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2. A Gestão de Materiais na Logística

2.2. A gestão de Materiais

2.2.3 Armazenamento

2.2.3.1 Actividades

Para Ramos (2010) «o processo de armazenagem engloba várias actividades desde a entrada dos produtos no armazém até à sua saída. A chegada de produtos ao armazém desencadeia três actividades: recepção, conferência e arrumação. A chegada de uma encomenda de um cliente desencadeia outras três actividades: picking, preparação e expedição (Figura 9)».

Figura 9 - Operações básicas de armazenagem

Fonte: Adaptado Ramos (2010)

Recepção e conferência

Nestas operações podem ser englobado sete passos: 1. A programação das chegadas das mercadorias

2. Chegada do veículo e alocação do mesmo a um cais de descarga 3. Descarga física da mercadoria

4. Conferência da mercadoria

5. Eventual paletização/repaletização da mercadoria

6. Definição da localização da mercadoria na zona de armazenagem 7. Actualização dos stocks informáticos

De forma a evitar congestionamentos no cais de descarga e na zona de recepção, as chegadas devem ser previamente marcadas. Desta forma torna-se mais fácil fazer a gestão dos cais de descarga, assim como dos operadores de armazém (Ramos, 2010).

Arrumação

Esta tarefa poderá ter um impacto significativo na eficiência do manuseamento e movimentação dos produtos dentro do armazém e na taxa de utilização do mesmo. Podemos optar por dois tipos de localização: a fixa ou a aleatória (Figura 10). Na localização fixa permite alocar um espaço para cada produto. E essa fixação pode ser definida com base na rotação, no número de movimentos de entradas e saídas, no volume, rácio volume/nº movimentos de entrada e saída, entre outros. Mas este tipo de localização só é possível quando o número de referências não são muitas ou quando o espaço disponível é grande. Mas como em grande maioria das situações o espaço necessário para cada referência tem de ser dimensionado para o stock máximo; como os níveis máximos de stocks raramente são atingidos em simultâneo para todas as referências, existirão na

17 grande maioria do tempo, espaços vazios. E este sistema também acarreta problemas no caso do

stock aumentar.

Na localização aleatória, os produtos no momento da recepção são colocados aleatoriamente, tendo em conta os espaços vazios naquele momento. Permitindo uma melhor utilização do espaço, é mais flexível e adapta-se melhor à variação de quantidades de stocks. Mas esta flexibilidade implica que a mesma referência possa estar dispersa em diversos sítios do armazém, exigindo assim que haja um sistema de informação que indique a quantidade em cada local e onde se encontram situadas, para além de exigir uma maior deslocação percorrida em situação de picking (Ramos,2010).

Figura 10 - Ilustração dos três métodos de arrumação a um armazém.

Fonte: adaptado Ramos (2010)

Picking

A actividade de picking dentro de um armazém, é considerada como uma das mais cruciais. Dependendo do tipo de armazém, 30% a 40% do custo de mão-de-obra está directamente associado à actividade de picking. Associado ao custo, o tempo desta actividade contribui substancialmente para o tempo de ciclo da encomenda, que é o intervalo de tempo entre a recepção de uma encomenda e a entrega, ao cliente, dos produtos referentes à encomenda.

O picking consiste na recolha de produtos em armazém, face aos pedidos dos clientes, para satisfação dos mesmos. Esta actividade tem grande impacto no armazenamento no que diz respeito ao tempo, custo e qualidade.

Para Carvalho (2010) o picking pode ser realizado em toda a zona de armazenagem ou pode existir uma área no armazém dedicada a esta actividade. Como a área de armazenamento dos stocks, na maioria dos armazéns, ocupa um espaço relativamente grande, a actividade de picking nessa área pode implicar grandes deslocações por parte dos recursos humanos. Umas das hipóteses para evitar grandes deslocações é a existência de uma área do armazém dedicada só a esta actividade. Aqui os níveis de stock são baixos de modo a garantir a velocidade do picking. Havendo nessa área necessidade frequente de reposição. Os produtos a colocar são os de grande rotação e os de pequena/média dimensão.

A produtividade do picking depende da lógica utilizada para realizar, tendo em conta o perfil/tipo de encomenda. existem quatro métodos: picking by order, picking by line, zone picking e

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No picking by order (picking por encomenda ou por cliente) é feita a recolha de todos o itens de uma encomenda, ou seja, o picker terá de se deslocar a todas a localizações de referência contidas na encomenda.

No picking by line ( picking por linha ou por produto) é definida uma sequência de recolha de itens em armazém, em que o picker recolhe em cada localização a quantidade de produto necessária para satisfazer várias encomendas.

No zone picking, a área de picking está dividida por área, com um operador alocado em cada zona. O picker de cada zona recolhe todos os produtos para cada encomenda que estão localizados na sua zona. Os produtos recolhidos em cada zona são depois consolidados numa área de consolidação para completar as encomendas.

No batch picking, o picker trabalha sobre um grupo de encomendas em simultâneo, uma linha de cada vez. Quando o produto aparece em mais do que uma encomenda, o picker recolhe a quantidade total de todas as encomendas e depois separa por encomenda.

Tabela 5 - Sumário dos vários métodos de picking

Métodos de Picking Propensão a erro Recolhas por Operador Encomendas/Densidade de recolha Deslocações por operador

Order Baixa Moderado a alto Elevado Elevada

Line Elevada Moderado a alto Elevado Baixa

Zone Média Baixo a moderado Elevado e variedade de tipo de produtos

Média

Batch Baixa/Elevada Baixo Baixo Elevada

Neste tipo de armazenamento podemos encontrar racks, prateleiras, gavetas e e dispositivos controlados por um operador. Estes sistemas manuais oferecem a maior flexibilidade "às pessoas".

Temos racks de armazenamento movidos pela gravidade, onde os produtos são de dimensão e formas uniformes, o seu carregamento é feito pela retaguarda e recolhido pela frente e a reposição na frente do rack é garantida pela gravidade (Figura 11).

Figura 11 - Estantes movidos pela gravidade.

Fonte: adaptado Arantes (2004/2005)

Podemos também encontrar o sistema de prateleiras agrupado, onde para peças pequenas, os artigos são recolhidos à mão, por isso exige que as prateleiras estejam à altura do operador. Não é muito eficiente na ocupação do espaço (volume) da célula de operação, mas o investimento é reduzido para pequenos objectos (Figura 12).

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Figura 12 - Estantes agrupadas para picking.

Fonte: adaptado Arantes (2004/2005)

O sistema de gavetas modulares é uma outra opção para recolha por encomenda. Permite a arrumação de pequenos e médios produtos, requer menos espaço físico e devem permitir o acesso a todas a todas elas ao operador (Figura 13).

Figura 13 - Estantes de gavetas.

Fonte: adaptado Arantes (2004/2005)

Outro sistema é armazenamento "amovível", sistema "mezzanine", permitindo que os armários fiquem juntos quando não é necessário aceder ao seu interior, maximizando a utilização do espaço (Figura 14). No entanto, um investimento inicial mais elevado ( Arantes, 2004/2005).

Figura 14 - Estantes amovíveis. Fonte: adaptado Arantes (2004/

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Preparação e Expedição

Estas actividades são as últimas a serem realizadas dentro de um armazém para satisfazer as encomendas dos clientes, mas também de grande importância. A actividade de preparação consiste na preparação das paletes para a fase de expedição, ou seja, colocar os produtos da encomenda na palete respectiva, e proceder à cintagem ou filmagem da palete. (Ramos, 2010).

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