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ACABAR COM AS OBRAS-PRIMAS

No documento Antonin Artaud - o Teatro e Seu Duplo (páginas 62-71)

Uma das razões da atmosfera asfixiante, na qual vivemos sem escapatóriapossível e sem remédio

culpados, mesmo os maisrevolucionários dentre nós

que é escrito, formulado ou pintado e quetomou forma, como se toda expressão já não estivesse exaurida e não tivesse chegadoao ponto em que é preciso que as coisas arrebentem para se começar tudo de novo. É preciso acabar com a idéia das obras

chamadaelite e que a massa não entende; e admitir

espírito, uma zonareservada, como para as ligações sexuais clandestinas. As obras-primas do passado são boas para o passado, não para nós. Temos odireito de dizer o que foi dito e mesmo o que não foi dito de um modo que seja nosso,imedi

atuais e que todo o mundocompreenda.

É idiotice censurar a massa por não ter o senso do sublime, quando se confundeo sublime com uma de suas manifestações formais que são, aliás, e sempre,manifestações mortas.

já não compreende Édipo rei, da massa.

Em Édipo rei há o tema do Incesto e a idéia de que a natureza zomba da moral; eque em algum lugar há forças errantes com as quais seria bom

PIRATARIA É CRIME.

Não imprima! Este material é destinado à pesquisa – não à comercialização Até mesmo por que imprimir sai mais caro que o livro!

a projeção de duplosfísicos que provém do texto escrito, mas como a projeção ardente de tudo o que podeser extraído, como conseqüências objetivas, de um gesto, uma palavra, um som, umamúsica e da combinação entre eles. Essa projeção ativa só pode ser feita em cena e suasconseqüências encontradas diante da cena e na cena; e o autor que usa exclusivamentepalavras escritas não tem o que fazer e deve ceder o lugar a especialistas dessa bruxariaobjetiva e animada.

ACABAR COM AS OBRAS-PRIMAS

ões da atmosfera asfixiante, na qual vivemos sem escapatóriapossível e sem remédio - e pela qual somos todos um pouco culpados, mesmo os maisrevolucionários dentre nós -, é o respeito pelo que é escrito, formulado ou pintado e quetomou forma, como se toda expressão já não estivesse exaurida e não tivesse chegadoao ponto em que é preciso que as coisas arrebentem para se começar tudo de novo. É preciso acabar com a idéia das obras-primas reservadas a uma assim chamadaelite e que a massa não entende; e admitir que não existe, no espírito, uma zonareservada, como para as ligações sexuais clandestinas.

primas do passado são boas para o passado, não para nós. Temos odireito de dizer o que foi dito e mesmo o que não foi dito de um modo que seja nosso,imediato, direto, que responda aos modos de sentir atuais e que todo o mundocompreenda.

É idiotice censurar a massa por não ter o senso do sublime, quando se confundeo sublime com uma de suas manifestações formais que são, aliás, e sempre,manifestações mortas. E se, por exemplo, a massa de hoje

Édipo rei,ouso dizer que a culpa é de Édipo rei

há o tema do Incesto e a idéia de que a natureza zomba da moral; eque em algum lugar há forças errantes com as quais seria bom

não à comercialização

a projeção de duplosfísicos que provém do texto escrito, mas como a projeção ardente de tudo o que podeser extraído, como conseqüências objetivas, de um gesto, uma palavra, um som, umamúsica e da ser feita em cena e suasconseqüências encontradas diante da cena e na cena; e o autor que usa exclusivamentepalavras escritas não tem o que fazer e deve ceder o

ões da atmosfera asfixiante, na qual vivemos sem e pela qual somos todos um pouco , é o respeito pelo que é escrito, formulado ou pintado e quetomou forma, como se toda expressão já não estivesse exaurida e não tivesse chegadoao ponto em que é preciso que as coisas arrebentem para se começar tudo de novo.

primas reservadas a uma assim que não existe, no espírito, uma zonareservada, como para as ligações sexuais clandestinas.

primas do passado são boas para o passado, não para nós. Temos odireito de dizer o que foi dito e mesmo o que não foi dito de um ato, direto, que responda aos modos de sentir

É idiotice censurar a massa por não ter o senso do sublime, quando se confundeo sublime com uma de suas manifestações formais que são, E se, por exemplo, a massa de hoje Édipo rei e não

há o tema do Incesto e a idéia de que a natureza zomba da moral; eque em algum lugar há forças errantes com as quais seria bom

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Até mesmo por que imprimir sai mais caro que o tomar cuidado; que se dêa essas forças o nome de qualquer.

Além disso, há a presença de uma epidemia de peste que é uma encarnaçãofísica dessas forças. Mas tudo isso sob disfarces e numa linguagem que perderamqualquer contato com o ritmo

grosseiro deste tempo. Sófocles talvez falealto, mas com modos que já não são desta época. Ele fala fino demais para esta época, eparece que ele fala de lado.

No entanto, a massa que as catástrofes de estradas de ferro fazem tremer, queconhece os terremotos, a peste, a revolução, a guerra; que é sensível às agoniasdesordenadas do amor, consegue alcançar todas essas elevadas noções e só pede paratomar consciência delas, mas com a condição de que se saiba falar sua próprialinguagem e de que a noç dessas coisas não lhe chegue através de disfarces e palavrasadulteradas, pertencentes a épocas mortas que nunca mais poderão ser retomadas. A massa, hoje como antigamente, é ávida de mistério; ela pede apenas paratomar consciência das leis segundo as qu

talvez, adivinhar osegredo de suas aparições.

Deixemos aos peões a crítica de textos, aos estetas a crítica de formas ereconheçamos que o que já foi dito não está mais por dizer; que uma expressão não valeduas vezes, não vive

pronunciada morre e só age nomomento em que é pronunciada, que uma forma usada não serve mais e só convida aque se procure outra, e que o teatro é o único lugar do mundo onde um gesto feito nãose faz duas vezes.

Se a massa não vai às obras

sãoliterárias, isto é, fixadas; e fixadas em formas que já não respondem às necessidades dotempo.

Longe de acusar a massa e o público, devemos acusar o anteparo formal queinterpomos entre nós e a m

PIRATARIA É CRIME.

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tomar cuidado; que se dêa essas forças o nome de destino

Além disso, há a presença de uma epidemia de peste que é uma encarnaçãofísica dessas forças. Mas tudo isso sob disfarces e numa linguagem que perderamqualquer contato com o ritmo

grosseiro deste tempo. Sófocles talvez falealto, mas com modos que já não são desta época. Ele fala fino demais para esta época, eparece que ele

No entanto, a massa que as catástrofes de estradas de ferro fazem os terremotos, a peste, a revolução, a guerra; que é sensível às agoniasdesordenadas do amor, consegue alcançar todas essas elevadas noções e só pede paratomar consciência delas, mas com a condição de que se saiba falar sua próprialinguagem e de que a noç dessas coisas não lhe chegue através de disfarces e palavrasadulteradas, pertencentes a épocas mortas que nunca mais poderão ser retomadas. A massa, hoje como antigamente, é ávida de mistério; ela pede apenas paratomar consciência das leis segundo as quais o destino se manifesta e, talvez, adivinhar osegredo de suas aparições.

Deixemos aos peões a crítica de textos, aos estetas a crítica de formas ereconheçamos que o que já foi dito não está mais por dizer; que uma expressão não valeduas vezes, não vive duas vezes; que toda palavra pronunciada morre e só age nomomento em que é pronunciada, que uma forma usada não serve mais e só convida aque se procure outra, e que o teatro é o único lugar do mundo onde um gesto feito nãose faz duas

vai às obras-primas literárias é porque essas obras

sãoliterárias, isto é, fixadas; e fixadas em formas que já não respondem às necessidades dotempo.

Longe de acusar a massa e o público, devemos acusar o anteparo formal queinterpomos entre nós e a massa, e essa forma de idolatria nova, essa

não à comercialização

destino ou outro

Além disso, há a presença de uma epidemia de peste que é uma encarnaçãofísica dessas forças. Mas tudo isso sob disfarces e numa linguagem que perderamqualquer contato com o ritmo epiléptico e grosseiro deste tempo. Sófocles talvez falealto, mas com modos que já não são desta época. Ele fala fino demais para esta época, eparece que ele

No entanto, a massa que as catástrofes de estradas de ferro fazem os terremotos, a peste, a revolução, a guerra; que é sensível às agoniasdesordenadas do amor, consegue alcançar todas essas elevadas noções e só pede paratomar consciência delas, mas com a condição de que se saiba falar sua próprialinguagem e de que a noção dessas coisas não lhe chegue através de disfarces e palavrasadulteradas, pertencentes a épocas mortas que nunca mais poderão ser retomadas. A massa, hoje como antigamente, é ávida de mistério; ela pede apenas

ais o destino se manifesta e,

Deixemos aos peões a crítica de textos, aos estetas a crítica de formas ereconheçamos que o que já foi dito não está mais por dizer; que uma duas vezes; que toda palavra pronunciada morre e só age nomomento em que é pronunciada, que uma forma usada não serve mais e só convida aque se procure outra, e que o teatro é o único lugar do mundo onde um gesto feito nãose faz duas

primas literárias é porque essas obras-primas sãoliterárias, isto é, fixadas; e fixadas em formas que já não respondem às

Longe de acusar a massa e o público, devemos acusar o anteparo formal assa, e essa forma de idolatria nova, essa

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Até mesmo por que imprimir sai mais caro que o

idolatria das obras-primasfixadas, que é um dos aspectos do conformismo burguês.

Esse conformismo que nos faz confundir o sublime, as idéias, as coisas com asformas que tomaram através do tempo e em nós mesmos nossas mentalidades deesnobes, de preciosos e estetas que o público já não compreende.

Nisso tudo, será inútil acusar o mau gosto do público que se deleita cominsanidades, enquanto não se mostrar ao público um espetáculo válido; e desafio a queme seja mo

válido no sentido supremo do teatro,depois dos últimos grandes melodramas românticos, isto é, há cem anos.

O público que toma o falso por verdadeiro tem o senso do verdadeiro e semprereage diante do verdadeiro quando col

porém em cena que sedeve procurá

massa das ruas uma ocasião paramostrar sua dignidade humana, que ela a mostrará.

Se a massa se desacostumou de ir ao teatro; se acabamos todos por considerar oteatro como uma arte inferior, um modo de distração vulgar, e por utilizá-lo comoexutório para nossos maus instintos, foi por tanto nos dizerem que isso era teatro, ouseja, mentira e ilusão. Foi por nos habituarem desde há quatrocentos anos, desde aRenasce

puramente descritivo e narrativo, que narra a psicologia.

Foi porque se empenharam em fazer viver, em cena, seres plausíveis, masdesligados, com o espetáculo de um lado e o público do outro

se mostrar àmassa apenas o espelho daqu

O próprio Shakespeare é responsável por esta aberração e degradação, por essaidéia desinteressada do teatro que quer que uma representação teatral deixe o públicointacto, sem que uma imagem lançada provoque qualquer abalo no organismo,

se apagará.

PIRATARIA É CRIME.

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primasfixadas, que é um dos aspectos do conformismo

Esse conformismo que nos faz confundir o sublime, as idéias, as coisas com asformas que tomaram através do tempo e em nós mesmos nossas mentalidades deesnobes, de preciosos e estetas que o público já

Nisso tudo, será inútil acusar o mau gosto do público que se deleita cominsanidades, enquanto não se mostrar ao público um espetáculo válido; e desafio a queme seja mostrado aqui um espetáculo válido, e válido no sentido supremo do teatro,depois dos últimos grandes melodramas românticos, isto é, há cem anos.

O público que toma o falso por verdadeiro tem o senso do verdadeiro e semprereage diante do verdadeiro quando colocado à sua frente. Não é, porém em cena que sedeve procurá-lo hoje, mas na rua; e, ofereça massa das ruas uma ocasião paramostrar sua dignidade humana, que ela a

Se a massa se desacostumou de ir ao teatro; se acabamos todos por teatro como uma arte inferior, um modo de distração vulgar, lo comoexutório para nossos maus instintos, foi por tanto nos dizerem que isso era teatro, ouseja, mentira e ilusão. Foi por nos habituarem desde há quatrocentos anos, desde aRenascença, a um teatro puramente descritivo e narrativo, que narra a psicologia.

Foi porque se empenharam em fazer viver, em cena, seres plausíveis, masdesligados, com o espetáculo de um lado e o público do outro

se mostrar àmassa apenas o espelho daquilo que ela é.

O próprio Shakespeare é responsável por esta aberração e degradação, por essaidéia desinteressada do teatro que quer que uma representação teatral deixe o públicointacto, sem que uma imagem lançada provoque qualquer abalo no organismo,imprimindo nele uma marca que não mais

não à comercialização

primasfixadas, que é um dos aspectos do conformismo

Esse conformismo que nos faz confundir o sublime, as idéias, as coisas com asformas que tomaram através do tempo e em nós mesmos - em nossas mentalidades deesnobes, de preciosos e estetas que o público já

Nisso tudo, será inútil acusar o mau gosto do público que se deleita cominsanidades, enquanto não se mostrar ao público um espetáculo um espetáculo válido, e válido no sentido supremo do teatro,depois dos últimos grandes

O público que toma o falso por verdadeiro tem o senso do verdadeiro e ocado à sua frente. Não é, lo hoje, mas na rua; e, ofereça-se à massa das ruas uma ocasião paramostrar sua dignidade humana, que ela a

Se a massa se desacostumou de ir ao teatro; se acabamos todos por teatro como uma arte inferior, um modo de distração vulgar, lo comoexutório para nossos maus instintos, foi por tanto nos dizerem que isso era teatro, ouseja, mentira e ilusão. Foi por nos nça, a um teatro

Foi porque se empenharam em fazer viver, em cena, seres plausíveis, masdesligados, com o espetáculo de um lado e o público do outro - foi por

O próprio Shakespeare é responsável por esta aberração e degradação, por essaidéia desinteressada do teatro que quer que uma representação teatral deixe o públicointacto, sem que uma imagem lançada provoque imprimindo nele uma marca que não mais

Não imprima! Este material é destinado à pesquisa

Até mesmo por que imprimir sai mais caro que o

Se em Shakespeare o homem às vezes se preocupa com aquilo que o ultrapassa,trata-se sempre, definitivamente, das conseqüências dessa preocupação no homem, istoé, a psicologia.

A psicologia que se empenha e

seja,ao cotidiano e ao comum, é a causa dessa diminuição e desse desperdício assustador deenergia, que me parece ter chegado ao último grau. E me parece que tanto o teatro comonós mesmos devemos acabar com a psicologia.

Creio, aliás, que a esse respeito estamos todos de acordo e que não é precisodescer até o repugnante teatro moderno e francês para condenar o teatro psicológico.

Histórias de dinheiro, de angústias por causa de dinheiro, de arrivismo social, deagonias amorosas em que o altruísmo nunca interfere, de sexualidades polvilhadas deum erotismo sem mistérios não são do domínio do teatro quando são psicologia. Essasangústias, esse estupro, esses cios diante dos quais somos apenas

em revolução e em azedume: é preciso percebê O mais grave, porém, não é isso.

Se Shakespeare e seus imitadores nos insinuaram através dos tempos uma idéiada arte pela arte, com a arte de um lado e a vida do outro, podíamos ficar tranqüilos coma idéia

mantinha. Mas agora vemosmuito bem os sinais indicadores de que o que nos mantinha vivos já não se mantém, deque estamos todos loucos, desesperados e doentes. E eu

Esta idéia de arte desligada, de poesia

encantaro lazer, é uma idéia de decadência e demonstra claramente nossa força de castração.

Nossa admiração literária por Rimbaud, Jarry, Lautréamont e alguns outros, quelevou dois homens ao suicídio mas q

a papinhos de bar, fazparte da idéia da poesia literária, da arte desligada,

PIRATARIA É CRIME.

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Se em Shakespeare o homem às vezes se preocupa com aquilo que o se sempre, definitivamente, das conseqüências dessa preocupação no homem, istoé, a psicologia.

A psicologia que se empenha em reduzir o desconhecido ao conhecido, ou seja,ao cotidiano e ao comum, é a causa dessa diminuição e desse desperdício assustador deenergia, que me parece ter chegado ao último grau. E me parece que tanto o teatro comonós mesmos devemos acabar

Creio, aliás, que a esse respeito estamos todos de acordo e que não é precisodescer até o repugnante teatro moderno e francês para condenar

Histórias de dinheiro, de angústias por causa de dinheiro, de arrivismo s amorosas em que o altruísmo nunca interfere, de sexualidades polvilhadas deum erotismo sem mistérios não são do domínio do teatro quando são psicologia. Essasangústias, esse estupro, esses cios diante dos quais somos apenas voyeurs que sedeleitam, acabam em revolução e em azedume: é preciso percebê-lo.

O mais grave, porém, não é isso.

Se Shakespeare e seus imitadores nos insinuaram através dos tempos uma idéiada arte pela arte, com a arte de um lado e a vida do outro, podíamos ficar tranqüilos coma idéia ineficaz e preguiçosa enquanto a vida lá fora se mantinha. Mas agora vemosmuito bem os sinais indicadores de que o que nos mantinha vivos já não se mantém, deque estamos todos loucos, desesperados e doentes. E eu nos convido a reagir.

sligada, de poesia-encantamento que só existe para encantaro lazer, é uma idéia de decadência e demonstra claramente nossa

Nossa admiração literária por Rimbaud, Jarry, Lautréamont e alguns outros, quelevou dois homens ao suicídio mas que para os outros se reduz a papinhos de bar, fazparte da idéia da poesia literária, da arte desligada,

não à comercialização

Se em Shakespeare o homem às vezes se preocupa com aquilo que o se sempre, definitivamente, das conseqüências dessa

m reduzir o desconhecido ao conhecido, ou seja,ao cotidiano e ao comum, é a causa dessa diminuição e desse desperdício assustador deenergia, que me parece ter chegado ao último grau. E me parece que tanto o teatro comonós mesmos devemos acabar

Creio, aliás, que a esse respeito estamos todos de acordo e que não é precisodescer até o repugnante teatro moderno e francês para condenar

Histórias de dinheiro, de angústias por causa de dinheiro, de arrivismo s amorosas em que o altruísmo nunca interfere, de sexualidades polvilhadas deum erotismo sem mistérios não são do domínio do teatro quando são psicologia. Essasangústias, esse estupro, que sedeleitam, acabam

Se Shakespeare e seus imitadores nos insinuaram através dos tempos uma idéiada arte pela arte, com a arte de um lado e a vida do outro, podíamos ineficaz e preguiçosa enquanto a vida lá fora se mantinha. Mas agora vemosmuito bem os sinais indicadores de que o que nos mantinha vivos já não se mantém, deque estamos todos loucos,

encantamento que só existe para encantaro lazer, é uma idéia de decadência e demonstra claramente nossa

Nossa admiração literária por Rimbaud, Jarry, Lautréamont e alguns ue para os outros se reduz a papinhos de bar, fazparte da idéia da poesia literária, da arte desligada,

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da atividade espiritual neutra, quenada faz e nada produz; e constato que foi no momento em que a poesia individual, quesó compromete aquele que a faz e no momento em que a faz, grassava da maneira maisabusiva que o teatro foi mais desprezado por poetas que nunca tiveram o senso nem daação direta e em massa, nem da eficácia, nem do perigo.

É preciso acabar com a superstição dos textos e da poesia

poesiaescrita vale uma única vez e, depois, que seja destruída. Que os poetas mortos cedamlugar aos outros. E poderíamos mesmo assim ver que é nossa veneração diante do que jáfoi feito, por mais belo e válido que seja, que nos petrifica, que nos estabil

contato com a força que está por baixo, quer ela seja chamada energiapensante, força vital, determinismo das trocas, menstruação da lua ou o que bem seentender. Sob a poesia dos textos existe a poesia court, sem forma e sem te

máscaras que servem às operações de magia de certospovos essas máscaras só servem para serem jogadas nos museus

No documento Antonin Artaud - o Teatro e Seu Duplo (páginas 62-71)