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Acreditação hospitalar

No documento Função ou Atividade (páginas 44-51)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 GESTÃO DA QUALIDADE - GQ

2.2.2 Acreditação hospitalar

Diante de um mercado competitivo, os hospitais devem procurar melhorar cada vez mais sua posição diante dos seus clientes. Aqueles que ainda não percebem a qualidade como um objetivo a ser atingido, estão em desvantagem daqueles que já a possuem implantada, ou que estão em busca da sua melhoria contínua.

Sob a perspectiva dos serviços de saúde, a qualidade tem aspectos particulares, que contam com diversos critérios utilizados para estabelecer padrões mínimos de qualidade nos processos assistenciais e de gestão. Isto é, além de garantir uma assistência com qualidade, deve também assumir um papel estratégico para melhorar a competitividade da instituição.

No Brasil, a partir da década de 90, começam a surgir iniciativas voltadas para melhoria da qualidade de gestão, assistência e atenção à saúde. Em 1995 é criado no Ministério da Saúde o Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade nos Serviços de Saúde, onde são iniciadas as discussões para criação de um programa de qualidade e 1acreditação de abrangência nacional (RODRIGUES, 2004).

Neste mesmo período, nos Estados do Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, surgiram entidades de pesquisa e implementação de medidas sobre o

1 A palavra acreditação inexiste na língua portuguesa. São encontrados os termos acreditado (particípio de acreditar; que tem

crédito; que merece ou inspira confiança; autorizado ou reconhecido por uma potência junto a outra) e acreditar (dar crédito a;

crer; ter como verdadeiro; dar ou estabelecer crédito a; afiançar; conceder reputação a; tornar digno de crédito; confiança; abonar;

conferir poderes a alguém para representar uma nação perante um país estrangeiro). (FERREIRA, 1999). A acreditação hospitalar pode ser comparada com um sistema de certificação de qualidade, como por exemplo, a ISO.

processo de acreditação. Em 1997, contando com a parceria e experiência desses grupos, o Ministério da Saúde propôs a criação do Manual Brasileiro de Acreditação (MBA), que teve como parâmetro o Manual de Acreditação de Hospitais para América Latina e o Caribe, editado pela Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS (RODRIGUES, 2004). Em 1999, como projeto piloto, a primeira versão do manual foi aplicada em 17 hospitais, de diferentes portes e espalhados em várias regiões do país, logo, a versão foi aprovada (KLUCK e PROMPT, 2004).

No mesmo ano, o Ministério da Saúde notou a necessidade da criação de uma organização não governamental, cuja responsabilidade seria de implantar no país uma metodologia única, com objetivo de iniciar um programa de Acreditação Hospitalar. Foi criada então a ONA - Organização Nacional de Acreditação, caracterizada como pessoa jurídica, de direito privado, sem fins lucrativos e de interesse coletivo. De acordo com a ONA – Organização Nacional de Acreditação (2010) define-se Acreditação como um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde, voluntário, periódico e reservado.

Em 2001, a primeira organização prestadora de serviços hospitalares foi acreditada, e no mesmo ano a ONA foi reconhecida pelo Ministério da Saúde, pela Portaria 539, como instituição competente e autorizada para operacionalizar o desenvolvimento do processo de Acreditação Hospitalar no Brasil.

Conforme o Manual Brasileiro de Acreditação da ONA, a acreditação é um método de avaliação dos recursos institucionais, voluntário, periódico e reservado, que busca garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos (MANUAL BRASILEIRO DE ACREDITAÇÃO, 2010). A aderência ao processo de acreditação, revela que a instituição prestadora de serviços de saúde, esta comprometida com a segurança, ética e qualidade do atendimento que presta. O processo evidencia para os clientes internos e externos, que a instituição alcançou um padrão de gestão e assistência reconhecido e respeitado. Além disso, permite

avaliações frequentes e se mostra como uma importante ferramenta de gestão, que tem como base requisitos, critérios e padrões conformes com a qualidade, capazes de identificar, medir, entender e promover ações de melhoria continua.

O MBA é a base referencial utilizada no processo de implementação da acreditação nas instituições de saúde. O mesmo esta distribuído dentro de três níveis, que abordam três conceitos: estrutura, processos e resultados. De acordo como o MBA (2010), cada nível busca fundamentos reconhecidos internacionalmente e que podem se traduzir em melhores práticas e resultados. São eles:

 Visão sistêmica;

 Liderança e estratégias;

 Orientação por processos;

 Desenvolvimento das pessoas;

 Foco no cliente;

 Foco na prevenção;

 Foco na segurança;

 Responsabilidade socioambiental;

 Cultura da inovação;

 Melhoria contínua;

 Orientação para resultados.

Para cada nível, existe um principio e requisitos padrões, que devem ser atendidos plenamente dentro das seções e subseções. O Quadro 5 apresenta os princípios e padrões de cada nível:

QUADRO 5 – PRINCIPIOS E PADRÕES PARA CADA NÍVEL.

Nível Princípio Padrão

Nível 1 Acreditado

Segurança do Paciente Atende aos requisitos formais, técnicos e de estrutura; executa as atividades

Excelência em Gestão Desempenho dos processos alinhados e correlacionados às estratégias da organização; os resultados apresentam evolução de desempenho e tendência favorável; evidências de melhorias e inovações, decorrentes do processo de análise crítica, assegurando o comprometimento com a excelência.

FONTE: Adaptado do MBA, 2010.

Para cada nível de acreditação escolhido, a avaliação é feita de maneira lógica, composta de seções e subseções, que são agrupadas de acordo com características semelhantes. As seções agrupam serviços com características semelhantes e as subseções tratam do escopo de cada serviço ou processo. No

Quadro 6 estão listadas as seções e subseções do manual.

- Assistência Nutricional.

- Sistema de Informação do Cliente/Paciente;

- Gestão de Equipamentos e Tecnologia Médico-Hospitalar;

- Prevenção, Controle de Infecções e Eventos Adversos;

- Processamento e Liberação.

Abastecimento e Apoio Logístico

- Processamento de Roupas;

- Processamento de Materiais e Esterelização;

- Armazenamento e Transporte;

- Higienização;

- Gestão da Segurança.

Infraestrutura - Gestão da Estrutura Físico-Funcional.

FONTE: Adaptado do MBA, 2010.

Para que um hospital possa receber um certificado de acreditação, o mesmo deve atender plenamente os padrões estabelecidos de acordo com o nível desejado.

O processo é realizado por Instituições Acreditadoras – IAC, credenciadas pela ONA.

Elas são responsáveis por verificar a conformidade dos requisitos estabelecidos pelo manual.

Segundo Rooney e Ostenber (1999), os principais objetivos da acreditação são:

 Melhorar a qualidade dos cuidados da saúde estabelecendo metas ótimas a serem atingidas ao se alcançar os padrões para organizações de saúde;

 Estimular e melhorar a integração e o gerenciamento dos serviços de saúde;

 Estabelecer um banco de dados comparativos de instituições de saúde destinadas a atender um grupo escolhido de padrões ou critérios de estrutura, processo e resultados;

 Reduzir os custos dos cuidados da saúde enfocando ou aumentando a eficiência e efetividade dos serviços;

 Oferecer educação e consultoria a instituições de saúde, gerentes e profissionais de saúde sobre estratégias de melhoria de qualidade e

“melhores práticas” na área da saúde;

 Fortalecer a confiança do público na qualidade dos cuidados à saúde;

 Reduzir os riscos associados a lesões e infecções em pacientes e membros do quadro de pessoal.

A adoção por uma acreditação ou por qualquer outro programa e sistema de qualidade, é uma necessidade em termos de eficiência e uma obrigação do ponto de vista ético. Devido a nobre missão de um hospital, o mesmo deve estar preocupado com a melhoria continua de tal forma que consiga integrar a área médica, administrativa, econômica e tecnológica. Dessa forma, o processo de Acreditação Hospitalar vem para auxiliar a promoção efetiva da melhoria do desempenho, da qualidade e principalmente da responsabilidade perante seus pacientes e clientes.

Como apoio ao processo de acreditação, encontram-se disponíveis para sua facilitação, o uso de métodos e ferramentas da qualidade, que serão abordados no próximo capítulo, a fim de definir seus conceitos e aplicações.

No documento Função ou Atividade (páginas 44-51)

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