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CAPÍTULO 2 – Acessibilidade e Inclusão da PCD em Teresina

2.1 Acessibilidade em Teresina

2.1.1 Acessibilidade Arquitetônica

A Constituição Federal de 1988, no art. 227, § 2º, prevê a necessidade de tornar as cidades brasileiras acessíveis a todos os indivíduos, asseverando que “a lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transportes coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.” 17 Ora, uma cidade acessível

arquitetonicamente é aquela onde toda pessoa, independentemente de religião, classe social, profissão ou etnia tenha os direitos de ir e vir respeitados e possam desfrutar de todas as possibilidades que sejam oferecidas, o que implica chances de locomoção iguais para todos. Uma cidade deve assim, estar adaptada para conviver com todas as pessoas, com suas diferenças e limitações. No caso da acessibilidade arquitetônica, são necessários investimentos em políticas públicas, com o objetivo

16 Revista Sociedade Inclusiva, ano 1, v. 1, p. 23.

de redirecionar os espaços públicos, para que todos possam caminhar com segurança e independência.

Alguns itens da acessibilidade arquitetônica são o rebaixamento das calçadas externas, cuja inclinação máxima deve ser de três por cento em direção ao meio-fio, as portas externas e internas das edificações com espaço livre mínimo de 80cm, as rampas de acesso com largura mínima de 1,20m e inclinação máxima de 10 graus e os banheiros com sanitários preparados para uso por pessoa com deficiência e com mobilidade reduzida. Nos estacionamentos externos ou internos das edificações, pelo menos 2% do total de vagas devem ser reservadas a veículos que transportam deficientes físicos, sem mencionar o piso tátil para os deficientes visuais, as ruas com rebaixamento em calçadas, os sinais de trânsitos sonoros em lugares movimentados e os telefônicos públicos em tamanhos diferenciados.

Não somente esses espaços precisam ser adaptados, mas também as empresas, as universidades, as escolas os órgãos públicos. O artigo 24 da Lei 5.296/04 dispõe que os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive as salas de aulas, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários. No entanto, a falta de acessibilidade nas escolas de Teresina é exceção é uma realidade comum:

“Um exemplo de desrespeito ao direito à acessibilidade arquitetônica é o da estudante que usa cadeira de rodas Roseane da Silva Alves, que precisou fazer uma denúncia num jornal para ter o direito de assistir aula numa escola, pois a escola que freqüenta não tinha acessibilidade. Depois de muita pressão, com a interferência do Ministério Público, a escola foi reformada18.

Através da adequação física das escolas, a Seduc procura atender às pessoas portadoras de deficiência física por meio de medidas que já estão sendo tomadas. Algumas escolas já estão adaptadas com rampas e banheiros adequados e foi feito um levantamento em todo o Estado das escolas que irão receber adaptações. Até o próximo ano, cada município terá pelo menos uma escola adaptada, como informa Viviane Fernandes, gerente de Educação Especial.19

18 Jornal Meio Norte, 28/09/2007, p. B-3

A acessibilidade arquitetônica em Teresina aos poucos se faz presente para a pessoa com deficiência. Após a terceira reunião entre o Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência com as Superintendências de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente ficou acertado que a partir de então todo e qualquer estabelecimento público que queira renovar o alvará de funcionamento ou adquirir a concessão de alvarás de construção deve apresentar a planta do local com as adaptações para essas pessoas. Segundo Marlucia Almeida,20

“eles não quiseram assinar o termo de ajuste de conduta, mas se comprometeram em ajudar. Na última reunião, ficou acordado que as SDU’s vão fazer um termo de compromisso e repassar para todas as pessoas que desejam realizar essas transações. Todos esses locais já devem ser construídos com as adaptações”, explicou a coordenadora. As exigências fazem parte das leis Federal (Lei 10.098) e Municipal (Lei 2.557) de acessibilidade à pessoa deficiente.

As pessoas com deficiência, quando se mobilizam, por meio de suas associações, conseguem concretizar as suas reivindicações aos órgãos públicos assim, a acessibilidade arquitetônica começará a ser implementada na cidade de Teresina, de que o Projeto Brasil Acessível é um exemplo21.

“A Associação dos Deficientes Físicos de Teresina conseguiu incluir o Piauí no Projeto Brasil Acessível. O projeto criado pelo Governo Federal tem como objetivo principal facilitar o acesso de pessoas com deficiência a prédios e logradouros públicos. ‘Estamos aos poucos conquistando nossa dignidade e isso nos deixa muito felizes’. Já estamos com projetos prontos para Teresina, disse o Presidente da Adeft. A Ceid e a Semtcas, serão os responsáveis pela concretização do projeto '“Brasil Acessível” em Teresina e Interior. ‘Tudo isso é um direito nosso, além do que este projeto traz também mudanças nos meios de comunicação. Uma forma de estarmos cada dia mais inseridos na sociedade, afirmou Carla Cléia, integrante da ADEFT”.

Uma parte das melhorias na acessibilidade em Teresina se relaciona à cobrança que a pessoa com deficiência vem fazendo aos gestores públicos. Com efeito, as Associações das Pessoas com Deficiência entregaram suas reivindicações no III Fórum Municipal da PPD’s, realizado pela SEMTCAS22 dia 13, com o objetivo de avaliar serviços, programas e projetos.

20 Jornal Meio Norte 15/11/2006 p.A-10

21 Jornal Meio Norte 31/03/2005, Caderno Cidades. 22 Jornal Meio Norte, 03/06/2003.

2.1.2 Relatos sobre a acessibilidade ao direito de obter órtese, prótese e cadeiras de