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II. Revisão da Literatura

2.1. Esquizofrenia

2.2.1. Actividade Física e Saúde

A relevância da prática de actividade física regular para a saúde e bem- estar físico e psicológico é, hoje em dia, consensual.

Na carta Europeia do Desporto, do Conselho Europeu, assim como no tratado de Maastricht, no Conselho Europeu de Helsínquia, e ainda no tratado

de Nice, é reconhecida a importância social do desporto atribuindo-lhe cinco funções, a educativa, de saúde pública, a social, a cultural e a lúdica.

Um dos maiores problemas de saúde pública com que as sociedades ocidentais se debatem está relacionado com os estilos de vida sedentários. O sedentarismo contribui para a ocorrência de doenças crónicas, mortes prematuras e invalidez, que se traduzem em graves custos económicos e sociais. Por outro lado, actualmente, e devido ao aumento da esperança de vida, verifica-se uma crescente preocupação com a qualidade de vida (WHO, 2006).

De acordo com a OMS ocorrem, anualmente, em todo o mundo, 2 milhões de mortes directamente relacionadas com a inactividade física. (WHO, 2008).

Sendo actualmente aceite, de forma consensual, a importância que a prática de Actividade Física tem para a Saúde dos indivíduos e, consequentemente, para a sua Qualidade de Vida, torna-se fundamental definir estes conceitos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2000) definiu Saúde como um estado total de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou incapacidade, destacando a sua importância para a felicidade, a paz e a segurança. Mais recentemente a OMS acrescenta uma perspectiva ecológica, referindo que é a “extensão em que individuo ou grupo é capaz, por um lado de realizar as suas aspirações e satisfazer as suas necessidades e, por outro, de modificar ou lidar com o meio envolvente” (Ribeiro, 2005, p. 75).

Para Bento (1995), a saúde traduz um equilíbrio dinâmico entre as exigências do envolvimento e as necessidades da pessoa, resultando de uma relação ajustada e ordenada entre o sujeito e o envolvimento.

Este autor considera ainda que “a saúde é hoje vista como uma categoria profundamente subjectiva, como uma qualidade de vida individual, como um bem instável que é necessário adquirir, defender e reconstruir constantemente ao longo da vida” (Bento, 1999, p.55).

Na opinião de Nuno Grande (1991, p.27), “o diálogo biológico que o Homem realiza com o meio externo, com o meio interno e com o meio intimo,

condiciona o comportamento fisiológico que define a saúde cuja alteração se traduz pela doença”.

A OMS vê a saúde como parte integrante da nossa qualidade de vida, entendendo Qualidade de Vida por “grau de coincidência entre a vida real e as expectativas do indivíduo, reflectindo a satisfação de objectivos e sonhos próprios de cada indivíduo” (Calmeiro & Matos, 2004, p. 22).

Relativamente à Actividade Física, segundo Carpensen et al. (1985), esta é definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. Esta definição engloba as actividades ocupacionais (vestir-se, tomar banho, comer), o deslocamento e as actividades de lazer, incluindo exercícios físicos, dança, etc.

São inúmeros os autores que dão relevância à prática regular de actividade física como promotora de saúde e qualidade de vida sendo esta, na opinião de Belbenoit (1974), um dos principais objectivos do indivíduo, pelo que lhe deve ser fornecido os meios necessários para alcançá-la.

O desporto (actividade física) é visto por Moura e Castro (1996), como um meio determinante, e não como complemento, na melhoria da qualidade de vida.

A actividade física é encarada como promotora da saúde pois, na opinião de Bento (1991b), esta passa pelo confronto equilibrado de cada indivíduo com o mundo, utilizando o corpo como meio privilegiado.

Para Duarte e Nahas (1998), o exercício físico e outras formas de actividade física são os meios que revelam maior eficácia na saúde e na habilidade funcional, permitindo manter uma óptima qualidade de vida, como consequência.

Esta ideia é reforçada por Hardman (1999), ao confirmar o valor dado, por grande parte da população e por médicos e cientistas, relativamente à prática da actividade física como peça importante num estilo de vida saudável

Também Calmeiro e Matos (2004), partilham da opinião de que a qualidade de vida das pessoas pode beneficiar da prática regular de actividade

física, salientando frequentemente os benefícios físicos e psicológicos ligados a esta prática.

No entanto, Bento (1991b), lembra que também conhecemos desportistas doentes e infelizes, pelo que é reforçada a ideia que a saúde não é alcançada apenas pela prática de actividade física. Esta é, no entanto, vista por este autor, como um factor fomentador de saúde.

Bouchard (1994) e Bouchard e Shepard (1994) comungam desta opinião ao considerarem que a actividade física habitual, o nível de saúde e a boa condição física se influenciam mutuamente. Estes componentes e a relação entre eles também é afectada por outros factores, nomeadamente o estilo de vida, o ambiente físico e social, os atributos pessoais e as características genéticas.

De acordo com Morgan (1994), há indícios científicos que mostram o efeito que o exercício aeróbio provoca ao nível dos principais neurotransmissores envolvidos no humor e na ansiedade. O exercício físico tem, deste modo, um efeito psicoestimulante, anti depressivo e opiácio nos seres humanos, pelo que a prática de exercício regular ou técnicas de relaxamento ajudam a um retorno satisfatório ao equilíbrio.

A actividade de todos os orgãos e o exercício de todas as funções do indivíduo é essencial para o seu óptimo desenvolvimento, devendo-se, como tal, respeitar as necessidades de actividade geral, do mesmo modo que as necessidades alimentares ou afectivas (Silva, 1991).

Em suma podemos afirmar que a prática regular de actividade física é indispensável num estilo de vida saudável desempenhando um papel preponderante na prevenção de doenças, quer de carácter fisiológico quer mental, melhorando, desta forma, o estado de saúde e a qualidade de vida dos indivíduos que a praticam.