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Como o principal objetivo deste trabalho é propor uma explicação acerca do baixo enforcement exercido pelo Estado sobre o cumprimento das regras de conservação da vegetação nativa dentro da propriedade rural até 1995, não serão proferidas análises sobre os possíveis motivos das alterações das políticas públicas referentes à conservação da RL ou os motivos que levaram os agentes públicos a tomarem determinadas decisões a partir da referida data. Ademais, para o exercício de tal tarefa seria necessário a aplicação de um modelo de análise de políticas públicas: como o próprio marxismo; o elitismo; o pluralismo; rational choice; incrementalismo; “garbage can”; puctuated-equilibrium, entre outros.

Preferiu-se analisar a relação do Estado com os processos de produção e a prática de classes ou grupos sociais, sobretudo a partir de uma realidade concreta, apresentando alguns casos sobre o cumprimento das regras de conservação da RL em propriedades rurais do município de Sorriso, MT, assim ensejando a necessidade de entender a formação econômico-social do Estado de Mato Grosso.

Neste sentido, este capítulo está estruturado em dois blocos. O primeiro apresentando os principais conceitos da Teoria do Estado Capitalista de Nicos Poulantzas e, o segundo, sistematizando uma revisão bibliográfica acerca do tema desmatamento ilegal da Reserva legal.

2.1 – Introdução

Existem diversas correntes teóricas voltadas à análise das relações do Estado com as relações de produção e as práticas de classe. Assim, dentro do campo da análise do político e da política, os estudos consagrados, e alguns até revisitados e rediscutidos, de maneira geral, pertencem: à corrente marxista (POULANTZAS, 1971a, 1971b, 1985; GIANNOTTI, 1985); à teoria do eletismo, (MILLS, 1962); à teoria do

pluralismo ou grupos de interesses (DAHL 1961); à corrente que defende que a política pública determina a prática política no Estado, pelo efeito das arenas políticas (LOWI, 1984)13; à corrente neo-institucionalista (EVANS, 1993). Dentre estas e outras não citadas acima, optou-se pela teoria do Estado Capitalista desenvolvida por Nicos Poulantzas, onde rediscute as obras de Marx e as correntes marxistas e, propõe um arcabouço teórico analítico do Estado capitalista, sem pautar-se em uma concepção estruturalista ou funcionalista.

2.2 – Principais Conceitos

Os principais conceitos apropriados da teoria do Estado Capitalista foram modo de produção, formação social, classe social, interesse de classe, poder, Estado Capitalista e hegemonia.

2.2.1 – Modo de produção e formação social

O modo de produção não se refere somente às relações pertinentes à estrutura do econômico, mas sim a uma combinação específica de diversas estruturas ou instâncias (o econômico, o político, o ideológico e o teórico). “O tipo de unidade [como resultado da combinação das estruturas] que caracteriza um modo de produção é o de um todo complexo com dominância, em última instância, do econômico: dominância [...] para a qual reservaremos o termo de determinação.” (POULANTZAS, 1971a, p. 8). Não obstante, a determinação das relações entre as instâncias pelo econômico não quer dizer que este nível sempre detenha o papel dominante, como na formação feudal, em que este é desempenhado pelo ideológico na sua forma religiosa. Concepção esta

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O estudo desenvolvido por Theodore Lowi introduziu entre as correntes, a posição do Estado como “sujeito” e não “coisa ou objeto” de grupos de interesses, pois as anteriores enfatizam a estruturação de suas análises a partir das relações sociais.

(ideologia dominante) que possuía a função de ocultar o papel dominante do nível político na formação feudal, assim como no modo de produção e na formação capitalista a ideologia jurídico-política desempenha esta função na ocultação do papel dominante do econômico.

De facto o económico só é determinante na medida em que atribui a esta ou aquela instância o papel dominante, isto é, na medida em que regula o deslocamento de dominância devido à descentração das instâncias. (POULANTZAS, 1971a, p. 9).

Uma formação social ou formação econômico-social comporta uma combinação de diversos modos de produção, caracterizada por um modo de produção determinante. Assim, pode-se assumir que a própria formação social constitui uma unidade complexa das relações entre as estruturas do econômico, do político e do ideológico.

Desta forma, cabe elucidar que o modo de produção é um objeto abstrato formal, não existindo concretamente, mas que se torna condição para uma abordagem científica dos objetos reais concretos.

2.2.2 – Estruturas ou instâncias do econômico, do político e do ideológico

A estrutura econômica é definida pela variação de possíveis combinações de três elementos invariantes, são eles: (i) o trabalhador ou produtor direto (força de trabalho); (ii) os meios de produção (objetos, meios de trabalho) e; (iii) o não-trabalhador (que se apropria do excedente do trabalho – produto). Sendo assim, a combinação específica destes elementos pode ser apresentada em uma dupla relação na qual o produtor direto detém a posse dos seus meios de produção e do processo de trabalho (relação de apropriação real) ou, sob a forma na qual o não-trabalhador é proprietário dos meios de produção, ou da força de trabalho, ou de ambos.

A estrutura do ideológico representa um conjunto de representações, valores e crenças no qual se inserem os agentes de uma formação social.

A ideologia diz respeito ao mundo no qual vivem os homens, às suas relações com a natureza, com a sociedade com os outros homens, com

a sua própria actividade [...] económica e política. O estatuto do ideológico decorre do facto de reflectir a maneira pela qual os agentes de uma formação, portadores de suas estruturas, vivem as suas condições de existência, a relação vivida dos agentes com estas condições [...] Nesta medida, as ideologias fixam num universo relativamente coerente, não simplesmente uma relação real, mas também uma relação imaginária, uma relação real dos homens com as suas condições de existência investida numa relação imaginária. (POULANTZAS, 1971b, p. 31).

No entanto, a função social da instância do ideológico não é oferecer aos agentes um verdadeiro conhecimento da estrutura social, porém simplesmente inseri- los em suas atividades que suportam as estruturas. Neste sentido, em conjunto com a estrutura jurídico-política, o ideológico exerce um efeito sobre os agentes de não reconhecimento de suas próprias situações de classe inseridas na prática de classe, por meio de uma opacidade sobredeterminada pela exploração de classes e pelas formas que esta exploração reveste a fim de poder funcionar no todo social. Desta maneira, a estrutura do ideológico depende do fato de refletir a unidade de uma formação social, reconstituindo-a num plano imaginário.

A estrutura do político pode ser caracterizada pela superestrutura jurídico-política do Estado, ou seja, o poder institucionalizado do Estado. O tipo de Estado capitalista será analisado no subitem 2.2.5.

Tais estruturas num modo de produção capitalista bem como numa formação social capitalista funcionam de forma autônoma, porém as “relações que constituem cada nível (instância) nunca são simples, mas antes sobredeterminadas pelas relações de outros níveis.” (POULANTZAS, 1971a, p. 9).”

2.2.3 – Classe social, luta ou prática política de classes e interesses de classe

O conceito de classe social refere-se aos efeitos do conjunto das estruturas (do econômico, do político e do ideológico) e das suas relações no domínio das relações sociais, isto é, aos efeitos sobre os seus suportes ou agentes portadores de um conjunto de estruturas, localizando-os em classes sociais. Desta forma, a classe social

não existe no sentido concreto, mas deve ser conceituada no intuito de poder expressar a prática de classes.

Uma classe social deve ser definida como classe distinta, autônoma e com força social, na medida em que sua relação com as relações de produção se reflete sobre os outros níveis por uma presença específica, ou seja, por efeitos pertinentes14.

Rigorosamente, as relações de produção, enquanto estrutura [do econômico], não são pois classes sociais [...]. [...] as estruturas do político, nomeadamente a superestrutura jurídico-política do Estado, não são classes sociais, aliás como as estruturas do ideológico. Elas têm, contudo [...], nas relações sociais, e ao seu nível – relações sociais jurídico-políticas e relações sociais ideológicas [e relações sociais de produção] -, a distribuição dos agentes em classes sociais. (POULANTZAS, 1971a, p.72 e 73).

A prática política de classe se situa num campo das relações sociais onde se condensam as contradições dos diversos níveis ou instâncias de uma formação social nas relações complexas limitadas pela sobredeterminação dos outros níveis e pelos seus desenvolvimentos desiguais.

A política, ou prática política de classe, pode atuar tanto para a manutenção de uma formação social, de acordo com seu estádio, ou como fator de transformação do Estado, assumindo este como estrutura nodal de ruptura de uma determinada unidade ou formação social, podendo produzir uma nova unidade, novas relações de produção.

No interior de uma formação social, as classes sociais se apresentam ao mesmo tempo como efeitos secundários dos diversos modos de produção que podem constituir uma formação. Neste sentido, os efeitos da combinação concreta das instâncias dos modos de produção, estão presentes nos reflexos das combinações das estruturas de uma formação social. Estas combinações e sobreposições das interações sociais como reflexo das estruturas podem gerar uma série de fenômenos nas classes sociais, como

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Muitas vezes, determinados conjuntos sociais numa formação social (formação que pode ser entendida ao mesmo tempo como a unidade do conjunto das estruturas e das suas relações) que poderiam ser localizados em função dos mesmos efeitos das relações de produção em um grupo, não chegam a configurar uma classe distinta com força social. No caso específico de passarem a ter algum tipo de força social, isto se dá por efeito pertinente refletido da ação do Estado na representação dos interesses destes agentes. Este é o caso dos camponeses parcelares no 18 Brumário de Luís Bonaparte, obra de Marx, onde Luís Bonaparte se intitulava representante deste grupo social, tornando-se assim em classe suporte ao seus interesses. Todavia, na realidade, Luís Bonaparte representava os interesses da classe burguesa.

o seu fracionamento, dissolução, fusão, bem como sua sobredeterminação ou subdeterminação e até o aparecimento de categorias15. “A dominância de um modo de produção sobre os outros, no interior de uma formação social, tem freqüentemente como efeito uma subdeterminação das classes dos modos não-dominantes.” (POULANTZAS, 1971a, p. 87).

2.2.4 – O Poder

Entende-se o conceito de poder como os efeitos do conjunto das relações entre as estruturas (do político, do econômico e do ideológico) sobre as relações existentes entre as classes sociais em luta. Desta forma, o poder recobre os limites das relações entre as classes, caracterizando a luta de classes, dentro de uma mesma estrutura. Cabe salientar que o poder não recobre as relações das mesmas ou diferentes classes sociais localizadas em estruturas distintas.

O conceito de poder não pode assim ser aplicado a um nível da estrutura: quando se fala, por exemplo, de poder de Estado, não se pode indicar com isso o modo de articulação e de intervenção do Estado nos outros níveis da estrutura, mas sim o poder de uma classe determinada, a cujos interesses o Estado corresponde, sobre outras classes sociais. (POULANTZAS, 1971a, p. 114).

Do mesmo modo, pode-se definir o conceito de poder como a capacidade de uma classe social em realizar os seus interesses objetivos específicos. Os interesses de classe, neste sentido, representam o horizonte de ação da classe como força social organizada nas relações de poder.

Assim, o campo das práticas de classes é limitado pelos interesses de cada uma delas em suas relações. A capacidade de organização de cada classe para realização

15 Categorias Sociais são conjuntos sociais com efeitos pertinentes que podem tornar-se forças sociais

cujo traço distintivo repousa na sua relação específica e sobredeterminante com outras estruturas além das econômicas: é nomeadamente o caso da burocracia, nas suas relações com o Estado, e dos intelectuais nas suas relações com o ideológico;

Frações autônomas de classe são as que constituem o substrato de eventuais forças sociais. Já frações são os conjuntos sociais susceptíveis de se tornarem frações autônomas;

Camadas sociais indicam os efeitos secundários da combinação dos modos de produção numa formação social, nas classes, nas categorias e nas frações (POULANTZAS, 1971a, p. 97 e 98).

dos seus objetivos específicos é o fator limitante do seu horizonte de ação, ou seja, dos seus interesses. Contudo, “a capacidade de uma delas realizar pela sua prática os seus interesses próprios encontra-se em oposição com a capacidade – e os interesses – de outras classes.” (POULANTZAS, 1971a, p. 121). Isto determina uma relação de dominação e subordinação na luta de classes, caracterizada como relação de poder.

[...] O que importa acrescentar aqui é que o que traça a demarcação da relação dominação–subordinação, e situa o conflito, encontra-se de facto originàriamente, num lugar exterior a esta própria relação: este conflito é delimitado pela estrutura. Neste sentido nem toda a relação dirigentes–dirigidos implica pela sua própria natureza intrínseca, um conflito, ou em termos marxistas, uma luta de classe: por outro lado, só um conflito delineado a partir das estruturas - em termos marxistas, uma luta de classe – é susceptível de criar uma relação particular de dominação-subrdinação, expressa pelo conceito de poder. (POULANTZAS, 1971a, p. 122).

Entretanto, a organização do poder de uma classe é condição necessária do seu poder, mas não o suficiente. Assumindo que o conceito do poder relaciona-se com o efeito das estruturas no campo das práticas de classes, a variação possível das relações entre a luta de classes pode determinar um poder recobrindo estas relações não determinadas diretamente pelo efeito das estruturas, mas dependendo das forças sociais em presença na luta de classes. Portanto, a perda de poder político no nível do econômico, ou seja, uma diminuição da capacidade de uma classe para realizar os seus interesses econômicos específicos, não reflete diretamente numa diminuição de seu poder político ou ideológico, muito menos no aumento do poder da classe oposta presente no conflito direto.

2.2.5 – O Estado capitalista

O Estado capitalista tem como função particular de constituir o fator de coesão das estruturas de uma formação social dividida em classes. Caracteriza o lugar de condensação das diversas contradições entre as instâncias de uma formação dividida

em classes com a função de corresponder aos interesses políticos das classes dominantes.

[Sendo assim, constitui] o lugar no qual se reflecte o índice de dominância e de sobredeterminação que caracteriza uma formação, um dos seus estádios ou fases. Por isso o Estado aparece como o lugar que permite a decifração da unidade e da articulação das estruturas de uma formação. (POULANTZAS, 1971a, p. 45).

O Estado é antes de tudo um produto da sociedade num estádio determinado do seu desenvolvimento: é o testemunho de que esta sociedade está envolvida numa insolúvel contradição consigo mesma, encontra-se cindida em oposições inconciliáveis que é impotente para conjurar. Mas, para que os antagonistas – classes com interesses econômicos opostos – não se aniquilem, a eles e à sociedade, impõe-se a necessidade de um poder que, aparentemente colocado acima da sociedade, irá dissimular o conflito [entre as classes], mantê-lo nos limites da ordem; este poder saído da sociedade, mas que se coloca acima dela e se lhe torna cada vez mais estranho é o Estado. (POULANTZAS, 1971a, p. 49).

Com efeito, pode-se aproximar que os interesses de uma determinada classe ou frações de classe se dota na formulação do Estado como organização para a manutenção das condições de produção e, assim das condições de existência e do funcionamento da unidade de um modo de produção, portanto de uma formação social. O poder que emana das classes sociais definido pela capacidade de organização dos seus interesses específicos, mas limitados pelo próprio campo das suas práticas, constitui-se no seu exercício, em instituições específicas, em centros de poder, sendo o Estado, neste contexto, o centro do exercício do poder político. Todavia, vale salientar que as instituições sociais, particularmente o Estado, não possuem propriamente poder. Portanto, o poder concentrado em uma instituição é um poder de classe, sendo que o “intitulado” poder de Estado, representa a classe social ou fração de classe que detém o poder ou a hegemonia do bloco no poder do Estado. “O Estado capitalista é um tipo de Estado com direção hegemônica de classe.” (POULANTZAS, 1971a, p. 161).

Ainda cabe definir por aparelho de Estado, o lugar dele no conjunto das estruturas de uma formação social, ocupados pelos agentes (indivíduos suportes das estruturas) originários das classes sociais, onde se estabelece uma relação entre esse “pessoal do Estado” com os interesses de classe do bloco no poder e com as práticas de classes nos diversos centros de poder.

Um traço característico e fundamental do Estado capitalista é o fato de não apresentar “a determinação de sujeitos (fixados neste Estado como indivíduos, cidadãos, pessoas políticas) enquanto agentes da produção [...].” (POULANTZAS, 1971a, p. 143). O sujeito-indivíduo não surge nas relações de produção a partir da separação entre o produtor direto e os meios de produção – o que conduz à socialização das forças produtivas e a concentração de capital no lado dos proprietários dos meios de produção – mas sim como reflexo da institucionalização dos agentes como indivíduos-sujeitos jurídicos, políticos, no nível jurídico-político, despojados de sua determinação econômica, portanto da sua inserção numa classe. Neste raciocínio, os agentes aparecem antes como suportes de uma estrutura do processo de trabalho, no contexto da instituição do contrato de trabalho e da propriedade formal dos meios de produção.

Assim, a superestrutura jurídico-política do Estado possui uma dupla função, isolar e representar a unidade (formação social) que se reflete em contradições internas nas estruturas do Estado, em outras palavras:

1) [...] particularmente sob o seu aspecto de sistemas jurídico normativo, a realidade jurídica, instaurando na qualidade de sujeitos jurídicos- políticos os agentes de produção distribuídos em classes, tem como efeito o isolamento [destes agentes] nas relações sociais econômicas; 2) Na sua relação com as relações sociais econômicas, as quais manifestam esse efeito de isolamento, [o Estado] tem por função representar a unidade de relações isoladas instituídas nesse corpo político que é o povo-nação. (POULANTZAS, 1971a, p. 156 e 157). A luta pelo poder político entre as classes ou frações de classes no seio do Estado torna-se fundamental para a manutenção dos seus respectivos interesses nas relações sociais existentes. Portanto, a natureza da relação do Estado com o campo da luta de classes apresenta-se sob a forma da interação entre as classes dominantes e dominadas.

[...] O Estado capitalista tem por função desorganizar politicamente as classes dominadas, enquanto organiza politicamente as classes dominantes; de excluir do seu seio a presença, enquanto classes, as classes dominadas, enquanto nele introduz, enquanto classes, as classes dominantes; de fixar a sua relação com as classes dominadas como representação da unidade do povo-nação, enquanto fixa a sua relação com as classes dominantes como relação com classes politicamente organizadas; em suma, esse Estado existe como Estado das classes dominantes, ao mesmo tempo que exclui do seu seio a luta

de classes. A contradição principal desse Estado não consiste no facto de se afirmar um Estado de todo o povo quando é um Estado de classe, mas, mais propriamente, no facto de se apresentar nas suas próprias instituições, como um Estado de classe de uma sociedade institucionalmente fixada como não-dividida-em classes; no facto de se apresentar com um Estado de classe burguesa, subtendendo que todo o povo faz parte dessa classe. (POULANTZAS, 1971b, p. 9).

A noção de interesse geral do povo, noção ideológica, mas que recobre um jogo institucional do Estado capitalista, denota um facto geral: esse Estado permite, pela sua própria estrutura, as garantias de interesses econômicos de certas classes dominadas, eventualmente contrárias aos interesses económicos a curto prazo das classes dominantes, mas compatíveis com os seus interesses políticos, com sua dominação