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Acessibilidades e serviços

No documento MUSEUS E PÚBLICO SÉNIOR EM PORTUGAL (páginas 101-104)

Como tomam conhecimento dos museus

F. PRINCIPAIS CONCLUSÕES / RECOMENDAÇÕES

6. Acessibilidades e serviços

• Os seniores queixam-se da falta de sinalização no exterior dos edifícios.

• Ainda no exterior, sentem a falta de rampas, mas, como são levados pelas universidades e se deslocam sobretudo em grupo, a sua maior preocupação é a distância a que as camionetas que os transportam ficam da entrada do museu.

• A falta de cadeiras de rodas requisitáveis na maioria dos museus (cuja existência constitui uma obrigação legal) deverá ser colmatada com urgência.

• A falta de casas de banho para deficientes em 39% dos museus inquiridos, que constitui igualmente uma obrigação legal, deverá também ser solucionada com a maior brevidade.

• Quanto à posição dos objectos e o tamanho da letra de legendas e textos, os seniores são críticos, sobretudo quando colocado fora do seu alcance visual e quando as letras são demasiado pequenas.

• É curioso que, apesar dos seniores se queixarem da dificuldade de acesso aos conteúdos (pela inadequação do tamanho da letra, dos contrastes, do posicionamento dos textos e dos objectos, da iluminação e da linguagem ), o que a experiência empírica também vem confirmar, os museus consideram que cumprem em grande parte estes requisitos.

• Dito isto, para a maioria dos directores / responsáveis de museus que foram entrevistados, a acessibilidade está associada à mobilidade. Apenas um entrevistado se referiu por iniciativa própria a outras questões, como o tamanho de letra, os contrastes, o posicionamento dos objectos e das legendas, a linguagem usada nas mesmas, etc.

• Os seniores preferem conteúdos com linguagem acessível. Esta posição é sobretudo sentida quando se faz referência aos museus do passado como “museus para intelectuais”.

• No caso concreto da acessibilidade da linguagem, é importante referir que num determinado museu, enquanto o seu director reagiu com veemência ao que considerou ser uma sugestão de infantilização e banalização dos conteúdos, os seniores que participaram no focus group realizado nesse mesmo museu, e que estavam entre os que tinham qualificações literárias mais altas, queixaram-se da dificuldade em entender a linguagem usada pelo museu nos suportes de texto.

• As pessoas que acolhem o público sénior nos museus (tanto na recepção, como por parte dos serviços educativos) deverão ter uma preparação adequada para os receber com o devido respeito e para poderem dar resposta às suas necessidades.

• Ainda que se queixem do posicionamento errado de legendas e textos e dos problemas de legibilidade dos mesmos, assim como da não existência de corrimãos e de elevadores, é na figura do guia que se concentram e é dele/dela que mais esperam na sua antecipação de uma experiência bem sucedida.

• Os seniores valorizam as visitas guiadas, onde são descritos os objectos e as temáticas que lhes estão associadas de forma clara, interactiva (recusam a visita “papagueada”) e empenhada.

• O guia deverá ser adequadamente preparado para adaptar a linguagem e o conteúdo da mesma às necessidades (cognitivas e físicas) e interesses do grupo.

• Os visitantes seniores são sensíveis a ambientes muito congestionados, a visitas guiadas em que os próprios visitantes sejam elementos perturbadores. Estas características apontam para a necessidade deste público ter o seu tempo e espaço próprios.

• Gostam que os museus tenham lojas onde possam adquirir catálogos ou outros itens que lhes permitem transmitir a experiência a outras pessoas (familiares, amigos/as). • Propõem horários mais alargados e a abertura dos museus aos domingos e aos

fins-de-semana.

7. Custos (para os visitantes e para os museus)

• Há que ter em consideração que o ‘preço’ de uma visita ao museu supera o preço do bilhete, pois deve ser-lhe adicionado o preço dos transportes (sobretudo quando se trata de visitas de iniciativa individual) e possivelmente também do estacionamento, das refeições, etc. Assim, o preço total pode ser um factor dissuasor da ida a museus. As promoções conjuntas com parceiros (transportes, parques de estacionamento, restaurantes e cafés) ou a instituição de bilhetes-família poderão ser uma solução para este problema, que, devido à crise financeira, irá agravar-se.

• A adaptação de um espaço para se tornar fisicamente acessível pode envolver o investimento de grandes quantias de dinheiro. No entanto, isto não deve ser uma desculpa para não se fazer nada. Há melhorias que se podem fazer com um investimento mínimo, como por exemplo a colocação de fitas aderentes nas escadas e no chão, algo muito pouco utilizado nos museus e que pode beneficiar todos os visitantes.

• Por outro lado, há despesas que vão ocorrer de qualquer forma, como, por exemplo, a produção de painéis e legendas para exposições temporárias. Nestes casos, a adaptação do tamanho da letra, dos contrastes, do posicionamento dos textos e das legendas, da iluminação não envolverá nenhuma despesa extra.

Apesar dos meios de comunicação online serem gratuitos ou baratos, não se deve esquecer que muitos seniores não têm acesso ao computador ou continuam a preferir os suportes de comunicação mais tradicionais. Será um erro pôr abruptamente fim à comunicação com eles.

8. Avaliação

• A avaliação é parte fundamental de qualquer processo de planeamento, porque sem ela, não se pode saber se os objectivos foram atingidos com sucesso, se é preciso mudar ou adaptar algo ou se é mesmo necessário mudar com completamente de estratégia.

• São muito poucos os museus que procuram criar um registo escrito da sua reflexão sobre o trabalho desenvolvido com e para o público sénior. Igualmente, não parece haver nos planos de actividades, e relativamente aos objectivos traçados nos mesmos, indicadores que poderão permitir avaliar o sucesso quanto ao cumprimento dos mesmos.

De igual forma, para se poder fazer esta avaliação é importante o feedback dado pelo público-alvo das acções planeadas e executadas, neste caso, do público sénior. Apenas 37% dos museus inquiridos afirmou possibilitar esta avaliação. E mesmo nestes casos, e uma vez que não existe uma reflexão escrita por parte dos museus, não se sabe até que ponto o feedback dado é analisado, aproveitado e leva a melhorias e adaptações da oferta do museu.

• A avaliação passa também pela obtenção e manutenção de dados estatísticos rigorosos e fiáveis quanto às visitas. Seria útil se todos os museus, pelo menos os que fazem parte da Rede Portuguesa de Museus, tivessem um registo comum dos visitantes em termos de categorias.

G. LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS

No documento MUSEUS E PÚBLICO SÉNIOR EM PORTUGAL (páginas 101-104)

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