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Activação do plano de contingência da gripe aviária

1.7. O Controlo da Gripe Aviária

1.7.4. Activação do plano de contingência da gripe aviária

Pelo Decreto-Lei nº 110/2007 de 16 de Abril, Portugal transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva 2005/94/EC, que estabelece as medidas de controlo a aplicar em casos de suspeita e confirmação de focos de gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP), ou de baixa patogenicidade (GABP) dos subtipos H5 e H7. Em caso de suspeita de foco, a Autoridade Sanitária Nacional (DGV através das DSVR) coloca de imediato a exploração suspeita sob vigilância oficial e procede à recolha e envio de amostras ao laboratório, a fim de confirmar ou excluir a presença de gripe aviária, e determina a realização de um inquérito epidemiológico. O inquérito epidemiológico deve considerar: (i) o período durante o qual o vírus possa ter estado presente na exploração; (ii) a eventual origem da infecção; (iii) a identificação das explorações de contacto; (iv) os movimentos de aves, pessoas ou outros mamíferos, veículos ou equipamentos, através dos quais o vírus se possa ter propagado. As medidas a aplicar na exploração colocada sob vigilância oficial compreendem: (i) o recenseamento de todas as aves existentes na exploração; (ii) o confinamento destas aves num edifício da exploração; (iii) a restrição dos movimentos das aves e dos seus produtos, de pessoas, equipamentos e veículos para dentro ou para fora da exploração; e (iv) o reforço das medidas de biossegurança. Após a confirmação de um foco de gripe aviária, a Autoridade Sanitária procede de imediato à activação do Plano de Contingência, com activação do Centro de Emergência Nacional da Gripe Aviária (CENEGA) e notificação do foco à Comissão Europeia e à OIE. A exploração infectada é sujeita à aplicação das medidas referidas atrás, para além das quais: (i) todas as aves da exploração devem ser sujeitas a occisão sob supervisão oficial (fig. 14); (ii) todos os cadáveres, ovos e substâncias ou resíduos susceptíveis de estarem contaminados devem ser eliminados de forma segura e também sob supervisão oficial; (iii) as aves já nascidas de ovos recolhidos na exploração no período de provável introdução do vírus da gripe aviária na exploração devem ser colocadas sob supervisão oficial; (iv) a carne e os ovos recolhidos durante este período devem ser identificados e eliminados; (v) após o despovoamento, as instalações, os equipamentos e os veículos deverão ser sujeitos a um processo de limpeza e desinfecção.

No caso de focos de GAAP, é estabelecida uma zona de protecção, com um raio de, pelo menos, 3km em torno do foco, e uma zona de vigilância, com um raio de, pelo menos, 10km em torno do foco (fig. 13). Na zona de protecção são aplicadas as seguintes medidas gerais: (i) recenseamento de todas as explorações existentes, com inspecção clínica das aves e recolha de amostras; (ii) reforço da vigilância; (iii) confinamento das aves no interior de pavilhões; (iv) proibição do movimento de aves ou dos seus produtos; (v) controlo do movimento de veículos; (vi) restrições ao movimento dos efluentes das explorações; (vii)

1 km X ZR 3 km 10 km X ZV ZP

proibição de feiras, mercados ou outras concentrações de aves. Na zona de protecção são aplicadas as seguintes medidas: (i) recenseamento de todas as explorações; (ii) restrição do movimento das aves e dos seus produtos; (iii) controlo do movimento de veículos; (iv) proibição de feiras, mercados ou outras concentrações de aves. Todas estas medidas devem ser mantidas durante, pelo menos, 30 dias após a data de conclusão da limpeza e desinfecção da exploração infectada.

Fig. 13. Zonas de restrição estabelecidas em caso de foco de gripe aviária

Em caso de foco de GAAP são delimitadas duas zonas em torno do foco (esquema à esquerda na figura): a zona de protecção (ZP) e a zona de vigilância (ZV). No caso de GABP, é estabelecida uma zona de restrição (ZR) em torno da exploração infectada (esquema à direita na figura).

Quando se verifique um foco de GABP, é estabelecida uma zona de restrição num raio de, pelo menos, 1km em torno do foco (fig. 13). As medidas a aplicar na zona de restrições incluem essencialmente: (i) o recenseamento e a vigilância laboratorial das explorações comerciais; (ii) a restrição do movimento das aves e dos seus produtos; (iii) restrições ao movimento dos efluentes das explorações; (iv) o controlo do movimento de veículos; (iv) a proibição de feiras, mercados ou outras concentrações de aves. Estas medidas devem manter- se por, pelo menos 21 dias, após a data de conclusão da limpeza e desinfecção da exploração infectada, ou durante, pelo menos, 42 dias após a data de confirmação do foco e tendo em conta os resultados da vigilância na zona submetida a restrições.

A opção por uma estratégia de controlo da gripe aviária baseada exclusivamente na occisão das aves infectadas e potencialmente infectadas poderá traduzir-se em custos elevados e em perdas económicas para o sector público, para a indústria e, em última instância, para os consumidores (Capua & Marangon, 2007a). Esta estratégia pode ser eficaz no controlo e na erradicação da doença, se existir detecção precoce e resposta rápida e se complementada por outras medidas de controlo, como o aumento da biossegurança, restrição dos movimentos na região afectada, destruição adequada e segura das carcaças e materiais susceptíveis de estarem contaminados (ex.: camas, rações) e estabelecimento de um período de vazio sanitário após

Porém, a experiência obtida com os focos ocorridos recentemente em Itália e nos Países Baixos mostra que a implementação deste conjunto de medidas pode ser ainda insuficiente para prevenir a extensa disseminação da infecção no caso de regiões com elevada densidade de explorações avícolas (Busani et al., 2009; Garske, Clarke & Ghani, 2007; Stegeman et al., 2004).

Fig. 14. Occisão de patos-reais infectados com um vírus LPAI

O abate é feito através da introdução das aves infectadas em big bags (sacos de grandes dimensões em tecido de polipropileno) com CO2 no estado sólido, com posterior narcose e occisão dos animais devido à sublimação do CO2. Imagens gentilmente cedidas pela Dra. Alexandra Fernandes (DIVRN).

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