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ADEQUABILIDADE DO MODELO DA ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO DO

3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

3.1. ADEQUABILIDADE DO MODELO DA ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO DO

A utilização da engenharia nas obras de construção é uma pratica recorrente

em vários Exércitos do mundo. Conforme Risse (2011), outros países, como

exemplo os EUA, com maior intensidade vêm se utilizando esse mesmo modelo.

Outro excelente exemplo é o trabalho que o Corpo de Engenheiros do Exército

Estadunidense desenvolve nas hidrovias, em especial no rio Mississipi, onde

controla a navegação, a regularização do regime de águas e do curso, além de

planejar e realizar obras portuárias.

No Brasil, o emprego da engenharia militar nas obras rodoviárias tem um

impacto bem significativo no crescimento da malha rodoviária do país.

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A BR-163 é uma rodovia longitudinal do Brasil. Possui 3470 km de extensão e liga atualmente Tenente

Portela, no Rio Grande do Sul, a Santarém, no Pará.

Segundo Brandão (2011), entre as 50 operações em andamento na época

(2011), algumas são de difícil execução. O General evita comparar o custo das

obras executadas pela Força com as realizadas pela iniciativa privada:

“sempre que o governo federal enfrenta problemas de

superfaturamento de obras, é chamado o Exército para baixar custos,

sob a alegação de que, quando isso ocorre, os preços ficam pelo

menos 30% mais baratos que o original”.

Geograficamente analisando, o Senegal e o Brasil são dois países diferentes,

tanto pelas suas extensões territoriais, tanto pelas outras características geográficas,

mas compartilham as mesmas necessidades de integração territorial e de extensão

das suas respectivas malhas rodoviárias. De fato, a maioria das obras realizadas

pela engenharia militar do Exército Brasileiro são localizadas no interior do país,

especificamente nas áreas mais recuadas onde muitas das vezes as empreiteiras

civis se recusam de trabalhar. Apesar de ser um país pequeno, com uma extensão

geográfica de quase 200.000 Km2, o Senegal possui uma malha rodoviária muita

precária no interior do país. Geralmente, nos locais mais afastados as raras estradas

asfaltadas precisam de acentuados trabalhos de recuperação e ainda existem

muitas estradas não asfaltadas, com pavimentação de solos lateríticos (Figura 3.1).

FIGURA 3.1- Pista rural de Diakhalin Khossanto

Fonte: PUDC ( 2017)

Apesar de algumas diferenças na própria organização estrutural das

engenharias dos dois países, assim como as diferenças de cunho geográfico e

territorial, existem alguns pontos de convergências que apoiam a adequabilidade do

modelo da engenharia militar do EB no Senegal. Como estipula Burigo (2018)23

acerca dos sistemas de engenharia dos dois países, as estruturas possuem algumas

semelhanças, porém existe uma grande diferença entre os efetivos, o que demanda

do Sistema de Engenharia do Exército Brasileiro (SEEB) uma estrutura

organizacional na área administrativa muito mais robusta.

Já fazendo algumas adaptações à linguagem do sistema brasileiro, pode-se

dizer que a Engenharia do Senegal é composta de 3 (três) Organizações Militares,

sendo: o Commandement et Direction du Génie (Comando e Direção de

Engenharia) o Bataillon de Soutien du Génie (Batalhão de Apoio de Engenharia) e o

Bataillon de Travaux du Génie (Batalhão de Obras de Engenharia).

O Comando e Direção de Engenharia é o equivalente senegalês do

Departamento de Engenharia e Construção (DEC) brasileiro, responsável por

gerenciar e coordenar todas as atividades relativas à engenharia. Organiza-se em

divisões, conforme apresentado a seguir:

• Divisão de Administração e Patrimônio: realiza as atividades de controle

patrimonial, assemelhando-se à DPIMA. É ainda responsável pela realização das

licitações no âmbito da Direção de Engenharia;

• Divisão de Estudos, Planejamento e Organização: responsável pelo

planejamento das operações a serem executadas pela Engenharia, semelhante a

DPE;

• Divisão de Infraestrutura e Obras: responsável pela elaboração,

planejamento e acompanhamento de obras de engenharia. Paralelamente às

organizações militares brasileiros, pode-se inferir que esta divisão acumula as

funções técnicas da DOC, DOM.

Cabe ressaltar que não existem Comissões de Obras no Sistema de

Engenharia do Senegal e nem mesmo seções técnicas nos batalhões de

engenharia, de tal forma que as atividades técnicas inerentes à estas

estruturas são realizadas exclusivamente pelo Bureau Technique de la DIT

(Seção Técnica da Divisão de Infraestrutura e Obras).

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BURIGO, Márcio Leandro. Emprego da arma de engenharia nos projetos de construção rodoviária do

Senegal, inspirado no modelo da engenharia do exército brasileiro. [maio. 2018]. Entrevistador: Ahmed

Tidiane Mbengue. Rio de janeiro: 2018. Via e-mail. Entrevista para Trabalho de Conclusão de Curso.

• Divisão de Recursos Humanos: responsável pela gestão dos recursos

humanos da Engenharia, incluindo a formação, especialização, realização de cursos

e coordenação das atividades das cooperações estrangeiras.

• Estabelecimento de Material de Engenharia: responsável pela aquisição e

manutenção de material de engenharia, com atividades semelhantes à recém-criada

DME24.

O Batalhão de Apoio de Engenharia possui estrutura e características afins às

atividades de um Batalhão de Engenharia de Combate do EB. Possui, ainda, um

Centro de Instrução de Engenharia, voltado para a formação de cabos e soldados e

especialização de praças em diversas áreas da engenharia. Como é o batalhão mais

bem equipado, por muitas vezes atua em obras de sua responsabilidade ou em

apoio ao Batalhão de Obras de Engenharia.

O Batalhão de Obras de Engenharia possui características de um Batalhão de

Engenharia de Construção e é empenhado na execução de obras de infraestrutura.

Recebe também missões de engenharia de combate, como missões de apoio à

mobilidade, desminagem e travessias de cursos d’água.

De fato, os dois sistemas de engenharia têm uma estrutura organizacional

semelhante e que permite com uma certa proporção adotar a engenharia militar

senegalesa nos projetos de obras rodoviárias, através de uma otimização das

capacidades dos batalhões de obras de engenharia, equivalentes dos BEC

brasileiros. Assim, Burigo (2018) reforça:

“A adequabilidade do modelo da engenharia militar de construção

brasileira no Senegal é satisfatória, principalmente no tocante às obras

de infraestrutura. A Engenharia do Senegal já atuou com grande

participação em obras de desenvolvimento nacional e, atualmente,

está buscando se potencializar para novamente assumir este papel. O

projeto da rodovia rural Khelcom – Darou Salam, cuja obra foi confiada

à Engenharia, demonstra que existe o interesse do governo no

emprego dos militares em obras desta natureza”.

É evidente que, em função da diferença entre as superfícies dos países e,

consequentemente, das suas áreas de atuação, não há o que se falar em

equiparação das estruturas administrativas de ambos os Sistemas de Engenharia.

Porém, como menciona Burigo (2018), em função do nível de organização do

trabalho e a estrutura organizacional dos batalhões de engenharia, a adequação do

sistema brasileiro é viável e satisfatória.

3.2. PROCESSO DE READEQUAÇÃO DA ENGENHARIA MILITAR DO EXÉRCITO

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