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CAPÍTULO 4 – QUESTÕES SOBRE A REGULAÇÃO DOS SFCR NO BRASIL

4.1 Enquadramento dos SFCR pela legislação vigente

4.2.3 Acesso às redes de distribuição

A Lei 9.074/95, em seu artigo 15, regulamentada pelo Decreto 2.003/96, assegura o acesso às redes de T & D de concessionários e permissionários de serviço público, por parte de APs e PIEs, mediante ressarcimento pelos custos de transporte envolvidos, visando garantir a utilização e a comercialização da energia produzida.

A regulamentação da contratação do acesso às redes de T &D, compreendendo o uso e a conexão, se deu através da Resolução ANEEL Nº 281/99. No documento, estão expressas as obrigações das concessionárias de transmissão e de distribuição e dos usuários, no que diz respeito ao uso dos sistemas de T & D.

As instalações fotovoltaicas em edificações conectadas à rede elétrica pública produzem eletricidade nos próprios locais de consumo, utilizando apenas a rede de distribuição local. Nesse caso, deve ser considerado, portanto, apenas o relacionamento entre o proprietário do SFCR e a empresa distribuidora, excluindo-se qualquer vínculo com as redes de transmissão.

Dentre as responsabilidades das empresas distribuidoras, elencadas no Artigo 5º da Resolução 281/99 , destacam-se:

[...]

I - propiciar o relacionamento comercial com o usuário, relativo ao uso dos sistemas de distribuição e à conexão nas suas instalações, e prestar as informações necessárias ao interessado;

II - implementar as providências de sua competência, necessárias à efetivação do acesso requerido;

III - negociar e celebrar os Contratos de Conexão e Uso dos Sistemas de Distribuição, com os usuários que venham conectar-se às suas instalações de distribuição;

IV - efetuar a medição nos pontos de conexão do usuário e faturar os encargos decorrentes da conexão e do uso dos sistemas de transmissão e distribuição, discriminando as parcelas referentes aos sistemas de transmissão e de distribuição;

[...].

Os encargos mencionados no inciso IV deverão ser arrecadados pelas concessionárias, com base nas suas atividades de distribuição, e aprovados pela ANEEL. Tratando-se dos SFCR, que produzem eletricidade a partir de fonte solar, fica estipulada, pela Resolução Normativa ANEEL Nº 77/2004, uma redução de 50% sobre as taxas de uso dos sistemas de distribuição, desde que a sua potência não seja superior a 30 MW.

Já para os interessados no acesso à rede, as principais exigências estão expressas no Artigo 6º:

[...]

I - solicitar o acesso aos sistemas de transmissão ou de distribuição, de acordo com o estabelecido no art. 7º desta Resolução.

II - celebrar, conforme o caso, os contratos de conexão e de uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição;

III - efetuar os estudos, projetos e a execução das instalações de uso exclusivo e a conexão com o sistema elétrico da concessionária ou permissionária onde será feito o acesso;

IV - observar o disposto nos Procedimentos de Rede e nos Procedimentos de Distribuição.

Quanto aos Procedimentos de Distribuição, referenciados no Inciso IV, a ANEEL os define da seguinte maneira (ANEEL, 2008a):

Os Procedimentos de Distribuição são um conjunto de regras com vistas a subsidiar os agentes e consumidores do sistema elétrico nacional na identificação e classificação de suas necessidades para o acesso ao sistema de distribuição, disciplinando formas, condições, responsabilidades e penalidades relativas à conexão, planejamento da expansão, operação e medição da energia elétrica, sistematizando a troca de informações entre as partes, além de estabelecer critérios e indicadores de qualidade.

A obtenção do acesso à rede de distribuição, por parte de centrais geradoras com Registro, incluindo as fotovoltaicas, normalmente segue quatro etapas: consulta, informação, solicitação e permissão de acesso, sendo as duas primeiras opcionais e as duas últimas obrigatórias.

Na Solicitação de Acesso, o interessado deverá elaborar um projeto de suas instalações, contendo uma descrição detalhada da planta, com todas as especificações dos equipamentos e indicação do ponto de conexão.

O Parecer de Acesso é o documento formal obrigatório apresentado pela distribuidora, sem despesas para o acessante, onde são informadas as condições de acesso, compreendendo a conexão e o uso, e os requisitos técnicos que permitam a conexão das instalações do interessado. A distribuidora deverá emitir esse documento em até 30 dias após o recebimento da solicitação, quando não houver necessidade de execução de obras no sistema de

distribuição acessado. Caso sejam necessárias obras de ampliação ou reforço da rede, esse prazo passa a ser de 120 dias (ANEEL, 2008a).

Cabe ao interessado realizar um pedido formal de vistoria, junto à concessionária, da conexão das instalações. A empresa deverá realizar a vistoria, apresentando o seu resultado por meio de um relatório formal, no prazo máximo de 30 dias após a solicitação. A aprovação formal do ponto de conexão deverá ser emitida em até 7 dias, após satisfeitas as condições (se houver) impostas no relatório de vistoria . A efetivação da conexão deverá ocorrer em no máximo 3 dias úteis após a aprovação da instalação, para conexões à rede de baixa tensão em zona urbana.

As partes têm até 90 dias, a partir da emissão do Parecer de Acesso, para celebrar o contrato. O fluxograma da figura 41 resume as etapas e os prazos a serem cumpridos entre a solicitação e a efetivação da conexão à rede de distribuição para centrais geradoras com Registro, incluindo as fotovoltaicas.

Figura 41 - Etapas e prazos para conexão de centrais geradoras com Registro Fonte: ANEEL (2008a)

O terceiro de oito módulos do PRODIST (ANEEL, 2008b) estabelece as faixas de potência permitidas, de acordo com o nível de tensão, como mostra a Tabela 4.3.

Tabela 4.3 - Tensão de conexão em função da faixa de potência da planta

CLASSIFICAÇÃO SISTEMA TENSÃO NOMINAL POTÊNCIA PERMITIDA

Baixa tensão Monofásico 254 /127 V ou 440 / 220 V < 10 kW Trifásico 220 / 127 V ou 380 / 220 V 10 kW a 500 kW Média tensão Trifásico 13,8 kV ou 34,5 kV 76 kW a 30 MW