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Acompanhamento Pedagógico nos Centros de Educação Infantil

3. AÇÕES FORMATIVAS DA ACREDITE

3.1 Projeto da formação continuada em 2005 e

3.1.2 Acompanhamento Pedagógico nos Centros de Educação Infantil

Para que a ação formativa tivesse significado no CEI, houve um acompanhamento mensal previamente acordado com o gestor da instituição. A falta de coordenação pedagógica na maioria dos espaços educativos dificultou o acompanhamento. A ausência desse profissional faz com que as educadoras não tenham um sistema organizado de encontros para elaboração ou análise de planos. A presença da assessoria da ACREDITE para muitos, era a única alternativa que possibilitava tais momentos.

Ocorreram casos em que a assessoria não pôde acontecer, pois a instituição não considerava necessária a orientação para o desenvolvimento do seu trabalho. Um grande número de instituições enfrenta o mesmo problema: a estrutura de pessoal do CEI é em número inferior ao necessário; isso também impossibilita que o professor se ausente da sala de aula para pensar e planejar o que fazer no seu dia- a-dia.

Outra dificuldade detectada a partir do acompanhamento é a ausência do Plano de Curso das instituições, fato que impossibilita uma seqüência de ações. Baseiam-se em planos e projetos de anos anteriores, fazendo assim com que o trabalho não tenha um norte. Em geral, o acompanhamento foi valioso do ponto de vista pedagógico. Respeitando o ritmo e a experiência das educadoras e isso possibilitou um avanço no que tange ao planejamento. Essa intervenção atuou na linha de reflexão sobre a própria prática, troca de idéias, fundamentado com conteúdos pertinentes a faixa etária de cada grupo, gradativamente despertando para o verdadeiro sentido do planejamento.

Inicialmente era notada uma acomodação por parte de algumas educadoras, elas foram se envolvendo, descobrindo a importância do que vinham aprendendo nos cursos, valorizando o material que lhes eram entregues para a fundamentação e subsídio das práticas, ocorrendo a discussão sobre o comportamento das crianças, as metodologias a serem adotadas na sala de aula, a realidade social e econômica das crianças, sugestões de conteúdos e o projeto político pedagógico da instituição. Essa prática contribuiu para a melhoria do trabalho pedagógico e para um agir educativo baseado na reflexão. O gestor do CEI Santa Beatriz, sugeriu a presença sistemática de um coordenador pedagógico nos centros de educação, a fim de realizar um acompanhamento semanal. A fala dele revela o desejo de muitos: a presença desse profissional nas instituições, financiado pela ACREDITE. Esse também era um desejo da Associação, porém, nesse período não era possível a realização desse sonho, faltava algo mais, e com o tempo foram dados passos para que essa ação fosse concretizada.

A revisão dos Projetos Políticos Pedagógicos ocorreu com visitas às instituições duas vezes ao mês, perfazendo 64 horas. Os encontros, na medida do possível contavam com a presença de todos os segmentos (educadores, gestor, cozinheira, limpeza..) na tentativa de garantir um processo de reconstrução coletiva. Não foi fácil, principalmente pelo fato de não ter com quem deixar as crianças. O desenvolvimento desse trabalho se deu a partir da coleta de dados para saber o que elas já sabiam sobre o PPP da escola, essa ação foi uma constatação do desconhecimento do projeto por parte dos profissionais. Um projeto numa

perspectiva democrática e coletiva requer das pessoas envolvidas compromisso, seriedade, responsabilidade e, acima de tudo crença na sua capacidade de produzir e de intervir para que os objetivos sejam alcançados.

Alguns impactos gerados pelo projeto foram registrados, dentre eles a boa receptividade dos gestores e educadores em relação ao trabalho proposto pela ACREDITE, o cumprimento da carga horária destinada para a formação, a melhoria da compreensão dos educadores a cerca dos princípios norteadores para a educação infantil, motivação dos educadores para a elaboração dos planejamentos, preocupação na construção de estratégias que atendam o desenvolvimento da criança, elaboração coletiva do PPP e a freqüência de 75% dos educadores aos encontros formativos.

De um modo geral, os educadores afirmam que o curso foi bom e que o trabalho desenvolvido pelas professoras-formadoras facilitou a compreensão. Considerou importante conhecer o que é Projeto Político Pedagógico, planejamento e plano de trabalho, considerando de extrema importância a apropriação desse saber para que pudessem entender qual a função desses documentos no espaço escolar.

No processo formativo apresentado, há indicações sobre a necessidade de uma formação específica para o profissional atuante na Educação Infantil. Tal necessidade foi detectada também através das entrevistas. Quando foi perguntado sobre o trabalho desenvolvido pelas professoras-formadoras, elas disseram: “Que foi bom. Poder lembrar dos conceitos dos grandes pensadores em relação à educação infantil”; ”Os assuntos foram abordados de forma clara”; “Aprimorei meus conhecimentos”; “Aprendi com os outros, pois eles estavam próximos da minha realidade”. Quando foi perguntado o que elas sugeririam para próximas formações as respostas foram: “Tempo para estudar mais”; “Abordar outros tópicos”; “ Mais encontros” e “ Para o próximo ano, uma reciclagem”.

As entrevistas revelam a necessidade premente que esses profissionais têm de formação para que atendam as demandas educacionais do dia-a-dia dos centros de educação. Professores são colocados para trabalhar na Educação Infantil sem uma

formação específica, ou até mesmo sem o mínimo exigido pela LDBEN/96. Esta situação é similar a outras, o que é comprovado nas palavras de Kishimoto:

[...] O tradicional abandono e descaso, fruto de má política de exclusão desses profissionais no campo da educação, reflete-se no contingente de leigos que não se pode precisar pela falta de estatísticas. Mesmo em grandes centros urbanos, a qualificação requerida é, ainda, de ensino fundamental. (1999, p. 63)

No processo formativo, o educador é a mola propulsora para que qualquer proposta se realize, pois, eles são os principais agentes de sua formação. Para que isso ocorra, supõe troca de experiências, aprendizagens e de interações sociais. As opções feitas nesta profissão se cruzam com a maneira de ser e ensinar, fazendo com que a forma que cada um ensina esteja intrínseca naquilo que se é. (CARVALHO, 2003, p. 90-95). Sendo assim, é necessária a percepção do próprio professor de seu inacabamento, para que este motive a busca de uma formação significativa, que faça sentido e não seja, então, vazia e inoperante.

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