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1. INTRODUÇÃO

1.8 Actividade física

1.8.5 Actividade física e comportamentos sedentários Vs obesidade

Quando estudado o efeito da actividade fisica no estado nutricional dos adolescentes a evidência demonstra que a actividade física é um factor protector ao desenvolvimento de obesidade.

Num estudo realizado a 2385 adolescentes franceses entre os 11 e os 19 anos concluiu-se que os comportamentos sedentários (média de 22 horas por semana)

são um factor de risco para o excesso de peso (OR 1,33; p>0,05)(Thibuault, 2009).

Em 2006, um estudo realizado na Grécia a 2008 adolescentes em idade escolar (12- 17 anos) mostrou que o número de horas dispendido a actividades sedentárias

estava associado ao excesso de peso em raparigas (Kosti, 2007). Ainda outros

estudos desenvolvidos no mesmo país concluíram que um balanço energético positivo como causa da obesidade em idade pediátrica não está relacionado com o aporte energético ou lipidico mas sim com um decréscimo dos níveis de actividade física (Mamalakis, 2000; Zalilah, 2006).

No âmbito do H.B.S.C. 2001-2002, verificou-se que na maioria dos países os níveis de actividade física eram baixos e que o tempo dispendido para visionasmento televisivo era elevado nos adolescentes com excesso de peso em comparação com os normoponderais (Janssen, 2005; W.H.O., 2004c).

Quando estudadas as atitudes dos adolescentes face à actividade física verifica-se que aqueles que participam em actividade física com maior frequência têm um peso dentro do normal comparativamente com os adolescentes com excesso de peso. Para além disso os adolescentes obesos têm atitudes menos positivas comparativamente com os de peso normal e com os pré-obesos. A associação entre a prática de actividade física e a atitude não é moderada pelo nivel de excesso de peso. Este estudo demonstrou que adolescentes com excesso de peso têm uma

participação menos activa em práticas desportivas e têm uma atitude menos positiva

para a actividade física(Deforche, 2006).

No Canadá, em 5890 adolescentes entre os 11 e os 16 anos, conclui-se que a inactividade física e os comportamentos sedentários estão largamente associados

ao excesso de peso dos adolescentes estudados (p<0,05) (Janssen, 2004). O

mesmo resultado verificou-se nos E.U.A. em adolescentes dos 9 aos 15 anos de

idade (Berbard, 1995). Num estudo realizado no México, em 669 adolescentes,

obtiveram-se resultados similares(Pérez, 2006).

Para estudar a evidência desta relação na população portuguesa foi desenvolvido um estudo, único a nível nacional, que estudo crianças entre os 7 e os 9 anos de idade. Deste estudo concluiu-se que o tempo dispendido a jogar consolas

electrónicas estava associado com a obesidade das crianças(Carvalhal, 2006).

Quando se procura estudar a forma como os adolescentes ocupam as horas depois da escola verifica-se que os comportamentos mais frequentes são os

comportamentos sedentários tecnológicos (computador, consolas,…), o

visionamento televisivo e o tempo ocupado a fazer os trabalhos de casa. Em último lugar vem a prática de actividade física, sendo significativamente superior nos

rapazes do que nas raparigas(Atkin, 2008).

Quando estudadas faixas etárias mais abrangentes (3-18 anos) verifica-se o mesmo tipo de associação, existindo um significado estatístico entre o tempo dispendido em

visionamento televisivo e a gordura corporal (Marshall, 2004). Quando estudado o

efeito do visionamento televisivo nas escolhas alimentares verifica-se que quanto maior o tempo dispendido no visionamento televisivo menores são as escolhas alimentares saudáveis, acarretando um aumento no risco de excesso de peso dos

adolescentes(Vereecken, 2006).

Tem sido proposto que comportamentos sedentários e activos devem co-existir em

simultâneo (Biddle, 2004) e que um tipo de comportamento não desloque

automaticamente para o outro. É possivel combinar no mesmo dia actividade desportiva (jogar à bola) com comportamento sedentário (ver televisão). Em conclusão, o objectivo mais importante é que o valor energético total diário seja igual ao gasto energético total diário (Hills, 2007). A chave para a associação entre os comportamentos sedentários e a obesidade é que os comportamentos sedentários

estão associados a um consumo alimentar desadequado(Rennie, 2003).

A maioria dos estudos tem demonstrado uma relação directa negativa entre a actividade física e o excesso de peso e positiva entre os comportamentos sedentários e o excesso de peso, contudo a energia despendida medida é similar

entre o grupo com excesso de peso e o grupo com peso normal (Molnár, 2000).

Pode concluir-se que são necessários estudos longitudinais e representativos, que utilizem protocolos metodológicos com o intuito de clarificar a relação e estabelecer causalidade.

2. PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

Qual a prevalência de excesso de peso (pré-obesidade e obesidade) infanto-juvenil, quais os hábitos alimentares, a actividade física e os comportamentos sedentários dos adolescentes escolarizados em Portugal e de que forma se relacionam?

3. FINALIDADE DO ESTUDO

A presente investigação teve como finalidade contribuir e alargar o conhecimento sobre os determinantes da saúde dos adolescentes da população portuguesa, nomeadamente a dimensão da obesidade infanto-juvenil, hábitos alimentares, actividade física e comportamentos sedentários em Portugal.

4. OBJECTIVOS

4.1 Objectivos gerais

• Determinar a prevalência de pré-obesidade e obesidade infanto-juvenil em

Portugal Continental;

Caracterizar os hábitos alimentares dos adolescentes de Portugal Continental;

• Caracterizar a actividade física e os comportamentos sedentários dos

adolescentes de Portugal Continental; 4.2 Objectivos específicos

• Relacionar o estado nutricional dos adolescentes de Portugal Continental com o

sexo e a idade;

• Verificar a associação do sexo e da idade com os hábitos alimentares, a

actividade física e os comportamentos sedentários em cada grupo do estado nutricional (normoponderal, pré-obesidade e obesidade);

• Relacionar os hábitos alimentares com a prevalência de excesso de peso dos

adolescentes de Portugal Continental;

• Relacionar a actividade física e os comportamentos sedentários com o estado

5. METODOLOGIA

5.1 Tipo de estudo

Este estudo epidemiológico cuja pertinência foi descrita atrás, apoia-se em técnicas de análise quantitativas.

Trata-se de um estudo observacional, quantitativo, transversal, analítico. 5.2 Delineamento do Estudo

Para a realização do presente estudo, aplicou-se um questionário, a estudantes pertencentes a escolas do 2º ciclo, 3º ciclo e ensino secundário de Portugal Continental, seleccionados aleatoriamente, de forma a permitir alcançar os objectivos atrás definidos.

Foi efectuado um estudo piloto, em escolas não incluídas na amostra, para aplicação do pré-teste do questionário a aplicar e das metodologias de recolha de dados definidas.

5.3 População Alvo

A população alvo deste estudo é o conjunto das crianças e adolescentes, de ambos os sexos, de Portugal Continental. Entendemos como adolescentes o período que se estende dos 10 aos 19 anos de idade (W.H.O., 1965).