ASPA trabalha a questão da existência de um grande potencial produtivo na região, mas que deve haver um maior estímulo para ampliar a produção, uma vez que, para o entreposto venha cumprir seu objetivo, torna-se necessária duplicar a produção de mel da região (Ver imagem 10).

Outra entidade parceira é a Rede Abelha Sertão13, segundo o Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas, ela surgiu para estabelecer a organização desses grupos trabalhados anteriormente, com a finalidade de buscar por novas conquistas, tais como a

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Informações presentes no folheto Informativo da Agricultura Familiar no Alto Sertão da Paraíba (cedido pela representante da CAAASP, com sede em Cajazeiras – PB).

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Informações contidas no Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas. Ano 2, Nº 11. Aparecida – PB: fev. 2010.

inclusão da apicultura nos projetos de investimento produtivos dos assentamentos, construções de casas do mel, capacitações para esses apicultores, entre outros. Existe a participação de apicultores e apicultoras, com uma produção significativa de mel por ano, o que possibilita o fortalecimento das condições econômicas desses produtores. Esse grupo visa capacitar os camponeses assentados, para o desenvolvimento de produções agroecológicas e sustentáveis, com estas possuindo garantia e reconhecimento do padrão de qualidade no mercado.

Imagem 10 – Local destinado ao armazenamento da produção familiar, área do entreposto e do apiário da ASPA

Fonte: Acervo pessoal, Érika L. G. ANDRADE, 2011.

Montagem: Elaborada pela autora, 2015.

Dentro desse contexto, trabalham-se os desafios que se apresentam diante da tentativa de se colocar atividades produtivas sustentáveis, mesmo com a atenção dessas entidades voltada para o progresso dessas comunidades. Logo, destaca-se que as famílias dos assentamentos investigados, ressaltam muito a questão da falta de articulação entre esses espaços, o desinteresse da maioria dos camponeses assentados e, ainda, existe o problema da falta d’água nos assentamentos, em determinadas épocas.

Assim, destacam-se as principais dificuldades encontradas para a expansão da atividade apícola, nessas áreas de assentamentos, que foram colocadas pelos camponeses e observadas, ao longo desse estudo. Apresenta-se que boa parte dos assentados é formada por idosos, sem muito ânimo para se dedicar a apicultura, a questão da falta de infraestrutura

mínima, de recursos para iniciar a produção, o problema de ser muito distante o entreposto da ASPA, que é interessante a construção de uma casa do mel mais próxima, especificamente, em Cajazeiras – PB.

No ano de 2013, foi feito um levantamento da produção de mel, nas áreas de assentamentos com apicultura. Através desse diagnóstico, pode-se ter uma noção da produção que foi desenvolvida, porém esse número de apicultores diminuiu, com o passar dos anos (Ver tabela 2).

Tabela 2 – Quantidade de mel produzida nos assentamentos de Cajazeiras – PB em 2013

Fonte: Organizado por Maria do Socorro Ferreira, 2013, e adaptado por Érika L. G.

ANDRADE, 2015.

E ainda, de acordo com os camponeses assentados, existe a questão da participação da Prefeitura Municipal de Cajazeiras (PMC), que consiste apenas na garantia de que serão desenvolvidos projetos, que visam à compra do mel para instituições de caridade e para a merenda das escolas municipais. Porém, segundo o atual secretário de agricultura deste município, não há nenhum tipo de projeto em vista, para essas áreas de assentamentos, até o

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Informa-se que no Assentamento Frei Beda não se desenvolvia a apicultura, nessa época. E ainda, que os dois apicultores do assentamento Mãe Rainha e o apicultor do assentamento Valdecy Santiago não produzem mais (informação prestada por Maria do Socorro Ferreira, representante da CPT, com sede em Cajazeiras – PB).

PRODUÇÃO DE MEL ANO 2013/ CAJAZEIRAS - PB

Assentamentos14 Apicultores Quantidade produzida

(kg)

PA Valdecy Santiago Apicultor A 600

PA Frei Damião I Apicultor B 450

Apicultor C 200

PA Mãe Rainha Apicultor D 200

Apicultor E 30

PA Santo Antônio Apicultor F 110

momento. Isso provoca nos camponeses assentados, uma sensação de desatenção da parte dos órgãos públicos, que termina por gerar a falta de interesse nesses camponeses. E ainda, a questão dessas pessoas quererem retomar as práticas antigas, em relação à agricultura tradicional, para poder garantir o sustento das famílias.

A questão socioambiental se torna algo primordial no quadro que se apresenta, principalmente, por se estar diante de tantas transformações. As relações estabelecidas dentro desses espaços devem contemplar todos os elementos envolvidos, ou seja, as ações modificantes devem acontecer de maneira que sejam promovidas a partir do equilíbrio entre as três categorias norteadoras, sendo elas sociedade, natureza e economia. De acordo com Weid (2009),

Para superar os fatores de insustentabilidade que caracterizam o sistema agrícola convencional baseado nos princípios da chamada Revolução Verde, os novos estilos de agricultura deverão, em primeiro lugar, ser econômicos no uso de recursos naturais não renováveis, buscando, idealmente, chegar a dispensá-los, uma vez que as reservas de petróleo, gás, fósforo e potássio estão em processo de exaustão, (...). Por outro lado, deverão recuperar, melhorar e conservar os recursos naturais renováveis, como solos, água e agrobiodiversidade, que também estão sendo destruídos pelo sistema convencional. Deverão também ser econômicos no uso da água, recurso que escasseará nas próximas décadas pelas múltiplas demandas a que está sendo e será submetido (WEID, 2009, p. 47).

O cenário de ampliação da capacidade produtiva dessas comunidades é algo bastante almejado, especialmente, no que se refere ao crescimento não apenas de determinadas áreas, mas de todas elas em conjunto, com isso refletido em toda a região. Logo, esses camponeses são pessoas extremamente receptivas e que precisam de muito incentivo e reconhecimento, pois podem oferecer de contrapartida produtos de qualidade e, consequentemente, o desenvolvimento de hábitos saudáveis, tanto nas áreas de assentamentos, quanto na região, em relação aos consumidores dessas produções.

4.2 AVANÇOS E DILEMAS NAS ÁREAS DE ASSENTAMENTOS DO MUNICÍPIO DE

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