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O ACESSO À HIPERMÍDIA POR DEFICIENTES VISUAIS Ambientes hipermídia adaptados ou desenvolvidos ao perfil do

2 REVISÃO DA LITERATURA 33 2.1 DEFICIÊNCIA VISUAL

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.6 O ACESSO À HIPERMÍDIA POR DEFICIENTES VISUAIS Ambientes hipermídia adaptados ou desenvolvidos ao perfil do

usuário cego podem ser desenhados de modo que possam prever possibilidades de perceber e interpretar determinados tipos de informações, como imagens, de modo alternativo, utilizando outros sentidos que não seja a visão. Deste modo, mesmo que o usuário tenha

um percentual mínimo de visão, ele terá possibilidades de entender o contexto da informação por redundância.

Configura-se assim a importância da acessibilidade para que os ambientes hipermídia adaptados aos usuários sejam úteis a vários grupos. Por isso a estruturação, implementação e implantação de soluções hipermídia devem privilegiar o acesso, a interação e autonomia de qualquer pessoa, independente de sua condição física, sensorial ou motora (Miranda e Zissou, 2009, p. 28).

A informatização em todos os setores da sociedade, principalmente escola e trabalho, pode ser projetada desta forma, prevendo tecnologias com design universal, que sejam capazes de permitir o acesso à informação por qualquer pessoa, independente de sua condição física e isso inclui pessoas cegas. As pesquisas nas bases de dados e nos sites governamentais apontam um grande número de estudos voltados à locomoção de pessoas cegas, logo faz sentido pensar em ações provedoras de condições para estudar ou trabalhar, quando estas pessoas chegam ao seu destino.

Os estudos voltados ao desenvolvimento de pesquisas sobre deficientes visuais são incipientes conforme foi citado na seção 2.2. Segundo dados fornecidos pelo CNPQ, apenas 14 grupos de pesquisa estão ligados diretamente com o assunto. Quando se trata de tecnologias assistivas para o acesso à hipermídia por deficientes visuais, o número é menor ainda e destas, apenas algumas já estão disponíveis para o uso público.

A Fundação Dorina Nowill, citada na seção 2.5.1.3, atende atualmente 150 mil pessoas cegas e com baixa visão com o acesso a livros falados e textos em Braile.

De acordo com uma pesquisa publicada pela SERPRO24, dados fornecidos pela Acessibilidade-Prodam, acessada em (http://www.prodam.sp.gov.br/acess/forweb.htm), atualmente estima-se que cerca de 10 mil usuários com deficiência visual no Brasil se utilizam de computadores através de programas sintetizadores de voz que imitam a voz humana e conseguem "ler" os textos da tela.

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Outra tecnologia desenvolvida no Brasil e que atualmente obteve a liberação para venda ao público é o Auire Prisma, citado na seção 2.5.2.5. Trata-se de um aparelho portátil com dimensões semelhantes às de um telefone celular capaz de identificar em voz alta, cores e cédulas de dinheiro. Segundo informações fornecidas pelo site desta empresa, somente agora as primeiras unidades estão sendo fornecidas pelo valor de R$ 500,00.

As outras tecnologias voltadas ao acesso à hipermídia pesquisadas para este trabalho encontram-se atualmente em fase de protótipos e não estão disponíveis ao público.

Em 2009, o senador Renan Calheiros lançou uma cartilha intitulada Acessibilidade, Direito das Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida. Tal cartilha apresenta o decreto de 2007 que estabelece o compromisso pela inclusão das pessoas com deficiência e à incorporação ao direito brasileiro em 2008, com o status de emenda 6 constitucional, da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, primeiro ordenamento internacional de direitos humanos elaborado e aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no século XXI.

O artigo 9 desta cartilha diz entre outras coisas: Acessibilidade

1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a: a) edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e local de trabalho;

b) informações, comunicações e outros serviços, inclusive serviços eletrônicos e serviços de emergência. (CALHEIROS, 2009)

As diretrizes de acessibilidade instituídas pelo governo, as novas tecnologias voltadas às pessoas com deficiências, inclui, como visto acima, sistemas e tecnologias da informação e comunicação que nada mais são do que ferramentas de acesso à hipermídia. Porém, não há, na legislação brasileira, lei, decreto ou artigo que trate do tema específico do acesso dos deficientes visuais à informação. Existem garantias em leis esparsas, como o texto na Cartilha de Renan Calheiros apresentado anteriormente e o parágrafo da constituição a seguir.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 contempla o tema de acessibilidade de informação no art. 5º no seu Inc. XIV, transcrito conforme segue. Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Inc. XIV: É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

A Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU, ratificada no Brasil pelo Decreto Legislativo 186, de 09 de julho de 2008, tem o seguinte artigo sobre acesso à informação da pessoa com deficiência.

Artigo 9 - Acessibilidade. 2. Os Estados Partes deverão também tomar medidas apropriadas para: f) Promover outras formas apropriadas de atendimento e apoio a pessoas com deficiência, a fim de assegurar-lhes seu acesso a informações; Os grupos de pesquisa na área, os investimentos em adaptações de áreas públicas, enfim todas as ações públicas e privadas voltadas para a acessibilidade podem promover a autonomia, contribuindo para que aumente a inclusão social e consequentemente um melhor acesso à

hipermídia, porém cabe à sociedade a responsabilidade de agir de acordo com e essas diretrizes, solicitar legislação mais específica e fornecer condições para que indivíduos que têm limitações em suas relações sociais possam desenvolver-se, utilizando da melhor forma suas capacidades mentais e físicas.