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Absorção e translocação de 14 C sufometurom-methyl em diferentes estádios de

As plantas utilizadas neste estudo foram cultivadas em casa de vegetação no Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura “δuiz de Queiroz”, localizada no município de Piracicaba-SP (ββ° ζγ γ0 Sul, ζι° γκ η1 Oeste). E as análises laboratoriais realizadas no Laboratório de Ecotoxicologia – CENA/USP, Piracicaba, SP.

Minitoletes da variedade CTC 15, cortados com dois centímetros de cada lado da gema, e foram plantados em vasos de polietileno com capacidade de 5 litros, completados com solo da camada arável, o qual foi corrigido o pH e adubado segundo análise de solo, conforme propriedades químicas do solo (Tabela 5).

Tabela 5 - Propriedades químicas do solo usado no ensaio, Piracicaba, SP

Profundidade pH MO P K Ca Mg SB CTC V

(cm) KCl g/kg m.kg-1 Mmolc.kg-1 %

0-20 5,0 20 1 3,2 27 11 41,3 63,4 65

20-40 5,1 24 2 4,3 32 14 50,5 81,5 62

O delineamento experimental empregado foi inteiramente casualizado, com três repetições. Utilizou-se a dose de 21,75 g.ha-1 de sulfometuron-methyl, com cinco tempos de avaliação (3, 9, 24, 48 e 72 horas após o tratamento – HAT). A aplicação ocorreu em dois diferentes estádios de desenvolvimento da cultura: duas a três e cinco a seis folhas completamente expandidas.

A solução de herbicida radiomarcado foi preparada através da diluição do 14C- sulfometuron-methyl com a solução comercial do herbicida Front®, para que a aplicação em laboratório se aproxime da aplicação realizada na prática em campo. O

14C-sulfometuron-methyl apresentava atividade específica de 30,5 µCi.mg-1 e pureza

de 98%.

Em cada planta aplicou-se 30 gotas de 1 µL de solução contendo a molécula radiomarcada, na segunda folha contada da base para cima. Para realizar essa aplicação utilizou-se um microaplicador (Hamilton PB6000 Dispenser, Hamilton Co. EUA). As plantas foram acondicionadas em local apropriado, recebendo irrigação caso o solo se apresentasse seco.

As folhas tratadas foram lavadas com solução de metanol 80%, 8 mL para plantas de duas a três folhas, e 10 mL para plantas de cinco a seis folhas, a fim de eliminar o herbicida não absorvido. O líquido proveniente dessa lavagem foi associado com líquido de cintilação, sendo levados para medição por espectometria de cintilação líquida (Packard 1900 TR).

Após cada período após a aplicação, as plantas foram retiradas dos vasos e fracionadas em diferentes partes (raiz, tolete, parte aérea e folha tratada), os quais foram secos separadamente por 72 horas a 60ºC, em estufa de ventilação forçada. Cada seguimento foi fracionado em pequenos pedaços, para se retirar amostras de 0,2 g, que na sequência foram submetidas a combustão através de um oxidador biológico (OX 600 Harvey Instruments). A radioatividade foi quantificada por espectrometria de cintilação líquida. A porcentagem de radioatividade no interior da planta determinará a absorção pelas folhas.

Uma repetição de cada período citado anteriormente, antes de ser fracionada e levada para o oxidador, foi disposta em folha de papel de seda, de maneira que ficassem planas, para então serem prensadas e encaminhadas ao radio scanner (Packard-Cyclone), onde se obtém a imagem da concentração do 14C-sulfometuron- methyl.

Para descrever o padrão de absorção e translocação do herbicida, regressões lineares e não lineares foram ajustadas para absorção e translocação em diferentes partes das plantas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Seletividade dos herbicidas diuron + hexazinone + sulfometuron-methyl e amicarbazone, em diferentes estádios fenológicos da cultura de cana-de- açúcar

Em virtude dos herbicidas empregados, e principalmente, à aplicação em diferentes etapas do desenvolvimento da cultura de cana-de-açúcar, os tratamentos proporcionaram níveis contratantes de fitotoxicidade.

Os resultados analisados foram certamente influenciados pela época de aplicação dos herbicidas, uma vez que setembro ocorre a retomada do período das chuvas e aumento gradativo da pluviosidade, como se pode constatar na Tabela 3 (item 3.1). Tanto diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl, como o amicarbazone são considerados de época seca, por suas características de alta solubilidade, por isso a ocorrência de chuva possibilitou a maior solubilização, e decorrente maior absorção pelas raízes.

Na Tabela 5 observa-se que nas quatro épocas de aplicação (pré- emergência, esporão, 2 a 3 folhas e 5 a 6 folhas), dos dois herbicidas utilizados, os sintomas de fitotoxicidade foram significativamente maiores quando comparados a testemunha. O comportamento se repetiu durante todo o período de avaliação (15 a 150 DAA).

Na fase de pré-emergência, onde os herbicidas foram aplicados dois dias após a colheita, diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl apresentou fitotoxicidade menor quando comparado ao amicarbazone, no período que vai de 15 a 60 DAA. As porcentagens de fitotoxicidade causada por D+H+SM variou de 0 a 15%, enquanto que para amicarbazone essa faixa ficou entre 2,5 a 8,75%. Aos 90 DAA os dois herbicidas apresentavam o mesmo nível de toxicidade a planta, mas ainda diferindo da testemunha.

Nas fases de esporão e de 2 a três folhas observou-se as maiores proporções de fitotoxicidade, do que nas outras épocas, para os dois herbicidas aplicados. A porcentagem de fitotoxicidade mostrou-se menor aos 15 e 150 DAA, enquanto que no período intermediário (30 a 90 DAA) os valores foram maiores, atingindo um pico aos 90 DAA, 57,5% para D+H+SM e 31,25% para amicarbazone. Segundo Rochecouste (1967), na fase de esporão a planta é tolerante aos herbicidas foliares

de contato e de translocação, pois não consegue atingir as folhas mais internas, que são protegidas por folhas aciculadas; entretanto, por se tratar de uma soqueira de segundo corte a área utilizada nesse trabalho, a brotação do esporão é acompanhada de uma ligeira abertura de folhas, como pode se ver na Figura 1. Em contrapartida, na fase de 2 a 3 folhas, onde este órgão oferece mínima resistência a penetração dos herbicidas uma vez que a cutícula ainda é fina, a planta se mostra muito sensível aos herbicidas foliares, indo ao encontro dos resultados observados para esse estádio de desenvolvimento.

Tabela 5 – Avaliações de fitotoxicidade de cana-de-açúcar em porcentagem média, para a variedade CTC15, em função das épocas de aplicação e herbicidas aplicados. Piracicaba, SP

Estádio de desenvolvimento Herbicidas Testemunha D+H+SM Amicarbazone 15 DAA Pré-emergência 0 bB 2,5 aC 0 aA Esporão 33,50 aA 12,50 aB 0 bA 2 a 3 folhas 31,25 aA 25,00 bA 0 cA 5 a 6 folhas 11,25 bB 16,25 aB 0 cA 30 DAA Pré-emergência 15,00 bB 8,25 aB 0 cA Esporão 72,50 aA 20,00 bA 0 cA 2 a 3 folhas 61,25 aA 31,25 bA 0 cA 5 a 6 folhas 20,00 aB 13,25 aB 0 bA 60 DAA Pré-emergência 11,25 bC 7,50 aC 0 cA Esporão 56,25 aA 15,00 bB 0 cA 2 a 3 folhas 45,00 aA 22,50 bA 0 cA 5 a 6 folhas 22,50 aB 21,25 aA 0 bA 90 DAA Pré-emergência 7,50 aC 8,75 aB 0 bA Esporão 57,50 aA 15,00 bA 0 cA 2 a 3 folhas 40,00 aA 15,00 bA 0 cA 5 a 6 folhas 18,75 aB 18,75 aA 0 cA 150 DAA Pré-emergência 5,00 aC 8,75 aB 0 bA Esporão 20,00 aA 13,75 aB 0 bA 2 a 3 folhas 18,75 bA 11,25 bB 0 cA 5 a 6 folhas 10,50 aB 17,50 bA 0 cA

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha ou mesma letra maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste te Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Figura 1 - Detalhe das plantas de cana-de-açúcar no momento da aplicação dos herbicidas diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl em esporão. Piracicaba, SP.

Em aplicação de amicarbazone, em pós-emergência inicial da cana-de- açúcar, quando as plantas estavam entorno de 15 cm de altura, Soares (2011) observou que mesmo aos 30 DAA os sintomas de fitotoxicidade estavam presentes, e alcançaram o patamar 70%.

Na fase de 5 a 6 folhas, onde as plantas apresentavam uma área foliar considerável, e porte entorno de 1,0 m, os sintomas de fitotoxicidade foram semelhantes aos observados na fase de esporão, entretanto, diferiu dos estádios de esporão e 2 a 3 folhas. Provavelmente, a pluviosidade que ocorreu no mês de novembro (109 mm), como registrado na tabela 3, que corresponde a época de aplicação do tratamento 5 a 6 folhas, influenciou na dinâmica dos herbicidas. Como consequência do excesso hídrico, boa parte dos produtos ficou disponível para solução do solo e passível de ser arrastado por lixiviação, gerarando fitotoxicidade no valor máximo de 22,25 e 21,5 %, para D+H+SM e amicarbazone, respectivamente.

Na literatura não constam trabalhos a respeito na fitotoxicidade do herbicida diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl, e poucos a respeito de amicarbazone, todavia, alguns autores descrevem sobre a seletividade da associação de diuron+hexazinone. Azania (2005), em aplicação na pós-emergência inicial da soqueira os sintomas foram mais severos no início (15 DAA) e praticamente inexistentes aos 60 DAA, apresentando uma ordem decrescente de fitotoxicidade ao

longo do tempo. O mesmo autor, avaliando aplicação em pós-emergência tardia do amicarbazone, constatou que aos 15 DAA a intoxicação foi mais severa do que na pós-emergência inicial, porém aos 60 DAA todos os sintomas desapareceram.

No parâmetro produtividade (Tabela 6), observou-se que os tratamentos com os dois herbicidas não promoveram diferenças significativas de produtividades quando comparados a testemunha, onde apenas realizou-se capina manual, nos estádios de aplicação avaliados.

De maneira contrária ao encontrado neste trabalho, Carvalho et al. (2010) não observou sintomas visuais de fitotoxicidade pela aplicação de ametrina (inibidor do FS II), porém os dados de colheita expressaram a fitotoxicidade causada pelo herbicida quando aplicado na cultura com três a quatro folhas expandidas, pela redução da produtividade de 13,07% em relação a testemunha. Na figura 2, encontram-se imagens com os sintomas visuais encontrados para os herbicidas diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl e amicarbazone neste ensaio.

Figura 2 - Detalhe dos sintomas observados nas plantas tratadas com diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl a esquerda, e a direita, sintomas de intoxicação em plantas tratadas com amicarbazone. Piracicaba, SP

Tabela 6 – Resultados de produtividade de cana-de-açúcar, variedade CTC15, em função das épocas de aplicação do herbicida sulfometuron-methyl. Piracicaba, SP

Herbicida Estádio de desenvolvimento Produtividade t.ha-1 Testemunha 132,95 D+H+SM Pré-emergência 96,95 Esporão 90,92 2 a 3 folhas 98,96 5 a 6 folhas 91,06 Amicarbazone Pré-emergência 98,19 Esporão 100,14 2 a 3 folhas 105,14 5 a 6 folhas 92,01 Média Geral 100,70 Valores de F Blocos 0,72NS(1) Estádio de desenvolvimento 2,38 NS Herbicidas 0,24 NS Estádio x Herbicida 0,40 NS C.V. (%)(2) 13,5 (1)

: não significativo (P<0,05); (2): coeficiente de variação

Os resultados se assemelham aos verificados por Velini et al. (2000), onde avaliou-se a seletividade do herbicida inibidor do FS II ametrina e outros, em pré e pós emergência de dez cultivares de cana-de-açúcar, observou que as produtividades das cultivares estudadas não foram afetadas. Barela e Christoffoleti (2006) também não encontraram diferenças de produtividade quando aplicado os herbicidas tebuthiuron e diuron + haxazinone, e suas interações com nematicidas, na cultivar RB86-7515.

Todavia, Obara (2014), aplicando hexazinone de forma isolada, relatou que nas parcelas tratadas com hexazinone (225 g.ha-1) notou-se menor valor médio de produtividade em comparação com a testemunha capinada, tanto em pré- emergência, pós-emergência inicial e pós-emergência tardia. A média de redução de produtividade ficou entorno de 10 t.ha-1.

Gráfico 1 - Produtividade nos tratamentos com diuron+hexazinone+sulfometuron- methyl e amicabazone, comparado com a testemunha, na variedade CTC15. 1. Pré-emergência, 2. Esporão, 3. Estádio de 2 a 3 folhas, 4. Estádio de 5 a 6 folhas e Test. Piracicaba, SP

Constatou-se que os tratamentos nos quatro estádios de desenvolvimento, onde as aplicações dos herbicidas foram realizadas, não influenciaram na qualidade dos parâmetros tecnológicos Pol, Brix, Fibra e ATR, como descrito na Tabela 7. Resultados semelhantes foram encontrados por Souza el al. (2009), quando avaliou as características tecnológicas de diferentes cultivares submetidas aos herbicidas amicarbazone, tebuthiuron e diuron + hexazinone, concluindo que tanto a produtividade quanto a qualidade tecnológica não foram afetadas pelos herbicidas.

Azania et al. (2005), em aplicação de diversos herbicidas em pós- emergência tardia, dentre eles diuron+hexazinone, verificou que este herbicida foi o único produto que não afetou negativamente as características tecnológicas da matéria-prima final e o rendimento de açúcar, em contrapartida, resultou em considerável redução de produtividade, assim como os outros tratamentos.

Tabela 7 – Resultados de parâmetros da análise tecnológica de cana-de-açúcar, variedade CTC15, em função das épocas de aplicação do herbicida diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl. Piracicaba, SP

Herbicida desenvolvimento Estádio de Pol Brix Fibra ATR

% kg.t-1 Testemunha 23,62 23,08 12,79 166,18 D+H+SM Pré-emergência 20,62 23,04 14,04 164,76 Esporão 21,45 23,68 13,35 173,05 2 a 3 folhas 20,55 23,00 14,39 163,23 5 a 6 folhas 20,33 23,00 13,57 164,06 Amicarbazone Pré-emergência 20,68 23,19 13,74 166,18 Esporão 20,43 22,94 13,75 164,24 2 a 3 folhas 20,65 23,02 13,11 167,56 5 a 6 folhas 20,78 23,01 13,28 167,97 Média geral 21,01 23,11 13,56 166,62 F tratamentos 1,77NS(1) 1,22 NS 1,17 NS 2,38* C.V. (%)(2) 2,45 1,77 6,64 2,38 D.M.S. 5,12 0,98 2,16 9,55 (1)

: não significativo (P<0,05); (2): coeficiente de variação

4.2 Tolerância de diferentes variedades de cana-de-açúcar ao herbicida diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl

Os resultados referentes à altura de plantas (cm) para as cultivares CTC 15, RB86-7515, RB85-5536 e RB92-579 em função de comparações entre variedades, refletiram a diferença existente na tolerância de cada material avaliado, para cada época de desenvolvimento, onde foi realizado a aplicação do herbicida diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl (Tabelas 8 a 12).

Diversos autores relataram respostas contrastantes entre cultivares a aplicação de herbicidas, com consequente intoxicação da cultura, alterando características das plantas, como: altura, número de folhas, área foliar e massa da matéria seca da parte aérea das plantas de cana-de-açúcar (PROCÓPIO et al., 2003; FERREIRA et al., 2005; BARELA; CHRISTOFFOLETI, 2006; AZANIA et al., 2006).

Na aplicação do herbicida em pré-emergência da cultura (Tabela 8), podemos observar que ocorreram diferenças entre as variedades em cada data de avaliação, porém quando se observa média de plantas tratadas com D+H+SM com relação a testemunha correspondente, não se constata diferença significativa. Em última avaliação aos 90 DAA, a variedade CTC 15 acumulou redução de 22% em sua altura, enquanto que as outras variedades mantiveram a igualdade em altura com suas testemunhas.

Tabela 8 – Altura de plantas de cana-de-açúcar (cm), das variedades CTC15, RB85- 7515, RB85-5536 e RB92-579, em função da aplicação em pré- emergência. Piracicaba, SP

Var. Trat. Altura de planta

7 DAA 14 DAA 21 DAA 30 DAA 60 DAA 90 DAA 1 D+H+S 11,50 a 14,50 a Test. 12,63 a 14,63 a 15,75 a 18,38 a 15,50 a 18,25 a 28,38 ab 42,25 a 24,38 a 34,63 ab 2 D+H+S 6,50 b Test. 9,25 ab 7,50 c 8,75 bc 11,38 a 11,40 c 14,13 a 14,38 abc 23,38 ab 30,75 b 22,63 ab 28,50 b 3 D+H+S 5,75 b 10,75 abc 11,25 a 20,50 c Test. 9,00 ab 12,00 abc 15,13 a 24,75 abc 24,75 ab 30,63 b 21,38 b 28,88 b 4 Test. 12,75 a 13,25 ab 13,50 a 28,00 ab 28,38 a 31,38 b D+H+S 11,50 a 13,25 ab 12,00 a 20,88 bc 27,00 a 29,63 b Valores de F Blocos 1,09ns 0,39 ns 0,36 ns 0,54ns 1,96 ns 0,92 ns Trat. 10,58** 6,52** 3,52* 8,93** 4,34** 7,84** C.V. (%)(2) 16,78 17,29 14,5 12,78 10,64 10,08 D.M.S. 3,92 4,77 4,67 4,51 6,28 7,67 (**) significativo a 1%; (ns)

: não significativo (P<0,05); (2): coeficiente de variação. Var.: Variedade. Trat.: Tratamentos. 1. CTC15. 2. RB86-7515. 3. RB85-5536. 4. RB92-579. Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Avaliando a aplicação do herbicida em estudo, em fase de esporão da cana- de-açúcar (Tabela 9), verificou-se a partir dos 7 DAA decréscimo significativo do crescimento em altura na variedade RB92-579, e esse comportamento se manteve até a última coleta de dados, aos 90 DAA. Quando se analisa a nível de diferença varietal, as variedades CTC15 e RB92-579 se comportam de maneira semelhante ao longo do período, assim como RB86-7515 e RB85-5536 que também se assemelham. Aos 60 DAA, destaca-se a aceleração da taxa de crescimento em todos os tratamentos quando se compara com a última data de avaliação, entretanto, nos resultados encontrados para plantas tratadas com herbicida das

variedades CTC 15 e RB92-579 neste período, podemos observar que as testemunhas correspondentes tiveram maior desenvolvimento em altura. Dos 30 DAA aos 60 DAA, a testemunha da variedade CTC 15 acumulou 12,18 cm a mais, contra 5,5 cm de crescimento das plantas tratadas com D+H+SM, enquanto que a testemunha da variedade RB92-579 cresceu 9,5 cm, contra 5,63 cm das plantas tratadas com herbicida da mesma variedade.

Segundo Azania (2005), em ensaio testando diversos herbicidas de aplicação em pós-emergênca inicial, as plantas aos 45 DAA foram prejudicadas pelo azafenidin+hexazinone e pelo isoxaflutole, ocorrendo, porém, total recuperação aos 60 DAA.

Tabela 9 – Altura de plantas de cana-de-açúcar (cm), das variedades CTC15, RB85- 7515, RB85-5536 e RB92-579, em função da aplicação do herbicida em fase de esporão. Piracicaba, SP

Var. Trat. Altura de planta

7 DAA 14 DAA 21 DAA 30 DAA 60 DAA 90 DAA 1 D+H+S 10,38 abc 11,63 bc 11,88 cd 13,13 cd 18,63 a 24,13 bc Test. 12,63 ab 14,50 ab 15,75 ab 19,50 a 31,68 ab 39,38 a 2 D+H+S 7,75 c Test. 9,38 bc 11,75 bc 13,75 bc 15,88 bc 24,73 ab 31,63 ab 8,38 de 9,38 de 10,25 de 21,63 ab 27,13 bc 3 D+H+S 6,88 c Test. 9,00 bc 10,75 cd 13,50 bc 15,25 c 24,75 ab 30,63 b 7,50 e 8,38 e 9,63 e 21,38 b 30,5 b 4 Test. 13,50 a 15,25 a 17,00 a 18,88 ab 28,38 a 31,13 ab D+H+S 9,50 bc 10,00 cde 12,00 cd 13,25 cd 18,88 a 21,63 c Valores de F Blocos 0,63ns 0,24 ns 0,82 ns 1,01ns 0,50 ns 0,18 ns Trat. 8,04** 16,64** 21,88** 27,41** 10,99** 8,59** C.V. (%)(2) 16,12 11,81 9,89 9,56 11,58 12,47 D.M.S. 3,77 3,14 2,98 3,28 6,52 8,73 (**) significativo a 1%; (ns)

: não significativo (P<0,05); (2): coeficiente de variação. Var.: Variedade. Trat.: Tratamentos. 1. CTC15. 2. RB86-7515. 3. RB85-5536. 4. RB92-579. Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Dos 7 aos 60 dias após a aplicação do herbicida, no estádio de desenvolvimento de 2 a 3 folhas completamente expandidas, as variedades apresentaram ligeira diferença de altura, em comparação com suas testemunhas. Essa diferença se pronunciou a partir dos 90 DAA, momento em que as plantas apresentaram maior crescimento, quando se analisa a diferença de uma data de avaliação para a seguinte. Isso pode ser explicado por conta da elevação da

temperatura no período, mesmo sabendo que foram submetidas a condições semi- controladas de ambiente de casa de vegetação.

Silva et al. (2010) avaliando sete herbicidas, dentre eles diuron + hexazinone, em aplicação quando as plantas possuíam 3 a 4 folhas completamente expandidas, em quatro variedades de cana-de-açúcar, concluiu que este herbicida afetou a maioria das variáveis testadas, como por exemplo a taxa de crescimento.

Tabela 10 – Altura de plantas de cana-de-açúcar (cm), das variedades CTC15, RB85-7515, RB85-5536 e RB92-579, em função da aplicação do herbicida em fase de 2 a 3 folhas. Piracicaba, SP

Var. Trat. 7 DAA 14 DAA 21 DAA 30 DAA 60 DAA Altura de planta 90 DAA 1 D+H+S 11,88 abc 12,38 abc 13,13 a 14,50 ab 17,88 bc 25,00 ab Test. 13,25 ab 14,75 ab 16,00 a 14,25 ab 18,75 a 34,13 ab 2 D+H+S 7,90 d Test. 9,50 bcd 11,75 bc 13,75 a 11,59 ab 16,38 bc 25,73 abc 10,13 c 11,13 a 12,63 b 11,15 c 21,75 c 3 Test. 9,63 bcd 10,88 c 13,25 a 12,63 ab 14,50 bc 24,75 abc D+H+S 9,25 cd 10,38 c 11,13 a 11,88 ab 13,00 c 20,38 bc 4 D+H+S 11,63 abc 13,13 a Test. 14,00 a 15,25 a 16,88 a 15,63 a 19,50 ab 28,38 a 15,25 a 13,63 ab 14,88 c 20,63 abc Valores de F Blocos 0,58ns 0,96 ns 0,81 ns 0,90ns 0,18 ns 0,20 ns Trat. 6,58** 10,33** 0,86** 2,68** 12,77** 4,65** C.V. (%)(2) 15,3 10,81 25,57 17,53 10,2 17,09 D.M.S. 3,95 3,23 7,91 5,4 6,07 6,39 (**) significativo a 1%; (ns)

: não significativo (P<0,05); (2): coeficiente de variação. Var.: Variedade. Trat.: Tratamentos. 1. CTC15. 2. RB86-7515. 3. RB85-5536. 4. RB92-579. Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

As reduções de crescimento em altura nas plantas de todas as variedades tratadas com diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl se mantiveram na fase de 5 a 6 folhas (Tabela 11), como também observado nas épocas anteriores de aplicação. Aos 7 DAA, a variedade RB86-7515 apresentou redução de altura entorno de 20%, chegando aos 90 DAA, com média de altura de plantas muito próximas as da testemunha. Desempenho semelhante também foi observado para as variedades RB86-7515, RB85-5536 e RB92-579 aos 7 DAA

Ferreira et al. (2005), ao estudarem quinze cultivares de cana-deaçúcar submetidos a aplicação de trifloxysulfuron-sodium + ametrina, obtiveram dados de tolerância da variedade RB86-7515 a mistura herbicida utilizada, não havendo

diferença de altura entre os tratamentos e testemunhas. Porém, a cultivar RB855113 com o mesmo herbicida utilizado houve queda de altura em torno de 70% quando comparado com a testemunha. Os mesmos autores trabalhando com a cultivar CTC 4, através da aplicação de tebuthiuron (1200 g i.a ha-1) e diuron + hexazinone (1170 + 330g i.a ha-1) verificaram em relação a testemunha valores de 95,05 e 47,7 %, respectivamente, na diferença de altura de plantas.

Tabela 11 – Altura de plantas de cana-de-açúcar (cm), das variedades CTC15, RB85-7515, RB85-5536 e RB92-579, em função da aplicação do herbicida em fase de 5 a 6 folhas. Piracicaba, SP

Var. Trat. 7 DAA 14 DAA 21 DAA 30 DAA 60 DAA Altura de planta 90 DAA 1 D+H+S 11,88 abc 12,38 abc 13,13 a 14,50 ab 17,88 bc 25,00 ab Test. 13,25 ab 14,75 ab 16,00 a 14,25 ab 18,75 a 34,13 ab 2 D+H+S 7,90 d Test. 9,50 bcd 11,75 bc 13,75 a 11,59 ab 16,38 bc 25,73 abc 10,13 c 11,13 a 12,63 b 11,15 c 21,75 c 3 Test. 9,63 bcd 10,88 c 13,25 a 12,63 ab 14,50 bc 24,75 abc D+H+S 9,25 cd 10,38 c 11,13 a 11,88 ab 13,00 c 20,38 bc 4 D+H+S 11,63 abc 13,13 a Test. 14,00 a 15,25 a 16,88 a 15,63 a 19,50 ab 28,38 a 15,25 a 13,63 ab 14,88 c 20,63 abc Valores de F Blocos 0,61ns 3,4 ns 0,25 ns 0,69ns 0,37 ns 0,36 ns Trat. 13,42** 17,79** 17,05** 42,74** 39,98** 71,03** C.V. (%)(2) 9,47 8,2 14,65 6,94 10,2 4,89 D.M.S. 4,82 4,18 8,37 4,79 6,07 4,12 (**) significativo a 1%; (ns)

: não significativo (P<0,05); (2): coeficiente de variação. Var.: Variedade. Trat.: Tratamentos. 1. CTC15. 2. RB86-7515. 3. RB85-5536. 4. RB92-579. Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

No parâmetro fitotoxicidade, avaliado de 0 a 100%, onde 0 correspondeu a ausência de sintomas, e 100% a morte completa das plantas, não se constatou diferença significativa entre as variedades avaliadas neste trabalho. Entretanto, as épocas de aplicação afetaram o nível de fitotoxicidade de cada variedade de cana- de-açúcar. Os resultados estão apresentados nos gráficos de 2 a 7, com base no erro padrão, correspondendo ao quanto a média da amostra se aproxima da média da população.

Na avaliação conduzida sete dias após a aplicação do herbicida, as quatro variedades mostraram maior tolerância em aplicação na pré-emergência e fase de esporão, apresentando níveis de fitotoxicidade entorno de 10%. A variedade CTC 15

mostrou-se mais suscetível nas fases de pós-emergência (2 a 3 e 5 a 6 folhas), atingindo valores próximos a 40% de intoxicação.

Gráfico 2 - Fitotoxicidade acarretada pelo herbicida diuron+hexazinone+sulfometuron-methyl aos 7

DAA. Médias agrupadas por variedade de cana-de-açúcar, onde: 1. Pré-emergência, 2.

Esporão, 3. Estádio de 2 a 3 folhas, 4. Estádio de 5 a 6 folhas e Test. Testemunha. Piracicaba, SP

Velini et al. (2000), avaliando a seletividade da mistura de oxyfluorfen e ametrina, em dez variedade de cana-de-açúcar observou que nas parcelas com aplicação em pré-emergência os sintomas de intoxicação (avermelhamento e necrose) ficou entorno de 4,72% (RB 83-5089) a 14,58% (RB 82-5336) da área foliar da cultura, e em pós-emergência os sintomas alcançaram entre 20,16% (SP 71- 1406) e 45,44% (80-1842) da área foliar da cana.

Aos 14 DAA, as plantas que foram submetidas a aplicação de D+H+SM na pré-emergência da cultura, não apresentaram mais os sintomas de intoxicação, nas variedades CTC 15 e RB92-579, confirmando a tolerância para esse momento de aplicação. Enquanto que aos 21 DAA, todas as variedades demonstraram suscetibilidade, a níveis de intoxicação variando de 10 a 45%, de acordo com o material genético.

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