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ABORDAGENS SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE A PARTIR DA

5 ANÁLISE DE RESULTADOS

5.2 ABORDAGENS SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE A PARTIR DA

A partir de agora serão analisadas as perguntas dos questionários que possibilitaram verificar qual o sentido e a importância da temática para os professores em relação a abordagem do mesmo em suas práticas docentes, bem como nos espaços escolares a qual fazem parte.

São perguntas mistas, com o intuito de colher as opiniões dos professores participantes, possibilitando coletar uma projeção a respeito do tema na prática docente. Nesse sentido, as perguntas são optativas em conjunto com questões abertas de caráter dissertativo, ou seja, o participante poderá expressar-se de maneira livre, aumentando a possibilidade de análise para o entrevistador.

A partir desse momento as questões passam a ser analisadas de forma qualitativa, atribuindo maior valor as respostas de cada professor, aproximando-os à realidade local na qual a pesquisa foi aplicada. Cada questão será analisada de forma individual com um tópico específico para si, com exceção das questões 9 e 10 pois ambas abordam e complementam-se sobre a BNCC e, portanto, estarão em conjunto na mesma seção para que a discussão sobre a base esteja no mesmo subtítulo.

5.3 ORIENTAÇÃO SEXUAL: O ESPAÇO DOCENTE E A IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA PELOS PROFESSORES

A primeira pergunta referente a abordagem dos professores em relação à Orientação Sexual nas práticas docentes, demonstrou que a maioria dos professores não abordam a temática no ambiente escolar, seja em sala de aula ou outros espaços. Ao menos 10 professores somente responderam que não falam sobre o assunto, enquanto outros concordam que o tema seja importante, mas buscam justificar a falta do assunto em pauta devido a uma série de questões como a demanda dos conteúdos do currículo. Como respondeu a seguir, o Professor Onze no dia 06/05/2020: “Infelizmente, devido a demanda de conteúdos, não consegue-se abordar este assunto em sala de aula, mesmo sabendo que é de extrema importância”. Na mesma linha de raciocínio, alguns professores destacam que é necessário agir com cautela em relação ao assunto. Por outro lado, há um outro grupo um pouco menor que aborda a temática, alguns com espaços maiores e outros atendendo a pequenas demandas

abrangendo os temas transversais. No entanto, é perceptível que o tema gera desconforto até mesmo para os professores que declararam ceder espaços para discussões sobre a sexualidade nos espaços escolares em suas aulas, pois entram em consenso que o tema é delicado e, portanto, exige cautela. De acordo com Louro:

Os sentidos precisam estar afiados para que sejamos capazes de ver, ouvir, sentir as múltiplas formas de constituição de sujeitos implicadas na concepção, na organização e no fazer do cotidiano escolar. O olhar precisa esquadrinhar as paredes, percorrer os corredores e salas deter-se nas pessoas, nos seus gestos, suas roupas; é preciso perceber as falas, as sinetas e os silêncios. (LOURO, p.59, 1997)

O pensamento da autora citada, diverge do pensamento dos professores que justificam a falta da abordagem no espaço escolar devido a demanda dos conteúdos escolares, para a autora, é necessário que como professores saibamos olhar para além dos muros da escola, se faz necessário que tenhamos sensibilidade para olhar e abordar o que está entrelinhas, percebendo cada aluno, suas singularidades, pois isso também faz parte do cotidiano escolar.

Em relação a pergunta a seguir, “Como professor(a), você acredita na importância e relevância do tema transversal Orientação Sexual?” A maioria dos professores responderam que sim, o tema abordado na pesquisa se faz importante no currículo, pois segundo esse percentual maior de professores, o assunto possibilita diálogos, novos conhecimentos, discussões construtivistas, além do mais é um direito da criança e do adolescente em relação aos seus corpos como seres únicos e subjetivos que são. Relacionando o pensamento da maioria dos professores ao que diz respeito a importância do tema orientação escolar dentro da sala de aula, a autora estudada afirma que: “Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados por meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos. Ali se aprende a olhar e a se olhar, se aprende a ouvir, a falar, a calar; se aprende a preferir. (Louro, p.61, 1997)

Nesse sentido, se faz importante que o assunto seja incorporado na escola como tema transversal que é, pois o espaço escolar possibilita inúmeros acontecimentos relacionados ao processo de sexualidade e gênero, é nela muitas vezes que pré conceitos são concebidos como verdades, onde menino e menina são considerados diferentes pela questão sexual do corpo, e consequentemente, acaba- se tornando “natural” essa diferença, muitas vezes justificada por ser menino ou por ser menina, começando nesse momento a naturalização da desigualdade sexual.

Alguns professores ainda ressaltam que o assunto se faz necessário mesmo que os estudantes se sintam envergonhados com o mesmo, justamente por ser um tema que possibilitará o desenvolvimento integral dos sujeitos que se produzem na escola. No entanto, tecendo uma ligação entre as respostas das questões 6 e 7 é notório as divergências de posicionamentos, ora o assunto é delicado e exige cautela e muitas vezes não há espaço para o mesmo devido ao grande número de demandas a serem cumpridas no currículo escolar, posteriormente o assunto é importante porque possibilita inúmeras situações que são indispensáveis para o desenvolvimento integral dos sujeitos, mas muitos desses mesmos professores não dispõem de seus espaços docentes para tratá-los.

Voltando a olhar unicamente para a questão 7, apenas três professores opinaram a respeito da temática não ser importante para o currículo, pois em suas convicções o assunto é responsabilidade da família e, portanto, a elas pertence. No entanto, para a autora a abordagem sobre a sexualidade pode ser abordada dentro e fora do ambiente escolar, para ela: “A identificação dos possíveis aliados, a difusão das informações, a discussão e o convite talvez sejam passos importantes tanto para o reconhecimento da importância política que tem as relações de gênero e sexuais quanto para a disposição de questionar e transformar suas formas atuais”. (Louro, p. 127, 1997). Portanto, para a autora não se faz pertinente discutir quem deve abordar o tema com as crianças e adolescentes, mas havendo a possibilidade de parceria e união para as discussões sobre e gênero e sexualidade poderá ocorrer transformações culturais e sociais no aspecto do entendimento do tema por grande parte da sociedade.

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